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sábado, 23 de fevereiro de 2008

BCAC2877 - Angola 1969 a 1971 - Colaboração do João Rego - Lufico

TRÊS FURRIÉIS, UM ALFERES E UM CAPITÃO

Os três furriéis eram conhecidos por Pinto, Agripino e Malaquias e comandavam as três secções do pelotão a cargo do alferes Rego. No topo desta hierarquia militar estava o capitão Vaz, homem já com três comissões de serviço naquela guerra colonial, como havia de ficar conhecida.
No Lufico a tropa vivia sem contacto com qualquer população civil, pelo que a deslocação quinzenal a Tomboco para escoltar o MVL representava a única possibilidade de ver outros seres vestidos à civil. O isolamento, todavia, não produziu efeitos muito nefastos no pessoal, à parte uma certa e individualmente variável dose do que se chamava “cacimbo”, provocada sobretudo quando não se recebia aquela carta da família. Para o estado “normal” do moral da tropa muito contribuíu a postura do capitão cuja experiência lhe terá ditado que havia que ser um pouco menos rigoroso do que os cânones militares indicavam. Dentro do mal que era estar em comissão de serviço não voluntária, não se vivia mal, salvo algum drama pessoal que foi sendo habilidosamente contido dentro dos limites do conveniente. Uma que outra situação terá sido vivida com algum mal-estar bem disfarçado, como a que veio a ser conhecida já nos últimos dias da comissão em terras do Lufico.
Nas relações de cadeia de comando, o alferes Rego sempre contactou o pelotão a seu cargo através do furriel Agripino, sem que alguma vez se tivesse verificado o mínimo desentendimento, como, de resto, seria de esperar. Assim, foi com enorme e desagradável surpresa que o alferes foi interpelado pelo furriel Pinto que lhe transmitíu, de modo contundente, porém, respeitoso e manifestamente triste, o seu desagrado pelo facto de nunca ter sido reconhecido como o furriel mais antigo do pelotão e, consequentemente, aquele que devia ter sido sempre o seu elo de ligação.
O alferes, não conseguindo sair da sua estupefacção, nada adiantou e procurava encontrar uma razão pela qual pudesse explicar a sua ignorância sobre o estatuto de antiguidade do seu interlocutor, tendo-se gerado um silêncio desconfortável para os dois. Deu-se a circunstância, providencial para o alferes, que a conversa estava sendo ouvida pelo capitão que se encontrava no seu gabinete a poucos passos do local onde furiel e alferes se encontravam. Saíu prontamente em defesa do alferes confessando que também estava convencido que o sargento mais antigo do pelotão era o Agripino e não o Pinto.
A comissão de serviço chegou ao seu termo e o furriel ofendido terá ficado convencido da não intencionalidade do alferes ao desconsiderá-lo na sua antiguidade durante vinte e cinco meses de convivência militar. Mas não deixa de ser espantoso que uma pessoa, em circunstâncias já de si adversas, tenha conseguido suportar uma situação que lhe causava mágoa e desconforto entre os seus pares.
Tudo isto se passou há mais de trinta e cinco anos e os implicados na situação descrita não terão voltado a estar em condições análogas. Que fique para meditação dos que presentemente ainda mantém relações hierárquicas na sua vida social: a cada posto corresponde uma responsabilidade, em todos os sentidos: para cima e para baixo, e para os lados também.

BCAC2877 - Angola 1969 a 1971 - Aos criticos

Hoje pela manhã falei com o Ganganeli.
Era o Furriel Enfermeiro da CCS. Quem pintou o quadro de Zau Évua.
De vez em quando falamos pelo telefone. Não pode ser de outra forma, pois ele mora em Vila Nova de Gaia e eu, aqui próximo de Lisboa. Acontece que nestes últimos tempos, não tenho parado no Porto, embora acontecendo que não parando, algumas vezes por lá vou passando.
Toda esta lenga lenga vem a propósito do facto do Ganganeli em tempo ter criticado o nosso Blog por apresentarmos muitas fotos dos almoços de confraternização.
Dizia-me ele, por essa altura que não devíamos alimentar tanto os temas que tem a ver com o corpo e dar mais alguma enfase a temas relacionados com o espírito, ou seja, algo que de tema menos material.
Concordei com a ideia, lançei o repto ao critico, no sentido de ele próprio, nos mandar uns escritos ou até, fazer uns comentários às mensagens que entretanto sempre vamos colocando no Blog.
Pois então, até agora, nada . . . a preguiça do corpo, não deu ainda para arranjar um pouco de tempo para passar à figura de texto, algo que o espírito em dia de reflexão mais profunda, tivesse arrebatado das profundezas das memórias e elevasse ao come da sua montanha espiritual.
Hoje no meio da nossa conversa, avivei-lhe a memória sobre este tema. Vou continuar, esperando. Críticas e mensagem com algo para publicar.
Tal vái acontecendo de vez em quando. Alguns nossos antigos companheiros são leitores, visitantes assiduos do Blog.
Não será só para esses que vamos mantendo esta pequena chama acesa, o Blog é para todos. Mas, se houver mais colaboração, muito melhor.

Amanhjã é Domingo.
Uma vezes havia missa
Havia sempre o MVL

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Quiende - Angola


Aqui fica mais uma pequena recordação, em imagem, dedicada em especial a todos os companheiros que passaram pelo Quiende.
Dizia-se então que era o local onde era mais frequente o paludismo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

BCAC2877 - Angola 1969 a 1971

Ao correr da pena . . .

Não porque não tenha nada para escrever. Mas apetecia-me deixar ficar esta mensagem em branco.
Seria assim como um protesto pela falta de participação de alguns dos nossos visitantes. Nem um comentário, nem uma linha escrevem a dizer algo sobre este tema. Em contrapartida, alguns sempre nos vão remetendo, repassando muitos emails, sem qualquer "interesse", isto, no nosso ponto de vista.
para quem nada queria escrever, não está nada mal.
A propósito de escrever, de relembrar os tempos que por lá passámos, quero aqui e agora mesmo, fazer uma pequena confissão. Digo confissão como poderia ter dito ou dizer algo diferente, face à minha religiosidade.
Afinal, aqui sentado no meu pequeno escritório, que tem uma vista, apenas por uma nesga, para o Rio Tejo, ao fim do dia, sempre um tempo de alguma nostalgia, face ao tempo escuro e nublado, recordo os fins do dia em Zau Évua. Aqueles dias escuros, onde as nuvens escuras, não raras vezes eram prenúncio duma forte chuvada e dum violento temporal que se aproximava.
Admito que passe ainda hoje pelas zonas menos populosas de Portugal, ao fim do dia ou de noite, onde não se vislumbre no horizonte uma qualquer luz, se recorde da estadia nas matas de África. Aí, nas noites chuvosas e de céu encoberto, era o conhecimento do terreno, essencialmente pelas "picadas" que se encontrava o caminho, a volta para o quartel.
Hoje é um dia escuro, melhor, um fim de tarde bucólico, sempre vem ao pensamento, não direi com nostalgia ou saudade, m as recordações desses dias, mas, no conforto da não existência da guerra e dos seus perigos, sabe bem pensar que ao fim de tantos anos, esses momentos, ficaram como reserva nos nossos pensamentos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

JOSÉ NIZA - Zau Evua - Angola - Bcac 2877




"Caro amigo Brás.
E porque o Dr José Niza tambem fazia uns "giros" á ccaç 2530 no Quiende,(Maio/69 e Julho/70)e de guitarra em punho, tambem ali ia trauteando poemas de Gedeão "muitos poemas deste poeta foram musicados em Zau-Evua" e para que conste , aí vai uma foto da época.
Um abraço

Fernando Silva "
Digam lá, como se uma nota de música fosse, que não é uma pequena maravilha, receber uma mensagem destas ?

Zau Evua - Angola - Bcac 2877

Construção de parte do aquartelamento

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

BCAC2877 - Angola 1969 a 1971 - Testemunhos

Aqui fica uma mensagem remetida por um antigo companheiro de armas que esteve em Bessa Monteiro, e que por acaso, atraves da Internet nos encontrou
"Caro ex-Combatente,
Desde ja o meu muito obrigado pelos e-mail que me enviou.
Confesso que foi com muita alegria e ao mesmo tempo com alguma emoção quando vi as fotografias de Ambrizete e de Bessa Monteiro. Se bem que nem tudo foi facil durante esses 25 meses nessas lindas terras de Angola, mesmo assim, sinto nostalgia. Basta recordar a idade desses tempos...O e-mail alusivo às festas de Fim D'ano bem como este ultimo enviado pelo amigo Bengalense e depois reenviado aos amigos, são lindissimos e neste ultimo relata bem a Beleza de Angola.
Confesso que de imediato mostrei as belas imagens: à minha mulher, filhos, netos e também a muitos amigos.
Ah, parabéns pelo lindo envelope e a beleza dos sêlos daquele época!...
Por hoje não lhe faço perder mais tempo, desjo-lhe muita saude para si e toda familia.Um abraço do ex-Combatente,José Figueira"

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

BCAC2877 - Angola 1969 a 1971 - Fotos

Mata em Zau Évua



Vamos deixar passar mais uns dias para que todos os que nos visitam, tenham a oportunidade de apreciar, assim que abrem o Blog, as lindíssimas fotos que colocamos em slides.

Voltamos a deixar o repto a todos os que nos vão visitando, no sentido de nos darem as suas criticas e sugestões.

Que nos manem fotos e algumas linhas escritas.

Serão publicadas, umas e outras.

Vamos ver o que se vai passar.

Entretanto, criámos um outro Blog pararelo, http://bcac2877-fotos.blogspot.com, onde iremos fazer o arquivo de todas as fotos publicadas e a publicar.

Tudo isto irá demorar algum tempo, mas com mais uns dias, ou umas semanas, estamos crentes que o vamos conseguir.
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