Para alem de outras lembranças trazidas à memória pelo dia de Santo António que hoje se comemora, recordamos aqui a nossa passagem pelo RI 6 - Porto.
O exercito sempre teve a faculdade de nos começar a mentalizar para a ida à guerra, mesmo muito antes do nosso ingresso nos serviço militar. Depois da inspecção, sempre se ficava uns tempos à espera da incorporação. Depois finalmente tal acontecia.
Para que vivia na periferia de Lisboa, foi normal ter sido colocado em Tavira a trezentos e tantos quilómetros de casa. Por seis meses, pois foi a recruta e a especialidade.
Nada melhor que continuar nas Caldas da Rainha, mais cento e tantos quilómetros de distância.
Como se isso não bastasse, em Março de 1969 passamos a fazer parte da equipa do RI 6 que preparava mais uma fornada de militares para a Guerra de África, por aí ficamos até ao inicio de Junho, onde finalmente chegamos ao Porto Brandão, ali na margem sul do Tejo, num antigo quartel que serviu de poiso a uma bateria de artilharia anti-aérea que servia de protecção a Lisboa.
Voltando ao RI 6, que tem como base esta nossa mensagem, pois foi aí que tivemos contacto com muitos dos companheiros com quem fizemos a viagem para África.
No RI 6 era dada a instrução aos soldados, muitos deles que chegaram a pertencer ao PELREC, alguns cabos milicianos que seguiram connosco no BCAC2877 e até um aspirante miliciano sapador que desertou antes do embarque.
Foi um companheiro que perdemos a partir dai o seu rasto.
Numa noitada pelas ruas do Porto em que ele nos acompanhou, todos bebidos de alguma forma, algures num jardim do Porto, a caminho do quartel e em horas tardias, sacou dum pedaço de papel que tinha sido uma das toalhas que cobriram uma das mesas duma tasca por onde passámos, e sentado sobre o encosto dum banco de jardim recitou um enorme e bem urdido poema.
Foi o último contacto com aquele camarada.
Foi chamado para Lamego, como era hábito na altura, para uma especialização em minas e armadilhas e de lá não voltou mais à tropa. Desertou