Procuramos fazer uma visita ao Porto Brandão, pois desde há muitos anos que por lá não passávamos. Porto Brandão, é um beco sem saída, que vai de autocarro ou em viatura própria, tem que voltar para trás.
Quem vai de barco, pode voltar pelo caminho de retorno, através da Transtejo Lda, que é o Rio Tejo até Belém, ali mesmo junto ao Museu da Electricidade, ou então tomar autocarro até Cacilhas e regressar a Lisboa igualmente de cacilheiro.
Chegamos ao Porto Brandão e quando nos dirigíamos para o local onde se encontrava o antigo quartel de artilharia anti-aérea, deparamos com um enorme portão de aço a travar a passagem.
Em conversa com uns pescadores que ali procuravam passar um pouco do seu tempo, ficámos a saber que do quartel pouco o nada deveria existir. Foram construidos uns tanques de combustível para abastecimento de navios, razão porque o aceso está interdito.
Através do Google já tínhamos a ideia de que tudo estava diferente de quando por lá se aquartelou parte do BCAC2877. O quartel já não aparecia no fotografia aérea.
Por aqui ficou a nossa intenção.
Com algum desgosto.
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domingo, 22 de julho de 2012
sábado, 21 de julho de 2012
História da Unidade - chegada a Luanda
Uma outra curiosidade: a Historia da Unidade do BCAC2877 não faz qualquer menção à nossa chegada a Luanda. Tambem nada reporta sobre a viajem no Vera Cruz.
Reporta toda a legislação abrigo da qual nós fomos convocados para a prática da guerra em África, no seu inicio, mas sobre os nossos primeiros momentos em Luanda nada refere.
Na verdade, a história do BCAC2877 começou a fazer quando da nossa mobilização e essa está transcrita.
Após o interregno entre o embarque em Lisboa, no cais de Alcantara, recomeça em Zau Évua com os primeiros contactos com as saídas para o mato.
21 Julho de 1969
Todos os que por aqui passarem, neste ou em outro dia, vão recordar ou ficar a saber que um barco, com lotação no limite, chegou a Luanda a 21 de Julho de 1969. Tinha a particularidade de transportar como "carga", jovens na sua maioria. Jovens obrigados a ir para uma guerra que pouco ou mesmo nada lhe diziam. Guerra que passados poucos anos se ficou então a saber que foi uma guerra inútil. Do local para onde iam, também a sua grande maioria, pouco ou nada sabiam. Da guerra sabiam apenas uma parte do que o então governo queria que se soubesse e nada mais. De Angola, para alem do que se sabia por familiares ou amigos e do que nas escolas se estudava, ficava-se com uma ideia muito superficial e pouco claro de que terra era aquela que tinha uma área 14 vezes maior de Portugal e que há uns anos atrás, mercê dum "lunático" esclarecido quase que chegou a ser a capital do império colonial português. Já naquela altura, não era mais duma enorme extensão de terras onde duma maneira geral, brancos e negros não se davam mal. Mas, os ventos da história não tinham ainda chegado a Lisboa e o velho "botas" pouco conhecedor da evolução que já tinha começado há muitos anos em África e que tinha dado a indepêndencia às colónias em mão das potências europeias. Nem Marcelo conseguiu aliviar a pressão internacional que nos fóruns internacionais sofria Portugal e que obrigava a comprar muito do material de guerra como se fosse para ser utilizado em outras actividades.
Baia de Luanda em Agosto de 1971 |
A guerra foi inútil para Portugal e para todos os que por lá combaterem, para os que lá morreram ou regressaram desfigurados, incapazes ou transtornados.
A vista de Luanda ao alvor deste longínquo dia de Julho, passados uns tantos dias de viagem, sempre em mente com a incerteza do lugar para onde seriamos encaminhados.
O percurso feito nos primeiros momentos em Angola, para um enorme campo de "concentração" de tropas a que chamavam Grafanil, deixava antever a grandiosidade da cidade de Luanda.
Em comboio de mercadorias foi feito o nosso transporte |
Entrada do Campo |
A vista de Luanda ao alvor deste longínquo dia de Julho, passados uns tantos dias de viagem, sempre em mente com a incerteza do lugar para onde seriamos encaminhados.
O percurso feito nos primeiros momentos em Angola, para um enorme campo de "concentração" de tropas a que chamavam Grafanil, deixava antever a grandiosidade da cidade de Luanda.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Historia da Unidade- (1) - Mobilização e deslocação para Angola
Esta é a capa da História da Unidade
(Toda esta documentação foi executada à mão ou dactilografada em stencil. Para quem nunca trabalhou ou tem conhecimento do que seja, informamos que eram umas folhas compostas por uma camada de cera especial que ao ser dactilografada ou escrita com um estilete próprio, ficava perfurada e quando colocada num tambor rotativo impreganado com uma tinta especial deixava passar os elementos escritos à mão, desenhados ou dactilografados para as folhas de papel)
A sua antiguidade deixa ficar algumas marcas amareladas e em muitos locais, onde a tinta não teve quantidade suficente, a sua leitura torna-se dificil
Ampliando a imagem consegue-se ler grande parte do texto
A maioria dos camaradas não esteve presente na cerimónia de entrega do guião do Batalhão, como podem verificar pela parte final do texto
domingo, 8 de julho de 2012
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Vera Cruz - viagem de ida
Recordo apenas por curiosidade o seguinte:
O paquete "Príncipe Perfeito" era um navio gémeo do Vera Cruz, com uma particularidade que os diferenciava. O Vera Cruz tinha quatro janelas grandes por debaixo do castelo da proa, enquanto o Príncipe Perfeito apenas tinha três.
O paquete "Príncipe Perfeito" era um navio gémeo do Vera Cruz, com uma particularidade que os diferenciava. O Vera Cruz tinha quatro janelas grandes por debaixo do castelo da proa, enquanto o Príncipe Perfeito apenas tinha três.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Retalhos
Ainda em tempos do IAO nas matas do Pinhal do Rei, Fonte da Telha, recordar mais uma pequena situação que ocorreu.
Nada de especial mas tem a ver com as vacinas que todos nós éramos obrigar a carregar dentro no nosso "esqueleto" antes de tomar a passagem no meio de transporte que nos iria levar às portas da guerra - o Campo Militar do Grafanil em Luanda.
E assim foi, num corropio todos fomos injectados com as ditas, ali mesmo naquela varanda sobranceira das arribas da Fonte da Telha, com uma linda vista para as praias que desde a Cova do Vapor pinta de areia branca a orla marítima até ao Cabo Espichel, passando pela abertura ao Atlântico da Lagoa de Albufeira.
Aí foi, no Posto de Vigia da antiga Guarda Fiscal, que ainda hoje lá existe, que nos furaram a pela e a carne introduzindo no organismo algo que nos poderia proteger de algumas doenças que pelas paragens de Angola nos podiam atacar como se nossos inimigos fossem.
Da mesma forma, a belíssima e saborosa alimentação era fornecida por uma empresa de "catering" pertença do Ministério do Exército que assentou arraiais num "palacete", também ele sobre as arribas e com uma natural vista para o Atlântico, onde estava instalada uma bateria de Artilharia de Costa.
Era assim que nos preparavam para aquela que seria uma viagem de "férias" de dois anos, com certeza de ida e na incerteza do regresso
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