O desabafo de um “veterano de guerra”, de seu nome Jacques Favre, na manifestação de militares:
“Até a um camarada que cheira a urina e a fezes vão tirar a pensão”
Quem poderá ficar indiferente? Quem cuida ou cuidou de um Pai, uma Mãe, ou um familiar próximo, idoso ou doente, sem os meios necessários para lhe prestar assistência ou sem possibilidade de lhe proporcionar acolhimento numa instituição decente, onde lhe esteja garantida a higiene diária para que “não cheire a urina e a fezes”, compreende muito bem o lamento deste veterano.
É cruel e desumano constatar o abandono e a violência psicológica exercida sobre os mais velhos, cortando-lhes as pensões e subindo-lhes as contribuições. Dir-se-ia que os actuais governantes não conhecem o país em que vivem e não sabem que não só os que pedem esmola são pobres. A classe média, incluindo velhos e novos, foi reduzida à pobreza e em breve estará na miséria.
O governo e os seus acólitos ficaram irritados com o Manifesto que defende a reestruturação da dívida e a dilatação dos prazos e argumentam que os seus autores não sabem que a dívida foi comprada em grande parte pelos bancos portugueses e que seria uma tragédia para estes se ela fosse reestruturada. Mas o governo não se importa que sejam os portugueses em geral, e sobretudo os mais velhos, pensionistas e funcionários públicos (estes de todas as idades), a suportarem a pobreza a que a não reestruturação da dívida conduzirá o País. O governo preocupa-se apenas com os credores. Mas os velhos e os pobres também são credores.
Aos mais velhos não resta qualquer esperança de uma vida digna no resto dos seus dias.
É demasiado cruel e desumano! ( DN )