Todas são da viagem no Vera Cruz entre o Cais da Rocha em Lisboa e o porto de Luanda.
São os 53 anos entre aqueles dias e os de hoje, A bordo foram cimentadas muitas amizades que perduram até aos nossos dias. Muitas deixaram as saudades imensas dos que entretanto já faleceram e por cá deixaram a família, as esposas, filhos e netos.
A bordo, os nossos pensamentos reportavam os medos do futuro que a guerra escondia naquelas terras tão distantes das nossas e
esse escondia-se na intimidade de cada um. Na verdade a preparação para a guerra e o treino que nos haviam dado davam algum suporte psicológico que cedo ou tarde dariam alguma ajuda.
A bordo daquele enorme navio a vida decorria com normalidade e com a curiosidade do monstro de aço estar sempre a navegar adornado para bombordo, o que nos corredores não deixava uma imagem engraçada quando por lá passávamos.
A passagem pelo Funchal para embarcar uma companhia de caçadores formada naquela ilha, não muitas horas depois da saída de Lisboa, serviu para mais uns momentos de descontração e levar ao esquecimento as preocupações no futuro.
O Vera Cruz, não era propriamente um navio de cruzeiro pois naquela data nem disso por cá haveria conhecimento
O dia a bordo em nada se parecia entre oficiais e sargentos. As praças iam em locais como se fossem casernas, muito mal instalados e em más condições.
Pela viagem, foram feitas alguns exercícios de salvamento e até contadas algumas histórias, que por desconhecidas ou até acreditadas por outros não deixaram de ter a sua piada. Alguns acreditaram que a passagem do barco para imaginária linha do equador fazia com que se estragassem muitos dos mantimentos que as famílias dos militares levavam nas suas bagagens, Na verdade foi tudo brincadeira. Talvez a meio da viagem demos conta de algo que não sabíamos - peixes voadores que saindo do mar voavam uma boa distância
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