Uma saudação especial para todos os familiares daqueles que
pelas terras de África ficaram, deixando enegrecidos para todo o sempre, os
corações dos seus entes mais chegados.Relembramos também, os que após o seu regresso ao Puto, já
não pertencem ao nosso convívio.Falar do drama e do trauma que todos compartilhávamos a uma
distância de tantos anos, não deixa ainda de criar alguns calafrios.A grande maioria de nós, partia rumo ao
desconhecido.Não porque muitos não tivéssemos já estudado algo sobre a
zona geográfica da África onde os próximos 2 anos seriam o nosso poiso. O que se
estudava e sabia, na maioria dos casos, objectivamente, não correspondia à
realidade.Pior era a falta de conhecimento da realidade da guerra que
se praticava.A facilidade de adaptação às mais diversas e invulgares
situações, foram o apanágio da NT.Recordo que o que se estudava a nivel militar, sobre a
estrutura, composição, logistica, técnicas e tácticas de guerra de todo o
aparelho militar, não correspondia minimamente à realidade que em Angola fomos
encontrar.Na verdade a adaptação foi sendo conseguida.
Visualizações
terça-feira, 10 de julho de 2007
12 de Julho de 1969 - Dia do embarque para Luanda
segunda-feira, 9 de julho de 2007
sábado, 7 de julho de 2007
Procura-se
segunda-feira, 2 de julho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
São Salvador do Congo
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Quiximba - CCAC2541
segunda-feira, 25 de junho de 2007
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Confraternização de 2007
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Efeméride - IAO - Instrução de Adapatação Operacional
Não foi o nosso caso. Eramos "amadores" e "obrigados" a ir para a guerra.
Assim, muitos do que como eu, foram obrigados, não só a ir para a guerra, mas mais ainda.
Por uma questão de "adaptação", eramos colocados próximo de casa.
Por exemplo para quem morava em Paço de Arcos, foi para Tavira, 6 meses. De Tavira a Lisboa, pela Serra do Caldeirão ( alguêm já experimentou ir para o Algarve por aí, nos dias de hoje ?) era uma saída por volta da uma da tarde e chegada a Lisboa ao Campo das Cebolas pela 7 horas ou ainda mais tarde. O regresso era da meia noite de Domingo às 7 horas da manhã, de Segunda-feira.
Depois da passagem por Tavira, Caldas da Rainha. Das Caldas da Raínha ao Porto, ao RI 6 - Senhora da Hora, mais uns 300 klms de distãncia. Finalmente, guia de marcha para Angola, destino desconhecido. Passagem pelo RI 1 - Amadora, que como não tinha instalações, houve necessidade de utilizar as instalações duma antiga Bateria de Artilharia Anti-Aérea, no Porto Brandão.
É aí que chega a vespera de São João, com a nossa estadia no Porto Brandão, o padroeiro da cidade do Porto, tambem o é da Cidade de Almada.
Festas e romarias, ao tempo, com as tradicionais fogueiras junto dos arraiais populares. Bom e acalorado tempo.
Assim, fizemos todos nós a viagem a pé, em marcha, até ao Pinhal do Rei na Fonte da Telha, para aí passarmos uma semana de campo na IAO, a tal Instrução de Adaptação Operacional para a guerra em Angola.
Recordamos hoje essa data, que se celebra já no próximo Sábado, 23 de Junho
domingo, 17 de junho de 2007
Baralho de Cartas - Confraternização de 2006
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Angola-Zau Evua-BCAC2877-Caça
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Noticias de Zau Évua
Pedia-lhe que me desse uma imagem como era Zau Évua nesse data, pois temos a indicação de que passado pouco tempo após a nossa saída, para alem de só lá ficar uma Companhia de Luanda, o quartel terá sido mesmo desactivado.
“ Se foi desactivado, foi depois de vir embora, porque mesmo assim, quando fomos rendidos, a companhia deixou lá homens para a substituição, sei tambem que ainda estava em Luanda a espera do 2º grupo da 3513, vinham ainda em caminho e os que nos renderam tiveram 6 ou 7 mortos...veja como o destino é, nós estivemos no Quiende 27 meses e nem um homem perdemos e aqueles pobres que já vinham do leste com 14 mortos, logo á chegada ficaram reduzidos, isto para dizer que naturalmente devem ter desactivado Zau Evua depois destes acontecimentos. “
A nossa pergunta e a resposta de João Lessa, que como nós esteve em Zau Évua
quarta-feira, 13 de junho de 2007
terça-feira, 12 de junho de 2007
Bate estradas recebidos
" Bom dia amigo. Obrigado pelo contacto. Falar de Angola, passados 33 anos do meu regresso, hoje é facil. No passado, principalmente quando la tive de permanecer, as coisas não foram fáceis... Mas são as coisas mais dificeis de fazer e de conseguir que nos amadurecem e aos 57 anos a nossa visão do Mundo e diferente. Faz presisamente 33 anos que regressei no dia 13, dia de Stº António. Regressei eu e todos os que comigo embercaram no dia 1 de Abril de 1972, dia de enganos, sim mas não foi um engano,não perdi nenhum companheiro, eu a a Companhia 3513 estivemos sempre no Quiende, a poucos Kms de S. Salvador, onde ia todas as Terças Feiras tomar o mata bicho ao Estrela do Congo. Depois, estar no arame farpado para mim ainda éra mais doloroso, pelo que ia voluntario fazer o MVL, sempre podia ir a Ambrizete, ao Brinca na Areia comer uma lagosta e beber um verde branco( quando tinha dinheiro claro) e depois sempre se podia dar um pulo a Luanda, pois tinha lá familia e podia ir a Ilha ou ao Muçulo. Tudo isto recordado sabe bem mais a recordação de alguns camaradas com os quais me continuo a encontrar vale pelo mau que aquilo foi. É um pequeno resumo, muito resumido mas dá para perceber os meus itenerários naquela terra abençoada que muitos teimam em querer fazer terra queimada.
Efectivamente estive em Zau entre 1972/1973 na CCAÇ105/RI20/1972 e era da incorporação local, já que fui para Angola/Luanda com 11 anos, tendo permanecido até Nov/77.
Quem escreveu o livro em questão foi o José Manuel Martins da CCAÇ105/RI20/1973, tendo de seguida a mesma CCAÇ transitado para Benza e depois Luanda.
Aliás já verifiquei no v/ blog a inclusão da capa do livro que ele escreveu.
Das "incursões" que tenho feiro pelo blog (já tenho este endereço há bastantes meses), verifiquei que fizeram de Zau Évua a v/capital, o que não deixa de ser curioso.
Se pretender posso depois fornecer o endereço electrónico ou telm do José Martins.
Um abraço.
nota:- no próximo sábado, dia 16, está marcado mais um convivio que tem abrangido a Ccaç 105/Zau Évua 72/73 e 73/74. Tem-se estado a procurar alargar o âmbito do convivio para antes de 72, pois existe um ponto comum que é ter estado e saber "falar" de Zau Évua. "
Santos Populares
Nos anos que passámos por Africa, esta data não tinha grande tradição, pelo menos, para quem estava no mato. Era o nosso caso.
No entanto, associado à tradição da sardinha assada e ao velho vinho carrascão, por lá, sempre se iam comendo, muito raramente, umas sardinhas que chegavam congeladas do Puto, acompanhadas dum vinho de fraquíssima qualidade, vindo igualmente do Puto, embalado em bidões de aço, o que ainda mais subtraía qualidade ao produto.
À data, uma boa sardinhada era considerado um mal para a saúde, assim como a sua rega com o tinto da praxe.
As sardinhas não eram a dieta mais conveniente, dadas as contra indicações para a saúde, apontadas por aquela época.
Sobre o vinho tinto, quase se passava a mesma coisa, mesmo que bebido com moderação, conta e medida.
Hoje tudo se alterou, ou muito se alterou.
Comer uma boa sardinhada, afinal, não faz mal a nada e bem a muita coisa.
Beber moderadamente um bom vinho tinto, igualmente, sempre já não tem tanta contra-indicação.
Assim, “rapaziada” da nossa idade, vamos às sardinhas assadas e à boa pinga, desde que seja – tintol.
Mas atenção, hoje há um outro problema que na época não existia e para o qual tem que haver o máximo cuidado: quem conduz, não bebe, come sardinhas.
Bom apetite e bom proveito
domingo, 10 de junho de 2007
10 de Junho
BCAC2877 - Almoço em Sangalhos
sábado, 9 de junho de 2007
Zau Evua - Terra de ninguem, sitío de vivências
"ZAU-ÉVUA: Terra de ninguém, sítio de vivências"
De José Manuel Martins
Lisboa - 2003
€ 10,00
Autor Dr. José Manuel Martins Formato 148x210Páginas 160ISBN 972-99047-1-5Categoria MemóriasAno 2003
DescriçãoA obra tem carácter memorialista, com recurso à epistolografia, que, por certo, entusiasmará os leitores, crentes e não crentes, especialmente pela aproximação intimista às vivências relatadas pelo autor, na primeira pessoa. O livro aborda temas sempre actuais e abre novas perspectivas à intervenção cultural de matriz evangélica, constituindo um pretexto sério para o diálogo acerca da nossa fé.
Comentários
«A escrita "diarística" e as memórias, que agora até estão muito em moda, são importantíssimas para retratar tempos e lugares. No caso do seu livro há um ponto de vista mas também a expressão de sentimentos face à situação da guerra colonial de que há ainda tão pouca coisa escrita. O discurso é muito lúcido para um miúdo de vinte e poucos anos. Parabéns também pelo seu discurso. Escreve muito bem e o livro lê-se com muito agrado.»Ana Maria Lucas - professora
«Meu ilustre e nobre amigo José Manuel Martins, ler esta referência honrosa de um escritor de verdade, já por si é um estimulo inestimável Não tenho palavras para agradecer. (...) Zau-Évua teve a faculdade de me transportar através de tempos àquelas paragens, à minha juventude, de sentir na carne as emoções dos jovens militares que para ali foram lançados para cumprir "uma pena" injusta, enfim revivi momento a momento cada hora, cada dia, numa descrição acessível e extremamente sincera, duma honestidade a toda a prova.»Francisco Nóbrega - escritor
«(...) doutor, pelo meio tem uma grande estória de amor. Você queria mesmo estar juntinho dela. Muito bonito, bonito... Pena lá em Zau-Évua não ter telefone e ter que aguardar avião para trazer cartinha da moça (...).»Josimar Silva - Brasil
terça-feira, 5 de junho de 2007
domingo, 3 de junho de 2007
quinta-feira, 31 de maio de 2007
Baia de Luanda - 1969 a 1971
A Baía de Luanda, a Fortaleza ao fundo, a MarginalVolto a publicar estas fotos em conjuntoA ceitamos mais fotos para publicar(estas são da Redação do Blog)
BCAC2877 - Confraternização de 2007 - 29 Setembro
Boa tarde,
Sou da Figueira da Foz, mas não é por essa razão que eu sugiro um restaurante
em Ançã, fica à saída de Coímbra, depois de saír da auto-estrada será á volta de
10 km no sentido de Cantanhede, fácil de encontrar, come-se bem a especialidade
é leitão à bairrada, eu vou lá por ser o meu preferido.O restaurante " o verdadeiro pingão" também se pode ir pela tocha para quem
der mais geito.Aqui fica a minha sugestão.Um abraço JSilva.
2ª Sugestão :
Efectuar os almoços em anos intercalados, um na zona mais
a Norte, próximo do Porto/Arredores, e em ano seguinte, numa zona mais a Sul,
proxima de Lisboa/Arredores.Assim, daria a possibilidade, pelo menos em ano sim ,ano
não, aqueles que tem mais dificuldades em irem à confraternização, que lhe
ficasse mais perto da resideência ou que lhe comportasse um menor custo em
função da distância a percorrer.Cumprimentos do Adelino Martins
3ª Sugestão:
Ter em atencão...a quem tem sido assiduo nesses convivios...assim o
melhor e o local ser mesmo equidistante dos que os que teem vindo a estes
convivios.Comentário Anónimo
Sexta-feira, Maio 18, 2007
terça-feira, 29 de maio de 2007
domingo, 27 de maio de 2007
sexta-feira, 25 de maio de 2007
segunda-feira, 21 de maio de 2007
Desabafo aos Deuses
A vida está presa por um sopro, . . .
Vai, como se um sopro de apagar uma vela, inundasse a matéria.
Tudo se esvai.
A partir desse momento, a vida deixou de o ser, e a matéria inerte, passou a tomar conta dela.
Num espaço de tempo, tão curto, tão infinitésimo que só cientificamente poderá ser quantificável, a vida começa e acaba
Essa vida tão terrena, vái deixar atrás de si, recordações mais ou menos fortes, que se irão dissipando nos arquivos da nossa memória.
Sobre a morte, os deuses não têm “palavra”
Senão, quem iria acreditar que a morte ceifou, desta ou daquela maneira, um ente bom e não utiliza a sua omnipotência discricionária, para “matar” aqueles que aos olhos e na consciência de outros tantos, e são sempre muitos, são maus.
Se os deuses tivessem palavra, não fariam certamente uma injustiça dessas.
Mas será que não têm palavra, para também não terem ouvidos ?
Pois assim, teriam que, em muitos momentos, ouvir da recriminação das suas escolhas.
A crueldade, a injustiça, a maldade passariam a fazer parte do código das grandes penas a aplicar pelos deuses aos terrenos malfeitores
A morte, em todas as circunstâncias, é trágica. Dolorosa.
Muitas vezes os nossos sentimentos andam distraídos das dores dos nossos semelhantes. Egoísmo ?
Quando nos bate à porta, repentinamente, sem ser esperada, então, acordamos para a triste realidade do dia a dia.
Perder um familiar, perder um amigo, arrebatado à ceara da vida, pela foice de um deus discricionário, é muito doloroso.
É uma pequena homenagem, aquele que será o pai de mais um neto meu, ao Ramiro.
Já não verá o rebento, filho da sua árvore, nascer e crescer.
sábado, 19 de maio de 2007
Bcac2877 - Alguns Furrieis da CCS
terça-feira, 15 de maio de 2007
quinta-feira, 10 de maio de 2007
Lufico - recordações - "Podia ter acontecido"
PODIA TER ACONTECIDO
... mas não aconteceu. Em determinada altura, chegou à nossa companhia, sediada no Lufico, um civil que haveria de causar alguma confusão na nossa habitualmente pacata vida de quartel isolado de qualquer população e até do próprio comando de batalhão.
Ficou-se a saber que se tratava de um objector de consciência, designação que, na época, seria pouco conhecida da maioria dos militares milicianos. Em concreto, o homem tinha sido convocado para o serviço militar obrigatório, tal como nós, porém, recrutado na população angolana. Por motivos de natureza religiosa, recusava-se liminarmente a tomar contacto com a realidade militar, incluindo o uniforme. E nem é preciso lembrar que naqueles tempos uma tal atitude garantia uma data de sanções. Vinha de Luanda, ao que supúnhamos, já em cumprimento de pena disciplinar.
Causou estranheza precisamente esse facto de terem enviado um “militar” com aquele estatuto cumprir serviço militar para uma zona tão afastada de tudo. Não teria sido mais acertado mantê-lo em prisão militar? O próprio indivíduo não se coibiu de falar da sua situação e adiantava que sabia o que se iria passar com ele. Ninguém abertamente admitia fosse o que fosse sobre o seu futuro, mas que se gerou uma certa perplexidade lá isso é verdade. Também ocorreu a alguém comentar que o homem não era muito coerente porque, recusando-se a vestir o uniforme, não se recusava a comer a comida “militar”.
Havia entre nós pelo menos um militar que também seguia os mesmos princípios religiosos, e, por isso, tinha sido ameaçado, ainda em Lisboa, pela autoridade militar, e, não tendo tido a coragem necessária para enfrentar as respectivas consequências, sucumbiu e ali estava, ainda que revoltado, cumprindo o serviço militar e observando e admirando o exemplo daquele seu corajoso irmão de fé.
Chegou a hora de fazê-lo integrar uma operação no mato. Um percurso em transporte automóvel, o regresso apeadamente. Perante a sua recusa em subir para o “unimog” houve que usar de alguma violência, nada mais que, torcendo-lhes os braços nas costas, colocá-lo na viatura, onde se manteve mais calmo. Notava-se-lhe no semblante um certo ar de agonia. Estava convencido de que seria a sua última viagem. E muitos de nós assim também pensávamos. Mas quê? Que é que iria provocar alguma situação que pudesse concretizar os receios de um e de outros? O comandante da companhia teria encarregado alguém de alguma acção especial? Havia ordens drásticas de Luanda?
Nada aconteceu, porém. No regresso apeado e durante as pausas para comida e bebida, foi-se-lhe notando um ar mais descansado. Uma certa alegria por estar regressando ao quartel.
Fosse como fosse, no MVL seguinte, o nosso “militar” à paisana, foi de vota para a capital da Angola e a situação foi caindo no esquecimento.
Enfim, não houve nenhum “acidente com arma”.
por Joao Rego
que foi residente, temporariamente no LUFICO
domingo, 6 de maio de 2007
BCAC 2877 - Dia da Mãe
sábado, 5 de maio de 2007
Tarde de Domingo em Zau Évua
quinta-feira, 3 de maio de 2007
EUSEBIO - Uma imagem - meia duzia de palavras
sexta-feira, 27 de abril de 2007
A D. Cidália do Bairro do Calhau e o Américo
Bem, mas quem é a D. Cidália e o que tem a ver com o Américo.
Não tem nada a ver, pelo menos directamente.
Mas, talvez uma pequena explicação, ajude a justificar a razão porque passo a escreve estas linhas.
Desde há muitos anos, quase que desde que me conheço, tinha por hábito ouvir as noites e as madrugadas da rádio.
Assim fui percebendo, através de diversos programas, alguns emitidos também da vizinha Espanha, sobre temas idênticos – a solidão que acompanha os idosos, os que vivem sós e que, em desespero de causa, procuram companhia, transmitem o que lhe vai na alma, por falta de outros meios, através do contacto directo com esses programas radiofónicos.
São apresentadas situações de autentico desespero, de abandono por familiares e por amigos, que por tal sorte sentem necessidade premente e absoluta, nessas horas difíceis das longas noites e dias de solidão, de falarem com alguém, mesmo que lhes se lhes não ofereça nada, pelo menos, os oiça com respeito e compaixão.
Ora a D. Cidália, senhora dos seus setenta e poucos anos, de cujo nome, só há pouco tive conhecimento, passa parte da minha habitual hora de almoço, sentada, apanhando Sol, junto à paragem do autocarro 70 da Carris, no Bairro do Calhau, em Lisboa, ali nas faldas da serra de Monsanto.
Ora abrigando-se na própria paragem, ora sentada junto ao edifício do Centro Desportivo e Cultural daquele Bairro.
Aí existe o bar do Centro Cultural, o Bar do Bibas, alcunha de quem explora aquele bar, que serve almoços, grelhados no carvão, já muito difíceis de encontrar aqui pela Capital, e é aí onde tomo a minha refeição do almoço.
Acontece que por hábito, vou cumprimentando muitos daqueles que embora não conhecendo, mas com quem me vou encontrando amiudadas vezes.
O bom dia e boa tarde quase diário, foi-se transformando numa pequena amizade contemplativa, quase platónica.
De tal forma que, sempre que possível íamos trocando umas palavras, de circunstância, de animo, em especial nos dias frios de inverno em que a D Cidália aproveitava a revessa da parede ou da paragem do autocarro para apanhar um pouco do gratuito aquecimento oferecido pelo astro Sol.
A pequena amizade foi-se estreitando até que um dia, a provecta senhora, viuva desde há muito, me disse: Dê-me cá um beijo.
Assim foi. E assim tem sido, muitas vezes desde então.
Ora, esta pequena amizade resultou dum facto muito simples e arredado da grande maioria da população portuguesa – a falta de comunicação entre as pessoas, o egoísmo balofo e barato da presunção individualista de muitos de nós, o olhar para o lado fingindo não ver o que se passa à volta..
Afinal um cumprimento simples e banal, uma troca de palavras, pode servir de conforto, amenizar a solidão de uma qualquer D Cidália que nós possamos conhecer.
Não sei muito mais da vida da senhora. Adivinho que tem poucos recursos pela maneira de ser e de vestir. Nunca me pediu nada, para alem do beijo.
Sei isso sim que é uma pessoa carente de afecto e de simpatia.
Com uns segundos e meia dúzia de palavras que nada custam e que muito valem para um nosso interlocutor , poderemos praticar, á moda do bom escuteiro, a nossa boa acção diária.
Por isso me voltei a lembrar mais uma vez do Américo.