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sexta-feira, 27 de abril de 2007

A D. Cidália do Bairro do Calhau e o Américo







Mesmo muito antes de ter ido visitar o nosso companheiro de armas, o Américo, já tinha conhecido a D. Cidália.
Bem, mas quem é a D. Cidália e o que tem a ver com o Américo.
Não tem nada a ver, pelo menos directamente.
Mas, talvez uma pequena explicação, ajude a justificar a razão porque passo a escreve estas linhas.
Desde há muitos anos, quase que desde que me conheço, tinha por hábito ouvir as noites e as madrugadas da rádio.
Assim fui percebendo, através de diversos programas, alguns emitidos também da vizinha Espanha, sobre temas idênticos – a solidão que acompanha os idosos, os que vivem sós e que, em desespero de causa, procuram companhia, transmitem o que lhe vai na alma, por falta de outros meios, através do contacto directo com esses programas radiofónicos.
São apresentadas situações de autentico desespero, de abandono por familiares e por amigos, que por tal sorte sentem necessidade premente e absoluta, nessas horas difíceis das longas noites e dias de solidão, de falarem com alguém, mesmo que lhes se lhes não ofereça nada, pelo menos, os oiça com respeito e compaixão.
Ora a D. Cidália, senhora dos seus setenta e poucos anos, de cujo nome, só há pouco tive conhecimento, passa parte da minha habitual hora de almoço, sentada, apanhando Sol, junto à paragem do autocarro 70 da Carris, no Bairro do Calhau, em Lisboa, ali nas faldas da serra de Monsanto.
Ora abrigando-se na própria paragem, ora sentada junto ao edifício do Centro Desportivo e Cultural daquele Bairro.
Aí existe o bar do Centro Cultural, o Bar do Bibas, alcunha de quem explora aquele bar, que serve almoços, grelhados no carvão, já muito difíceis de encontrar aqui pela Capital, e é aí onde tomo a minha refeição do almoço.
Acontece que por hábito, vou cumprimentando muitos daqueles que embora não conhecendo, mas com quem me vou encontrando amiudadas vezes.
O bom dia e boa tarde quase diário, foi-se transformando numa pequena amizade contemplativa, quase platónica.
De tal forma que, sempre que possível íamos trocando umas palavras, de circunstância, de animo, em especial nos dias frios de inverno em que a D Cidália aproveitava a revessa da parede ou da paragem do autocarro para apanhar um pouco do gratuito aquecimento oferecido pelo astro Sol.
A pequena amizade foi-se estreitando até que um dia, a provecta senhora, viuva desde há muito, me disse: Dê-me cá um beijo.
Assim foi. E assim tem sido, muitas vezes desde então.
Ora, esta pequena amizade resultou dum facto muito simples e arredado da grande maioria da população portuguesa – a falta de comunicação entre as pessoas, o egoísmo balofo e barato da presunção individualista de muitos de nós, o olhar para o lado fingindo não ver o que se passa à volta..
Afinal um cumprimento simples e banal, uma troca de palavras, pode servir de conforto, amenizar a solidão de uma qualquer D Cidália que nós possamos conhecer.
Não sei muito mais da vida da senhora. Adivinho que tem poucos recursos pela maneira de ser e de vestir. Nunca me pediu nada, para alem do beijo.
Sei isso sim que é uma pessoa carente de afecto e de simpatia.
Com uns segundos e meia dúzia de palavras que nada custam e que muito valem para um nosso interlocutor , poderemos praticar, á moda do bom escuteiro, a nossa boa acção diária.
Por isso me voltei a lembrar mais uma vez do Américo.




Adivinhem a razão do porquê...

terça-feira, 24 de abril de 2007

o 25 de Abril

Revolução dos Cravos
Porque amanhã é feriado e merecido, aqui fica uma pequena evocação ao 25 de Abril

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O levantamento militar do dia 25 de Abril de 1974 derrubou, num só dia, o regime político que vigorava em Portugal desde 1926, sem grande resistência das forças leais ao governo, que cederam perante o movimento popular que rapidamente apoiou os militares. Este levantamento é conhecido por 25 de Abril ou Revolução dos Cravos. O levantamento foi conduzido pelos oficiais intermédios da hierarquia militar (o MFA), na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial. Considera-se, em termos gerais, que esta revolução devolveu a liberdade ao povo português (denominando-se "Dia da Liberdade" o feriado instituído em Portugal para comemorar a revolução).

Precedentes

A Guerra do Ultramar, um dos precedentes para a revolução
Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi implementado em Portugal um regime autoritário de inspiração fascista. Em 1933 o regime é remodelado, auto-denominado-se Estado Novo e Oliveira Salazar passou a controlar o país, não mais abandonando o poder até 1968, quando este lhe foi retirado por incapacidade, na sequência de uma queda em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcello Caetano que dirigiu o país até ser deposto no 25 de Abril de 1974.
Sob o governo do Estado Novo, Portugal foi sempre considerado uma ditadura, quer pela oposição, quer pelos observadores estrangeiros quer mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Formalmente, existiam eleições, mas estas foram sempre contestadas pela oposição, que sempre acusaram o governo de fraude eleitoral e de desrepeito pelo dever de imparcialidade.
O Estado Novo possuía uma polícia política, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), mais tarde DGS (Direcção-Geral de Segurança) e, no início, PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), que perseguia os opositores do regime. De acordo com a visão da história dos ideólogos do regime, o país manteve uma política baseada na manutenção das colónias do "Ultramar", ao contrário da maior parte dos países europeus que então desfaziam os seus impérios coloniais. Apesar da contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve uma política de força, tendo sido obrigado, a partir do início dos anos 60, a defender militarmente as colónias contra os grupos independentistas em Angola, Guiné e Moçambique.
Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento industrial que resultava no monopólio do mercado português por parte de alguns grupos industriais e financeiros (a acusação de plutocracia é frequente). O país permaneceu pobre até à década de 1960, o que estimulou a emigração. Nota-se, contudo, um certo desenvolvimento económico a partir desta década.

Preparação


Monumento em Grândola
A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de Agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de Março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: "Os Militares, as Forças Armadas e a Nação". Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de Março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente, por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, "Portugal e o Futuro", no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar. No dia 24 de Março a última reunião clandestina decide o derrube do regime pela força.
Ver também: Oposição à ditadura portuguesa: ditadura militar (1926-1933) e Estado Novo (1933-1974)
Movimentações militares durante a Revolução
Ver cronologia completa de eventos em Cronologia da Revolução dos Cravos.
No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa.
Às 22h 55m é transmitida a canção ”E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Este foi um dos sinais previamente combinados pelos golpistas e que espoletava a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.
O segundo sinal foi dado às 0h20 m, quando foi transmitida a canção ”Grândola Vila Morena“, de José Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.
O golpe militar do dia 25 de Abril teve a colaboração de vários regimentos militares que desenvolveram uma acção concertada.
No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. E forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reagiu, e o ministro da Defesa ordenou a forças sedeadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não foi obedecido, já que estas já tinham aderido ao golpe.
À Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém, coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria eram comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço foi ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia moveu, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontrava o chefe do governo, Marcello Caetano, que ao final do dia se rendeu, fazendo, contudo, a exigência de entregar o poder ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcello Caetano partiu, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.
A revolução, apesar de ser frequentemente qualificada como "pacífica", resultou, contudo, na morte de 4 pessoas, quando elementos da polícia política dispararam sobre um grupo que se manifestava à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.
Cravo

O cravo tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974; Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, apoiando os soldados revoltosos; alguém (existem várias versões, sobre quem terá sido, mas uma delas é que uma florista contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pôs um cravo na espingarda, e em seguida todos o fizeram), começou a distribuir cravos vermelhos pelos soldados que depressa os colocaram nos canos das espingardas.

Consequências

Mural na Chamusca, com uma dedicatória ao 25 de Abril
No dia seguinte, forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, e que procederá a um governo de transição. O essencial do programa do MFA é, amiúde, resumido no programa dos três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.
Entre as medidas imediatas da revolução contam-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura. Os sindicatos livres e os partidos foram legalizados. Só a 26 foram libertados os presos políticos, da Prisão de Caxias e de Peniche. Os líderes políticos da oposição no exílio voltaram ao país nos dias seguintes. Passada uma semana, o 1º de Maio foi celebrado legalmente nas ruas pela primeira vez em muitos anos. Em Lisboa reuniram-se cerca de um milhão de pessoas.

Portugal passou por um período conturbado que durou cerca de 2 anos, comummente referido como PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado pela luta entre a esquerda e a direita. Foram nacionalizadas as grandes empresas. Foram igualmente "saneadas" e muitas vezes forçadas ao exílio personalidades que se identificavam com o Estado Novo. No dia 25 de Abril de 1975 realizaram-se as primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte, que foram ganhas pelo PS. Na sequência dos trabalhos desta assembleia foi elaborada uma nova Constituição, de forte pendor socialista, e estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental. A constituição foi aprovada em 1976 pela maioria dos deputados, abstendo-se apenas o CDS.

A guerra colonial acabou e, durante o PREC, as colónias africanas e Timor-Leste tornaram-se independentes.

O 25 de Abril visto 30 anos depois

O 25 de Abril de 1974 continua a dividir a sociedade portuguesa, embora as divisões estejam limitadas aos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, às facções políticas dos extremos do espectro político e às pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais. Em geral, os jovens não se dividem sobre o 25 de Abril.
Existem actualmente dois pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de Abril.
Quase todos, com muito poucas excepções, consideram que o 25 de Abril valeu a pena. Mas as pessoas mais à esquerda do espectro político tendem a pensar que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que a revolução não tenha ido mais longe e que muitas das conquistas da revolução se foram perdendo. As pessoas mais à direita lamentam a forma como a descolonização foi feita e lamentam as nacionalizações.

Almoço de Coimbra - Fotos












O Adelino a calcular o Azimute . . .
O Aires que serviu de cicerone

Melancia e Bras
Familiares em conversa


O Adelino a caminho de Carregal do Sal - Visita ao Américo
Atenção do Adelino e do Moreira para quem ?
Aires - a camin ho do Carregal do Sal
As habituais explicações sobre o Totoloto
Almoço quase a começar


















Aqui deixamos algumas fotos do Almoço do dia 01/04/2007 na Curia, em que participaram o Adelino, o Moreira, o Aires, o Melancia e o Brás e alguns familiares.








Aprovitamos a visita ao Américo (cujas fotos voltamos a publicar abaixo) e juntamo-nos na Curia onde estivemos a almoçar e a conversar durante grande parte da tarde, após o almoço, que decorreu em óptimo ambiente, o que nada espanta.








O proprietário do restaurante, amigo do Melancia, deixou-nos ficar durante quase toda a tarde à "mesa" e assim, aproveitámos para colocar a "conversa" em dia.






No final, a convite do Melancia, que mora alí perto, fomos a sua casa, onde tomámos uma bebida "para o caminho",









Se se recordam, o Adelino era Radiomontador, o Aires Amanuense, o Melancia Mecanico, o Moreira de Transmissões e o Brás de Operações e Informações. Todos furriéis.

Angola - Recordações em Fotografia









Estas fotos estavam no nosso arquivo e foram enviadas por Email pelo nosso companheiro Silva da CCAC2543




sexta-feira, 20 de abril de 2007

Pensões para os ex-combatentes

O Governo vai reduzir para mais de metade o valor do suplemento especial de pensão para garantir a sua atribuição a todos os ex-combatentes: cerca de 450 mil. Em causa está a sustentabilidade do Fundo dos Ex-Combatentes e. segundo apurou o CM, os antigos militares passarão a receber por ano um complemento até 150 euros, quando actualmente o seu valor ascende, em média, aos 300 euros.
O ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira. assegurou ontem que o complemento especial de pensão será atribuído a todos os ex-combatentes, ao contrário da decisão do anterior titular da pasta, Luís Amado, que pretendia restringir o suplemento a 20 mil antigos militares devido à insustentabilidade do Fundo. "'É um dever do Estado prestar esse reconhecimento [aos ex-combatentes]. Por isso, a solução será encontrada para além do Ministério da Defesa, com uma única certeza: o universo [de antigos militares] vai manter-se integral", afIrmou Severiano Teixeira, após uma intervenção no seminário da revista 'Segurança e Defesa' sobre a transformação das Forças Armadas. Sem recorrer à restrição dos complementos, a solução passa pela redução dos custos com os mesmos. Como? Através da criação de três escalões para a atribuição dos suplementos com base no tempo de serviço: 75 euros (até 11 meses), cem euros (entre 13 e 23 meses) e 150 euros (mais de 24 meses). O Governo poderá assim reduzir em mais de 50 por cento os gastos com os suplementos. À luz da actual legislação, o complemento corresponde a 3,5 por cento da pensão social (171,73 euros) por cada ano de serviço e, em média, os ex-combatentes recebem cerca de 300 euros por ano. Segundo avançou o ano passado o próprio ministro da Defesa, só para um universo de 193 mil beneficiários seria necessário 828 milhões de euros.
A proposta, que está a ser estudada, como já noticiou o CM, pelos Ministérios da Defesa, das Finanças e da Solidariedade, representa um claro recuo do Governo em relação à decisão de Luís Amado, que determinava que os ex-militares com uma reforma superior a 740 euros não teriam direito ao complemento especial de pensão, o que motivou uma forte contestação, não só das associações militares, mas também da oposição.
IN CORREIO DA MANHÃ - QUINTA-FEIRA, 19 ABRIL 2007

Os Jogos de Futebol

ZAU EVUA - Palacio dos Desportos com torre de vigia ao fundo

Quem não se recorda dos célebres jogos de futebol ?
Pois é, aqui lhes mostramos uma foto descoberta num velho album de recordações.
Aceitamos apostas para a legendagem da mesma, com os nomes dos "Cristianos Ronaldos" da época, bem como dos assistentes.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

A Doença do Sono


Ao ler a VOZ de Paço de Arcos, do passado mês de Dezembro de 2006, onde se fala de “As grandes doenças”, veio-me à recordação mais um pormenor da nossa passagem por África.
Curiosamente sobre um tema que, face ao que havia na data estudado, estava bastante bem informado. Pois para a zona Norte de Angola, não existia aquela praga “devoradora” da vida de homens e de animais.
Recordei-me da “ doença do sono “
Assim, para quem já se esqueceu ou para quem não sabe, recordo o que aconteceu: quando da nossa chegada a Luanda, fomos “baptizados”, no Campo Militar do Grafanil, debaixo dum enorme embondeiro, com uma pesagem e posterior vacinação contra a doença do sono.
Como desde miúdo, fui alérgico a agulhas, fiquei pasmado ao saber que a nossa ida à balança tinha directamente a ver com a quantidade de soro que nos seria ministrado, isso, em proporção directa ao nosso peso.
Claro, fiquei de longe a ver como eram as “modas” e na primeira oportunidade, raspei-me para bem “longe da vista” do inimigo da seringa, que mais parecia uma bomba de encher uma câmara de ar de bicicleta.

Porque admito que exista algum interesse pelo tema, aqui deixo, com a devida vénia, ao seu autor, pela recordação, transcrição da “Wikipédia, da referida doença.

Doença do sono
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa


A Mosca tsétsé transmite a Doença do Sono
A Doença do Sono ou Tripanossomíase Africana é uma doença frequentemente fatal causada pelo parasita unicelular Trypanosoma brucei. Há duas formas: uma na África Ocidental, incluindo Angola e Guiné-Bissau, causada pela subespécie T.brucei gambiense, que assume forma crónica, e outra na África Oriental, incluindo Moçambique, causada pelo T.brucei rhodesiense, forma aguda. Ambos os parasitas são transmitidos pela picada da mosca tsétsé (moscas do género Glossina).
.brucei é um parasita eucariota unicelular cujo género inclui ainda o T. cruzi, que causa a doença de Chagas.
O tripomastígota (comprimento de 20 micrómetros), a forma activa no sangue do Homem, tem núcleo central, uma única grande mitocôndria alongada, que contém o cinetoplasto,zona com o DNA mitocondrial. Tem ainda um flagelo que lhe dá mobilidade. A sua membrana celular ondulante (devido aos movimentos flagelares) é recoberta de glicoproteínas pouco imunogénicas, permitindo-lhe passar despercebido. As formas epimastígota e promastígota (formas na mosca tsétsé) são mais condensadas. Contêm ainda glicossoma, grânulos ricos em glicogénio.
O T.brucei gambiense causa a variante ocidental e é menos virulento que o T.brucei rhodesiense que causa a variante oriental. O T.brucei brucei não causa doença em seres humanos, mas causa a doença nagana em alguns animais domésticos.
A glicoproteína que o parasita exprime na sua membrana é reciclado continuamente com outros tipos de glicoproteína (codificados pela família de mais de mil genes VSSA, dos quais em um momento apenas um está a ser transcrito). A mudança dos antigénios externos permite-lhe escapar largamente ao sistema imunitário, pois quando anticorpos especificos contra um tipo de glicoproteína já estão fabricados, ele já mudou o gene que exprime e a glicoproteína já é outra.
//
[editar] Ciclo de Vida
O parasita existe na saliva das moscas tsétsé e é injectado quando estas se alimentam de sangue humano. Ao contrário do seu primo americano, o tripomastigota T. brucei não invade as células (nem assume forma de amastigota), alimentando-se e multiplicando-se enquanto tripomastigota nos fluidos corporais, incluindo sangue e fluido extracelular nos tecidos. Uma nova mosca Glossina é infectada quando se alimenta de individuo contaminado. Ao longo de cerca de um mês, o parasita assume várias formas (epimastigota principalmente) enquanto se multiplica no corpo da mosca, invadindo finalmente as glândulas salivares do insecto (as moscas vivem cerca de 6 meses).
[editar] Epidemiologia


Diagrama de 1880 da Mosca Tsétsé
A Doença do Sono ocorre apenas em África, nas zonas onde existe o seu vector, a mosca tsétsé. Não existe na África do Sul nem a norte do deserto Saara. Haverá cerca de meio milhão de pessoas infectadas em cerca de 40 países africanos.
A subespécie gambiense existe apenas a oeste do vale do grande rift africano, nas florestas tropicais, sendo um problema grave em países como os Congos (antigo Zaire), Camarões e Norte de Angola. A transmissão é principalmente de humano para humano, com menor importancia dos reservatórios animais. As moscas transmissoras são as Glossina palpalis, que se concentram junto aos rios, lagos e poços.
A subespécie rodesiense existe a leste do grande rift, principalmente na região dos grandes lagos, nas savanas: Tanzânia, Quénia, Uganda e Norte de Moçambique. Os antilopes, gazelas e animais domésticos são reservatórios importantes do parasita. Transmitido pelas moscas Glossina morsitans.
[editar] Progressão e Sintomas
Após a picada infecciosa, o parasita multiplica-se localmente durante cerca de 3 dias, desenvolvendo-se por vezes uma induração ou inchaço edematoso, denominado de cancro tripanossómico, que desaparece após três semanas, em média. O inchaço não surge na grande maioria dos casos de infecção pelo T. gambiense e apenas em 50% dos casos de infecção com T. rodesiense.
O parasita dissemina-se durante 1-2 semanas (T. gambiense) ou 2-3 semanas (T. rodesiense) da picada pelo corpo do doente. O T. gambiense produz muito mais alta parasitemia que o T. rodesiense. Os sintomas são todos durante as fases de replicação ou parasitémia. Os parasitas multiplicam-se no sangue, a maioria com uma mesma glicoproteína de membrana. No entanto alguns poucos trocam a glicoproteína por outra de dentro do seu leque de 1000 genes para essas proteínas, num processo aleatório. Quando o sistema imunitário produz anticorpos especificos contra a glicoproteína dominante, a maioria dos parasitas é destruida, mas não os poucos que, por acaso já tinham trocado a glicoproteína que usam. Os sintomas cessam, mas os parasitas com a glicoproteína diferente não são afectados pelos anticorpos produzidos e multiplicam-se, gerando nova onda parasitémica e de sintomas. Então são produzidos novos anticorpos contra a nova glicoproteína dominante, que mais tarde são eficazes em destruir a maioria dos parasitas excepto aqueles poucos que já trocaram novamente a glicoproteína que usam, e assim por diante. O resultado são ondas de multiplicação e sintomas agudos que vão aumentando até originar sintomas do tipo crónico, após muitos danos. A grande quantidade de anticorpos produzidos leva à formação de complexos dessas proteínas, que activam o complemento e causam também directamente danos nos endotélios dos vasos e nos rins. Os danos nos vasos geram os edemas, e microenfartes no cérebro, enquanto a anemia é devida à destruição acidental pelo complemento dos eritrócitos.
Os sintomas iniciais e recorrentes são a febre, tremores, dores musculares e articulares, linfadenopatia (ganglios linfáticos aumentados), mal estar, perda de peso, anemia e trombocitopenia. Na infecção por T. rodesiense pode haver danos cardiacos com insuficiencia desse orgão. Há frequentemente hiperactividade na fase aguda.
Mais tarde surgem sintomas neurológicos e meningoencefalite com retardação mental. Na infecção por T. gambiense a invasão do cérebro é geralmente após seis meses de progressão, enquanto o T. rodesiense pode invadi-lo após algumas semanas apenas. Sintomas típicos deste processo são as convulsões epilépticas, sonolência e apatia progredindo para o coma. A morte segue-se entre seis meses a seis anos após a infecção para o T. gambiense, e quase sempre antes de seis meses para o T. rodesiense.
[editar] Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é geralmente pela detecção microscópica dos parasitas no sangue ou líquido cefalo-raquidiano. Também se utiliza a inoculação do sangue em animais de laboratório, se a parasitémia for baixa, ou a detecção do seu DNA pela PCR.
Na fase aguda, o tratamento com pentamidina é eficaz contra T. gambiense, e a suramina contra T. rodesiense. No entanto a resistência é crescente a estes fármacos. Na fase cerebral, já poderá haver danos irreversiveis. É necessário usar o tóxico melarsoprol, que mata sem ajuda do parasita 1-10% dos doentes, ou no caso do T. gambiense eflornitina.
[editar] PrevençãoAs Glossina, ao contrário de quase todos os outros insetos que picam humanos são mais ativas de dia, logo dormir em redes apesar de aconselhado, não protege tanto como protege contra malária, cujo mosquito é noturno. É necessário usar roupas que cobrem a maioria da pele e sprays repelentes de insetos. O uso de aparelhos coloridos eléctricos que atraem e matam as moscas é útil. A destruição das populações de moscas é eficaz para a erradicação da doença.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Almoço Curia -BCAC2877 - Angola (Furrieis da CCS)






Todos os que habitualmente tem visitado o nosso Blog, nos ultimos tempos terão notado que não temos dado tantas informação e inscrito notas no mesmo, como em tempos anteriores.

De facto não nos tem sido possível manter com assiduidade o Blog em "movimento", por várias razões que não serão importantes neste momento mencionar.


Acontece que daqui por diante, vai ser mais fácil manter o blog actualizado, com notas e fotos e com um arranjo talvez melhorado.

Não fica a promessa que tal vai acontecer já hoje, mas daqui a poucos dias, isso sim.


Umas fotos dum almoço na Curia, para aguçar a expectativa.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

O Américo

O Bras, o Adelino, o Américo e o Aires
O Américo
O Américo


Não parece nada difícil escrever umas linhas sobre algo que nos diz respeito, que nos diz muito. Mas, quando começamos, uma emaranhado de ideias, de palavras, faz com que, afinal o que parecia fácil, se torna difícil.

Queremos mencionar o facto de quando em vez, essa vontade de passar os pensamentos a palavras, se evaporar ou entrar num desvio, quando uma outra qualquer motivação mais material rodeia e cerca o nosso pensamento, fazendo com que essa vontade fique em suspenso para uma outra oportunidade, onde a obrigação se sobreponha as outras mais fúteis motivações do momento
Na noite em que jogaram Benfica e o Porto, já tinha iniciado esta conversa, mas, não consegui levar até ao final esta minha divagação de passar à prosa, uma pequena aventura, que pelo seu significado, merece que seja levada ao conhecimento dos mais habituais visitantes do Blog do BCAC2877.
Desde há já uns anos que alguns furriéis da CCS tinham idealizado uma pequena confraternização, com o intuito de passarmos um dia, um pouco mais perto uns dos outros, com mais tempo para o reviver dos velhos tempos em África.
Tal aconteceu no passado Sábado 1 de Abril, em Coimbra e com almoço na Curia. Não sem que antes, o Adelino, o Brás, o Aires, alguns, com as esposas e filhos e netos, para aproveitar a oportunidade duma visita com aqueles ao Portugal dos Pequenitos, pese embora o facto das condições meteorológicas não terem sido, durante apenas a parte da manhã, nada favoráveis, pois a chuva fez-se representar na cidade do Mondego durante grande parte da manhã.
Na altura do almoço, que durou grande parte da tarde, juntaram-se também, o Melancia, o Moreira e as respectivas esposas.
Desde há muito que o Adelinho tinha tentado e conseguiu saber da morada do Américo.
Quem passou por Zau Évua, certamente que se recorda do Américo.
Quem o não conhecia !
Pois o Américo nunca apareceu aos almoços de confraternização.
O Adelino foi investigando e lá foi recolhendo informações, ficando a saber que o Américo tem uma vida muito difícil, com vários “acidentes” no seu percurso por esta terrena e difícil caminhada até à velhice.
Acidentes que lhe roubaram alguma mobilidade física, e devido à “pinguita” em excesso, alguma “mobilidade” mental, também lhe foi roubada.
Na companhia do Aires e do Adelino, com o primeiro como cicerone, lá fomos até ao Carregal do Sal, com a indicação de um contacto com um antigo patrão, agente funerário , para quem aquele em tempos trabalhara. Após diversos telefonemas, conseguimos chegar ao lugar de Póvoa das Forcadas onde reside o nosso antigo companheiro.
Não foi difícil localizar a sua morada, falar com a mulher, com uma cunhada, saber que tem seis filhos, duas raparigas e quatro rapazes e alguns netos.

O Américo vive duma pensão social baixa e vai trabalhando no campo, à jorna, para conhecidos e amigos, para aumentar um pouco mais o seu magro pecúlio.
Nesse sábado, estava a semear umas batatas para um amigo ou conhecido.

Foi fácil saber que o Américo ia almoçar num pequeno “restaurante” mesmo em frente da estação da CP do Carregal do Sal, talvez como recompensa pelo trabalho que tinha prestado.
Pedimos para não ser avisado da nossa presença e tal aconteceu, como previsto, na troca de impressões que os três tínhamos feito pelo caminho.
- O Américo não nos reconheceu à primeira, mas mesmo depois, ficámos com algumas dúvidas se de facto nos tinha referenciado.

Todavia, uma coisa foi certa, com o aspecto físico muito degradado e o mental de igual modo, bastante corroído, lá foi contando algumas peripécias que tinha passado em Zau Évua, essas conhecidas por nós, o que nos leva a crer que mantém ainda uma pequena chama acesa com a lembrança da sua passagem pela guerra de África.
Sempre se recordou quando na messe, por detrás do buraco da copa dizia – “ Furriel, não paga uma fresquinha ao Américo ? “
Recordamos quando o Américo ia a SSalvador, e ia sampre . . .. Era ele que apanhava as galinhas que mais tarde, com uma enorme catana, degolava, por detrás da cozinha da messe de sargentos, atirando-as ao ar. Mesmo sem cabeça, os galináceos ainda esvoaçavam.
Dentro do galinheiro do comerciante, fazia-se acompanhar duma bazuca e dentro do tubo daquela, trazia sempre uma ou duas galinhas, que depois juntava às do Batalhão e dizia para o Vago Mestre, que todas as galinhas podiam morrer, menos aquelas, as suas.
Não tivemos muito tempo, pois chamaram o Américo para o repasto, era um cozido e estava a esfriar, para alem disso, tínhamos que regressar a Coimbra, para seguir para a Cúria, ao encontro dos nossos familiares e dos outros companheiros, para o almoço aprazado.
O mentor desta visita, o Adelino, tinha deixado ficar em casa do Américo, uma pequena lembrança, um bolo, para ele e a família saborearem ao lanche e, quando aquele lhe disse o Américo, embora com aspecto abatido, muito envelhecido, esboçou um sorriso, um sorriso menos aberto e expressivo do de então, mas era o mesmo, um sorriso “sincero” , “agradecido”, como sempre.
Tinha sido concretizada uma aspiração de alguns anos – a visita ao Américo.
Aqui lhes deixamos, com estas palavras a homenagem ao Américo, mas não só a ele, a todos os que, como ele, foram nossos companheiros e que por as mais diversas razões, perderam o contacto connosco, mas que não estão esquecidos por muitos de nós.
A nostalgia, afina o sentido da antiga camaradagem.
O tempo passa, mas algumas recordações não se esquecem nunca.

Muitos dos nossos companheiros de então, sempre vão sendo lembrados.