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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Historia da Unidade

Vamos tentar compilar os elementos que temos disponíveis para dar  " à estampa" a história do BCAC2877 desde a sua formação até à sua chegada a Lisboa.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Festas da Senhora da Hora - Fontes das Sete Bicas


Deixamos aqui ficar uma breve resenha das Festas em complemento da nossa anterior mensagem, pois quando a escrevemos ficamos com a dúvida sobre a data habitual da sua realização. Ficou agora esclarecida a data, pois sempre tivemos a certeza de que não seroa tão próxima dos santos populares - nessa data já tinhamos "ancorado" no Porto Brandão.
Recordamos uma cantiga muito antiga que diz algo parecido com isto:

"Se queres casar
Anda meu amor
à fonte comigo...


 Aqui se menciona a tradição dos milagres da Fonte das Sete Bicas
"A Festa da Senhora da Hora celebra a Ascensão de Nossa Senhora numa 5ª feira, quarenta dias após a Páscoa. No domingo anterior há a Comunhão Solene e, no seguinte, uma procissão de velas. Na 5ª feira, dia maior, há missas na Igreja Nova e na Capela da Senhora da Hora, autêntica relíquia patrimonial sediada no simbólico Parque das Sete Bicas e palco das cerimónias de maior solenidade e fé. Diante da imagem da Santa milhares de pessoas assistem fervorosamente à missa e pagam as suas promessas. Contudo, a festa prossegue. Entre barracas de louça e de farturas, carrosséis e pistas de automóveis, exposições, ranchos folclóricos e tunas vive-se a alegria da festa. Mas, ninguém resiste à tentação de formular um desejo e beber água da Fonte das Sete Bicas."

Senhora da Hora

Em baixo, foto da porta de armas do antigo Regimento de Infantaria 6 - no Porto na Estrada da Circunvalação, próximo da Senhora da Hora, hoje Regimento de Transmissões.
Está a fazer anos que recebi a habitual guia de marcha para a entrega na CP para o bilhete de comboio que me haveria de trazer até ao Porto Brandão.
Sobre a nossa passagem no Porto Brandão, vou ter oportunidade de voltar a falar oportunamente.
Agora quero apenas lembrar o que se passava mais ou menos por esta data dos Santos Populares por aquelas bandas da Senhora da Hora.
Por lá haveria e talvez continue a haver umas festas anuais, muito populares e que levavam aquelas paragens muita gente.  Muito militares, não só do RI 6 mas de outras unidades militares do Porto.
Por aqueles tempos terá havido algum receio de haver confusão e balbúrdia onde os militares pudessem dar a sua contribuição.
Assim, o RI6 mandava para a festa uma patrulha de polícia com um Cabo Miliciano e 2 praças para em caso de necessidade, manter a ordem público dos militares.
E assim era.
Todos os dias durante as festas, a seguir a um lauto jantar, lá iam os 3 militares, feitos polícias para a festa.
Apresentavam-se ao Oficial de Dia e recebiam as instruções da praxe.
Recordo que por uma ou duas vezes me calhou em rifa fazer tal serviço.
Antes da ida ao Oficial de Dia, recebiam-se as instruções do Cabo Miliciano que por tinha andado antes de nós e assim se procedia.
Lá saiam os três militares pela porta da traseira do quartel que ficava relativamente perto do local onde  o arraial estava montado Era por essa mesma porta que se voltava a entrar quando acabava a ronda, por volta da meia noite ou uma da madrugada.
o Oficial de Dia que me calhou foi bem explicito - confusões nenhumas, calma e descontracção.
Outra coisa ou pouco se podia fazer, pois todos levávamos apenas pistola e sem munições. Apenas servia de ornamento e não se justificava que assim não fosse
E assim fiz.
Com as instruções dos anteriores camaradas, fiquei a saber onde se encontrava a barraca de feira que servia a preço especial umas  boas iguarias, regadas com cerveja ou vinho verde tinto que eu ainda hoje aprecio.
Uma volta pela feira para ver o ambiente e apreciar as garotas e lá apancávamos os três "polícias militares" na barraca de comes e bebes e por aí ficávamos até à hora do regresso ao quartel.  As instruções eram de que se nada houvesse a registar, não acordarmos o Oficial de Dia.  Assim sempre se procedeu.  Não me recordo de alguma vez ter havido qualquer problema com os militares.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Na Guerra tambem há disto

As histórias passadas na Guerra, são sempre muitas.  Umas de rir, outras de chorar.
A sorte acompanhou o BCAC2877 durante o tempo que por lá andou a pisar as picadas e a desbravar aquele imenso mar de capim que nascia a olhos vistos.
Esta que agora vou tentar passar a escrito tem a ver com praticamente a data da nossa chegada a esse imenso deserto de humanidade a    que se chamou Zau Évua e que penso que só foi criado para colocar num "Tarrafal Angolano" todos os que lá foram parar.
Não tinham passado muitos dias da nossa chegada à capital do BCAC2877 quando eis que, isto era no princio da noite, ainda aquele lusco fusco não deixava que o breu das noites africanas ocultassem a claridade e a imensa estepe que circundava o aquartelamento se transformasse numa imensa escuridão. se ouvem umas rajadas de G3.
Gerou-se o alvoroço natural de quem chega à "guerra" e se depara com um presumível ataque dos "turras". Reboliço, movimento de pessoal dentro do arame farpado e de vez em quando lá se ouvia mais uns tiros.
A minha primeira preocupação foi procurar o meu "chefe" que era na altura o Ten Cor Matias, talvez ainda Major na altura.
Eis que o encontro na messe de oficiais, com a sua habitual calma, a que eu próprio me fui habituando, jogando sozinho um qualquer jogo de cartas.  Fez-me sinal, para esperar, para ter calma.  Assim fiz.
O tiroteio passou, tudo voltou à normalidade, segui-se o jantar e a vida continuou.
Os comentários surgiram sobre o que teria acontecido - nada mais nada menos que umas pacaças ou burros do matos que foram pastar para a pista de aterragem e terão sido os reflexos dos seus olhos que chamaram a atenção do sentinela que estava de vigia na torre da porta de armas, brilhando ao longe.
Tudo teria acabado senão tivesse acontecido um daqueles episódios caricatos, próprios destas ocasiões.
Então o que foi?
O Silva, furriel Cripto, pegou na espingarda, nas cartucheiras e capacete ( o nosso conhecido penico) e lá  foi à procura de que precisasse de ajuda para a defesa do quartel.
Até aí tudo bem.
Só que se esqueceu de calçar a botas e lá continuou de sandálias de enfiar no dedo.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Regimento de Infantaria 6 - Porto

Para alem de outras lembranças trazidas à memória pelo dia de Santo António que hoje se comemora, recordamos aqui a nossa passagem pelo RI 6 - Porto.
O exercito sempre teve a faculdade de nos começar a mentalizar para a ida à guerra, mesmo muito antes do nosso ingresso nos serviço militar.  Depois da inspecção, sempre se ficava uns tempos à espera da incorporação. Depois finalmente tal acontecia.
Para que vivia na periferia de Lisboa, foi normal ter sido colocado em Tavira a  trezentos e tantos quilómetros de casa. Por seis meses, pois foi a recruta e a especialidade.
Nada melhor que continuar nas Caldas da Rainha, mais cento e tantos quilómetros de distância.
Como se isso não bastasse, em Março de 1969 passamos a fazer parte da equipa do RI 6 que preparava mais uma fornada de militares para a Guerra de África, por aí ficamos até ao inicio de Junho, onde finalmente chegamos ao Porto Brandão, ali na margem sul do Tejo, num antigo quartel que serviu de poiso a uma bateria de artilharia anti-aérea que servia de protecção a Lisboa.
Voltando ao RI 6, que tem como base esta nossa mensagem, pois foi aí que tivemos contacto com muitos dos companheiros   com quem fizemos a viagem para África.
No RI 6 era dada a instrução aos soldados, muitos deles que chegaram a pertencer ao PELREC, alguns cabos milicianos que seguiram connosco no BCAC2877 e até um aspirante miliciano sapador que desertou antes do embarque.
Foi um companheiro que perdemos a partir dai o seu rasto.
Numa noitada pelas ruas do Porto em que ele nos acompanhou, todos bebidos de alguma forma, algures num jardim do Porto, a caminho do quartel e em horas tardias, sacou dum pedaço de papel que tinha sido uma das toalhas que cobriram uma das mesas duma tasca por onde passámos, e sentado sobre o encosto dum banco de jardim recitou um enorme e bem urdido poema.
Foi o último contacto com aquele camarada.
Foi chamado para Lamego, como era hábito na altura, para uma especialização em minas e armadilhas e de lá não voltou mais à tropa. Desertou

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Passos Coelho esqueceu-se dos antigos combatentes

Os combatentes, enquanto tal, vivos ou mortos, tem que merecer o respeito e a consideração do Estado ou da Nação que honraram  com o seu labor, com as cores do seu uniforme e com a força da sua arma.  Vencidos ou derrotados, merecem o mesmo respeito. Aliados ou inimigos igualmente tem que merecer o respeito de cada uma das partes que se defrontaram.  Mesmo no terreno do inimigo e passados tantos anos depois da guerra ter acabado, uns e outros merecem igual consideração. Não se percebe o esquecimento de Passos Coelho e de Paulo Portas que  sendo muito mais "nacionalista" que o Primeiro Ministro, nem sequer se manifestou em actos e muito menos em palavras.  https://www.facebook.com/zauevua.angola

Passos Coelho em Moçambique

Esqueceu-se dos combatentes  portugueses que morreram e estão sepultados em Moçambique
Email recebido e que a ser verdade, este menino não mereceu outra coisa que ser denunciado pela actitude.
"
Passos Coelho em Moçambique
UMA VERGONHA…
Vejam a carta (e-mail) de Luís Bento, ex-combatente, depois da foto.
Uma vergonha o que estes fulanos do Governo fizeram e fazem...
Mais uma vez os nossos ex-combatentes foram humilhados e IGNORADOS !!!
Recado para o Sr. Coelho de Massamá e restante séquito governamental.
Fui um dos Portugueses que votou em si para Primeiro-Ministro de Portugal.
Estou desiludido com V.Exa.
Não se pense porque me tirou na reforma ou porque está dificultando brutalmente a vida dos Portugueses.
Nada disso!
Isso são "situações" que terá de resolver, para tanto candidatou-se, voluntariamente, a essa tarefa.
Sabia para o que ia!
Cumpra!
Acabo de ler algures que V.Exa. depositou, em Maputo, um ramo (coroa) de flores em homenagem aos guerrilheiros da independência de Moçambique, especialmente a Josina Machel.
É verdade?
Muito bem!!
Como sabe em Maputo há dois cemitérios com militares Portugueses mortos em combate, que dignificaram as suas vidas morrendo em defesa da Pátria Portuguesa.
Pensou, durante um brevíssimo segundo, neles?
Referiu essa efeméride?
Esqueceu-se?
Ou teve respeitos humanos?
Colocou uma simbólica rosa em memória desses seus compatriotas?
Preocupou-se em saber a indignidade que revelam as suas campas? (CEMITÉRIO COMPLETAMENTE ABANDONADO)
Claro, que não!
Estou envergonhado perante a memória desses meus ex-camaradas militares, com a sua atitude (ou falta dela), Senhor Primeiro-Ministro!
Estou certo que Portugal lamenta !
Não esqueceremos V.Exa(?) na hora da próxima votação.
Luís Bento
ESTES MENINOS QUE NEM À TROPA FORAM NÃO SABEM O QUE SIGNIFICA A PALAVRA PATRIOTISMO."

quinta-feira, 7 de junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Natal e Páscoa na Guerra

Para quem não tinha fonte de inspiração filosófica uma qualquer religião, mesmo longe dos seus entes mais queridos e  da sua santa terrinha como se costuma dizer, a passagem pela guerra e por África, nada acrescentou ou diminuiu aos seus sentimentos.
Nos últimos dias tenho voltado a ler algumas passagens do livro "Zau Évua terra de ninguém sitio de vivências" escrito pelo nosso antigo companheiro da CCAC105  que esteve em Zau Évua um ano depois da nossa saída onde relata a passagem destas datas, adornadas com os conhecimentos da matéria e muito bem bem explicadas
Aí em diversas passagens daquele livro faz referências às datas festivas - Natal e Páscoa.
Recordo que por essas festas, quando o capelão se encontrava em Zau Évua certamente que os ofícios religiosos que a cada uma daquelas datas correspondia, eram oficiados.
Lembro bem as ceias de Natal onde se juntava toda a tropa e o manjar era o nosso conhecido  bacalhau cozido, que vinha da Metrópole em embalagens de zinco envolvidas em caixotes de madeira, condimentado com cal para não se estragar.
Pela Páscoa, não tenho memória, talvez porque já passaram tantos anos e a memória já começa a esgotar-se, que tenha havido alguma comemoração especial, para além da missa.
Talvez um rancho um pouco melhorado no Domingo, com carne de burro do mato ou pacaça.  Mas, nada disso era novidade, porque essa ementa à base da carne de caça era afinal a do nosso dia a dia.
A Guerra também embrutece a alma e o alimento do espírito, nessas datas e nesse tempo, ficaram muito para trás.