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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

BCAC2877 - Angola

C O N V I V I O


37º ANIVERSÁRIO

DO

REGRESSO DE ANGOLA

06 DE SETEMBRO DE 2008

BCAC2877

Angola


BCAC2877

Angola

1969 – 1971

Novidades em

http://bcac2877.blogspot.com/


Companheiros

Ficam convidados para mais um almoço convívio, comemorativo do 37º Aniversário do regresso de Angola, na Aldeia de Santo Antão - Batalha

Como todos os anos foram estudados diversos locais para a confraternização. Condicionam a escolha, os preços, os locais e as distâncias referentes às localizações dos restaurantes, tendo em vista a facilidade de acesso, em especial ao Auto-Estrada Lisboa-Porto.

Após o convívio, tem sido alvo de cuidado especial o regresso a casa dos nossos companheiros.

Foi nossa intenção primeira, que se fizesse este ano o almoço um pouco mais para Sul. Tal ainda não foi possível.

Continuamos com a preocupação na reserva do restaurante com uma razoável antecedência, bem como com a tomada de conhecimento do número aproximado de participantes.

Para tal, solicitamos que, pelos meios que cada um possa utilizar, nos façam a reserva da sua presença,

até 23 de Agosto de 2008.

Para que aqueles que organizam o almoço, tenham mais algum tempo para confraternizar com os companheiros, pedimos que dentro do possível o pagamento seja feito por transferência bancária. Devem utilizar o NIB 0018 0001 00200063400 94 - Banco Santander Totta – Brás Pereira Gonçalves, utilizando uma qualquer Caixa Multibanco.



Programa



Dia 06/09/2008



10h00

Concentração

Mosteiro da Batalha


11horas

Missa

Local a indicar


13 horas

Almoço



E m e n t a

Aperitivos

Martini, Porto, Vinho Branco, Sumo de Laranja Favaios e Gin

Rissóis, Pasteis de Bacalhau, Croquetes, Muliscos, Lentrisca e Morcela de Arroz


Pão, manteiga e Azeitonas

Sopa de Legumes

Bacalhau à Minhota

Perna de Porco Estufada

Doce da casa ou Salada de Fruta

Bolo comemorativo e espumante

Vinhos Branco, Tinto e Verde, Água, Refrigerantes, Cerveja, Café Bagaceira, Brandy Whisky Novo e Amêndoa Amarga

Preço

Adultos – 22,00 €

Crianças dos 5 aos 11 anos – 11 €

Avda 25 Abril, 58 A – Vila Fria – 2740-176 Porto Salvo – Tel.: 214214902-Fax.: 214211105

Joao Oliveira: 917589330* Adelino Martins: 229016209*Brás Gonçalves: 964036258*Antonio Marcelino: 961954523



quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Moradas actualizadas

Nova listagem actualizada de moradas.
Pede-se a colaboração de quem visitar o Blog o favor de nos informar de alguma anomalia e ou a localização ou contacto de novos companheiros que não constem na lista

Armas na Guuerra de Africa

Carro de combate ainda utilizado em Angola
(Museo dos Combatentes – Lisboa)

domingo, 17 de agosto de 2008

T 6 - Na guerra em Angola

Museu do Combatente -Belêm
Modelo de T 6 - à escala

Original americano
Um dos modelos

Imagem de um dos aviões utilizados ainda durante a nossa permanência em Angola – T6

Embalado para seguir para Africa

Um avião propulsionado a helice, muito antigo de fabrico americano, utilizado em Angola como bombardeiro.

Em voo

Ao tempo havia uma esquadrilha de 2 aviões deste tipo que quando necessário, vindos do Toto, operavam na nossa area de acção, fazendo tambem base em São Salvador.



A presença era notada pelo roncar caracteristico do seu motor



O T-6 foi um dos mais famosos aviões monomotores de hélice, conhecido por nomes como "Texan", "Harvard", "Yale", "Wirraway", "Mosquito", "Boomerang" e "Tomcat", conforme o país que o usava.

Nas OGMA - Alverca com todo o armamanento

Foi adoptado na força aérea de 55 países, desde avião de treino de pilotos, a bombardeiro.



Criado em 1935 pela North American, começou a ser utilizado em força em 1940, sendo introduzido em Portugal em 1946

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Moradas actualizadas


Actualizamos hoje a lista de nomes e moradas ( dos que nos são conhecidos) de todos os nossos companheiros, no Blog
(Sugerimos que nos façam correcções, emendas ou pedidos de inclusão de nºs de Telefone, Telemóvel ou endereços de Email)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

De S Salvador ao Lufico



Para a historia da guerra aqui fica o testemunho dos muitos que por lá andaram, na zona onde nós estivemos.



Estes, antes de nós



De S. Salvador a Lufico




Fonseca aproximou-se da sentinela com a mesma facilidade com que um felino fila a presa que pretende caçar. Oprimiu a respiração, estava a dois passos do sacana. Num salto certeiro, a arma agarrada com as duas mãos, deu com o topo da coronha na nuca do bandido, que caiu como um tordo! Com o punhal, deu o golpe final àquele desgraçado. Os homens da secção seguiram atentamente os seus últimos gestos e avançaram no envolvimento das duas palhotas da entrada do acampamento inimigo. A surpresa foi fatal para os restantes quatro bandidos que tentaram fugir em tronco nu. Não deram sinal de rendição e os homens das secções posicionadas no enfiamento do trilho de acesso, dispararam as balas mortíferas que varreram tudo, com a rapidez de um relâmpago, perfuraram os corpos que foram caindo junto às palhotas.


A densa vegetação que ladeia as palhotas prejudicava a vigilância, e os bandidos das palhotas do fundo fugiram para a mata. A experiência de outras situações semelhantes não aconselhava a perseguição no "escuro". E os pára-quedistas tomaram precauções... mas o capitão ordenou à secção do sargento Assis:

- Manda três homens vigiar a mata por detrás das palhotas, que nós vamos dar duas rajadas de aviso aos que fugiram, só para saberem que contamos com eles para a festa da noite...

À ordem do comandante, as rajadas cortaram as folhas e assustaram os homens do pelotão do alferes Oliveira que estavam nas palhotas do fundo. O capitão conferenciou com os outros oficiais e comentou:

- Os que fugiram não nos devem inquietar mais; mas vamos andar com redobrada atenção.
Era admirável a paciência daquele pessoal. Setenta homens de mochila às costas, com a fome a roer o estômago, e ninguém aproveitou para tirar uma ração e comer!
Esta é uma guerra donde até os animais fogem... só ficaram as hienas e alguns mabecos para limparem o terreno de carne podre!

Nos locais de perigo eminente, as probabilidades de ataques não deixam espaço para distracções e ninguém adormece; mesmo quando comem as suas rações, continuam vigilantes.

- Os presos só dão chatices. – diz o Serôdio, enquanto abria a lata de atum.
Ainda não esqueceu o dia em que teve à sua guarda um prisioneiro que tentou fugir e o fez andar ligeiro da perna... dando-lhe com o capacete nos olhos para o acalmar!
Se não era o sol escaldante a tolher a vida à malta do capim, eram as trovoadas com chuva de afogar os animais de perna curta. Mesmo assim, a fila de pirilau avançava no lamaçal e as botas afundavam-se nos sulcos escondidos na água lodosa que as enxurradas descarregavam para a picada. E quando os raios de sol começavam a secar os camuflados, saíam névoas de fumaça como se os corpos fossem tochas sem chama. Dois sons estridentes de um apito, saídos do meio da mata, puseram todo pessoal em sobressalto! Logo tomaram posições defensivas e vigiaram as árvores e os pontos mais sensíveis às emboscadas. Os minutos alongaram-se sem que se vislumbrasse qualquer movimento. Esta nova forma de comandar... espantou os homens do capim; perceberam que os bandidos andariam à ordem do apito do chefe, uma novidade. Mas o som infiltrado na mata não abrandou a continuação da missão bem no meio da guerra, nem esmoreceu a vontade de vencer os obstáculos até ao regresso a Luanda.

O grupo rompeu mata dentro, atravessando as linhas de água, simples ribeiras ou riachos. Umas a vau, deixando as botas a espichar, outras por cima dos troncos de árvores arrastados e atravessados nos riachos. Depressa apareceu o capim a ladear a vegetação rasteira e, algumas vezes, com clareiras alongadas. Foi curto o tempo para apreciar essas clareiras... as balas pareciam saraiva a bater nas árvores marginais à picada. Não fora a rapidez com que os homens da frente se abrigaram e o desastre seria bem maior do que na picada de Quicabo para as sete curvas.

De repente, um gemido... e o Carmo contorcia-se com dores – fora atingido por duas balas. Duas secções fizeram o envolvimento pelo flanco mais arborizado, para recuperarem a acção de fogo da malta que ficou à mercê das balas inimigas. Os homens da secção do Abrantes rastejaram até à posição frontal para bater os terroristas. Mas o Vilela ficou ferido com uma bala no braço esquerdo, arrastou-se para um sulco do terreno e continuou a fazer fogo. O Carmo, com as calças ensopadas em sangue, virou-se de costas, ficando mais protegido, e o enfermeiro atendeu aos gemidos. Coisa grave, uma bala arrombou o escroto e os tomates ficaram desfeitos! Já em fase de acalmia, o capitão aproximou-se e, desagradado pelo poder de fogo do inimigo, murmurou:

- Há nove ou dez meses atrás, estes sacanas atiravam-se contra as balas e morriam às centenas; não encontrámos nem uma automática nos despojos dos mortos! Nos ataques que fizeram, durante dias a fio, contra a Damba, Quitexe, 31 de de Janeiro, Bungo e outras povoações, foram recebidos a fogo duro e morreram aos magotes. Agora é isto... estão bem abastecidos! Virou os olhos para o tenente Aleixo, que entendeu a mensagem.

- Vamos acabar com eles... e é para já. – exclamou o tenente, de semblante tenso.

Fez um sinal bem pronunciado ao sargento Ferraz para mandar contornar a pequena elevação de terreno e tentar apanhar os terroristas por trás... Enquanto a secção do Saldanha tomava uma boa posição de fogo e corria com os bandidos que restavam; e os gajos perderam a força e a graça das novas armas, dando uns tiros espaçados e à distância.

Mais de sessenta homens habituados a bater trilhos e picadas no meio das densas matas dos Dembos, Sacandica, Quimbele, serra de Mucaba e Inga, ficaram admirados com as novidades que os terroristas da UPA apresentaram. Ao contrário do que pretendem insinuar os chefes dos gabinetes do ar condicionado, que vão perdendo o aprumo, a guerra existia e com melhores meios para o inimigo! Sinal de que estava para durar...

O pelotão do tenente Aleixo ficou a proteger o pessoal na prestação de socorros aos feridos. O caso mais complicado era o do Carmo; mas o enfermeiro conseguiu estancar a hemorragia, injectando coagulantes. Foi bem atado com ligaduras a contornar a gaita... que ficou com um volume descomunal! O facto serviu para alguns comentários irónicos, uns mais pessimistas e outros menos. A malta sempre foi propensa a levar as coisas pela positiva, onde se destacavam os reguilas das bandas do Tejo a analisar a situação.

- Eh pá, como é que o Carmo se vai safar com a gaja que deixou lá na terra? – indagou o Cacela, com toda a seriedade.

- Lá terá de se mandar fora, ou arrisca-se ao tormento da cornadura sem conta e medida. – sentenciou o Baleia.

O Sousa não gostou do que acabava de ouvir, recordando as palavras do enfermeiro Pena, que enrolou as ligaduras à volta dos tomates do rapaz, deu o seu palpite:

- Se o Pena deixou a pichota do Carmo fora das ligaduras é porque a coisa ainda funciona; o que é bom para a saúde mental do moço. A malta deve animá-lo; se é grande a dor do ferimento, quanto mais não será o desgosto de saber que lhe romperam o saco dos colhões – um autêntico desastre!

O pelotão do alferes Oliveira contornou o morro, à procura de indícios dos terroristas. A mais de duzentos metros da encosta, descobriram um esconderijo com água e alimentos guardados. Fizeram de conta... seguindo morro acima, até à segunda surpresa do dia: uma gruta com pouco mais de um metro de altura na entrada... donde saiam sons sibilantes de palavras. O sargento Pereira fez sinal de silêncio e recuou. Dispôs o pessoal de um só lado da gruta, prontos a disparar contra qualquer bandido. Os homens das outras secções afastaram-se do campo de tiro e tomaram a posição deitados. O alferes puxou a cavilha à granada que atirou para dentro da gruta... seguiu-se uma explosão abafada e uma nuvem de fumo espalhou-se morro acima. Poucos minutos após, cinco negros vestidos de caqui saíram disparados como um vendaval. As balas de raiva soltaram-se das armas e dizimaram os bandidos que tombaram morro abaixo. Com os olhos vidrados, a lacrimejar, ali ficaram estendidos à mercê das hienas...



As tentativas para entrar na gruta saíram frustradas, porque o fumo não permitia ver os contornos do esconderijo. Antes de ser armadilhada a entrada da gruta, o sargento Ferraz atirou mais uma granada bem para o fundo, na tentativa de destruir quaisquer armas que os bandidos tivessem deixado!

As tentativas para entrar na gruta saíram frustradas, porque o fumo não permitia ver os contornos do esconderijo. Antes de ser armadilhada a entrada da gruta, o sargento Ferraz atirou mais uma granada bem para o fundo, na tentativa de destruir quaisquer armas que os bandidos tivessem deixado

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

BCAC2877 – Confraternização de 2008 – 06 de Setembro


Com muita pena nossa, este não é ainda o local da recepcção para o almoço de confraternização. Talvez um dia . . .



Continuamos a receber algumas marcações.

Algumas cartas estão devolvidas.



Solicitamos que o pagamento seja efectuado conforme pedimos na nossa carta - atraves de transferência bancária.

domingo, 3 de agosto de 2008

ZAU-Évua - terra de ninguem sítio de vivências



Hoje porque é Domingo.


Zau Évua terra de nimguem sítio de vivencias

(livro do nosso antigo companheiro que tambem passou por Zau Évua)

O calendário em 2008 é na mesma forma forma repetitivo como o era então em 1969 em Zau Évua.


Hoje é um Domingo diferente.


À distância de todos estes anos, as recordações começam a ficar distantes, neblosas.

Falar de Zau Évua e de Domingo, será para todos os que por lá estiveram, recordar as passagem do MVL – Movimento de Viaturas Logisticas.


Recordar a sensação do aparecimento e do contacto com muita gente que nada tinha a ver com o nosso dia a dia no quartel.


Era uma maneira de espairecer a vista e o coração. De receber notícias, de ficar na expectativa de alguma encomenda ou correspondência.


O contacto com algum civil que passava, com os camionistas, esses que faziam a sua profissão, com os seus camiões carregados de mercadorias para civis e militares por entre os perigos das emboscadas e das minas.


Hoje é Domingo, que continuemos a passar muitos como este, se vier à recordação, alguns dos daquela Guerra, paciência.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tavira - as Salinas





Quem cumpriu parte do serviço militar em Tavira, sabe bem o que são as salinas.

Ao tempo nada tinham a ver com a linda foto que hoje apresentamos no nosso Blog.

Eram as salinas um dos meios que a "tropa" dispunha para "treinar" e "mentalizar" todos o que se preparavam para cumprir o serviço militar, na sua grande maioria a caminho da guerra de África.

A aplicação militar, em cuja parte do treino cabiam como obrigatórios, em todos os quartéis, exercicios que pela sua envergadura, estilo e dificuldade, serviam para moldar o corpo, mas acima de tudo o espírito ás grandes dificuldades que se iam deparar ao militares quando no terreno do próprio confronto na guerra.

As "salinas" de então, na sua grande maioria abandonadas, cheias de restos do esgoto da cidade, inundas de toda a casta de porcarias, estavam aí mesmo a jeito para a aplicação militar - flecções, cambalhotas em frente e à rectaguarda, luta corpo a corpo, etc. Em cada semana, pelo menos durante uma manhã, as salinas, com o seu cheiro nauseabundo e a sua lama preta que só com a pressão de uma agulheta poderia ser lavada dos nossos corpos, aí estavam à nossa espera. O corpo e a farda, para a higiene, esperariam ainda à chegada ao quartel do CISMI bastante tempo até que houvesse água suficiente para a sua limpesa e higiene. Por este tempo em 1968, agua em Tavira era como que encontrar agulha em palheiro. Quando de fim de semana, porque estas "visitas" às salinas, normalmente funcionavam ao sábado pela manhã, traziamos para casa aquele cheiro pérfido entranhado por todo o corpo.

Quando não era nas salinas, a aplicação militar fazia-se no campo da Atalaia, ali, paredes meias com o Quartel.

Vista do Quartel

Atalaia era o campo onde era feita a feira semanal. Pode adivinhar-se, pois na altura ainda havia feiras com gado, a porcaria que ficava espalhada por todo aquele terreiro de pó e de escrementos de animais.

Porta de Armas

Era assim que se treinavam os militares em Tavira.

Este que vos escreve, passou ao lado de Tavira. Por mais de 20 anos. Sem lá por os pés ou parar, pois foram tantas as saudades que aqueles meses que por lá passei me deixaram.

Posterior companheiro de trabalho e grande amigo meu, falecido e a cujo funeral não fui por coincidir com a nossa confraternização na Póvoa do Varzim, cumpriu a promessa que então quando por lá passou jurou: só ia a Tavira quando no campo da Atalaia houvesse flores. Nunca lá voltou.

Tavira, sempre foi uma bonita cidade. Uma cidade, segundo diziam na altura, seria a que no nosso país teria mais igrejas e capelas. Tem um rio com três nomes, tem as Quatro Águas, onde tambem muitas vezes, no lodo do rio faziamos a mesma aplicação militar, e tem uma ilha, hoje maravilhosa ao que sei.

Naquele tempo, para a grande maioria dos militares que por lá estiveram, apenas a queriam ver pelas costas.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Angola - Trabalho de Ganganeli





Aqui fica um trabalho do nosso antigo companheiro Ganganeli

FORMAÇÃO DE ANGOLA
Área: 1 246 700 km2

1 - EXPANSÃO TERRITORIAL, MISSIONAÇÃO E ACULTURAÇÃO
Na sequência das viagens de Nuno Tristão e Gil Eanes, o navegador Diogo Cão, na sua 2ª viagem de 1485-86 tornou a reconhecer o rio Zaire e explorou a costa angolana até a actual Luanda e colocou os padrões como testemunho da descoberta portuguesa naquelas terras e em 1490 D. João II, satisfazendo o pedido do rei do Congo, mandou para lá uma missão com sacerdotes franciscanos, artífices e ferramentas, dando início a missionação cristã e conversão ao cristianismo do respectivo rei e sua elite, política que D. Manuel I continua com o envio de mais padres, mercadores e conselheiros, e um grupo de jovens congoleses são enviados a Lisboa para formação cultural, em que se destacou o jovem Henrique, sendo ordenado sacerdote e consagrado bispo e vigário-apostólico do Congo, e mais tarde em 1662 é criada em Luanda a Junta de Missões com missionários capuzinhos, italianos. Estas acções formaram a base de cristianização até a actualidade das terras angolanas.
A partir de 1559 Paulo Dias Novais começou a ocupação das terras a sul de Luanda e fundou a povoação de Luanda, com a construção de fortaleza, igreja e castelo e concedeu terras para agricultura a cem famílias metropolitanas. Esta política é continuada pelo capitão Luís Serrão e em 1617 é fundada a povoação de Benguela, com fortaleza, igreja e castelos, e com as respectivas guarnições militares, mas em 1641 Luanda é conquistada pelos holandeses, obrigando aos seus habitantes a refugiarem-se para o interior, os quais ao fim de 7 anos, em 1648, com o reforço vindo do Brasil sob comando de Salvador Correia, reconquistaram Luanda e são construídos importantes edifícios e um activo porto marítimo.
Soldados, marinheiros, mercadores e ciganos metropolitanos, enquanto se dedicavam a sua actividade, produzem também a miscigenação populacional.
Para consumo deste grupo populacional e dos reinos indígenas a metrópole enviou têxteis, facas, loiça, sal, aguardente e tabaco, em troca de escravos e marfim, e com base neste desenvolvimento costeiro deu-se a expansão para o interior através das campanhas militares com jovens metropolitanos, açorianos, madeirenses e locais, acções em que se destacaram as guerras contra as tribos Mutambas e Hungus no século XVIII.
Estas campanhas partindo do lado angolano ocidental, bem como do lado moçambicano oriental, tinham o objectivo para ocupação das terras centrais, situadas entre ambos os lados, hoje designadas de Zâmbia, Malawi, Rodésia e Congo, destacando-se nessas viagens em 1790 os mercadores mulatos, Pombeiros, com a primeira ligação terrestre entre Angola e Moçambique.
Com o liberalismo e a independência do Brasil, Portugal em meados do séc. XIX virou-se com força à África para aí formar o 3º império e intensificaram as expedições geográficas e económicas para o interior, destacando-se nela o explorador Silva Porto, que se fixou no centro de Angola e que mais tarde suicidou-se por desgosto com a revolta das tribos locais nos Dembos no norte de Angola 1871-72 contra Portugal e a Sociedade de Geografia de Lisboa, criada em 1875, fomentou outras expedições, nas quais se destacou a expedição dos oficiais de marinha, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens em 1877 com a viagem, “De Angola à contra costa”, entre as outras viagens dos mesmos, bem como as expedições de Serpa Pinto, Henrique de Carvalho e outras de oficiais de exército, marinha, cientistas e comerciantes, contribuindo para o conhecimento geográfico, cartográfico e etnográfico.

Com base nessas expedições, na Conferência de Berlim, 1884-1885, Portugal reivindicou como seu território, desde a costa de Angola, de Foz do Zaire até à Foz do Cunene, até à costa moçambicana, apresentado no Mapa Cor-de-Rosa, mas foi decidido que a reivindicação territorial só se podia basear-se na ocupação efectiva do território, e a Inglaterra em Janeiro de 1890 apresentou o Ultimato ao governo português e Portugal foi obrigado a renunciar a maior parte daquele território, seja actual Zâmbia e a Rodésia, através do Tratado Luso-britânico de 1891.
Com este Tratado e entendimento entre todos os concorrentes e apesar da crise económica e financeira de 1890-93 iniciaram as campanhas de pacificação e ocupação efectiva, destacando-se a campanha militar de Alves Roçadas.
Mas apesar do entendimento, os ingleses e os alemães cobiçaram Angola, Moçambique e Timor, como compensação do empréstimo português feito nas instâncias internacionais e em 1904 a Alemanha quis a totalidade das colónias portuguesas, o que foi contrariado com o Tratado secreto de Windsor de 1899 entre Portugal e Inglaterra.
Em todo o caso, o entendimento serviu para delimitar as fronteiras dos territórios ultramarinos, em que se destacou, complementando com levantamentos geográfico e cartográfico, o almirante aviador, geógrafo e historiador Carlos Viegas Gago Coutinho, sobretudo em Timor em 1898 e depois em Niassa, Congo, Zambézia e São Tomé e Príncipe.

De novo, em 1913, a cobiça dos territórios, criou um plano secreto entre Inglaterra e Alemanha dividindo entre eles os territórios portugueses ultramarinos, mas a 1ª Guerra Mundial, 1914-1918, desviou a atenção dos interessados e Portugal foi forçado entrar na guerra para defender os territórios ultramarinos e para se encontrar entre os países importantes e nos ataque alemães a Angola e a Moçambique morreram, cerca de 5 000 militares das forças portuguesas, europeus e africanos.
A vitória dos aliados confirmou os direitos de Portugal a aqueles territórios.

Na década de 1930, mais uma vez, surgem planos para partilha dos territórios ultramarinos para a sua divisão há Mussolini entre Alemanha e Itália e também surgem notícias de entendimento germano-britânico, entre eles, para partilha de Angola e Moçambique.
É contra estas pretensões territoriais que Salazar criou o Acto Colonial de 1930 para uma melhor administração e controlo daqueles territórios, realçando que nenhum território ultramarino é alienável, e mais tarde em 1951, com a revisão constitucional, o conceito colonial deu lugar aos conceitos de “ultramar” e “províncias ultramarinas” e em 1972 a Lei Orgânica do Ultramar e os Estatutos Territoriais conferiram aos territórios ultramarinos o título de “Estados Ultramarinos”.

Os principais povos angolanos são os umbundos em Benguela e anbundos no norte de Benguela; congoleses ou quicongos no Congo e no sul e no oriente, os lundo-quioca, ganguelles, hereros, masuca-usubus, anebos e xindongos.

2 – DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
Pombal face a expansão e desenvolvimento daquelas terras decretou a liberdade do comércio estimulando povoamento, comércio, agricultura e indústria e surgiram a fundição de ferro, industria de couro, celeiros públicos, alfândega e hospital em Luanda e diversas aldeias e povoações no interior e entre litoral e espaços interiores cruzaram-se as caravanas dos mercadores africanos que traziam para a costa cera, marfim e outros produtos e os escravos que eram comprados nas feiras e nas fortalezas portuguesas disseminadas pelo interior.
Em meados do século XIX, com a política de Sá de Bandeira, e com a supressão da escravatura, deu-se o combate a escravidão e introduziram-se carregadores e carros de bois para transporte de mercadorias e em 1854 criou-se a instituição tutelar dos libertos e o conceito da cidadania metropolitana foi igualado para todos os povos sob a bandeira portuguesa, independentemente do seu nível civilizacional, e o governo empenhou-se no ensino, fomento agrícola e fundou a imprensa oficial em Angola.

Para legalizar o comércio e obter receitas introduziram direitos alfandegários sobre exportações e os portos de Luanda e Benguela abriram-se a navegação estrangeira. Os agentes do desenvolvimento eram os burgueses com origem no Brasil e Metrópole e famílias crioulas com ligação também com ambos os territórios, e voluntários vindos do Brasil e da Madeira fixaram-se em Moçamedes, e o Estado vendeu terras a particulares para plantação de café, cana-de-açúcar, algodão e fundou-se o Banco Nacional Ultramarino em Luanda em 1864 para concessão de empréstimos aos plantadores e com o capital estrangeiro, sobretudo inglês, fomentou-se a navegação e criou-se a Companhia de Navegação de Cuanza, construíram o caminho-de-ferro, ligando Luanda, Ambaca, Macala, Malange, Lobito, Benguela e Moçamedes exploração e exportação das minas de cobre, portos, estradas, para exploração e exportação das minas de cobre, instalaram-se telégrafos e fizeram-se estudos hidrológicos, apesar da a crise económica e financeira de 1890-93.

Estas infra-estruturas básicas eram fundamentais para exploração e escoamento dos recursos minerais, sobretudo diamantes, e dos produtos agrícolas, borracha, açúcar, café, chá, oleaginosas, sisal, cacau, cera e para a sua comercialização e exportação surgem as respectivas companhias coloniais portuguesas e serviam também para lá escoar os produtos industriais metropolitanos excedentários, tecidos de algodão, vinhos, conservas de carne, azeite, massas alimentícias, calçado, tintas, etc., como prolongamento do mercado interno e do ultramar a metrópole recebia aqueles produtos para consumo e exportação via Lisboa.


No ano de 1930 foi aberto o primeiro “ Liceu Salvador Correia”, donde saíram na década de 1930 os primeiros ideólogos angolanos, Américo Machado, Viriato Cruz e António Agostinho Neto

Estas melhorias aumentaram a população metropolitana em Angola para 58 000, mas ao mesmo tempo criaram o deficit orçamental, produzindo a inflação e desvalorização monetária e paralisando a economia entre 1925-26 e, por falta de investimentos, os seus produtos não evoluíram em qualidade e preço, em relação aos produtos de outras proveniência, causando a queda de exportação, situação agravada, ainda mais, com as pretensões expansionistas da África do Sul para aqueles territórios e, bem como, com a crítica das condições do trabalho indígena e da missão civilizadora portuguesa feita pela Sociedade das Nações Unidas.

É neste contexto que Salazar elaborou o Acto Colonial de 1930, em que afirmou que o Estado Português não aliena nenhuma parcela do território colonial e aplicou restrições a concessões aos estrangeiros e aos particulares, relativamente as funções de soberania, de modo a reforçar a ideia de continuidade e complementaridade territorial do espaço metropolitano e ultramarino, como “uma comunidade de solidariedade natural”.

Com base neste projecto determinou o fim da autonomia financeira do ultramar e, consequentemente, o orçamento de cada território ultramarino ficou subordinado à aprovação do Ministro das Colónias ou do Governo de Lisboa, de modo a prevalecer o equilíbrio e bom aproveitamento das contas públicas.

E os territórios ultramarinos tornam-se parte do mercado interno e a grande indústria burguesa metropolitana passou a explorar e comercializar os produtos agrícolas, pecuária e matérias-primas, sobretudo minérios, daqueles territórios, política que permitiu equilibrar as contas externas do Estado Novo.

O Acto Colonial permitiu realizar mudança política, ideológica, institucional e administrativa, permitindo desenvolver os mercados metropolitanos e ultramarinos quantitativa e qualitativamente durante a guerra e na pós-guerra.

Na sequência do projecto da unidade territorial, baseando-se num Portugal pluricontinental e pluriracial, na década de 1950 introduziu-se o conceito de EEP, espaço económico português, em complemento de abertura a Europa e criaram-se condições para uma economia forte, em concorrência com o mercado metropolitano, investindo elevados montantes e dando início a instalação da 1ª industria têxtil e ao fomento agrícola, florestal e pecuário, desenvolvimento do caminhos-de-ferro, portos e transportes marítimos e fluviais, estradas, pontes e aeroportos, obras de urbanização e saneamento básico, instalação da energia eléctrica e fomento mineiro, obras que continuaram a grande ritmo até a Revolução de 25 de Abril de 1974.

Para a realização destes investimentos foi utilizada também a ajuda Marshall, no período de 1949-1951, sobretudo na indústria de carnes, prospecção de minérios, indústria de cimentos, em que se destacou o grupo Champalimau, e com o 1º Plano de Fomento Nacional incrementou-se a construção de barragens e centrais hidroeléctrica, e fez-se a modernização e aumento dos transportes marítimos.

Este desenvolvimento permitiu a emigração metropolitana para Angola e criaram-se colonatos de Cela no centro de Angola e de Matala no sul de Angola.

Por outro lado aplicaram novas regras no regime de trabalho indígena, sobretudo para acabar com o recrutamento compulsivo e, concomitantemente, procurou-se alargar a cidadania aos naturais, à mediada que as populações indígenas e tribais, se adquirissem hábitos e regras sociais civilizacionais, através da frequência das escolas e aprendizagem da língua portuguesa.

Em 1960 criaram-se colonatos de povoamento local e são criadas Juntas Provinciais de Povoamento rural e surgiram os projectos de colonatos de soldados e dos cabo-verdianos, e quanto a população metropolitana, esta preferiu ficar nas cidades.

Para o alargamento da cidadania aos naturais e para pôr cobro aos abusos individuais e mesmo institucionais, muito contribuiu a reforma de 1961 de Adriano Moreira, Ministro do Ultramar, mas como sempre a sua aplicação foi muito subjectiva e contrariada por preconceitos e interesses materiais.

Esta modelo governativo gerou crescimento do PIB, aumentou a produção industrial, sobretudo a indústria transformadora e extractiva, como, sisal, açúcar, café, diamantes, petróleo e minas de ferro, bem como a indústria de calçado e do vestuário, e, nos anos 1970, surgiram novas urbanizações e expansão das cidades, e aumentou a população, e tudo isto aliado aos movimentos dos contingentes militares, dinamizou o comércio e a partir da década de 1960 falou-se do “milagre económico” com o crescimento de 7% entre 1963 e 1973 contra 4% em media dos anos anteriores, e todo este quadro industrial e comercial encontrava-se estruturado nas principais Companhias a seguir indicadas:
- Companhia Angola de Agricultura, SARL (CADA);
- Sociedade Agrícola de Cassequel;
- Companhia de Diamantes de Angola;
- Companhia Mineira de Lobito;
- Cabinda Gulf Oil Company;
- Petrangol;
- Secil cimento;
- Secil marítima, SARL;
- Fabrica de Bicicletas e Motorizadas, Lda (FABIMAR);
- Tintas Dyrup de Angola, Lda;
- Angolan African Oxygen (eléctrodos para soldadura a gás);
- Indústria Electrónica de Ultramar (ANGOTRONICA);
- Sociedade Angolana de Acumuladores Tudor (SADAT);
- Sterling Farmacêutica Portuguesa;
- Companhia União de Cervejas,(CUCA);
- Companhia de Congo Agrícola (QUINTAS E IRMÃOS)
Com o 3º Plano de Fomento Nacional, surge o projecto Sines em 1972 com base no petróleo angolano, o qual com a revolução de 25 de Abril de 1974 e posterior alteração do modelo político ficou impraticável e portanto sem aplicação à nível do país todo.

3 – GUERRILHA E INDEPENDÊNCIA
Em 1954 Holden Roberto fundou em Leopoldville a UPA, União dos Povos Angolanos, que depois se transformou em FNLA, Frente Nacional de Libertação de Angola, com apoio norte-americano; em 1955 é criado o Partido Comunista de Angola, por iniciativa do Partido Comunista Português, no meio dos metropolitanos residentes nas cidades de Angola, e que em 1956 se transformou em MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola; no mesmo ano surgiram os tumultos dos trabalhadores contratados no norte de Angola, causando as primeiras ofensivas policiais contra independentistas; em 1960 foram presos Agostinho Neto, líder do MPLA, e o padre Joaquim Pinto de Andrade, e a 4 de Fevereiro de 1960 deu-se o ataque frustrado às cadeias para libertar os presos políticos e no funeral das vítimas policiais surgiram violentas perseguições e matanças nos muceques de Luanda e dia 15 de Março a UPA lançou os mortíferos ataques no norte de Angola e em Janeiro de 1961 os trabalhadores das plantações algodoeiras de Baixa de Cassenje, no norte de Angola, revoltaram-se e entraram em greve, sendo a rebelião esmagada com centenas de mortos entre os revoltosos, por intervenção militar.
A guerrilha, durante 13 anos de luta, até à democratização do Estado Português, com a revolução de 25 de Abril de 1974, apenas conseguiu destruir a economia tradicional e rural, com perdas de colheitas, envenenamento dos solos, e com as deslocações forçadas das populações.
Em 1975 o MFA, Movimentos das Forças Armadas Portuguesas, encetou conversações em Alvor, para transferir o poder aos movimentos de libertação, então, transformados em partidos políticos, formando um governo provisório, o qual entrou em conflito e em 11 de Novembro de 1975 em Luanda o MPLA proclamou unilateralmente a República Popular de Angola e em Ambriz, no mesmo dia, a FNLA e a UNITA proclamram outro Estado independente.
O Governo Português e maioria dos países internacionais reconheceram o MPLA como governo legítimo.
Estes acontecimentos deram origem a guerra civil, abrangendo todo o território angolano durante mais de 25 anos, assim a guerrilha rural anterior ao 25 de Abril de 1974 transformou-se em guerra armada urbana e que durou o dobro do tempo da guerrilha independentista e só nos primeiros três meses provocou só em Angola mais mortos e feridos do que durante os 3 anos de guerrilha em todo o território ultramarino africano e nesta guerra o MPLA foi apoiado militarmente pela União Soviética e pela Cuba.
A FNLA e a UNITA tiveram apoio dos EUA, China, Coreia do Norte, Zaire e África do Sul.
Principal bibliografia consultada: História de Portugal; José Mattoso
História de Portugal; José Hermano Saraiva

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Zau Évua - Visão poética pelo Ganganeli

Zau Évua, vista por Ganganeli




A expressão artistica duma paisagem mórbida, adentro dum deserto de gente, onde o tempo ainda não tinha chegado e onde jamais chegou.
Tem tudo.
O por do Sol.
As casernas.
O morro, onde se situava a capela.
Os outros pequenos apendices, a imaginaçãpo e cada um, que os coloque onde bem entender...
Zau Évua vista assim, faz recordar a quem a conheceu como um sonho.
O deambular pelas ondas da imaginação das ultimas noites, ultimos dias de quem por lá passou e que vivia esses momentos na esperança, na expectativa do regresso.
Do regresso, são e salvo.
O infurtunio e a desgraça de muitos, fez com que tal não tivesse acontecido munca.
Recordo os que faleceram e que merecem sempre ser recordados.
Zau Évua assim . . . assim ... que maravilha.
Que felizes os que regressaram.
Bem haja o Ganganeli que com a espiritualidade da raça que usa a cor da sua tez, transformou a poesia do seu sonho, na realidade deste lindo quadro.
(Nota: Fui ver a Colecção Berardo. Este quadro bem merecia lá figurar... e, por aqui me fico)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Lisboa - Luanda - Actualizada em 21/07/2007(12/07/1969)



Grafanil

(Quartel de passagem para o Norte de Angola)

Os primeiros momentos da Viagem

Após o desfile militar e o regresso ao navio, onde já tinhamos estado para saber do local de alojamento e colocar as bagagens, a amurada do Vera Cruz, nos seus diversos níveis, ficou repleta.

Foram as derradeiras despedidas, com o barco a largar os cabos e a fazer soar a sua potente ronca, sinal que zarpava definitivamente a caminho do desconhecido.

Aqui vamos nós a caminho de Luanda.

Nestes primeiros momentos da viagem, a novidade e a curiosidade pela viagem por mar, num paquete de grandes dimensões, sobrepunha-se, naturalmente, ao receio da guerra.

Uma passagem pelo Funchal para embarcar mais militares que aí se aprontaram para a ida para o teatro de operações da guerra de Angola, dava tambem, mais alguma folga aos principais temas dos nossos pensamentos - Angola, Guerra, etc.

Para alguns de nós, a possibilidade de desembarcar no Funchal, para dar uma olhadela aos principais pontos de interesse da cidade e arredores mais próximos, a compra dos tipicos chapeus de palha e, umas garrafas do afamado vinho Madeira, serviram para amenizar a tensão própria da viagem.

Meia dúzia de horas, não foram muitas, mas o suficiente para conhecer a baixa da cidade do Funchal e alguns locais de interesse na periferia mais chegada do porto onde se encontrava acostado o Vera Cruz.
Regresso a bordo e a viagem a prosseguir, agora sem qualquer outra paragem até Luanda.
Para os Sargentos e Furrieis, assim como para os Oficiais, havia uns tanques a que pomposamente chamavam piscina, onde se podia passar um pouco do nosso tempo, amenizando um pouco a experiência da viagem.

Umas brincadeiras e umas fotos sempre serviram tambem para matar o tempo e fazer esquecer as saudades.

E assim iamos a navegar, muitas horas seguidas, ou quase sempre, com o Vera Cruz adornado para bombardo aproveitando a ajuda dos ventos alíseos que se faziam sentir nos oceano Atlantico Sul. Alguns exercícios de treino para situações de emergência a bordo, tambem foram efectuados.


De resto, o tempo sempre se ia passando.

Aqui deixamos um exemplar, datado de 18/07/1969, da ementa da 2ª Classe

Porque esta viagem se estava a tornar monótona, sempre alguns foram experimentando umas jogadas de cartas: Sueca, King e Lerpa.

Estes eram os jogos mais difundidos.

Acontece que a tripulação do Vera Cruz, habituada que estava ao transporte de "maçaricos" de e para Lisboa, sempre foi aproveitando para fazer as suas negociatas de contrabando.

Os relógios e outros apetrechos "made in Japan" eram a mercadoria que frequentemente era comercializada.

Recordo os relógios marca Seiko e Orient, muito vendidos durante toda a viagem.

E Assim ia decorrendo a viagem, felizmente sem quaisquer contratempos meteorológicos.

O tempo foi-se mantendo sempre de feição, sem nuvens, sem "mareta", tendo ocasionado uma viagem sem balanços e sem os habituais "enjoos" de quem tem "medo" do mar.

De quando em vez, os peixes voadores iam acompanhando o Vera Cruz na sua viagem.

Estes peixes, aproveitando a aerodinamica das suas barbatanas dorsais, faziam longos voos por cima da agua, como se pássaros fossem, ocasionando o espanto da grande maioria de nós.
A chegada a Luanda aconteceu, naturalmente e no meio de grande expectativa.
Uma grande parte da cidade era visivel do Vera Cruz, e já na altura, era uma cidade que se apresentava com grandes edificios e a sua linda marginal e a ilha (restinga) com praia para o lado da marginal e para o Atlantico, lindissima e de águas quentes.
Durante a viagem e durante a noite fomos tomando consciência de que o primeiro homem tinha chegado à Lua.
Assim, ficará como marca, para sempre na nossa memória a nossa chegada a Luanda e o primeiro homem à Lua.
Pela manha do dia 21/07/1969 o Vera Cruz encostou o seu casco de aço, j+a com alguns anos de viagens por esses mares de Africa, no porto da entao Luanda.
Seguiu-se o desembarque, a ida para o Grafanil, um imenso e complexo campo militar, que servia acima de tudo como local de chegada e partida das diversas unidades militares que passavam por Angola.
Foram as vacinas, contra a doença do sono, dadas em quantidade e em função do peso de cada um de nós, e, curiosamente, à sombra de um enorme embondeiro.
Grafanil
Por alí ficamos uns dias, até que iniciamos a viagem para o Norte.

Recordemos o transporte efectuado em camioes de transporte de mercadorias, com enormes taipais, com os miliatres dispersos por entre as suas bagagens.

Primeira paragem em Ambrizete, c om uma bela praia e o célebre Brinca na Areia, depois Tomboco, onde deixamos parte dos companheiros da CCS e da CCAC 2542 que seguiu a caminho do Norte, para o isolado acampamento do Lufico.

Todos os outros foram seguindo, picada fora, atè Quiximba, ai ficou a 2541, outros pra Zau Evua, o Comando do Batalhao e parte restante da CCS e a CCAC2543.

Assim ficou distribuido nesta fase inicial o BCAC2877

ZAU ÉVUA TOMBOCO LUFICO QUIXIMBA QUIENDE


quinta-feira, 21 de junho de 2007

Efeméride - IAO - Instrução de Adapatação Operacional

Para que conste em memória, em especial para os que sendo mais novos, têm hoje a felicidade de irem "para a guerra", só se forem profissionais e voluntários.
Não foi o nosso caso. Eramos "amadores" e "obrigados" a ir para a guerra.
Assim, muitos do que como eu, foram obrigados, não só a ir para a guerra, mas mais ainda.
Por uma questão de "adaptação", eramos colocados próximo de casa.
Por exemplo para quem morava em Paço de Arcos, foi para Tavira, 6 meses. De Tavira a Lisboa, pela Serra do Caldeirão ( alguêm já experimentou ir para o Algarve por aí, nos dias de hoje ?) era uma saída por volta da uma da tarde e chegada a Lisboa ao Campo das Cebolas pela 7 horas ou ainda mais tarde. O regresso era da meia noite de Domingo às 7 horas da manhã, de Segunda-feira.
Depois da passagem por Tavira, Caldas da Rainha. Das Caldas da Raínha ao Porto, ao RI 6 - Senhora da Hora, mais uns 300 klms de distãncia. Finalmente, guia de marcha para Angola, destino desconhecido. Passagem pelo RI 1 - Amadora, que como não tinha instalações, houve necessidade de utilizar as instalações duma antiga Bateria de Artilharia Anti-Aérea, no Porto Brandão.
É aí que chega a vespera de São João, com a nossa estadia no Porto Brandão, o padroeiro da cidade do Porto, tambem o é da Cidade de Almada.
Festas e romarias, ao tempo, com as tradicionais fogueiras junto dos arraiais populares. Bom e acalorado tempo.
Assim, fizemos todos nós a viagem a pé, em marcha, até ao Pinhal do Rei na Fonte da Telha, para aí passarmos uma semana de campo na IAO, a tal Instrução de Adaptação Operacional para a guerra em Angola.
Recordamos hoje essa data, que se celebra já no próximo Sábado, 23 de Junho

terça-feira, 12 de junho de 2007

Santos Populares

Estamos na data dos Santos Populares.
Nos anos que passámos por Africa, esta data não tinha grande tradição, pelo menos, para quem estava no mato. Era o nosso caso.
No entanto, associado à tradição da sardinha assada e ao velho vinho carrascão, por lá, sempre se iam comendo, muito raramente, umas sardinhas que chegavam congeladas do Puto, acompanhadas dum vinho de fraquíssima qualidade, vindo igualmente do Puto, embalado em bidões de aço, o que ainda mais subtraía qualidade ao produto.
À data, uma boa sardinhada era considerado um mal para a saúde, assim como a sua rega com o tinto da praxe.
As sardinhas não eram a dieta mais conveniente, dadas as contra indicações para a saúde, apontadas por aquela época.
Sobre o vinho tinto, quase se passava a mesma coisa, mesmo que bebido com moderação, conta e medida.
Hoje tudo se alterou, ou muito se alterou.
Comer uma boa sardinhada, afinal, não faz mal a nada e bem a muita coisa.
Beber moderadamente um bom vinho tinto, igualmente, sempre já não tem tanta contra-indicação.
Assim, “rapaziada” da nossa idade, vamos às sardinhas assadas e à boa pinga, desde que seja – tintol.

Mas atenção, hoje há um outro problema que na época não existia e para o qual tem que haver o máximo cuidado: quem conduz, não bebe, come sardinhas.
Bom apetite e bom proveito

domingo, 10 de junho de 2007

BCAC2877 - Almoço em Sangalhos



Uma iniciativa do Adelino Martins (em baixo com boné) levou alguns Furriéis a Sangalhos, onde almoçamos e visitámos uma caves produtoras de espumante.

Já lá vão uns 4 ou 5 anos

quinta-feira, 10 de maio de 2007