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quinta-feira, 3 de maio de 2012
Luanda
domingo, 29 de abril de 2012
Roberto Carlos - 1971
Veja quais músicas estiveram entre as 100 músicas mais tocadas em 1971, ano do nosso regresso
1971
1971
1
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Detalhes - Roberto Carlos
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2
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Tarde em
Itapoã - Toquinho, Vinicius & Marília Medalha
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3
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It's Too Late
- Carole King
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4
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Você Abusou -
Antonio Carlos & Jocafi
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5
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How Can You
Mend A Broken Heart - Bee Gees
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6
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Have You Ever
Seen The Rain - Creedence Clearwater Revival
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7
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Debaixo dos
Caracóis dos Seus Cabelos - Roberto Carlos
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8
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Ê Baiana -
Clara Nunes
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9
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Maggie May -
Rod Stewart
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10
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Candida -
Dawn
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11
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Never Can Say
Goodbye - Jackson 5
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12
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Menina da
Ladeira - João Só
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13
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Como Dois e
Dois - Gal
Costa
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14
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Cotidiano -
Chico Buarque
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15
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Rose Garden -
Lynn Anderson
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16
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You've Got A
Friend - James Taylor
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17
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A Tonga da
Mironga do Kabuletê - Toquinho, Vinicius & Monsueto
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18
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My Sweet Lord
- George Harrison
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19
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Você - Tim
Maia
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20
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Black Magic
Woman - Santana
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21
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What's Going
On - Marvin Gaye
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22
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If -
Bread
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23
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Joy To The
World - Three Dog Night
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24
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Festa Para Um
Rei Negro - Jair Rodrigues
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25
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Me And Bobby
McGee - Janis Joplin
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26
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Be My Baby -
Andy Kim
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27
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Theme From
Shaft - Isaac Hayes
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28
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Amada Amante -
Roberto Carlos
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29
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O Cafona -
Marcos Valle
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30
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No Matter What
- Badfinger
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31
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Não Quero
Dinheiro (Só Quero Amar) - Tim Maia
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32
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Lonely Days -
Bee Gees
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33
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Another Day -
Paul McCartney
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34
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I Love You For
All Seasons - Fuzz
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35
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Mother - John
Lennon
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36
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Casa no Campo
- Elis Regina
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37
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She's A Lady -
Tom Jones
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38
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(Where Do I
Begin) Theme From Love Story - Francis Lai
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39
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Com Mais de
Trinta - Marcos Valle
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40
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De Noite na
Cama - Doris Monteiro
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41
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Don't Pull
Your Love - Hamilton, Joe Frank & Reynolds
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42
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Desacato -
Antonio Carlos & Jocafi
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43
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Fire And Rain
- James Taylor
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44
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It Don't Came
Easy - Ringo Starr
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45
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Family Affair
- Sly & The Family Stone
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46
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Capim Gordura
- Ivon Curi
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47
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Knock Three
Times - Dawn
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48
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Quem Mandou
Você Errar - Claudia Barroso
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49
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16 Toneladas -
Noriel Vilela
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50
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A Festa de
Santos Reis - Tim Maia
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51
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Mudei de Idéia
- Antonio Carlos & Jocafi
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52
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One Bad Apple
- Osmonds
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53
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Balada #7
(Mané Garrincha) - Moacyr Franco
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54
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Mas Que
Doidice - Maria Creuza
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55
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Ovo de Codorna
- Luiz Gonzaga
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56
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Impossível
Acreditar Que Perdi Você - Marcio Greyck
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57
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Oh Me, Oh My -
B.J. Thomas
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58
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Sanctus,
Sanctus, Hallelujah - Barry Ryan
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59
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Gypsy Woman -
Brian Hyland
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60
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Carta de Amor
- Waldik Soriano
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61
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Amanda -
Taiguara
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62
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Look Around
(You'll Find Me There) - Al Martino
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63
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Construção -
Chico Buarque
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64
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Tengo Tengo
(Mangueira, Minha Madrinha Querida) - Jair Rodrigues
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65
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Bloco da
Solidão - Altemar Dutra
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66
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Kokorono Niji
- Os Incríveis
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67
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O Último
Romântico - Agnaldo Timóteo
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68
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José - Nalva
Aguiar
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69
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Boêmio Demodê
- Cyro Aguiar
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70
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Oh Me, Oh My -
Lulu
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71
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Deus Lhe Pague
- Chico Buarque
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72
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It Don't
Matter To Me - Bread
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73
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Superstar -
Carpenters
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74
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Brown Sugar -
The Rolling Stones
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75
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One Less Bell
To Answer - The 5th Dimension
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76
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Eu Não Tenho
Onde Morar - Ed Lincoln
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77
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Toast And
Marmalade For Tea - Tin Tin
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78
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Montego Bay -
Bobby Bloom
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79
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I Think I Love
You - The Partridge Family
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80
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Não Existe
Nada Além de Nós - Joelma
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81
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Como Dois e
Dois - Roberto Carlos
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82
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Procurando Tu
- Ivon Curi
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83
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Domingo de
Solidão - Carmen Silva
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84
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Te Quero... Te
Quero - Joelma
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85
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The Tears Of A
Clown - Smokey Robinson & The Miracles
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86
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Adeus Solidão
- Carmen Silva
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87
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Acapulco Gold
- Mazon Dixon
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88
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O Fim - Carmen
Silva
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89
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Pra Começo de
Assunto - Elizeth Cardoso
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90
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De Tanto Amar
- Claudette Soares
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91
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Ei, Meu Pai -
Demétrius
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92
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Bloco da
Solidão - Maysa
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93
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O Velho e o
Novo - Agnaldo Rayol
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94
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Mr. Big Stuff
- Jean Knight
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95
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Just My
Imagination - The Temptations
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96
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E Lá Se Vão
Meus Anéis - Márcia
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97
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All Right Now
- Free
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98
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Ainda Queima a
Esperança - Gilberto & Gilmar
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99
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We've Only
Just Begun - Carpenters
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100
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Lola - The
Kinks
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Domingos e Feriados na Guerra?
Não havia Domingos ou Feriados.
A Guerra não tinha interregnos, não parava nunca.
Quem viveu na guerra", entre o arame farpado e as saídas para o mato em patrulhamentos, nomadizações ou apoio a colunas civis de abastecimento (MVL), pouca ou nenhuma diferença existia entre ser dia de semana, ferido ou Domingo.
A diferença existia apenas na perigosidade e no esforço que as saídas dos aquartelamentos suscitavam e as folgas para ganhar forças para a próxima saída.
As quarta-feiras e aos Domingos, havia uma sessão de descontracção para quem estava no aquartelamento - a chegada do MVL que ora vinha de Luanda ou ia para Luanda no seu regresso de entrega das mercadorias para abastecer civis e militares no trajecto que seguia até um pouco ao Norte de S Salvador do Congo. Havia sempre a hipótese de chegar algum correio ou vir algum companheiro ou amigo de infância, da recruta ou de qualquer outro local. Era sempre um momento de alegria e descontracção. A sua paragem dava para refrescar o corpo com umas cervejas nas cantinas, os passantes e um bom motivo para saber de novidades de Luanda ou de qualquer outro local.
Os aquartelamentos do Lufico e Zau Évua,estavam isolados, não estavam inseridas num núcleo populacional, o próprio aquartelamento era a "própria povoação".
O Tomboco, já tinha alguma vida própria, com algum movimento de civis, uma missão cristã e um posto do Governo.
Quiximba e Quiende, eram vizinhos duma sanzala com elementos oriundos de zonas do Sul de Angola numa tentativa de colonização daquelas áreas que ficaram desoladas e sem população desde o inicio da guerra. As idas à sanzala, em "passeio" também não serviam muito como "passeio dos tristes", como por aqui se chamam os passeios que começam e acabam sempre nos mesmos sítios e da mesma forma.
Os relatos do campeonato de futebol do "puto" eram ouvidos nos pequenos transístores e davam para as habituais discussões e disputas clubisticas, tal qual as de hoje.
Um motivo para mais umas cervejolas e umas apostas.
Aproveitava-se também para acertar o calendários dos campeonatos de futebol entre os diversos pelotões e serviços, nos estádios improvisados de cada aquartelamento. O rigor das arbitragens à data, não diferem muito das do momento nos nossos campeonatos oficiais. Não nos recorda de por lá ter existido algum "apito dourado", mas más arbitragens e, isso houve. Verdade se diga, que muitos dos erros tiveram como causa o estado dos "relvados" que não ajudava aos praticantes e criando enormes dificuldades aos árbitros.
Da mesma forma que a guerra não tinha pausas, as refeições, as transmissões e outros serviços não podiam parar e as escalas funcionavam sempre nas 24 horas do dia sem interrupção.
(estas fotos foram retiradas da Internet e não tem mesmo nada a ver com os Domingos e Feriados, mas são bonitas)
sexta-feira, 27 de abril de 2012
4) - Poemas da Guerra - José Niza - (coninuação)
4) - Poemas da Guerra - José Niza - (continuação)
No que me dizia respeito, sobretudo como médico, fiquei preocupado. Numa situação semelhante, o que é que poderia fazer com os meios e experi~encia ao meu dispor? O facto é que, como tinha investido tudo na psiquiatria, pouco ficara para as outras especialidades masi próprias de uma guerra, como as cirurgias e ortopedias. Receava que de um momento para o outro me pudessem cair em cima minas, explosões, tiros, emboscadas, fraturas, hemorregias... Não dispunha de quaisquer meios auxiliares de diagonóstico. Nem análises, nem Raiso X. Nada. Apenas o "olho clinico" e a dedicação de enfdermeiros simpáticos, formadosn à pressa, que mal sabima dar injecções. Tal como os condutores dos carros de combate, que mal sabiam guiar. Uns e outros, foi na guerra que aprenderam. (Continua)
No que me dizia respeito, sobretudo como médico, fiquei preocupado. Numa situação semelhante, o que é que poderia fazer com os meios e experi~encia ao meu dispor? O facto é que, como tinha investido tudo na psiquiatria, pouco ficara para as outras especialidades masi próprias de uma guerra, como as cirurgias e ortopedias. Receava que de um momento para o outro me pudessem cair em cima minas, explosões, tiros, emboscadas, fraturas, hemorregias... Não dispunha de quaisquer meios auxiliares de diagonóstico. Nem análises, nem Raiso X. Nada. Apenas o "olho clinico" e a dedicação de enfdermeiros simpáticos, formadosn à pressa, que mal sabima dar injecções. Tal como os condutores dos carros de combate, que mal sabiam guiar. Uns e outros, foi na guerra que aprenderam. (Continua)
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Trovoadas, relampagos e outras "larachas"
Não tem havido paciência e tempo, mais daquela do que desta, para escrever ou coligir algo sobre aquilo que muitas vezes nos vem à mente, em especial, em dias de tormenta como o dia de hoje.
Especialmente nas tardes de chuva e vento, trovoada e raios com fartura que iam inundando o horizonte, chegavam mais rapidamente do que iam.
Trovoadas com enormes bátegas de água que acompanhas de grande ventania, inundavam as pequenas valas que existiam em frente de algumas das instalações e todos os arredores do aquartelamento formando enormes lagoas, onde alguns brincalhões fabricaram jangadas para nelas se distraírem
Vento tormentoso e forte que algumas vezes levantou a cobertura em chapa zincada, importada do Japão, muito fina, tal folha de Flandres, que servia de telhado das casernas e outras instalações.
Á secretaria do batalhão e às instalações do pessoal das transmissões uma enorme trovoada fez com que o telhado se dobrasse e voasse aos pedaços.
A prontidão e a eficiência dos "interessados " nas reparações obviou a que os estragos produzidos não tivessem sido significativos.
Vem à recordação o momento em que o Furriel Armando Fernandes das Operações, saía messe para ir para o seu quarto, que ficava junto da CCS, quando um relâmpago iluminando os céus deixou cair sobre Záu Évua um trovão tal como uma "bomba atómica". Armando Fernandes, não suportava os relâmpagos e muito menos os trovões. Ficou "arrelampado", desequilibrou- se e deu um enorme trambolhão tendo resultado daí, um enorme golpe num dos joelhos que obrigou a uma ida à enfermaria para ser suturado.
Nada de especial se já não tivesse a Guia de marcha para regressar ao "puto". Assim veio ele para Luanda, perneta e de perna "entrapada"
Ao "puto" chegou bem, pois ainda foi a muitas das nossas confraternizações. Agora, deve estar em recolhimento, ali para os lados de Leiria onde mora, pois sendo sempre convidado para os almoços, não aparece.
Para o próximo convite, vamos mandar-lhe em anexo um boletim meteorológico para o dia do almoço, pois assim, não havendo nesse dia hipóteses de trovoada, sempre pode aparecer.
Aqui fica um grande abraço para ele
sexta-feira, 20 de abril de 2012
3) - Poemas da Guerra - José Niza
"3) - Poemas da Guerra - José Niza - (coninuação)
A nossa chegada ao aquartelemento de Zau Évua, no norte de Angola, a uma centenas de quilómetros
de Luanda, não nos deu grande alento. Dias antes, uma emboscada a um grupo de combate de uma das companhias que íamos render, tinha feito mais de vinte mortos. Seria tambem um aviso para nós?"
CARNAVAL EM ZAU ÉVUA
Aqui o carnaval é todo o ano
desde o içar da bandeira
ao cair do pano
trezentos soldados
mascarados
suam bem suados
baga de suor de um confetti
amarelo verde e encarnado
que não é daqui
um clarim toca
várias vezes ao dia
(Pavlov descobriu
que reflexos condicionados
tambem serviam para os soldados)
eu vou estando
e não esqueço
adeus
até ao meu regresso
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Zau Evua - recordações
ex-furriel Amanuense Aires junto aos brasões do Batalhão, do PelRec e do Pelotão de Sapadores.
No Brasão do Batalhão está inscrita a data da nossa chegada - 4-8-69 - a Zau Évua
quarta-feira, 18 de abril de 2012
2) - Poemas da Guerra - José Niza
2)
- Poemas da Guerra - Jose Niza
"Aí se perdeu a oportunidade única de construir uma solução política negociada que respeitasse e garantisse os interesses dos portugueses e dos angolanos. Teria sido possível chegar lá. Mas não com Salazar, que optou pelo isolamento (portugal orgulhosamente só) e pelo de lírio ( Portugal não é só um país europeu e tende cada vez mais a sê-lo cada vez menos).
Foi preciso vir a libertação do 25 de Abril para que todod este pesadelo acabasse."
"Aí se perdeu a oportunidade única de construir uma solução política negociada que respeitasse e garantisse os interesses dos portugueses e dos angolanos. Teria sido possível chegar lá. Mas não com Salazar, que optou pelo isolamento (portugal orgulhosamente só) e pelo de lírio ( Portugal não é só um país europeu e tende cada vez mais a sê-lo cada vez menos).
Foi preciso vir a libertação do 25 de Abril para que todod este pesadelo acabasse."
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Confraternização de 2012
Começa a ser tempo de se definiram a data e o local para a confraternização de 2012.
Tem sido hábito desde há muitos anos que o evento se faça em Setembro e que o local esteja próximo de uma saída de auto estrada, para obviar a enganos e a "saídas de estrada".
Pretende-se este ano que a orientação seja a mesma, quer para o local que para a data.
Já solicitamos que nos informassem de um local onde a custo baixo e com uma ementa razoável, pudessemos passar mais uns momentos agradáveis.
Reiteramos o pedido, pelo que ficamos a aguardar informações, dicas e sugestões para o efeito.
sábado, 14 de abril de 2012
1) - Poemas da Guerra - Jose Niza
1) - Extractos da "introdução necessária" do livro de poemas : Poemas da Guerra de José Niza
"O tempo e o lugar das coisas
"O tempo e o lugar das coisas
Estar durante dois longos anos na frente de combate de uma guerra, já é uma situação limite. Mas estar numa guerra injusta, sem sentido nem saída à vista, é demolidor. Muitas centenas de milhares de jovens portugueses, ao longo de treze anos, passaram por esta estúpida teimosia de Salazar e dos militares ultramontanos das brigadas do reumático.
integrado no Batalhão de Caçadores 2877 como alferes miliciano médico, embarquei para Angola em meados de Julho de 1969. A guerra colonial já durava há oito anos e as situações em Angola, Moçambique e sobretudo na Guiné, não demonstravam sinais de qualquer progresso, antes pelo contrário.
Antes da guerra, em 1958, 1960 e 1963, eu já tinha estado em prolongadas estadias em Angola, que fiquei a conhecer bem, de norte a sul e do interior ao litoral. Em 1958, nas eleições presidenciais,o General Humberto Delgado teve mais votos que Américo Tomás. E existia organizado um movimento pró-indepêndencia branca, influenciado pela Rodésia de Ian Smith. Eram os primeiros avisos No verão de 1960, havia já a percepção de que qualquer coisa estava estava para acontecer, sentia-se no ar um cheiro a pólvora. Mas o olfacto de Salazar não o sentiu. Ou não o quis sentir. De Angola e do seu povo, nada conhecia, só de ouvir falar. Tal como Bush em relação ao Iraque. " - continua
CCAC2542 - Confraternização de 2012
Temos notícia de que o almoço deste ano se faz em Vila Nova de Gaia a 05 de Maio.
O facebook tem estas coisas.
Muito, digamos antes, alguns dos nossos antigos companheiros, tem sido "caçados" por nós através desta rede social.
Assim conseguimos o contacto com o ex-CMDT da CCAc2543 à data Capitão Gaioso Vaz que fez o favor de responder a uma mensagem que lhe enviámos. Foi por sua indicação que soubemos da data da confraternização anual daquela Companhia.
Vamos dar referência de mais alguns ex-companheiros logo que o possamos fazer.
Da mesma forma, gostariamos de saber os dados de mais alguns que tenham pertencido aquela companhia.
O facebook tem estas coisas.
Muito, digamos antes, alguns dos nossos antigos companheiros, tem sido "caçados" por nós através desta rede social.
Assim conseguimos o contacto com o ex-CMDT da CCAc2543 à data Capitão Gaioso Vaz que fez o favor de responder a uma mensagem que lhe enviámos. Foi por sua indicação que soubemos da data da confraternização anual daquela Companhia.
Vamos dar referência de mais alguns ex-companheiros logo que o possamos fazer.
Da mesma forma, gostariamos de saber os dados de mais alguns que tenham pertencido aquela companhia.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
CCAC 2542 - LUFICO
Uma foto "rapinada" do Facebook
Finalmente conseguimos encontrar alguem da CAC2542 com muitas fotos que sempre procuramos.Aqui , público, um abraço para o nosso antigo companheiro do BCAC2877
domingo, 1 de abril de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
Zau Évua - Terra de ninguêm sítio de vivências
Retalhos da "Guerra de África", para a compreensão e o respeito que devem merecer os antigos combatentes
" ... Cada rapaz, nos melhores anos da sua juventude, era desgarrado do seu meio socialde vida e colocado longe do aconchego e amor próprios do lar, das comodidades a que estava habituado, e dirante anos (3 anos) ficava privado dessa dádiva que é a família.
Isso fazia com que o empobrecimento humano, em alguns momentods, provocasse exaustão.
É newsses momentos doficeis que o calibre dum homem é provado"
Excerto retirado do livro "Zau Évua - Terra de ninguêm sítio de vivências" de José Manuel Martins
" ... Cada rapaz, nos melhores anos da sua juventude, era desgarrado do seu meio socialde vida e colocado longe do aconchego e amor próprios do lar, das comodidades a que estava habituado, e dirante anos (3 anos) ficava privado dessa dádiva que é a família.
Isso fazia com que o empobrecimento humano, em alguns momentods, provocasse exaustão.
É newsses momentos doficeis que o calibre dum homem é provado"
Excerto retirado do livro "Zau Évua - Terra de ninguêm sítio de vivências" de José Manuel Martins
sábado, 24 de março de 2012
quarta-feira, 21 de março de 2012
Facebook em acção
Fizemos a publicação de umas fotos do nosso aquartelamento no Facebook, que tem merecido alguns comentários que convidamos a ler.
terça-feira, 20 de março de 2012
Guerra de África em "quadra popular"
António Maria Veríssimo, no seu livro "Diversos 2" - no poema "Mãe Madrasta"
Mãe... madrasta me explorou
Tal e qual como Salazar
Que por teimosia me colocou
Na guerra do Ultramar
quarta-feira, 7 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Convívio de 2012
Vamos voltar hoje ao tema dos convívios anuais que são um forte elo de ligação entre muitos de nós.
O reencontro, recorda e comemora muitos dos bons e maus momentos do que passámos na Guerra de África.
Não é nada fácil concertar as datas e os locais dos almoços.
Há sempre que ter em consideração os diversos factores que consideramos necessários e pertinentes para que que possam estar presentes a maioria dos nossos companheiros.
A distância, o preço e a ementa, a data, entre outros condicionam as nossas escolhas. E hoje, não é nada fácil encontrar um local onde a qualidade do serviço, a ementa e o preço sejam a contento e portanto, razoáveis.
Acresce que, infelizmente, não temos recebido, não só ajuda como também informações e sugestões que nos possam encaminhar para uma escolha o mais acertada possível.
A escolha da data, tem sido condicionada até pelos jogos de futebol em dia de almoço ou elo tempo de caça, pela vindima ou pela apanha da azeitona, para não falarmos do casamento um familiar mais ou menos chegado.
Este anos, vamos deparar com as mesmas condicionantes. Vamos ter que as tornear e procurar uma data, um local e um preço que seja razoável pois a crise já não espreita, anda por aí, bem na nossa frente e por curiosidade, os preços dos restaurantes não a tem acompanhado. Os preços continuam altos.
Vamos aguardar por sugestões
domingo, 26 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Norte de Angola
Dois anos no Norte de Angola numa guerra sem tiros onde o mais difícil era não enlouquecer
José Niza mandou cartas a si próprio que lia como se viessem de outra pessoa
Soldados que assavam sardinhas de conserva para matarem saudades de sardinhas frescas. Um rádio transístor abatido a tiro quando transmitia uma canção do cantor Tony de Matos. A experiência de escrever uma carta a si próprio. José Niza fala dos dois anos que passou no Norte de Angola, numa comissão militar, entre 1969 e 1971, altura em que escreveu os seus "Poemas de Guerra", agora editados por O MIRANTE. "Escrevia para descarregar. Como não podia falar alto escrevia. Até agora só a minha mulher, Maria Isabel Mota nome , tinha lido isto", confessa o autor de uma das canções-senha do 25 de Abril, "E Depois do Adeus"
Edição de 2008-04-23
Por: Alberto Bastos
Os militares da sua companhia, a quem este livro vá parar às mãos, vão saber, finalmente, o que o senhor fazia nas longas noites do Norte de Angola, enquanto eles dormiam.
A única pessoa que conhecia alguns destes poemas era a minha mulher, porque eu lhe mandava alguns nas cartas que lhe escrevia.
Não os mandava a amigos?
Não. Aos amigos mandava as canções. Mandava outras coisas. Aqueles poemas escrevia-os terapeuticamente. Era uma forma de descarregar. Nunca escrevi com intenção de mostrar. De publicar. Não podia dizer alto certas coisas e então escrevia. Não havia lá ninguém a quem mostrar o que escrevia. E era um risco. Não tinha interlocutores. O meu interlocutor era o papel.
Há muita ironia nestes seus poemas.
Tem a ver com a minha maneira de ser. Gosto mais de desmontar estas coisas através da sátira do que da denúncia. E tem a ver com o tempo, o lugar, as circunstâncias.
Quando escrevia?
Eu estava sempre de serviço porque não havia mais nenhum médico. Quando era preciso chamavam-me. O meu dia-a-dia era quase sempre igual. Levantava-me por volta das dez da manhã, dava consultas, se fosse caso disso, até à hora de almoço e dava consultas antes de jantar se fosse preciso. O resto do tempo andava por ali. Quando aquela malta se ia deitar e tudo acalmava, começava verdadeiramente o meu dia. Ouvia música, escrevia... todos os dias escrevia à minha mulher uma espécie de diário de guerra. Tenho aí umas oito mil páginas escritas. Escrevia uma dúzia delas por noite.
O que escrevia nessas cartas?
Ali é que está o verdadeiro livro da guerra. Tudo escrito, descrito, exaustivamente relatado, datado. Não há enganos. Uma abordagem de repórter. Se eu quiser saber o que se passou exactamente naqueles dois anos, está tudo ali.
Em Záu Évua (Sete Elefantes), onde fez a sua comissão militar em Angola entre 1969 e 1971, havia alguma povoação?
Não. Aquilo era completamente isolado. De Ambrizete, junto ao litoral, até S. Salvador do Congo, havia uma picada (estrada de terra), ao longo da qual foram semeados aquartelamentos. A oitenta quilómetros de Ambrizete, o Tomboco. A mais oitenta Qienda, etc, S. Salvador ficava a 250 quilómetros da costa.
Havia civis?
Só militares. Na zona do meu aquartelamento não havia mais nada. Havia dois aquartelamentos que tinham nas proximidades aldeias satélite. Foi uma coisa que os americanos inventaram no Vietnam e que nós também fizemos. Iamos buscar populações às zonas de conflito e levávamo-las para ali. Mil e quinhentos habitantes cada uma. Dois aldeamentos. Os cabos e sargentos davam aulas. Os médicos davam apoio.
Prestava cuidados de saúde às populações?
Quando havia necessidade. Lembro-me de uma situação de sarampo numa das aldeias. Sá havia crianças, mulheres e velhos. Os homens estavam na guerrilha. Eu só tinha um terço dos medicamentos necessários para os tratar a todos. Arrisquei dar doses reduzidas e o resultado foi excelente. Ficaram todos curados. Aquilo só de cheirarem os medicamentos ficavam tratados.
Como venciam a solidão?
Eu cheguei a escrever a mim próprio. Mandei cartas a mim próprio que recebia e lia como se viessem de outra pessoa.
O psiquiatra estava a ficar maluco?
Um dia lembrei-me de fazer aquilo. Era uma necessidade de ter contacto com alguém. O Correio ia a Luanda e voltava. Duas semanas depois recebi a minha carta escrita para mim próprio. Havia ali uma sensação de uma pessoa metida no meio.
Durante o seu tempo de comissão foi disparado algum tiro?
Tiros contra o inimigo não. Para além dos tiros que dávamos quando íamos à caça só ouvi um tiro. Um soldado disparou contra um pequeno rádio a pilhas. Não tinha recebido carta da mulher e o sargento que gostava de atazanar o juízo a toda a gente sugeriu-lhe que talvez ela tivesse arranjado outro. O rapaz já não foi ao almoço e foi direito à camarata. Ligou o rádio e estava a passar uma cantiga do Tony de Matos, daquelas para a dor de cotovelo. Ele perdeu a cabeça e deu-lhe um tiro. Uma forma de abater o hipotético amante da esposa.
No meio do mato, noutro Continente, sem qualquer meio de comunicação com a família ou amigos devia ser um desespero.
Só quem esteve lá é que sabe. Vi lá coisas incríveis. Soldados a assar sardinhas de lata como se estivessem a assar sardinhas frescas. Tínhamos saudades de tudo.
Estratagemas para iludir a dura realidade.
Havia lá pessoas que estavam um ano sem falar à família. E o correio às vezes também falhava. A tensão era enorme. Os homens tinham sido treinados para combater e não havia ninguém para combater. As coisas estoiravam por dentro. Andava tudo às cabeçadas.
Eram todos jovens na casa dos vinte anos, carregados de hormonas e sem qualquer contacto com mulheres. É um assunto de que não se fala.
S. Salvador do Congo era a capital do distrito. Todas as quartas-feiras havia uma coluna que ia lá comprar algumas coisas. Os que iam na coluna aproveitavam para ir às "meninas". Umas "meninas" que já andavam naquilo desde o início da guerra, em 1961. Os gonococos (bactérias transmitidas por contacto sexual) estavam resistentes contra tudo o que era antibiótico. E ninguém queria usar preservativo. Era uma carga de trabalhos. Tive que fazer antibiogramas para descobrir qual o tipo de antibiótico mais eficaz.
No prefácio ao seu livro, Francisco Pinto Balsemão fala em "alguma sensualidade comedida". Tem poemas de sensualidade descomedida?
Eu escrevia coisas à minha mulher que não me sinto à vontade para publicar. Tenho muitos poemas desses mas não é necessário estar a expor-me. Guardei-os. Não são para mostar.
Eram eróticos?
Não cabiam na antologia da poesia erótica da Natália Correia. Mas é evidente que havia sensualidade em muitos deles.
Nunca mostrou nenhum poema seu à Natália Correia?
Era muito amigo dela mas ela só conhecia os poemas das minhas canções. Nunca lhe mostrei nenhum.
Que livros tem publicados?
Livros, na verdadeira acepção da palavra, não tenho nenhum. Escrevi aqueles textos sobre o Mário Viegas, sobre o Adriano Correia de Oliveira. Sobre o Zeca Afonso também tenho muita coisa escrita. Tudo junto dava um grande livro.
Este é o seu primeiro livro. Tem projectos para outro?
Tenho uma coisa tipo Sete Vidas. As experiências porque passei. A vida pessoal, a vida da televisão, a vida de Coimbra, a vida da medicina, da guerra, da música e da política. Cada um desses capítulos dá pano para mangas. Já comecei a escrever.
José Niza mandou cartas a si próprio que lia como se viessem de outra pessoa
Soldados que assavam sardinhas de conserva para matarem saudades de sardinhas frescas. Um rádio transístor abatido a tiro quando transmitia uma canção do cantor Tony de Matos. A experiência de escrever uma carta a si próprio. José Niza fala dos dois anos que passou no Norte de Angola, numa comissão militar, entre 1969 e 1971, altura em que escreveu os seus "Poemas de Guerra", agora editados por O MIRANTE. "Escrevia para descarregar. Como não podia falar alto escrevia. Até agora só a minha mulher, Maria Isabel Mota nome , tinha lido isto", confessa o autor de uma das canções-senha do 25 de Abril, "E Depois do Adeus"
Edição de 2008-04-23
Por: Alberto Bastos
Os militares da sua companhia, a quem este livro vá parar às mãos, vão saber, finalmente, o que o senhor fazia nas longas noites do Norte de Angola, enquanto eles dormiam.
A única pessoa que conhecia alguns destes poemas era a minha mulher, porque eu lhe mandava alguns nas cartas que lhe escrevia.
Não os mandava a amigos?
Não. Aos amigos mandava as canções. Mandava outras coisas. Aqueles poemas escrevia-os terapeuticamente. Era uma forma de descarregar. Nunca escrevi com intenção de mostrar. De publicar. Não podia dizer alto certas coisas e então escrevia. Não havia lá ninguém a quem mostrar o que escrevia. E era um risco. Não tinha interlocutores. O meu interlocutor era o papel.
Há muita ironia nestes seus poemas.
Tem a ver com a minha maneira de ser. Gosto mais de desmontar estas coisas através da sátira do que da denúncia. E tem a ver com o tempo, o lugar, as circunstâncias.
Quando escrevia?
Eu estava sempre de serviço porque não havia mais nenhum médico. Quando era preciso chamavam-me. O meu dia-a-dia era quase sempre igual. Levantava-me por volta das dez da manhã, dava consultas, se fosse caso disso, até à hora de almoço e dava consultas antes de jantar se fosse preciso. O resto do tempo andava por ali. Quando aquela malta se ia deitar e tudo acalmava, começava verdadeiramente o meu dia. Ouvia música, escrevia... todos os dias escrevia à minha mulher uma espécie de diário de guerra. Tenho aí umas oito mil páginas escritas. Escrevia uma dúzia delas por noite.
O que escrevia nessas cartas?
Ali é que está o verdadeiro livro da guerra. Tudo escrito, descrito, exaustivamente relatado, datado. Não há enganos. Uma abordagem de repórter. Se eu quiser saber o que se passou exactamente naqueles dois anos, está tudo ali.
Em Záu Évua (Sete Elefantes), onde fez a sua comissão militar em Angola entre 1969 e 1971, havia alguma povoação?
Não. Aquilo era completamente isolado. De Ambrizete, junto ao litoral, até S. Salvador do Congo, havia uma picada (estrada de terra), ao longo da qual foram semeados aquartelamentos. A oitenta quilómetros de Ambrizete, o Tomboco. A mais oitenta Qienda, etc, S. Salvador ficava a 250 quilómetros da costa.
Havia civis?
Só militares. Na zona do meu aquartelamento não havia mais nada. Havia dois aquartelamentos que tinham nas proximidades aldeias satélite. Foi uma coisa que os americanos inventaram no Vietnam e que nós também fizemos. Iamos buscar populações às zonas de conflito e levávamo-las para ali. Mil e quinhentos habitantes cada uma. Dois aldeamentos. Os cabos e sargentos davam aulas. Os médicos davam apoio.
Prestava cuidados de saúde às populações?
Quando havia necessidade. Lembro-me de uma situação de sarampo numa das aldeias. Sá havia crianças, mulheres e velhos. Os homens estavam na guerrilha. Eu só tinha um terço dos medicamentos necessários para os tratar a todos. Arrisquei dar doses reduzidas e o resultado foi excelente. Ficaram todos curados. Aquilo só de cheirarem os medicamentos ficavam tratados.
Como venciam a solidão?
Eu cheguei a escrever a mim próprio. Mandei cartas a mim próprio que recebia e lia como se viessem de outra pessoa.
O psiquiatra estava a ficar maluco?
Um dia lembrei-me de fazer aquilo. Era uma necessidade de ter contacto com alguém. O Correio ia a Luanda e voltava. Duas semanas depois recebi a minha carta escrita para mim próprio. Havia ali uma sensação de uma pessoa metida no meio.
Durante o seu tempo de comissão foi disparado algum tiro?
Tiros contra o inimigo não. Para além dos tiros que dávamos quando íamos à caça só ouvi um tiro. Um soldado disparou contra um pequeno rádio a pilhas. Não tinha recebido carta da mulher e o sargento que gostava de atazanar o juízo a toda a gente sugeriu-lhe que talvez ela tivesse arranjado outro. O rapaz já não foi ao almoço e foi direito à camarata. Ligou o rádio e estava a passar uma cantiga do Tony de Matos, daquelas para a dor de cotovelo. Ele perdeu a cabeça e deu-lhe um tiro. Uma forma de abater o hipotético amante da esposa.
No meio do mato, noutro Continente, sem qualquer meio de comunicação com a família ou amigos devia ser um desespero.
Só quem esteve lá é que sabe. Vi lá coisas incríveis. Soldados a assar sardinhas de lata como se estivessem a assar sardinhas frescas. Tínhamos saudades de tudo.
Estratagemas para iludir a dura realidade.
Havia lá pessoas que estavam um ano sem falar à família. E o correio às vezes também falhava. A tensão era enorme. Os homens tinham sido treinados para combater e não havia ninguém para combater. As coisas estoiravam por dentro. Andava tudo às cabeçadas.
Eram todos jovens na casa dos vinte anos, carregados de hormonas e sem qualquer contacto com mulheres. É um assunto de que não se fala.
S. Salvador do Congo era a capital do distrito. Todas as quartas-feiras havia uma coluna que ia lá comprar algumas coisas. Os que iam na coluna aproveitavam para ir às "meninas". Umas "meninas" que já andavam naquilo desde o início da guerra, em 1961. Os gonococos (bactérias transmitidas por contacto sexual) estavam resistentes contra tudo o que era antibiótico. E ninguém queria usar preservativo. Era uma carga de trabalhos. Tive que fazer antibiogramas para descobrir qual o tipo de antibiótico mais eficaz.
No prefácio ao seu livro, Francisco Pinto Balsemão fala em "alguma sensualidade comedida". Tem poemas de sensualidade descomedida?
Eu escrevia coisas à minha mulher que não me sinto à vontade para publicar. Tenho muitos poemas desses mas não é necessário estar a expor-me. Guardei-os. Não são para mostar.
Eram eróticos?
Não cabiam na antologia da poesia erótica da Natália Correia. Mas é evidente que havia sensualidade em muitos deles.
Nunca mostrou nenhum poema seu à Natália Correia?
Era muito amigo dela mas ela só conhecia os poemas das minhas canções. Nunca lhe mostrei nenhum.
Que livros tem publicados?
Livros, na verdadeira acepção da palavra, não tenho nenhum. Escrevi aqueles textos sobre o Mário Viegas, sobre o Adriano Correia de Oliveira. Sobre o Zeca Afonso também tenho muita coisa escrita. Tudo junto dava um grande livro.
Este é o seu primeiro livro. Tem projectos para outro?
Tenho uma coisa tipo Sete Vidas. As experiências porque passei. A vida pessoal, a vida da televisão, a vida de Coimbra, a vida da medicina, da guerra, da música e da política. Cada um desses capítulos dá pano para mangas. Já comecei a escrever.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
José Niza - entrevista ao "Mirante" - 23/04/2008
José Niza mandou cartas a si próprio que lia como se viessem de outra pessoa
Soldados que assavam sardinhas de conserva para matarem saudades de sardinhas frescas. Um rádio transístor abatido a tiro quando transmitia uma canção do cantor Tony de Matos. A experiência de escrever uma carta a si próprio. José Niza fala dos dois anos que passou no Norte de Angola, numa comissão militar, entre 1969 e 1971, altura em que escreveu os seus "Poemas de Guerra", agora editados por O MIRANTE. "Escrevia para descarregar. Como não podia falar alto escrevia. Até agora só a minha mulher, Maria Isabel Mota nome , tinha lido isto", confessa o autor de uma das canções-senha do 25 de Abril, "E Depois do Adeus" Edição de 2008-04-23
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Os militares da sua companhia, a quem este livro vá parar às mãos, vão saber, finalmente, o que o senhor fazia nas longas noites do Norte de Angola, enquanto eles dormiam.
A única pessoa que conhecia alguns destes poemas era a minha mulher, porque eu lhe mandava alguns nas cartas que lhe escrevia.
Não os mandava a amigos?
Não. Aos amigos mandava as canções. Mandava outras coisas. Aqueles poemas escrevia-os terapeuticamente. Era uma forma de descarregar. Nunca escrevi com intenção de mostrar. De publicar. Não podia dizer alto certas coisas e então escrevia. Não havia lá ninguém a quem mostrar o que escrevia. E era um risco. Não tinha interlocutores. O meu interlocutor era o papel.
Há muita ironia nestes seus poemas.
Tem a ver com a minha maneira de ser. Gosto mais de desmontar estas coisas através da sátira do que da denúncia. E tem a ver com o tempo, o lugar, as circunstâncias.
Quando escrevia?
Eu estava sempre de serviço porque não havia mais nenhum médico. Quando era preciso chamavam-me. O meu dia-a-dia era quase sempre igual. Levantava-me por volta das dez da manhã, dava consultas, se fosse caso disso, até à hora de almoço e dava consultas antes de jantar se fosse preciso. O resto do tempo andava por ali. Quando aquela malta se ia deitar e tudo acalmava, começava verdadeiramente o meu dia. Ouvia música, escrevia... todos os dias escrevia à minha mulher uma espécie de diário de guerra. Tenho aí umas oito mil páginas escritas. Escrevia uma dúzia delas por noite.
O que escrevia nessas cartas?
Ali é que está o verdadeiro livro da guerra. Tudo escrito, descrito, exaustivamente relatado, datado. Não há enganos. Uma abordagem de repórter. Se eu quiser saber o que se passou exactamente naqueles dois anos, está tudo ali.
Em Záu Évua (Sete Elefantes), onde fez a sua comissão militar em Angola entre 1969 e 1971, havia alguma povoação?
Não. Aquilo era completamente isolado. De Ambrizete, junto ao litoral, até S. Salvador do Congo, havia uma picada (estrada de terra), ao longo da qual foram semeados aquartelamentos. A oitenta quilómetros de Ambrizete, o Tomboco. A mais oitenta Qienda, etc, S. Salvador ficava a 250 quilómetros da costa.
Havia civis?
Só militares. Na zona do meu aquartelamento não havia mais nada. Havia dois aquartelamentos que tinham nas proximidades aldeias satélite. Foi uma coisa que os americanos inventaram no Vietnam e que nós também fizemos. Iamos buscar populações às zonas de conflito e levávamo-las para ali. Mil e quinhentos habitantes cada uma. Dois aldeamentos. Os cabos e sargentos davam aulas. Os médicos davam apoio.
Prestava cuidados de saúde às populações?
Quando havia necessidade. Lembro-me de uma situação de sarampo numa das aldeias. Sá havia crianças, mulheres e velhos. Os homens estavam na guerrilha. Eu só tinha um terço dos medicamentos necessários para os tratar a todos. Arrisquei dar doses reduzidas e o resultado foi excelente. Ficaram todos curados. Aquilo só de cheirarem os medicamentos ficavam tratados.
Como venciam a solidão?
Eu cheguei a escrever a mim próprio. Mandei cartas a mim próprio que recebia e lia como se viessem de outra pessoa.
O psiquiatra estava a ficar maluco?
Um dia lembrei-me de fazer aquilo. Era uma necessidade de ter contacto com alguém. O Correio ia a Luanda e voltava. Duas semanas depois recebi a minha carta escrita para mim próprio. Havia ali uma sensação de uma pessoa metida no meio.
Durante o seu tempo de comissão foi disparado algum tiro?
Tiros contra o inimigo não. Para além dos tiros que dávamos quando íamos à caça só ouvi um tiro. Um soldado disparou contra um pequeno rádio a pilhas. Não tinha recebido carta da mulher e o sargento que gostava de atazanar o juízo a toda a gente sugeriu-lhe que talvez ela tivesse arranjado outro. O rapaz já não foi ao almoço e foi direito à camarata. Ligou o rádio e estava a passar uma cantiga do Tony de Matos, daquelas para a dor de cotovelo. Ele perdeu a cabeça e deu-lhe um tiro. Uma forma de abater o hipotético amante da esposa.
No meio do mato, noutro Continente, sem qualquer meio de comunicação com a família ou amigos devia ser um desespero.
Só quem esteve lá é que sabe. Vi lá coisas incríveis. Soldados a assar sardinhas de lata como se estivessem a assar sardinhas frescas. Tínhamos saudades de tudo.
Estratagemas para iludir a dura realidade.
Havia lá pessoas que estavam um ano sem falar à família. E o correio às vezes também falhava. A tensão era enorme. Os homens tinham sido treinados para combater e não havia ninguém para combater. As coisas estoiravam por dentro. Andava tudo às cabeçadas.
Eram todos jovens na casa dos vinte anos, carregados de hormonas e sem qualquer contacto com mulheres. É um assunto de que não se fala.
S. Salvador do Congo era a capital do distrito. Todas as quartas-feiras havia uma coluna que ia lá comprar algumas coisas. Os que iam na coluna aproveitavam para ir às "meninas". Umas "meninas" que já andavam naquilo desde o início da guerra, em 1961. Os gonococos (bactérias transmitidas por contacto sexual) estavam resistentes contra tudo o que era antibiótico. E ninguém queria usar preservativo. Era uma carga de trabalhos. Tive que fazer antibiogramas para descobrir qual o tipo de antibiótico mais eficaz.
No prefácio ao seu livro, Francisco Pinto Balsemão fala em "alguma sensualidade comedida". Tem poemas de sensualidade descomedida?
Eu escrevia coisas à minha mulher que não me sinto à vontade para publicar. Tenho muitos poemas desses mas não é necessário estar a expor-me. Guardei-os. Não são para mostar.
Eram eróticos?
Não cabiam na antologia da poesia erótica da Natália Correia. Mas é evidente que havia sensualidade em muitos deles.
Nunca mostrou nenhum poema seu à Natália Correia?
Era muito amigo dela mas ela só conhecia os poemas das minhas canções. Nunca lhe mostrei nenhum.
Que livros tem publicados?
Livros, na verdadeira acepção da palavra, não tenho nenhum. Escrevi aqueles textos sobre o Mário Viegas, sobre o Adriano Correia de Oliveira. Sobre o Zeca Afonso também tenho muita coisa escrita. Tudo junto dava um grande livro.
Este é o seu primeiro livro. Tem projectos para outro?
Tenho uma coisa tipo Sete Vidas. As experiências porque passei. A vida pessoal, a vida da televisão, a vida de Coimbra, a vida da medicina, da guerra, da música e da política. Cada um desses capítulos dá pano para mangas. Já comecei a escrever
Militares profissionais
Há mais Almirantes nas Forças Armadas que navios de Guerra no activo.
Há hoje, mais Generais a "comandar" a GNR, que havia na guerra de África em Angola. Isto pode acontecer?
Uma resposta que o militares, profissionais, de carreira tem que compreender porque são criticados.
As Assoc de Militares tem que ter muito cuidado com as reenvidicações que suportam.
São militares, não são funcionários públicos e até por isso, tem que manter preservar e dar exemplo como tal.
Vamos aguardar que "guerra" entre o Governo e os militares acabe da melhor maneira.
Aguardemos
Há hoje, mais Generais a "comandar" a GNR, que havia na guerra de África em Angola. Isto pode acontecer?
Uma resposta que o militares, profissionais, de carreira tem que compreender porque são criticados.
As Assoc de Militares tem que ter muito cuidado com as reenvidicações que suportam.
São militares, não são funcionários públicos e até por isso, tem que manter preservar e dar exemplo como tal.
Vamos aguardar que "guerra" entre o Governo e os militares acabe da melhor maneira.
Aguardemos
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
ZAU ÉVUA - crocodilo morto na zona
Este crocodilo foi caçado nas proximidades do aquartelamento.
A pele foi tratado com sal e cinza e oferecida ao CMDT do BCAC.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
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