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terça-feira, 20 de março de 2007

Envelopes e selos



Os envelopes e os selos

Uma das maiores motivações para a manutenção dum bom estado psicológico dos militares em campanha, é o recebimento e o envio de correspondência para os familiares e amigos.
Na guerra de África, e quem por lá passou, sabe que tal aconteceu.
A tantos milhares de quilómetros de distância, quando nem se pensava ainda nas comunicações via Internet ou telemóvel, onde o telefone fixo não existia e até o sistema de transmissões militares via rádio, por vezes funcionava mal, a transmissão de notícias por via da escrita, embora muito morosa, era a base da comunicação particular para os militares.
A alegria e a tristeza era recebida ou enviada por carta, bate-estradas ou postal.
Já em tempo falámos do momento de receber o correio. Da chegada do avião ou do MVL com aquelas notícias que todos ansiavam receber, da família, da namorada ou dos amigos.
Hoje, vamos falar desses pormenores, mas antes do veículo transportador ou da embalagem das notícias. Falaremos apenas dos envelopes e dos bate-estradas, dos aerogramas.
Eram afinal, a embalagem que servia para alojar as trocas de informação de todos.
Dos envelopes, nada vamos acrescentar de novo.
São iguais aos de hoje, ou pelo menos parecidos, quer na dimensão, tipo de papel ou no grafismo incluído.
Também os havia de artesanato. Isto é, houve quem fizesse, e não era preciso muito engenho e arte, um modelo em chapa ou em cartão forte e, a partir daí, por recorte com faca ou tesoura, fabricasse com papel normal ou de cor, o dito envelope personalizado. Mas relativamente aos envelopes o que queríamos anotar, eram os belíssimos selos que à data eram utilizados. E é sobre esse tema que hoje estamos a publicar o espécimen de um desses envelopes e os lindíssimos selos.
Quanto aos bate-estradas, que eram uma “dádiva” sem qualquer custo para o “utilizador”, para além da sua leveza, tinha o inconveniente de neles não se poder escrever muito, por falta de espaço. Compensava o preço.
Quanto aos postais ilustrados, a sua grande maioria, eram fotos de muita beleza, que à data contratava com a maneira bastante pobre e atrasada dos “nativos” das diversas e vastíssimas áreas geográfica de Angola, com a curiosidade de que a sua grande maioria era produzida em Espanha e Itália

quinta-feira, 15 de março de 2007

Adelino Martins, finalmente escreveu algo

Estas fotos foram durante anos utilizadas como propaganda
Recordam-se de que está aqui ? Aceitam-se apostas !!!

Não ficamos babados, porque quem lidou ou lida connosco o sabe bem.

Saudamos, finalmente uma participação, mesmo que seja em " Comentário ", outras mais surgirão, mas não nos façam pensar que somos importantes por fazermos com gosto este pequeno "desporto"

Estamos apenas a brincar, a utilizar um pouco do nosso tempo, em proveito de muitos.


" Homenagem

Pois é .

Chegou a hora de dizer algo .

Eu . E quem sou eu .

Para quem não se lembre , sou Adelino Martins , - então que fui , Furriel Radiomontador , desse nosso saudoso Batalhão de Caçadores 2877 , saudoso ? Sim ,claro , apesar de tudo , que de menos bom passamos , penso que todos nós , sentimos uma grande saudade do Batalhão , dos amigos que fizemos , dos momentos que passamos , das terras que calcorreamos , e pricipalmente da juventude que lá deixamos . E a prova , é ver-mos , a alegria que sentimos , e , bem demonstrada nos nossos encontros anuais . Mas , se repararem bem , a primeira palavra que escrevi neste texto , foi HOMENAGEM . E é exactamente , Homenagem , que eu aqui quero prestar , a duas pessoas .

Em primeiro lugar , ao nosso companheiro e amigo , que ao fim de vinte anos , após o nosso regresso , ou seja em 1991 , com todo o seu esforço , trabalho e perseverância , conseguiu , que nos voltássemos a encontrar , e ano após ano , convivamos em encontros salutares . Já descobriram a quem me refiro . Pois claro . Esta primeira Homenagem , é para ti , João Oliveira . Obrigado .

Em seguida , eu quero prestar homenagem , - atrás mencionei duas pessoas - , a outro companheiro e amigo . Àquele que também com o seu esforço , - e conhecimento informático - , criou , este blogue , lá escreve , comenta , ou reproduz fotos de momentos ou amigos nossos , e que nos permite um melhor e mais fácil relacionamento entre nós . E que saudade , e prazer , tal situação nos dá . Sabem a quem me refiro ? Ao nosso companheiro e amigo Braz Gonçalves . Também para ti , Braz , Obrigado . Amigos , por hoje , fico-me por aqui . Mas voltarei . Prometo . Não quero no entanto terminar , sem desejar a todos os componentes do Batalhão , e respectivas famílias , tudo de bom . Um abraço amigo .Adelino Martins . "

quinta-feira, 8 de março de 2007

Do Diogo, um poema

Fui soldado Português
De sangue,raça e altivez
E quando guerra houver
Alerta gritarei:Presente

Na direita levarei a espada
Na esquerda o fiel coração
Lutarei pela linda e amada
Pátria portuguesa, minha nação

Á sombra da linda bandeira
Bicolor e das celebres quinas
O verde será minha esperança
E o vermelho minha pujança

Oh! Meu querido Portugal
Teu filho é soldado a valer
Lutará para vencer e morrer
Em defesa do teu ideal.

********************
Resumindo o meu pensamento:

Amando o meu PORTUGAL
aprendi muito em ser seu servidor
de carne para canhão,
Mas para essa maldita guerra fui empurrado
Privado de LIBERDADE
Estragaram-me a SAÙDE
E parte da juventude
Em proveito de QUE e de QUEM?

Fernando Diogo

sexta-feira, 2 de março de 2007

Recordações

Aqui vos deixo, cópia duma Msg que o DIOGO nos enviou:

" LEMBRO A PRIMEIRA NOITE EM QUE ERA UMA DA MANHÃ NA CASERNA DA FERRUGEM OS VELHINHOS ATIRARAM AO TELHADO DE ZINCO UM MAMÃO VERDE DO MAMOEIRO QUE HAVIA ATRÁS DA CASERNA
QUE SUSTO MEU DEUS!...
FELICITAÇÕES FRATERNAS. "


Fernando Diogo

quinta-feira, 1 de março de 2007

BCAC2877 - Angola

Colocamos no Blog, para se tornar mais visível, dois comentários que nos foram remetidos, um directamente, outro, via Email.
Não vamos comentar pessoalmente nenhum deles, sabemos que temos bastantes visitas e, continuamente, temos soliciado, pessoalmente e através do Blog, o envio de fotos, opiniões e doumentos escritos para publicar, infelizmente, nada disso nos tem chegado às mãos.
Temos escrito alguns apontamentos sobre assuntos e recordações que nos ocorrem no dia a dia.
Quer queiramos ou não, mesmo passados tantos anos, ainda sentimos no amago do nosso intimo o cheiro da picada e do cacimbo e, sem que possamos travar o nosso cerebro, as recordações aparecem.
De facto, poderia ocupar parte deste tempo em algo mais produtivo para mim, para a minha família, mas por enqaunto, vou continuando por aqui.
Aqui fica o desabafo


" henriques said...
COMPANHEIRO NÃO DESANIMES, TENHO A CERTEZA QUE TODOS OS DIAS O TEU (NOSSO) BLOG É VISITADO , SÓ QUE POR VEZES NÃO É FÁCIL COMENTAR , NO MEU CASO PASSANDO TAMBÉM POR ANGOLA ,VIAJADO NO MESMO BARCO, QUASE AS MESMAS PASSADAS QUE FIZESTE ACONTECE QUE VIVEMOS EPISÓDIOS MUITO SEMELHANTES MAS QUE FORAM VIVIDOS INDIVIDUALMENTE O QUE NO MEU CASO POSSO TER DEFICULDADES EM MANIFESTAR A MINHA OPINIÃO.MAS VOU-TE DIZER, QUE A FALTA DE COMENTÁRIOS NÃO SEJA MOTIVO PARA DESANIMOS , CONTINUA, NEM QUE SEJA PARA SATISFAZER O TEU EGO, O QUE É POSITIVO ,TENO O BLOG http://mah-tretas.blogspot.com/ QUE NÃO É COMENTADO (RARAMENTE)E PROVÁVELMENTE NÃO TERÁ QUALIDADE, MAS POUCO ME IMPORTA,É UM SITIO ONDE POSSO ESCREVER, E DE CERTEZA QUE MUITOS PASSARÃO POR LÁ MESMO NÃO FAZENDO COMENTÁRIOS NÃOQUER DIZER QUE NÃO TENHA LGUM INTERESSE.FICA BEM E CONTINUA NO MINIMO FICAS A SABER QUE TENS UM FIEL VISITANTE EU.ABRAÇOSHENRIQUES ( bat caç. 2878 comp. caç. 2544) "
" Mensagem encaminhada de faxina@sapo.pt
-Data: Tue, 27 Feb 2007 16:16:20 +0000De: faxina@sapo.pt
Assunto: Uma critica
Hoje reparei com espanto no email que foi colocado no blog do batalhão 2877, na verdade eu não entendo, que se queira a colaboração de todos os ex.combatentes , quando eu José Fernandes da Silva da comp. de caç.2543 3.pelotão .Recebi a seguinte resposta a uma pergunta que fiz.É obvio que nem sempre temos tempo nem disposição para colocar no blog todos os assuntos que nos são endereçados. entendi que no batalhão só existiu zau-évua,e ás vezes quiende eu até estive nos dois. Agora pergunto eu o quiximba, o lufico? As companhias operacionais, não interessam? Só interessa a dor de dentes em S.Salvador, os monumentos de lisboa ou os monumentos de ambrizete?Essas coisas para mim não dizem nada eu não estive em Angola a passar férias, passei mais tempo no mato dormi mais tempo no chão do que na cama.Se escrever para o blog é só para intelectuais eu não sou,mas em em contrapartida sei muito bem empunhar ferramentas daquelas que fazem calos,e sinto-me muito orgulhoso,nem todos podem ser doutores.Desejo do fundo do coração saúde para "

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

BAC 2877

Por mais que queira, não posso deixar de pensar na "obrigação" de no dia a dia, se possível, escrever algo no Blog.
Não pensem que é fácil.
Os motivos existem, e não são tão poucos quanto isso.
O estranho, é que, por mais que se queira e se publicite o Blog, poucas ou nenhumas pessoas, ex-companheiros da Guerra, tem disposição, vontade, conhecimentos ou tempo para o fazer.
Não custa muito a cada um aqueles que abrem o Blog, que façam um pequeno comentário, uma critica, que deem uma sugestão ...
Mas, infelizmente não o fazem.
Sei que o acesso à NET e os conhecimentos minimos para a ela aceder, infelizmente, para o "pessoal" da nossa idade, é dificil, quasi impossíve, mas .. . , os filhos, os netos podem dar uma ajuda. Não será ?
Tantas fotos que foram tiradas por todos os locais por onde passámos e, não me chegam para que eu as possa publicar.
Mais um desafio aqui vos deixo, com um abraço amigo de sempre

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

GRAFANIL nos arredores de Lisboa

GRAFANIL cerca de Lisboa

Quem passou por África, mesmo que o não queira, passados umas dezenas de anos, mantém sempre os sentidos apurados para o que por aquelas terras vai acontecendo.
Acontece o mesmo em relação aos nomes de muitas terras que por lá passámos ou de uma qualquer forma nos deixaram na mente alguma informação ou recordação.
Na passada sexta-feira, na SIC NOTÍCIAS, no jornal das 19 horas, quando se noticiava que o governo ia mandar instalar por todo o país, umas dezenas de torres de observação de moderna tecnologia, para através de um sistema de video-vigilância promover a prevenção e o combate aos incêndios, fiquei surpreendido quando foi dito que o Ministro que coordena essa área foi visitar uma dessas torres instalada na periferia de Lisboa.
Ora esta notícia não teria nada de especial para além da relevância do interesse sobre as próprias torres em questão, bem como a sua conveniência futura no seu desempenho quanto à prevenção aos incêndios a não ser que a mesma se encontrava instalada no quartel do GRAFANIL.
Até hoje, apenas conheci o Quartel do Grafanil, cerca de Luanda. Daquele quartel, todos os que por lá passaram, como os do nosso Batalhão, terão boas recordações, em especial quando do embarque no final da comissão, pelos poucos dias que lá estivemos e pela razão do regresso ao PUTO.
Agora aqui, próximo de Lisboa, um quartel (militar, bombeiros) chamado Gafanil ?
Duvidei, porque em questão de geografia, tenho ouvido tanta asneira que, passei a ter o direito de duvidar !
Será mesmo ?
Após umas pesquisas por esta coisa, que atravessa todas as fonteiras do conhecimento, a que sbaptizaram pelo nome de Internet, cheguei a conclusão que, então não é mesmo verdade que a Chefia do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR tem a sua sede no Quartel do Grafanil, Rua do Grafanil, Quinta do Grafanil - Galinheiras - 1750-121 Lisboa

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Dor de DEntes

Dor de Dentes
Uns dias de férias fora do habitat normal, para um animal de hábitos, como o bicho homem, sempre dá para limpar o espírito e o corpo, nem que seja no sentido de mudar a habitual dieta alimentar para uma qualquer outra, por diferente. Foi o que aconteceu.
Mas, porque nem tudo são rosas, estas mini férias, foram toldadas com uma escuríssima nuvem de uma dor de dentes, daquelas que só chegam , quando se não espera e duma intensidade de . . ., não haver remédio imediato para que aquela amiga do nosso maior inimigo nos deixasse, com a mesma brevidade com que nos chegou.
Isto não teria nada de pessoal, se não fosse a recordação de uma situação semelhante vivida em Zau Évua, que me obrigou a uma deslocação de “urgência” a São Salvador, para uma ida ao dentista militar que por lá teria existido. Digo teria existido, porque já vão perceber o porquê desta afirmação. Recordo então, essa ida aos serviços militares, para uma consulta, dado o facto da nevralgia ser tão intensa que, nem com os medicamentos da tropa, os celebres “LM”, conseguiram debelar aquela tremenda dor.
Bem, mas acontece que, quando cheguei ao dito consultório militar, fiquei a aguardar a minha vez, na expectativa de que com alguma sorte, poderia ficar com menos dores ou com um dente a menos na “cremalheira”. Acontece que passados poucos segundos, comecei a ouvir uns ais, uns roncos, que me deixaram em cada segundo que passava, com o coração a aumentar as suas batidas. A luta continuava a cada instante no consultório, o que me deixou imaginar o dentista, com o seu “alicate” tira dentes na mão, bem enfiado na boca do militar, com o joelho de uma das suas penas no peito daquele, aproveitando a lei fa física no que respeita às alavancas, suando as estopinhas, com imensa dificuldade para executar a dita extracção. Não demorei muito tempo a raciocinar. Perante a intensidade de tamnha “emboscada” e não havendo hipótese de enfrentar o “inimigo”, o melhor para tornear a situação, era a retirada. Assim aconteceu, um frango assado e umas imperiais, num daqueles "restaurantes" da zona e mais uns “LM”, resolveram a situação, de tal sorte que felizmente até após muitos anos do regresso de África, não tive necessidade de qualquer intervenção nas “cremalheiras”

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Vista aérea de Angola

Uma vista pela NET e encontrei o seguinte endereço que vos convido a visitar e, que serve, naturalmente para mostrar aos filhos e netos, as terras por onde todos nós andámos.
Aqui fica o endereço: http://www.airport-images.com/city_89114_Viana

Os nomes do nosso empo já não serão, em alguns casos, os mesmos, mas pela leitura, fazendo um percurso pelo mapa, por exemplo, para Norte, junto à costa, verifica-se a existencia de Ambriz, N'Zeto, actual nome de Ambrizete, Tomboco, Lufico, etc., as estradas estão nítidas é fácil fazer o percurso e no local que entendermos, fazer uma ampliação.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Ambrizete - Histórias

Com a devida vénia publicamos este post:

"B.CAÇ-3869-CCS - ANGOLA 1972 - 1974
« Ambrizete - Outras vidas.... Main Ambrizete - Outras vidas (parte II) »
julho 20, 2005
No mar de Ambrizete
A praia estava húmida. O céu cinzento e o mar revolto apareceram de manhã zangados com os vivos e mortos. O barulho das ondas era imenso e profundo. Parecia que todo “o mundo” ralhava. Os Deuses? Seriam os Deuses?... A maresia era bafo fresco e nós passeávamos na praia tal como outros seres vivos. O Sargento Nery e eu… A nossa vista deambulava pelo mar fora e “o levante”, terrível, espumava como cavalo cansado de esforço… Comentámos… como é que há gajos que vão nadar com um mar destes????? É preciso serem muito doidos…ou terem muito cacimbo nos miolos…. de facto estávamos a admirar um nadador que até nos acenava lá longe, nas vagas. Nós também íamos correspondendo e até nos rimos disso… Lá nos sentámos na areia fina de Ambrizete e de vez enquanto íamos olhando para o “aventureiro”. Trocamos algumas impressões e levantou-se a hipótese de que o “dito cujo”, que continuava a fazer “adeus”, pudesse estar a pedir socorro. Foi terrível o momento da lucidez… Corremos para dois pescadores que estavam ali, junto ao Brinca na Areia e rapidamente saltamos, os quatro, para uma “Chata”, barco de madeira achatado por baixo. Não foi difícil entrar no mar porque este puxava… Os Deuses queriam “sacrifícios”.Levávamos só uma bóia de câmara-de-ar de pneu de camião. Não havia coletes de protecção… eu e o Nery tínhamos camisas vestidas porque estava muito “fresco”.Fizemos mais de 100 metros de vagas e íamos gesticulando para o homem que pedia socorro. Este, também correspondia, mas cada vez menos…Quando chegamos a cerca de 10 metros, o homem desaparece. Tinha sido um grande esforço dos pescadores mas o mar tinha levado a vítima deste “Altar”. Eu e o Nery entreolhámo-nos, tirei a camisa e mandei a grande bóia para cima da zona do desaparecido.Saltei atrás dela e como mal sei nadar agarrei-a com todas as forças que tive…Algo bateu nos meus pés e puxei com uma das mãos. O sacrifício ainda não estava totalmente consumado.Daquela cabeça, quase branca, saltou pela boca um jorro de água e espuma. Foi impressionante…mas estava inanimado. Começamos a árdua tarefa de tirar aquele corpo do mar, mas a ondulação era muita e o barco baloiçava que nem “ um touro farpado”.Demorou a içá-lo mas conseguimos. Enquanto os pescadores remavam para salvar a “ nossa pele”.O Nery e eu deitamos o homem de barriga para baixo no barco e começámos a empurrar as pernas dele e a puxá-las o que levava a que os jorros de água continuassem a sair. Olhei à minha volta e a nossa “Chata” tanto ía ao fundo, como vinha à superfície porque ora estávamos no fundo da onda ora no cume da mesma. A praia e o Brinca na Areia estavam irreconhecíveis. Os nossos camaradas pareciam às centenas e ambulância do exército já lá estava. O problema é que todos remávamos só com dois remos e o barco muito a muito custo e lentamente foi ganhando caminho de retorno.Suávamos no frio daquela manhã… mas o homem já estava salvo embora muito cansado. Quando chegamos à praia já não me lembro do que aconteceu mas soube que o homem era um soldado motorista de outra Companhia e que estava casado com uma Espanhola e pai de duas filhas pequeninas. Soube que esteve 3 horas a soro no hospital e um dia que voltou a Ambrizete quis e pagou-me uma “Cuca”.
Nunca mais soube dele…
Sebastião Pires
Crónicas de Ambrizete 33 anos depois…
Posted by a1323 at julho 20, 2005 10:21 PM "