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terça-feira, 3 de abril de 2018
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Guerra no Ultramar - site interessante
A quem possa interessar, consultar e reviver, no sitio abaixo há muito conteúdo interessante
http://ultramar.terraweb.biz/index.htm
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Unidades que estiveram na Guerra de África
A quem possa interessar aqui lhes deixamos para consulta:
Lista de unidades militares envolvidas na Guerra do Ultramar
BCAC2877
terça-feira, 27 de março de 2018
Quiximba
Ambrizete parecia um paraíso, onde o refrigério do mar beijava uma larga e livre praia, tornando duro o virar de costas e rumar ao mato, mais do que uma centena de quilómetros inóspitos, apenas interrompidos por um "acidente" chamado Tomboco, onde se instalou a segunda companhia. Começava-se com alcatrão mas rapidamente ele cedia lugar à picada, valha a verdade que cuidadosamente mantida pela JAEA, e permitindo durante todo o ano o trânsito de todo o género de viaturas.
Quarenta quilómetros depois do Tomboco, no topo de uma colina, a estrada entalava-se entre um quartel e uma pista de aviação, e estávamos chegados a Quiximba.
A povoação seguia-se ao quartel, alongando-se pelos 600 metros da pista em descida suave, e um pouco mais longe, subindo a pequena encosta seguinte.
Havia uma simples lógica urbana na povoação: encostados ao quartel o posto do administrador local e a cantina do comerciante branco. Depois descendo a ligeira inclinação algumas filas de cubatas paralelas à estrada, voltando a subir ligeiramente na escosta seguinte cujo topo era ocupado por uma capela regularmente fechada.
Numa terra onde o único acontecimento digno de relevo era o milagre da sobrevivência diária, a nossa chegada alvoroçou tudo, e fomos surpreendidos por uma legião de mulheres à porta de armas, que se agitavam em algazarra e corriam gesticulando por fora do arame, enquanto as viaturas entravam no perímetro que lhes estava vedado, estabelecendo à distância contacto visual com os militares que desciam das viaturas, e se dirigiam aos camaradas instalados, que se preparavam para sair.
Dos primeiros contactos entre militares nasceu a explicação da agitação civil: as mulheres eram as lavadeiras que, na rendição da tropa, procuravam novos patrões.
A organização sócio-económica daquela comunidade era um caso sui-generis resultante da combinação dos poderes arbitrários duma administração autoritária com a adaptabilidade imposta pelo instinto de sobrevivência.
Tal como nos foi contada, a história de Quiximba começou alguns anos antes no Quanza-Sul, quando uma violenta sublevação dos nativos levou as autoridades a tentar cortar o apoio de retaguarda aos revoltosos, limitando-lhes o acesso às famílias,
Mulheres e crianças foram carregadas em vários camiões, e transferidas para mais de 300 km de distância, para uma terra de ninguém, suficientemente isolada para ser fácil o seu controlo.
Assim nasceu Quiximba, que, quando lá chegámos, registava uma população de cerca de mil mulheres, outras tantas crianças, e cinco ou seis dezenas de homens, maioritariamente velhos.
Estava naturalmente instalada uma economia de sobrevivência, onde as mulheres retiravam das lavras os géneros de que subsistiam.
Dinheiro só entrava de duas maneiras: o pagamento da lavagem de roupa pela tropa, e a venda de farinha de mandioca ao comerciante branco, que em troca lhes fornecia as outras poucas outras coisas de que dependiam. Cada quilo de farinha era vendido a um escudo e, para a maioria, era o resultado do dia de trabalho que restava depois das lavras e dos filhos
Cada militar pagava mensalmente umas dezenas de escudos pela lavagem da pouca roupa que mudava regularmente, e sendo um trabalho leve, principescamente pago pelos padrões locais, a disputa de clientes era feroz. Um milhar de mulheres disputava uma centena de homens...
Gerou-se e sedimentou-se uma ética do negócio, que obrigava cada lavadeira a trabalhar apenas para um cliente. Para valorizar a qualidade do serviço oferecido (e, talvez, compensar a falta de homens na povoação, cujos contactos com o exterior eram muito limitados), convencionou-se que a lavadeira seria também propriedade sexual do patrão, o que, na gíria local era definido como um serviço abrangente, eufemísticamente designado "lavar a roupa e o quico".
Por isso as mulheres, tão produzidas quanto a sua miséria lhes permitia, se mostravam aos recém-chegados, na esperança de que a perspectiva da lavagem do quico se sobrepuzesse à questão da roupa, e lhes garantisse serem escolhidas.
Claro que, as mais velhas nem tentaram misturar-se nessa competição perdida à nascença, ficando à distância a ver o combate, algumas meditando por detrás do seu cachimbo, talvez pensando nas consequências duma rotineira relação entre as mulheres locais e os passantes militares.
Foi um ano sereno, com ambas s partes (militares e nativos) a respeitar as regras do jogo, mas, quando abandonámos o local, já depois do 25 de Abril. e com a descolonização a dar os primeiros passos e a instalar as primeiras confusões entre angolanos, era para nós um dado adquirido que, passado o tempo da ocupação branca, a população desviada seria devolvida às origens, reconstituindo na medida do possível as famílias desfeitas, e retomando o curso da vida normal.
Quiximba deveria ser hoje uma memória varrida do mapa, um espaço devolvido à natureza pela população realojada.
Não é exactamente assim:
Qualquer pesquisa pelo nome de Quiximba remete-nos para evocações militares, parecendo confirmar o desaparecimento da povoação com o fim da intervenção portuguesa, mas a verdade é que a povoação está lá, embora escondida pela substituição de nomes e grafias levada a efeito pelas autoridades angolanas.
Surgem algumas menções a Kicimba, que parecem referir-se ao mesmo local, e, mais recentemente, a Kinximba, no município do Tomboco, que não pode deixar de ser a "nossa" Quiximba.
Notícias da Angop em 2007 descrevem Kinximba e Kinzau como zonas do Tomboco ainda fortemente minadas, provocando mortes na população, e isso ajuda a perceber porque é que, ao contrário de outros sítios (Santa Isabel, ao que parece) a intervenção dos portugueses na área não foi liminarmente apagada, apenas rebaptizada.
A saída dos portugueses não foi seguida por um período calmo, onde se pudesse pensar e rectificar os desequilíbrios gerados. Pelo contrário, o período subsequente foi convulsivo, descambando numa longa guerra civil que destroçou ainda mais as precárias vias de comunicação e agudizou as divisões internas. Movimentos maciços eram impensáveis, continuando as populações confinadas e ainda mais limitadas.
Tentando adivinhar, a pista aérea é hoje terreiro de cubatas, a pele do comerciante e do administrador mudou de cor, o quartel foi arrasado ou usado para instalar as novas autoridades ou escolas, mas Quiximba continua lá, respondendo hoje pelo nome de Kinximba, e porque foi há pouco festejado o alcatroamento de N'Zeto a Mbanza Kongo, isso significa que os turistas saudosos podem fazer os 217 quilómetros de Ambrizete a São Salvador do Zaire, atravessando Tomboco, Quiximba, Zau Évua e Quiende, sem receio das minas que ainda por lá dormem.
Pelo caminho, podem aproveitar o bónus turístico de saber o que são Quiza, Cana, Finda, Baca, Cumbi, Lemo ou Quindeso, nomes que aparecem no percurso, mas nada dizem à maioria de nós
domingo, 25 de março de 2018
ZAU ÉVUA
ZAU ÉVUA
Chama-se Zau Évua
Era daqui
Porque ninguém ficou para chorar
Neste chão
Poema de José Niza
10 de Agosto de 1969
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Ex-camaradas do BCAC2877 falecidos
CMDT
Of Operações
2º CMDT e CMDT
Furriel do PELREC
2º Sarg Op e Inf
Op Cripto
Oper Mensagens
*
Carlos Alberto Oliveira Camilo
Transmissões
*
Fernando Garcia
Radio Montador
*
José Albano Coletra
*
José Costa
*
José Pereira Ribeiro
Escriturario
*
Manuel Pereira Gomes
Capelão
*
José Albano Coletra
*
Adelino Almeida Figueiredo
*
António Pimentel Fontes
Sacristão
*
Joaquim Raposeiro Azevedo - faleceu
Aqui o vemos entre a esposa, que faleceu igualmente com doença prolongada o seu camarada da CCAC2543 - Fernandes.
Para quem o conheceu e com ele lidou, na CCAC2543 e posteriormente, sabe da amizade que granjeou entre todos os que com ele comparticiparam momentos de vida em conjunto.
Um ex-camarada e um fiel e inveterado amigo nos deixou, com ele a saudade de muitos de nós
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Padre Manuel Pereira Gomes - que foi capelão do BCAC2877 faleceu
domingo, 23 de julho de 2017
Guerra de África - o trauma
sábado, 22 de julho de 2017
21 de Julho de 1969
21 de Julho de 1969 a chegada a Luanda
Na senda das recordações e, acima de tudo, com a esperança que possamos deixar para o futuro, alguns dados da nossa vivência como militares e combatentes na Guerra de Áfria, vamos , com a nossa modèstia, deixando alguns relatos, opiniões e fotos dessa triste passagem de 2 anos por Angola.
Com Luanda à vista, depois de uma noite em que pelos rádios se ia ouvindo o relato da chegada do primeiro homem ao satélite da nossa Terra, o Vera Cruz, ansiava pelo descanso de uns dias, enquanto não regressava, pelo caminho das mesmas ondas para o Puto. Para lá levava, milhares de militares que iriam cumprir uma parte da sua obrigação de escrever umas tristes páginas da História de Portugal, para cá, o regresso não era tão penoso - uma parte dessas páginas já estava escrita por esses militares que esperavam com ansiedade esses momentos de embarque para casa.
Lentamente o Vera Cruz, como que cansado da longa viagem, foi-se aproximando do cais do Porto de Luanda.
Luanda esperou.nos, com aquele calor tropical que desconhecíamos.
Esperou-nos e não foi nada hospitaleira.
Um enorme comboio, velho, mal tratado e nauseabundo, acolheu os militares, um pouco melhor que gado destinado ao matadouro, para nos levar, para o maior aquartelamento de Angola.
Luanda era uma cidade enorme, com um movimento desusado de militares e civis. Muito civis eram militares,
Circulava-se sem problema, a pé ou de transportes. Na cidade não havia guerra.
Haviam locais específicos para a troca de Escudos por Angolares.
Luanda, tinha uma população que acarinhava os militares.
Quem pode fazer uma viagem, durante a noite, pela marginal e pela ilha, tive o previligérios de desfrutar um ambiente fantástico de cor, que muitas fotos atestaram
Por aí, ficamos, 2 ou 3 dias, antes que a guia de marcha no fizesse obrigar a ser carregados em camiões civis, com enormes taipais, onde fomos misturados com a parca bagagem que nos acompanhava.
A partir do momento em que foi pisado o solo angolano, não creio que tivesse sido lembrado que nesse mesmo dia, nesses momentos, o homem andava lá pela Lua. Com um pouco de sorte, algum dos 3 astronautas até no poderia ter fotografado (?).
Não mais foram lembrados. A preocupação de quem chegou era única - saber qual seria o poiso, que foi guardado, bem guardado em segredo.
Sabíamos que iríamos para o Norte, mas era tão grande esse Norte de Angola que a dúvida ficou sempre até ao final da viagem.
Ambrizete, foi a primeira paragem, não ficamos por aí, era bom demais para uns maçaricos como nós.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre CCAC2542 – LUFICO - Angola.
Mensagem deixada no Blog
De: Antonio Geraldes [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:48
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre CCAC2542 – LUFICO - Angola.
Antonio Geraldes deixou um novo comentário na sua mensagem "CCAC2542 – LUFICO - Angola":
Pertenci à 2542. Convém esclarecer algumas indicações menos correctas constantes do texto no blogue. A 2542 fez o seu IAO em Murfacém, no alto da Trafaria, num antigo aquartelamento de artilharia de costa do tempo da Segunda Guerra. Nos últimos 15 dias fomos passar "férias" para o pinhal da Fonte da Telha, como as outras companhias do batalhão.
O caminho que ia do Tomboco ao Lufico fazia parte da "estrada Luanda-Noqui e continuava até essa povoação.
O abastecimento de Nóqui era feito pelo rio Zaire, pelo que o MVL ia aé ao Lufico e regresava ao Tomboco.
Salvo melhor informação, a 2542 foi a primeira e única Ccaç a aguentar dois anos (25 meses) no Lufico. Como diria o outro, não fomos melhores nem piores mas somente diferentes.
Obrigado pela existência do blog
A Geraldes
Publicada por Antonio Geraldes em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 10/04/17, 14:14
[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Ambrizete - Fotos actuais.
Publicamos a mensagem deixada como comentário no blog dói BCAC2877
De: EMIDIO BARRA [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:48
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Ambrizete - Fotos actuais.
EMIDIO BARRA deixou um novo comentário na sua mensagem "Ambrizete - Fotos actuais":
Pertenci ao bat caçadores 1903.trabalhei na enfermaria de sector no Ambrizete.
Tive ali muitos amigos tanto militares como civis.Tenho imensas fotografias da zona de que guardo recordações imensas.
Um abraço grande a quantos por ali passaram
Publicada por EMIDIO BARRA em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 11/03/17, 17:35
[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Zau Évua - fotos.
Email recebido como comentário no blog do BCAC2877 e com muito gosto só agora o publicamos como mensagem no blog .
"De: M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:49
Para: braspg@gmail.com
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Zau Évua - fotos.
M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda
deixou um novo comentário na sua mensagem "Zau Évua - fotos":
Com os meus cumprimentos e um forte abraço ao bloguer deste trabalho,que vi e revejo de quando em vez, pois ao abrir, ver video, e ler todos os comentários nele publicados trazem á minha memória todas as boas e más recordações de todos os locais mencionados, pois a minha comissão de serviço foi nestes locais no Batalhão de Caçadores anterior nº2832 , de cª Caç. 2307 Alem das operações normais,colunas, e benefícios, sendo um deles a construção da capela existente.bons momentos de convívio e camaradagem sendo esta a marca de todos nós pela vida fora. Tambêm as emboscadas,feridos e outras memórias mas que todas fazem parte da nossa mocidade, só é pena sermos esquecidos depois de termos dado o nosso sacrifício á Pária a que fizermos juramento.
Bem Hája um abraço. Manuel Marques Baltasar, sol. n 81326/67
Publicada por M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 19/01/17, 10:24 "