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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Zau Évua

Pelo que a seguir se transcreve, Zau Evua deixou de figurar no mapa da "Guerra" não muityo tempo depois de nós de lá termos saido.

"Zau-Évua - terra de ninguém, sítio de vivênciasNão imaginei que este «cantinho» pudesse suscitar tanta adesão dos membros do mazungue! Já passa das duas centenas o número de «visitas»...

É pena que «Zau-Évua» se tenha praticamente esgotado como fonte de novas emoções; de facto, nos nossos encontros anuais vamos repetindo o que já foi dito. O que é novo está escondido, por opção de sobrevivência. Ninguém quer falar abertamente dos conflitos com o capitão, com os alferes, com os sargentos, dos conflitos uns com os outros. Todos tivemos um conflito mais ou menos grave com alguém... Hoje, se não deixámos essas memórias com o espólio no depósito militar do quartel em que fomos desmobilizados, não nos interessa revivê-las sob pena de inquinarmos o convívio. Pena é que alguns ainda tenham «dor de consciência» porque foram injustos na avaliação, severos na aplicação da disciplina, egoistas nos momentos difíceis... e por causa disso se afastem, revelando a sua insegurança.
Quem tem experiência deste tipo de convívios sabe que há mágoas que ainda doiem, feridas por sarar que, num instante, podem sangrar... em particular quando o álcool desinibe.
Eu próprio, assumidamente, quando me pronunciei no meu livro sobre situações dificieis não me referi directamente às pessoas envolvidas (apesar de tudo, reconheciveis para quem viveu os acontecimentos...).
Em nome da preservação do que é fundamental passados quase 35 anos: a união à volta do que foi positivo, agregador, solidário, dos bons costumes.
O meu próprio livro, que cumpriu a missão de agregar e já esgotou a edição (os exemplares que restam são uma bolsa para satisfação dos atrasados, distraídos ou investigadores!), corresponde agora ao maior pretexto para falarmos do que se seguiu a Zau-Évua: os mesmos homens dispersaram-se por Quinzau, Quelo, Benza, Santo António do Zaire e aí continuaram a servir a Pátria num registo militar diferente, mas também gerador de situações e vivências que importa um dia contar.
Entretanto, vamos conviver, valorizando o que a memória cativou de positivo na condição humana. "(mazungue)

Zau Evua - Morros


Jose Castilho, que terá conhecido Zau Évua, depois de nós, em June 30, disse:

"Caros companheiros de jornada: Zau-Évua onde se localizava uma Compª Oper., que dependia Oper. do BCaç 3849, vivia o seu dia-a-dia num cenário de isolamento. A par do Lufico, também sem populações na área, os dias em Zau-Évua no enfiamento dos trilhos de infiltração IN, não seriam animadores. O IPR, secundário, que ia do Tomboco, passando pelo Lufico e seguindo até Mpala, normalmente com condições de circulação nem sempre em bom estado, eram os vértices de um triângulo, em que os militares nele englobados, sentiam o isolamento. Em Zau-Évua, só a passagem do MVL, quebraria quinzenalmente esse isolamento. "

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Angola - recordações

"Eu estive na antiga Provincia do Zaire de 1969 a Novembro de 1975 tendo servido como Administrador em:Quinzau, Quiximba, Quiende, N´Banza Puto, Madimba e Luvo. Em 25 de Abril de 1974 era o Administrador de Posto da Madimba e casuakmente pernoitava na minha casa o então Major Ramalho Eanes que mais tarde veio a ser Presidente da República.

Convivi com muitas Companhia, além do Cap. Amado, recordo o Canatário o Corte Real e um Sargento (salvo erro Madeirense) aquem lhe chamavam o Porco Sujo, entre outros. Há siruação de concivência e amizade que se diluiram pelo tempo, gostaria só nesta área poder dizer "Ó Tempo Volta pata Tràs". No Quiende matei muita caça conjuntamente com o Pessoal da Companhia e fizemos muitos petiscos, quer nas Messes, quer na casa comercial do Márinho, sócio o António do Kimpala."

Saudações amigas

Campo Maior, 23 de Agosto de 2010

Tiago Veríssimo (pioverissimo@gmail.com)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tomboco - notícias

Colocamos no blog o email que recebemos de um antigo coimpanheiro de outro Batalhão.
Ficamos a aguardar comentários de quem esteve no Tomboco.
Não foi o nosso caso




"Bom dia


Grato pela informação.

Eu fiz essa pergunte pelo facto de um amigo meu desde da Infância estar no Tamboco 1972 e na Beira Baixa, 1973 tinha um foto que não se lembra onde foi tirada, na Beira Baixa tenho quase a certeza que não foi porque estive lá várias vezes e não me lembro do memorial que esta na foto aonde se consta a CCS do 2877. Para mim a foto foi tirada Tomboco? Para ser numa deslocação a alguma localidade mas parece-me impossível, porque quando saíamos era com o camuflado não com a farda de saída., Para mim a foto foi tirada dentro de um quartel, será Tomboco? numa das fotos ao fundo vê-se um campo de desporto.

Envio as fotos em anexo.

As fotos são para inserir no site que envio abaixo, na pasta que diz: ANGOLA EM IMAGENS.




Bom fim de semana

Um abraço

Mário Silva c.c.3387"

quarta-feira, 21 de julho de 2010

22 de Julho 1969

Em 21 de Julho de 1969, Neil Armstrong pisou o solo lunar e fez história. Hoje, a conquista do espaço continua a ser considerada como um dos feitos mais notáveis da Humanidade.
Na mesma data o BCAC2877 chegou a Angola

domingo, 11 de julho de 2010

12 de Julho de 1969

Um ano mais de recordacao da nossa partida para a Guerra de Africa.
Noticiavam os jornais que tinha sido um dos dias mais quentes desse ano.
Iriamos sofrer do mesmo calor a ghegada a Luanda

quarta-feira, 23 de junho de 2010

S. João a caminho de Angola(?)

BCAC2877 - Recordar as datas


Recordamos aqui, pela data do dia, vespera do Dia de S João, a caminhada feita a pé, em marcha, desde o Porto Brandão, junto ao rio Tejo, até à mata da Fonte da Telha.
Recordemos que também foi nessa altura que levamos as primeiras vacinas antes de embarcar, nas instalações duma Bateria de Artilharia de Costa, que ainda hoje existe, no morro sobrançeiro à praia da Fonte da Telha. ( à data, uma praia de pescadores)

Transcrevemos da Historia do BCAC2877 o seguinte:

" f. Em 09Jun69 deveria ter inicio a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional ( IAO), cujo calendario foi antecipado em relação ao planeamento inicial do EME.
Em 11JUN69 o Bat caç. foi transfrerido para a margem Sul do Tejo para efeito do IAO tendo ficado o Comando e a CCSW, CCAÇ2542 e 2543 aquarteladas em isntalaçõpes do 3º Grupo Mixto da RAAF e a CCAÇ 2541 nas do RAAC em Brancanes (Setubal)."
"g. A 1ºparte do IAO que teve a duração de 3 semanas terminou em 28JUN69. Os exercicios de campo realizados na 2ª e 3ª semanas decortreram na região da Fonte da Telha e na Quinta do Lagar nas imediações de Setúbal (CCAC2541)"

domingo, 20 de junho de 2010

Ex Combatentes da Guerra de África

Um Dia de Portugal diferente

1. Vou ser politicamente incorrecto: não costumo perder tempo com as comemorações oficiais do Dia de Portugal. As cerimónias são aborrecidas, apenas privilegiam o institucional e não me lembro de lhes ver qualquer dimensão popular. Cá fora, nas ruas, as pessoas divorciaram-se da liturgia. O negócio das bandeiras faz-se à conta dos jogos da selecção de futebol. Os discursos costumam ser enfadonhos, inexpugnáveis, dirigidos a uma pequena elite. Assisti uma vez ao vivo e sei do que falo. Assim, habituei-me a ver curtíssimos resumos desse tédio e nunca me dei por mal informado ou mau português.
Era isto mesmo que ia voltar a fazer este ano, mas por mero acaso liguei o aparelho de televisão na quinta-feira de manhã. Começava a falar António Barreto. Decidi, pelo respeito intelectual devido ao novo presidente das Comemorações, ouvir as primeiras palavras. Surpreso, fiquei até ao fim, relembrando, inclusive, a minha já distante infância com duas etapas em África (Angola e Moçambique), filho de uma família de militar. Testemunhei em directo um notável acto de cidadania e de justiça: o tributo aos ex-combatentes, que pela primeira vez desfilaram na cerimónia militar oficial.

2. O discurso de António Barreto teve, e tem, vários méritos. É justo, é corajoso, é oportuno. E é o discurso de um verdadeiro intelectual, aquele que sabe olhar para a comunidade estudando fenómenos e identificando necessidades.
Barreto verbalizou um facto: durante 36 anos, os antigos combatentes de Portugal têm sido vítimas de discriminações. Sobretudo depois do 25 de Abril, corporizaram a culpa com que a maioria da sociedade portuguesa, de repente, decidiu olhar para a Guerra Colonial. E teria sido pior se o golpe que depôs o regime do Estado Novo e devolveu a liberdade de expressão e política ao País não tivesse nascido a propósito de reivindicações militares.
Já era tempo, pois, de alguém ter o desassombro intelectual de dizer, em nome do Estado [e o presidente das Comemorações representa-o], aquilo que António Barreto disse, a todos e a cada um de nós - porque o esquecimento de que fala o discurso é a soma de todos os esquecimentos e vergonhas individuais, remete-nos até para o oportunismo de uma sociedade que, reciclada à pressa depois do dia 25 de Abril de 1974, plantou democratas da mais pura estirpe onde antes havia apenas colaboracionistas tementes.

3. Os combatentes, todos os combatentes, foram, e serão, no feliz dizer de Barreto, "soldados de Portugal" e não podem ser tratados como "colonialistas", "fascistas" ou "revolucionários". São homens que um dia partiram para uma guerra, ou continuam a partir para missões internacionais, simplesmente porque o seu País assim o determina. E eles foram, e eles vão, e eles irão, arriscando a vida, sacrificando famílias, porque o País, representado por homens como eles, e independentemente dos regimes do momento, lhes pede essa generosidade.
Os nossos soldados não têm de ter vergonha por serem leais à Pátria (mesmo quando ela tenha sido representada por homens menores e tenha perseguido propósitos injustos) mas o Estado faz bem em assumir a vergonha de ter tido vergonha.
Um país é pobre quando apenas possui decisores, gestores, gente muito rica, e até políticos determinados ou obstinados. Mas pode ser rico, mesmo em tempo de crise, quando no meio de tanta miséria intelectual sobressaem homens que, como António Barreto, sabem pensar e derramar o bálsamo da palavra sobre feridas sociais que urgem ser cicatrizadas. E é para isto que também serve o Dia de Portugal.

JOÃO MARCELINO

publicado a 2010-06-12 às 01:30