Militares
As declarações do Gen. Loureiro dos Santos são a todos os títulos lamentáveis.
Ramalho Eanes, não deveria tambem embarcar neste tipo de emboscadas.
Certamente que custa muito prsenciar toda esta campanha dos "profissionais da Guerra ou da Paz", conforme lhes queiramos chamar.
Hoje, todos, sem excepção, desde o soldado mais simples e generoso ao mais ilustre e condecorado general ou almirante, são profissionais.
Melhor, uns sempre tomaram como forma de vida, a militar.
Outros, passaram desde há uns tempos para cá, a enveredar pelo mesmo caminho.
Na sua maioria, nem com um pé estiveram na Guerra de África.
Aqueles que por lá passaram, e nesse caso, foram "voluntários forçados" continuam um pouco ao sabor das esmolas dos diversos governos perante sucessivas e mais que justas reenvidicações.
Num momento em que o país e o mundo estão em grave crise, não se pode aceitar, na maior parte das suas reenvidicações a sua postura.
Primeiro, contra o estado e contra a grande maioria dos cidadãos que, com os seus impostos, fruto do seu trabalho, contribuem e garantem directamente para, a manutenção "eterna" dos seus postos de "trabalho", coisa a que a maior parte do mais comum dos mortais destes país não tem – trabalho e salário, por volta do dia 20 de cada mês.
Podem ter muitas razões materiais.
Mas acima de tudo, devem considerar a justeza moral dos seus procedimentos.
A este propósito, recorda-se a diferença entre uma perna partida entre um militar e um civil. Será que é para isso que servem "tantos" hospitais militares ?
Lisboa, três hospitais – exército, marinha e força aérea. Constipações, gastritres, úlceras ou cancro no pulmão, são tratados de modo diferente em cada uma destas unidades?
E os familiares? Estão contaminados pelos mesmos tipos de doenças, únicas para serem tratadas só naqueles hospitais ?
Per capita, não serão os militares e seus familiares que gastam mais dinheiro aos contribuintes nesse tipo de assistência ?
Atenção que o Zé Povinho, em cada dia que passa fica a saber quanto custo, manter em "estado de alerta" toda esta "gentinha"
Tantos anos depois, recordamos a existência de 12 Generais na GNR.
Como era, ou é isto possível ?
Por alturas da guerra de África, não creio que existissem tantos generais ao serviço em Angola ou Moçambique.
Com muito atraso, aqui deixamos a troca de correspondência com o autor do livro ZAU ÉVUA, terra de ninguêm, sítio de vivências e, tambem autor de um novo livro.
From: josemartins51@hotmail.com
To: zauevua@hotmail.com
Subject:
Date: Fri, 15 Aug 2008 07:53:32 +0000
Voltei, mais uma vez, com grande prazer ao Vosso Blog porque o José Lessa, nosso contemporâneo na «região» de Zau-Évua, nos ter chamado a atenção para um pequeno comentário que publicou ao meu livro Zau-Évua, terra de ninguém, sítio de vivências.
Fiquei ainda mais orgulhoso do vosso trabalho de divulgação das experiências comuns e de documentos interessantíssimos para a sua compreensão.
Está vivo o vosso convívio, o que me deixa particularmente feliz. Não se trata de saudosismo tristonho mas de «troca de emoções fortes», daquelas que unem os homens para sempre.
Bem-haja aos que lideram e participam neste trabalho, que os nossos filhos apreciam e os nossos netos não deixarão de valorizar.
Espero que tenhais um encontro anual muito feliz e que a felicidade de vos reverdes seja, mais uma vez, um estímulo para prosseguir nesta caminhada de camaradagem.
Desejo a todos um dia 6 de Setembro 2008 muito Feliz.
Com amizade
José Manuel Martins
PS. 1.Apreciei a ideia de Josué Lima sobre a possibilidade de, no futuro, o vosso encontro poder ficar a berto à participação de todos os que estiveram em Zau-Évua, em momentos diferentes. Juntar experiências pode ser muito positivo. Eu vou abordar os amigos da CCAÇ 105/73, RI 20 com vista à reflexão sobre esse assunto.
2.Aproveito para dizer que o meu livro Zau-Évua está tecnicamente esgotado, restando apenas alguns exemplares para atender pedidos que me sejam dirigidos. Se porventura houver ainda algum camarada ou amigo interessado, satisfarei com gosto o pedido até ao limite dessa reserva.
Olá amigo Brás Gonçalves.
Saúde.
Com amizade.
José manuel martins
From: zauevua@hotmail.com
To: josemartins51@hotmail.com
Subject: RE:
Date: Wed, 20 Aug 2008 18:23:33 +0000
Jose martins
Um abraço. Gostei de saber notícias suas. Pensava eu que com esta idade teria muito mais tempo para fazer algo de diferente do que até então tinha vindo a fazer. Pura mentira. A vida tem-me trazido grandes dissabores e preocupações nestes últimos tempos. Acontece que não tenho conseguido disponibilizar tempo, vontade e paciência para 'gastar' com algumas brincadeiras. Uma delas seria o Blog do BCAC2877. Tenho apanhado algumas desiluzões com o 'trabalho' que tenho feito. Por compensação, algumas alegrias tambem, felizmente, vão aparecendo no dia a dia. É espantoso o0 contacto com muitos companheiros nossos que por lá passaram e nos tem telefonado e remetido email´s.
Por mais que não queiramos, Africa deixa sempre no nosso intimo, um sulco bem profundo de nostalgia, de saudade. Teremos que esquecer os muitos maus momentos que por lá tivemos que passar.
Não se se se recorda, mas comprei o seu livro, já lá vão 2 ou 3 anos.
Por fazes, já fiz a sua leitura de trás para a frente e naturalmente no inverso. Tenho uma série de anotações que gostaria de comentar, aliás o Jose Lessa já o fez de certa forma no seu blog.
Talvez com calma, durante os tempos mais próximos o consiga fazer. Da mesma forma, tenho encaixotada toda a correspondência que então troquei com a minha, já na altura, mulher. Dessa correspondência, queria repescar algumas passagens que de certo avivarão a minha memória.
Bom, por hoje fico por aqui. vou publicar o szeu Email no nosso blog e no dia do almoço logo informarei tambem os nossos companheiros da existência do seu livro, agora com capa nova.
Um abraço
Bras Gonçalves
Despedida
Vou deixar-te.
Sou obrigado a partir.
É a sorte de um soldado
Que já não pode fugir
Do seu destino, traçado
Por um país decadente
Que está aser governado
Por alguem que, infelizmente, è cego e surdo e culpado
Do que está a acontecer.
A partir sou obrigado.
Não vou deixar-te por querer.
É a sorte dde um soldado.
É a sorte de um soldado
Num país que está a morrer.
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Dedicado à cidade da Guarda e a sua Gente, em vésperas de partir para Angola, como milkitar
Guarda, Novembro de 1965
O Blog do BCAC2877 tem-nos trazido a alegria de contactos tão inesperados quanto felizes.
De quando em quando, aparece um antigo companheiro da guerra de África que, ao passear pela Net nos encontra e comungando das mesmas razões e motivos da sua passagem por África, no nosso caso, por Angola, nos escreve.
Sérgio Sá, foi um desses antigos companheiros que por lá andou, antes de nós, mas próximo dos locais onde estivémos. Foi essa umas das razões por nos termos mantido em contacto.
Ontem teve a amabilidade de nos remeter dois livros de poemas da sua autoria, " versos na guerra versos na paz" e "onde apanhei estes versos" – "Poemas" no Alentejo - Colecção Verso Livre, o que muito agradecemos.
Deixamos hoje no Blog as capas dos livros, com um pequeno poema.
Oportunamente, faremos a publicação de mais alguns dos seus poemas que constem do livro.
Entretanto, já temos, 2 conjuntos de garrafas de óptimo vinho, embalados em caixa de madeira, com uma oferta, do nosso antigo companheiro, e artista plástico, com obra já feita, Mario Albano Gonçalves, acompanhada de uma sua composição artistica.
Agradecemos a lembrança e o gesto simpático e altruista da sua actitude.
As caixas serão sorteadas para o próximo evento em função das entradas no nosso almoço.
(Lamentávelmente, este ano, 3 companheiros, "esqueceram-se" de pagar o almoço)
Aqui fica o teor de uma mensagem que recebemos dum antigo combatente que tambem andou pelas paragens por onde o BCAC2877 esteve:
"Caríssimo ex-combatente
Recebi as suas comunicações alusivas ao assunto supracitado e cumpre-me agradecer-lhe por isso.
Para mim tem sempre interesse qualquer fotografia que diga respeito a Angola. E as que o Senhor me enviou ainda mais, pois teve a maçada e a gentileza de as procurar para o efeito, facto que, como entendi de uma das suas comunicações, não foi fácil, por circanstâncias alheias à sua vontade.
É com alguma nostalgia que através delas revejo Luanda; o seu aquartelamento que, não tendo sido o meu (o meu era o de Quibala Norte), me faz lembrar outros por onde passei, naqueles fins do mundo no norte de Angola; algumas criaturas de lá nativas, nos pobres dias da sua existência. Estou-lhe obrigado pela oportunidade que me deu.
Pelo que me apercebi, foi pelo Senhor José Figureira que soube do meu interesse pelas coisas de Angola. De facto é verdade. Ando a procura de elementos que me avivem a memória relativamente ao tempo (1965-1968) em que andei por lá, com vista a poder envolver com a maior verdade possível o trabalho (MEMÓRIAS...) que estou a preparar. Eu estivera 14 meses na zona onde mais tarde viria a estar o José Figueira, tendo passado muitas vezes por: Ambriz, Quimaria, Tôto, São Pedro, Beça Monteiro, Vale do Loge.
Mais tarde fui para a fronteira junto ao ex-Congo Belga, estacionando em MALELE, 30 km acima de Maquela do Zombo.
Durante aqueles dois anos e pouco passei por muitos sítios: Maquela do Zombo, Banza Sosso, Zadi, Carmona, Negage, Nova Caipemba, Songo, Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre, Úcua, Zala, Damba, Dondo, 31 de Janeiro, Camabatela, Salazar, Catete, Viana, e obviamente Luanda em cujo hospital militar estive internado e em que mais tarde passei um dias de licença.
São, pois, estes locais que gostaria de rever, por fotos, claro. Algumas já consegui recuperar via net, mas não tenho nada do Tôto, nem de Beça Monteiro, nem do Songo, nem da Damba nem da zona de Maquela do Zombo. Se por ventura lhe for possível conseguir e enviar-me as que não possuo, agradeço.
Para não o maçar mais despeço-me, reiterando os meus agradecimentos.
Ao dispor,
Sérgio O. Sá"
Ao nosso amigo e companheiro de sempre: Alvarim Colaço Pimenta
O sentimento da perda da vida, trespassa, desde que nos passamos a conhecer, milhões de vezes pelo nosso pensamento.
Quem parte para a guerra, leva consigo a esperança e a certeza. A esperança de voltar, a certeza de que tem muitas hipóteses de tal não acontecer.
Como dizia José Niza, no seu livro, " Poemas da Guerra", na dedicatória ao BCAC2877, " naquela guerra . . .onde ficámos amigos para sempre".
Na guerra isso acontece.
Criam-se amizades para sempre, algumas delas com laços mais fortes que as familiares.
Quando se perde um desses amigos, perde-se um pedaço de nós próprios.
Uma parte da nossa vida, a nossa vida, talvez nuns instantes, numas horas, nuns anos, está nas nossas mãos.
Ninguem sabe qual é esse momento.
A vida ao que se saiba, não é eterna.
Algum dia essa chama que a vem alimentando, aquecendo e iluminando, apaga-se.
A maneira abrupta, persistente, perseguidora ou violenta do acabar da vida, causa-nos estranheza, consternação, raiva, dor.
O momento em que a vida deixou de estar nas nossas mãos, foi a morte !
Como todos os anos, a falta de alguns "refractários", este ano foram compensadas por uns "maçaricos" que se apresentaram pela primeira vez à formatura para o "rancho".
A ementa primou pela qualidade dos produtos utilizados na confecção e o cozinheiro de dia, bem merecia ter sido louvado pois, para além da quantidade, a qualidade da confecção seria digna de registo na "Caderneta Gastronómica".
Jose Niza, o médico do Batalhão, compareceu, tendo oferecido e autografado exemplares do seu livro "Poemas da Guerra"
Houve as fotos da praxe, e as animadas conversa costumeiras sobre as masi variadas peripécias que fomos obrigados a passar na Guerra.
O bolo com o emblema do Batalhão, (foi alvo de emboscada sob o comando o então comandante da CCS) e o espumante, foram o sinal de que a "parada da confraternização" estava a acabar.
Uns abraços de despedida e um até para o ano, com muita saúde.