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sábado, 21 de julho de 2012

História da Unidade - chegada a Luanda

Uma outra curiosidade: a Historia da Unidade do BCAC2877 não faz qualquer menção à nossa chegada a Luanda.  Tambem nada reporta sobre a viajem no Vera Cruz.
Reporta toda a legislação abrigo da qual nós fomos convocados para a prática da guerra em África, no seu inicio, mas sobre os nossos primeiros momentos em Luanda nada refere.
Na verdade, a história do BCAC2877 começou a fazer quando da nossa mobilização e essa está transcrita.
Após o interregno entre o embarque em Lisboa, no cais de Alcantara, recomeça em Zau Évua com os primeiros contactos com as saídas para o mato.




quinta-feira, 19 de abril de 2007

A Doença do Sono


Ao ler a VOZ de Paço de Arcos, do passado mês de Dezembro de 2006, onde se fala de “As grandes doenças”, veio-me à recordação mais um pormenor da nossa passagem por África.
Curiosamente sobre um tema que, face ao que havia na data estudado, estava bastante bem informado. Pois para a zona Norte de Angola, não existia aquela praga “devoradora” da vida de homens e de animais.
Recordei-me da “ doença do sono “
Assim, para quem já se esqueceu ou para quem não sabe, recordo o que aconteceu: quando da nossa chegada a Luanda, fomos “baptizados”, no Campo Militar do Grafanil, debaixo dum enorme embondeiro, com uma pesagem e posterior vacinação contra a doença do sono.
Como desde miúdo, fui alérgico a agulhas, fiquei pasmado ao saber que a nossa ida à balança tinha directamente a ver com a quantidade de soro que nos seria ministrado, isso, em proporção directa ao nosso peso.
Claro, fiquei de longe a ver como eram as “modas” e na primeira oportunidade, raspei-me para bem “longe da vista” do inimigo da seringa, que mais parecia uma bomba de encher uma câmara de ar de bicicleta.

Porque admito que exista algum interesse pelo tema, aqui deixo, com a devida vénia, ao seu autor, pela recordação, transcrição da “Wikipédia, da referida doença.

Doença do sono
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa


A Mosca tsétsé transmite a Doença do Sono
A Doença do Sono ou Tripanossomíase Africana é uma doença frequentemente fatal causada pelo parasita unicelular Trypanosoma brucei. Há duas formas: uma na África Ocidental, incluindo Angola e Guiné-Bissau, causada pela subespécie T.brucei gambiense, que assume forma crónica, e outra na África Oriental, incluindo Moçambique, causada pelo T.brucei rhodesiense, forma aguda. Ambos os parasitas são transmitidos pela picada da mosca tsétsé (moscas do género Glossina).
.brucei é um parasita eucariota unicelular cujo género inclui ainda o T. cruzi, que causa a doença de Chagas.
O tripomastígota (comprimento de 20 micrómetros), a forma activa no sangue do Homem, tem núcleo central, uma única grande mitocôndria alongada, que contém o cinetoplasto,zona com o DNA mitocondrial. Tem ainda um flagelo que lhe dá mobilidade. A sua membrana celular ondulante (devido aos movimentos flagelares) é recoberta de glicoproteínas pouco imunogénicas, permitindo-lhe passar despercebido. As formas epimastígota e promastígota (formas na mosca tsétsé) são mais condensadas. Contêm ainda glicossoma, grânulos ricos em glicogénio.
O T.brucei gambiense causa a variante ocidental e é menos virulento que o T.brucei rhodesiense que causa a variante oriental. O T.brucei brucei não causa doença em seres humanos, mas causa a doença nagana em alguns animais domésticos.
A glicoproteína que o parasita exprime na sua membrana é reciclado continuamente com outros tipos de glicoproteína (codificados pela família de mais de mil genes VSSA, dos quais em um momento apenas um está a ser transcrito). A mudança dos antigénios externos permite-lhe escapar largamente ao sistema imunitário, pois quando anticorpos especificos contra um tipo de glicoproteína já estão fabricados, ele já mudou o gene que exprime e a glicoproteína já é outra.
//
[editar] Ciclo de Vida
O parasita existe na saliva das moscas tsétsé e é injectado quando estas se alimentam de sangue humano. Ao contrário do seu primo americano, o tripomastigota T. brucei não invade as células (nem assume forma de amastigota), alimentando-se e multiplicando-se enquanto tripomastigota nos fluidos corporais, incluindo sangue e fluido extracelular nos tecidos. Uma nova mosca Glossina é infectada quando se alimenta de individuo contaminado. Ao longo de cerca de um mês, o parasita assume várias formas (epimastigota principalmente) enquanto se multiplica no corpo da mosca, invadindo finalmente as glândulas salivares do insecto (as moscas vivem cerca de 6 meses).
[editar] Epidemiologia


Diagrama de 1880 da Mosca Tsétsé
A Doença do Sono ocorre apenas em África, nas zonas onde existe o seu vector, a mosca tsétsé. Não existe na África do Sul nem a norte do deserto Saara. Haverá cerca de meio milhão de pessoas infectadas em cerca de 40 países africanos.
A subespécie gambiense existe apenas a oeste do vale do grande rift africano, nas florestas tropicais, sendo um problema grave em países como os Congos (antigo Zaire), Camarões e Norte de Angola. A transmissão é principalmente de humano para humano, com menor importancia dos reservatórios animais. As moscas transmissoras são as Glossina palpalis, que se concentram junto aos rios, lagos e poços.
A subespécie rodesiense existe a leste do grande rift, principalmente na região dos grandes lagos, nas savanas: Tanzânia, Quénia, Uganda e Norte de Moçambique. Os antilopes, gazelas e animais domésticos são reservatórios importantes do parasita. Transmitido pelas moscas Glossina morsitans.
[editar] Progressão e Sintomas
Após a picada infecciosa, o parasita multiplica-se localmente durante cerca de 3 dias, desenvolvendo-se por vezes uma induração ou inchaço edematoso, denominado de cancro tripanossómico, que desaparece após três semanas, em média. O inchaço não surge na grande maioria dos casos de infecção pelo T. gambiense e apenas em 50% dos casos de infecção com T. rodesiense.
O parasita dissemina-se durante 1-2 semanas (T. gambiense) ou 2-3 semanas (T. rodesiense) da picada pelo corpo do doente. O T. gambiense produz muito mais alta parasitemia que o T. rodesiense. Os sintomas são todos durante as fases de replicação ou parasitémia. Os parasitas multiplicam-se no sangue, a maioria com uma mesma glicoproteína de membrana. No entanto alguns poucos trocam a glicoproteína por outra de dentro do seu leque de 1000 genes para essas proteínas, num processo aleatório. Quando o sistema imunitário produz anticorpos especificos contra a glicoproteína dominante, a maioria dos parasitas é destruida, mas não os poucos que, por acaso já tinham trocado a glicoproteína que usam. Os sintomas cessam, mas os parasitas com a glicoproteína diferente não são afectados pelos anticorpos produzidos e multiplicam-se, gerando nova onda parasitémica e de sintomas. Então são produzidos novos anticorpos contra a nova glicoproteína dominante, que mais tarde são eficazes em destruir a maioria dos parasitas excepto aqueles poucos que já trocaram novamente a glicoproteína que usam, e assim por diante. O resultado são ondas de multiplicação e sintomas agudos que vão aumentando até originar sintomas do tipo crónico, após muitos danos. A grande quantidade de anticorpos produzidos leva à formação de complexos dessas proteínas, que activam o complemento e causam também directamente danos nos endotélios dos vasos e nos rins. Os danos nos vasos geram os edemas, e microenfartes no cérebro, enquanto a anemia é devida à destruição acidental pelo complemento dos eritrócitos.
Os sintomas iniciais e recorrentes são a febre, tremores, dores musculares e articulares, linfadenopatia (ganglios linfáticos aumentados), mal estar, perda de peso, anemia e trombocitopenia. Na infecção por T. rodesiense pode haver danos cardiacos com insuficiencia desse orgão. Há frequentemente hiperactividade na fase aguda.
Mais tarde surgem sintomas neurológicos e meningoencefalite com retardação mental. Na infecção por T. gambiense a invasão do cérebro é geralmente após seis meses de progressão, enquanto o T. rodesiense pode invadi-lo após algumas semanas apenas. Sintomas típicos deste processo são as convulsões epilépticas, sonolência e apatia progredindo para o coma. A morte segue-se entre seis meses a seis anos após a infecção para o T. gambiense, e quase sempre antes de seis meses para o T. rodesiense.
[editar] Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é geralmente pela detecção microscópica dos parasitas no sangue ou líquido cefalo-raquidiano. Também se utiliza a inoculação do sangue em animais de laboratório, se a parasitémia for baixa, ou a detecção do seu DNA pela PCR.
Na fase aguda, o tratamento com pentamidina é eficaz contra T. gambiense, e a suramina contra T. rodesiense. No entanto a resistência é crescente a estes fármacos. Na fase cerebral, já poderá haver danos irreversiveis. É necessário usar o tóxico melarsoprol, que mata sem ajuda do parasita 1-10% dos doentes, ou no caso do T. gambiense eflornitina.
[editar] PrevençãoAs Glossina, ao contrário de quase todos os outros insetos que picam humanos são mais ativas de dia, logo dormir em redes apesar de aconselhado, não protege tanto como protege contra malária, cujo mosquito é noturno. É necessário usar roupas que cobrem a maioria da pele e sprays repelentes de insetos. O uso de aparelhos coloridos eléctricos que atraem e matam as moscas é útil. A destruição das populações de moscas é eficaz para a erradicação da doença.

domingo, 6 de maio de 2018

Venceslau Fernandes: "Fui para a guerra colonial e levei a bicicleta numa mala"



Excerto duma entrevista de Venceslau Fernandes


Para onde foi na tropa?

Fui para Lisboa, e daí para o Ultramar. Fui para a guerra em Angola e deu-me na cabeça em levar a bicicleta comigo. Não disse nada a ninguém, desmonteia-a toda e escondia-a numa mala. Fomos no Vera Cruz, em Julho de 1967, fez agora 50 anos.

E como é que foi lá?

Fui para o quartel em Luanda e pus-me a montar a bicicleta cá fora na parada. E nisto passa lá um fulano a levar cervejas para o quartel, ele era o distribuidor da cerveja Nocal e director do ciclismo do Benfica de Luanda. Viu-me lá com a bicicleta, foi ter comigo para saber quem eu era e quando lhe disse que já tinha feito duas Voltas a Portugal foi falar com o capitão para eu ficar pela cidade e correr pelo Benfica de Luanda. Ele falou com o comandante do destacamento, que era irmão do Mendes Pedroso, o director da equipa de ciclismo do FC Porto, e lá fui correr. Comecei a treinar de manhã e à tarde fazia os meus serviços no quartel. Fui ao GP Nocal e fiquei em 2º lugar, a chegada foi no estádio dos Coqueiros. A partir daí praticamente tinha tudo para poder dedicar-me ao ciclismo. Também estive no mato, debaixo de fogo, mas ficava quase sempre em Luanda. Participei em várias corridas e no ano seguinte ganhei o GP Nocal.

Depois voltou para Portugal?

Sim. O major Mendes Pedroso propôs-me um contrato com o FC Porto para ir correr a Volta a Portugal, ia ganhar 3.500 escudos por mês, o que era uma fortuna. Estava a preparar as coisas para ir correr pelo FC Porto, no Verão de 1969, e vim mais cedo para Portugal para ir correr o GP Robbialac. Só que a descer a serra da Arrábida, vinha fugido com mais dois corredores, estava muito nevoeiro e fomos contra um carro parado numa curva. Caí e parti o úmero. Fui para o Hospital Militar e fiquei lá 60 dias. Já não fui para a Volta a Portugal e acabei por não assinar contrato pelo FC Porto, porque o Mendes Pedroso já não estava lá.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

SPM - Serviço Postal Militar

O Correio durante a Guerra Colonial 
José Aparício 

Com a deslocação para África de grandes efectivos militares a partir de 1961, as Forças Armadas Portuguesas foram confrontadas com a necessidade óbvia de fazer chegar "O Correio" a todos os locais onde estivessem estacionadas unidades militares. 
Naturalmente, a grande maioria das forças do exército encontrava-se dispersa no mato em grandes áreas, onde não havia estações dos correios normais, muitas vezes em locais isolados e inóspitos, alguns de muito difícil acesso. 
Do antecedente o Exército Português tinha a experiência vivida na Flandres durante a 1ª Grande Guerra, quando foi criado, aprovado, e posto em execução o "Regulamento do Serviço Postal do Corpo Expedicionário Português - CEP" que serviu as tropas portuguesas em França em 1917 e 1918. 
No final dos anos 50 início da década de 60, houve necessidade de tornar operacional a Chefia do Serviço Postal da Divisão quando o Exército constituiu e tornou operacional a divisão "Nuno Álvares" integrada no SHAPE. O activar deste serviço nas grandes manobras que então ocorriam durante todo o mês de Setembro em Santa Margarida, e que envolviam cerca de 10,000 militares, aconteceu nas manobras de 1960. Para exercer as funções de chefia desse serviço postal, o Estado Maior do Exército requisitou aos serviços dos Correios um seu funcionário qualificado que graduou em Capitão, e que desempenhou com toda a eficiência a sua missão. Terminadas as manobras este quadro dos CTT regressou à sua anterior situação. 
Quando em 23Jun61 foi decidido criar um serviço de correios militar, o general Câmara Pina, Chefe do Estado Maior do Exército, requisitou de novo aos CTT o mesmo funcionário a quem, depois de graduar de novo em capitão, encarregou expressamente de organizar e pôr em funcionamento um Serviço Postal Militar no Ultramar. 
Nasceu assim o Serviço Postal Militar (SPM) tendo sido o seu primeiro responsável e Chefe do Serviço o capitão miliciano graduado ERNESTO LOURENÇO DIAS TAPADAS, que até ao fim desenvolveu um trabalho notabilíssimo. 
Aproveitando a experiência adquirida pelo Exército português na 1ª Grande Guerra, adaptou o que achou por conveniente, percebeu rapidamente todo a problemática envolvente, e estabeleceu o seu plano de acção eliminando com muita habilidade e diplomacia todas as dificuldades que foram surgindo com os 2 colossos monopolistas, que eram os CTT Continentais e os CTTU do Ultramar, e também com os serviços de Alfandega metropolitanos e ultramarinos. 
A definição dos códigos de endereços foi a tarefa imediata a que a Chefia do SPM se dedicou e que se tornou determinante para o lançamento do serviço. 
Esses códigos eram constituídos por 4 dígitos, dos quais os primeiros 3 definiam a unidade militar, e o ultimo a província ultramarina. Assim, inicialmente o digito 1 correspondia à Índia, o 2 a S Tomé, o 3 a Macau, o 4 a Moçambique, o 5 a Timor, o 6 a Angola, o 7 a Cabo Verde, o 8 à Guiné, e o 9 à Metrópole. 
Devido ao cada vez maior número de unidades em Africa, o critério inicial teve de ser rapidamente alterado, e a atribuição dos IP (indicativos postais) passou a ser feita, pelo EME para as unidades mobilizadas no continente, e pelos respectivos Comandantes Militares nos diferentes territórios para as unidades ali organizadas, mantendo-se sempre o ultimo digito definidor do território de destino. 
Um problema entretanto surgido foi com os navios da Armada que quando saíam das suas localizações iniciais, e navegavam para outros territórios, e de e para a metrópole, recebiam a correspondência com atraso. Para resolver o problema, o 4º digito 1, que inicialmente dizia respeito a Índia, passou a ser atribuído aos navios da Armada, em substituição dos dígitos recebidos inicialmente conforme os locais onde se encontravam 
Após algum tempo, a atribuição de todos os IP foi atribuída a Chefia do SPM. 
Entretanto em Agosto de 1961, depois de difíceis e complicadas reuniões entre o Secretariado Geral da Defesa Nacional , a Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones (CTT) e os Correios Telégrafos e Telefones do Ultramar (CTTU), foi aprovado o celebre "aerograma", considerado um impresso-carta, isento de porte e de sobretaxa aérea, e que era constituído por 1 folha de papel com o peso máximo de 3 gramas, dobrável em 2 ou 4 partes, mas de forma que as suas dimensões depois da dobragem não excedessem os limites máximos de 150x105 mms, e mínimos de 100x70 mms. 
As regras estabelecidas para o endereço a colocar em toda a correspondência a enviar para as unidades expedicionárias obrigavam a que dele apenas constasse o nome, posto, e numero e o indicativo de SPM atribuído. 
A organização geral do SPM consistia numa Chefia em Lisboa, pelo menos uma Estação Postal Principal em cada território, e dentro destes tantas Estações Postais Secundarias quantas as que se revelaram necessárias face ao respectivo movimento postal, e ao numero de PMCs (Posto Militar de Correio), cada um destes apoiando ate 2500 homens. No fim da cadeia, havia em cada unidade um (EDPU) Encarregado da Delegação Postal da Unidade normalmente o(s) cabo(s) escriturário(s) da(s) unidade(s), que recebiam formação especifica para essas funções. 
Em 21Jul61 entrou em funcionamento em Luanda a Estação Postal Militar Principal nº 6, menos de um mês depois da criação do SPM! Quando se iniciaram as hostilidades na Guine e em Moçambique já ali se encontrava completamente operacional o SPM. 
O SPM foi um serviço totalmente constituído por milicianos, nele tendo servido 202 oficiais e 504 sargentos. O seu quadro foi constituído inicialmente apenas por funcionários dos CTT e CTTU, graduados em oficiais e sargentos conforme a sua posição hierárquica nos seus serviços. A partir de 1966 o recrutamento passou a fazer-se entre oficiais e sargentos milicianos da metrópole a quem era dado um curso específico no Centro de Instrução do SPM no Forte do Bom Sucesso em Lisboa. 
O serviço prestado pelo SPM foi notável. Muito para além dos números impressionantes de milhões de aerogramas, cartas, encomendas, vales do correio e valores declarados, por eles tratados e enviados; durante os anos de guerra a expedição média diária foi de 10 toneladas de correio(!!!) para um total transportado de 21 mil toneladas. 
É que nunca falhou, mesmo nos locais mais perigosos difíceis e isolados, e os prazos médios entre a expedição e a recepção eram mínimos. 
Só quem ali viveu esses tempos pode testemunhar o alvoroço e a alegria da chegada do correio, o conforto e ajuda que todos sentíamos pelas noticias da família e dos amigos. 
O SPM foi extinto em 10 de Julho de 1981, cessando toda a sua actividade em 31 de Dezembro de 1981. 
Com a discrição com que iniciaram os seus trabalhos, assim os terminaram, como se nada de especial tivessem feito, naturalmente sem reconhecimento público assinalável. 
O SPM que escolheu como divisa do seu guião "A vida por uma mensagem" bem a honrou ate ao fim. 
Ao Capitão Miliciano ERNESTO TAPADAS, e a todos os que integraram o SPM durante toda a sua existência, é devida uma enorme gratidão por milhões de portugueses; por todos os que, de 1961 a 1975, serviram na Índia, em Africa, em Macau e em Timor, e também por todas as suas famílias que em Portugal mitigavam as saudades e as suas angustias com as noticias dos seus filhos tão longe. 

Os que estiveram na guerra nunca os esquecem! 

Nota: 
A informação relevante acima descrita foi retirada do livro "Historia do Serviço Postal Militar" de Eduardo Barreiros e Luís Barreiros, ISBN 972-9119-65-1

quarta-feira, 20 de julho de 2011

21 de Julho de 1969


Não custa muito, nos dias que correm, ainda com tantas memórias a passarem pelo ecram das  recordações, escrever umas linhas sobre a viagem do BCAC2877 no então paquete Vera Cruz, transformado em navio de transporte de tropas e  iniciada a 12 de Julho de 1969, com o seu término em Luanda, ao romper da aurora do dia 21 do mesmo mês.
Uma paragem na Pérola do Atlântico, nos primeiros momentos da viagem, não chegou para para acalmar as imensas dúvidas que pairavam sobre o espírito dos então militares.
Depois do desfile pelos cais dessa Lisboa, cantados em tantos fados, calhou aos militares terem o seu fado, o seu fadário por terras de Angola, sem nada saberem  do seu futuro. Saboreiam apenas que aquele seria incerto e que o regresso ao passado poderia não ser esse futuro. Para alguns camaradas tal veio a acontecer.
Quem vai para a guerra, vive a esperança e a incerteza. Na esperança de que nada lhe aconteça e que a roleta da guerra não pare sobre cada um em mau momento. Na incerteza, de igual modo e pelos mesmos motivos, pois ambas andam sempre e a todo o momento de mãos dadas.
Por muito más que teriam sido estas viagens de ida para a Guerra, a vida a bordo, afinal uma pequena prisão em forma de pequena ilhota navegante, era suportável.  Para quem ia melhor instalado, oficiais e alguns sargentos".
Havia alguma dificuldade em fornecer alimentos a uma imensa população de militares, que tornaram o Vera Cruz superlotado.
A falta de água era uma das condicionantes.
Foram frequentes as vezes que muitos "praças" tomaram banho nas instalações dos sargentos.Os jogos de cartas costumeiros entre os militares foram os grandes companheiros na viagem.
Dum modo geral a alimentação não apresentava razão de queixa.
Com as habituais brincadeiras que sempre acontecem quando da passagem pelo equador, este já bem próximo do nosso ponto de chegada. Recodar-se  o que se dizia acerca dos enchidos, que sempre fazem parte do burnal dos militares - que se estragavam e que teriam todos que ser comidos para que não se estragassem.
Na verdade, mesmo que se tivesse esquecido, o Vera Cruz continuava a sua marcha a caminho de Luanda, indiferente às  preocupações e sentimentos dos seus viajantes. Vera Cruz viajou em grande parte do seu trajecto adornado. A sua inclinação, contudo não molestava em nada os peixes voadores que o acompanharam durante muitas centenas de milhas.
Alguns exercícios de salvamento, serviram igualmente para matar o tempo da viagem.
Com todo este exercício de recuperação de memórias, por pouco nos esquecíamos de mencionar que foi já durante a viagem que se começou a falar do local de Angola onde o BCAC2877 iria trocar de argumentos bélicos com os então terroristas, hoje nacionalistas.  O local ficou durante muito tempo, bem guardado.
Assim, com alguns enjoo e vómitos  se acercou o Vera Cruz das terras da Luanda Angolana.
Era o 21 de Julho.
Armstrong chegava à Lua.  pela primeira vez um homem pisava a Lua.


Pela primeira vez, muitos dos militares pisaram solo africano.

 Depois o Grafanil, um daqueles quartéis militares que ficam para sempre na memória de um qualquer mortal, para onde a tropa foi transportada em comboio estilo de transporte de gado.

Zau Évua, já se sentia.







Nota:
Não apresentamos fotos de Tomboco, Lufico, Quiximba e Quiende por não as termos nos nossos arquivos
QUIENDE
 
QUIXIMBA

Mais fotos de Qiximba (Clique aqui)

terça-feira, 9 de junho de 2020

10 de Junho do antigamente

09/06/2018


10 de Junho de 2018 - Açores



Estes tempos já passaram



Hoje nos Açores

Após cerca de 15 minutos de banho, o chefe de Estado tirou dezenas de fotografias com outros banhistas e elogiou a temperatura da água, “nos 21, 22 graus”, acima dos 14 com que tomou “nas últimas vezes” no continente.
As comemorações do 10 de Junho, que se prolongam até segunda-feira entre os Açores e os Estados Unidos da América, começaram hoje em Ponta Delgada, com o Presidente da República e o primeiro-ministro juntos desde o final da tarde.
O Presidente da República está desde cerca das 17:30 locais no Palácio de Sant’Ana para a apresentação de cumprimentos pelo corpo diplomático acreditado em Portugal, seguindo-se uma receção comemorativa do 10 de Junho, oferecida pelo presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, e onde já estará presente o primeiro-ministro, António Costa.

Juntos, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa assistirão, já à noite, a um concerto na igreja paroquial de São José e a um espetáculo de fogo de artifício, os dois últimos pontos da agenda de hoje das comemorações oficiais do 10 de Junho, que só vão terminar na segunda-feira, nos Estados Unidos, com passagens por Boston e Providence.
Em 2016, ano em que tomou posse como chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito de comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, acertado com o primeiro-ministro, em que as celebrações começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes portuguesas.
Nesse ano, o Dia de Portugal foi celebrado em Lisboa e Paris e, em 2017, no Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo.
Este ano, cabe aos Açores, mais concretamente a Ponta Delgada, receber a primeira parte das comemorações, viajando depois o Presidente da República e o chefe do executivo para os Estados Unidos, país onde vivem cerca de 1,4 milhões de portugueses e luso descendentes, estimando-se que 70% sejam de origem açoriana.
Contudo, será ainda em Ponta Delgada, no domingo, que se fará a tradicional Cerimónia Militar Comemorativa do Dia de Portugal, que contará com a participação de mais de mil militares dos três ramos das Forças Armadas.




Imagens da Internet do 10 de Junho de 1969

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta sexta-feira que as comemorações de 2018 do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesa vão ser nos Estados Unidos da América.
"Para o ano vamos ter uma grande festa, porque o 10 de Junho vai ser nos Estados Unidos da América", afirmou o chefe de Estado, adiantando que "vai "passar por vários sítios onde há comunidades açorianas que nunca mais acabam".
Marcelo Rebelo de Sousa deu conta das comemorações do 10 de Junho do próximo ano nos Estados Unidos depois de ter tirado uma fotografia com um casal de emigrantes açorianos radicados em Boston, naquele país, no decorrer do almoço que reuniu mais de mil idosos na Praia da Vitória, na Terceira, ilha onde hoje cumpre o segundo dia de deslocação aos Açores.
Questionado pela Lusa sobre quando visitará a diáspora açoriana, o chefe de Estado adiantou que será já no próximo ano, no Dia de Portugal, que, num modelo inédito, comemorou com as comunidades portuguesas em Paris, em 2016, e este ano comemorará no Brasil.
Segundo a Direção Regional das Comunidades, que cita dados dos últimos censos norte-americanos, a comunidade portuguesa nos Estados Unidos é de cerca de 1,4 milhões de pessoas, estimando-se que 70% seja de origem açoriana.
Não obstante estar representada em todos os estados daquele país, a comunidade açoriana é mais expressiva na Califórnia, Massachusetts e Rhode Island.
Entre 1960 e 2014, saíram da região com destino aos Estados Unidos 96.292 emigrantes, informou a Direção Regional das Comunidades.

10/06/2019


10 de Junho


Porque razão o dia de Portugal se celebra a 10 de Junho? No dia 10 de Junho celebra-se em Portugal o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O feriado nacional assinala ainda o dia da morte do poeta Luís Vaz de Camões, em 1580, autor d´Os Lusíadas. Do programa do Dia de Portugal fazem parte muitas actividades, como desfiles e demonstrações militares, por exemplo. Este é o dia da Língua Portuguesa e do cidadão nacional.
História do Dia de Portugal
Durante o regime ditatorial do Estado Novo de 1933 até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, o dia 10 de Junho era celebrado como o “Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses”. Foi aproveitado para exacerbar as características nacionais. Como Camões foi uma figura emblemática, associada aos Descobrimentos, foi usado como forma de o regime celebrar os territórios coloniais e o sentimento de pertença a uma grande nação espalhada pelo mundo, com uma raça e língua comum.O 10 de Junho é estipulado como feriado, na sequência dos trabalhos legislativos após a implantação da República a 5 de Outubro de 1910. No decorrer desses trabalhos legislativos, foi publicado um decreto a 12 de Outubro, que definia os feriados nacionais. Alguns feriados foram eliminados, particularmente os religiosos, de modo a diminuir a influência da Igreja Católica e com o objectivo de consolidar a laicização da sociedade.




Os portugueses mais velhos recordam o que se passava no Terreiro do Paço

Os portugueses mais velhos recordam o que se passava no Terreiro do Paço



Escolha da Internet

11/06/2010


10 de Junho e a Guerra de África

Vamos abordar este temas na perspectiva do 10 de Junho e as suas comemorações com o envolvimento dos ex-combatentes.


Visitámos pela primeira vez este ano as comemorações, junto ao monumento dos Combatentes que fica situado junto das antigas instalações onde funcionava o SPM- Serviço Postal Militar no tempo da Guerra de África.

Já por lá tínhamos passado, tendo os nomes dos mortos em combate inscritos na momumental lápide que contorma em meia lua toda a parte posterior do monumento. Recordamos os nomes de nossos antigos companheiros que deixaram a vida em África numa luta inglória que a todo o momento a história no ensinava que não haveria victória possível contra aqueles povos por meios militares. Os livros e a história de lutas de outras nações, demonstraram isso mesmo.

Neste dia 10, fomos lá, com o intuto de observa o que por lá se passava.

A guerra deixa sempre consigo muitos saudosistas. Nacionalistas, defensores da pátria ou apenas e só dos ideais da guerra.

Pensamos que por lá, andaram ex-combatentes.

Misturaram-se todos. Encontraram-se amigos e companheiros desses tempos. Nota-se que alguns não passam um ano sem por ali passarem, usando o simbolo mais distinto e coerente de qualquer ex-militar obrigado a ir para a guerra mesmo contra os seus ideais e as suas vontades, as boinas.

Havias das várias cores que então se usavam nas nossas forças armadas. Ostentavam os simbolos das suas antigas unidades e das armas que representaram.

Alguns, já bem consumidos pela idade e pelas dienças.

Muitos, ostentavam garbosos as condecorações que ainda merecem ter ao peito pelos feitos que fizeram, pelos actos que praticaram

As cerimónias estavam ainda longe de começar.

Ao ver uma cidadã com pouco mais de 30 anos com uma camisa verde e o simbola da Mocidade Portuguesa, (“bufa” era assim que chamavam na escola onde andei ao tempo), achei que era tempo de passear para outras bandas.

Ao fim do dia, fiquei naturalmente satisfeito por saber que este ano, os antigos combatentes tiveram o “direito” a estarem representados e em primeira linha, na parada militar que habitualmente abre as cerimónias oficias do 10 de Junho em cada ano.

Merecem por dever.

Representaram as cores da sua bandeira em guerra, com a importância suberba de hoje poderem recordar ao militares “profissionais” que para foram atirados por obrigação e não por profissão.

A minha vida nunca mais foi igual a partir do dia que embarquei até hoje mesmo – já lá vão quase 40 anos.

Um grande abraço a todos esses, porque infelizmente tambem fui um deles.  ( Parquedospoetas)

08/06/2018


10 de Junho de 2017

2017

O Presidente não tem dúvidas: "Devemos-lhes muito. São uns heróis. São um exemplo" ( Em 10 de Junho de 2017)

O Presidente da República considerou hoje que o país deve muito aos ex-combatentes, elogiando-os como heróis, após quebrar o protocolo, cumprimentando antigos militares da guerra do Ultramar e populares que assistiram às celebrações do 10 de Junho no Porto.

"Devemos-lhes muito. São uns heróis. São um exemplo [para os jovens]. É uma homenagem às Forças Armadas portuguesas", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no meio da multidão que o envolveu no fim da cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, justificando por que motivo cumprimentava toda a gente que o abordava.

"Mande-me isso lá para Belém", atirou, entretanto, o chefe de Estado, em resposta ao pedido de um antigo combatente que o abordou junto da viatura onde Marcelo entrou em direção ao aeroporto, para apanhar um avião para o Brasil, onde ainda hoje, e no domingo, prosseguem as celebrações Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

"Grande Presidente!", "Presidente, dê-me um beijo" e "Presidente, tire uma fotografia comigo" foram algumas das interpelações feitas pelas centenas de pessoas que assistiram às celebrações de hoje, junto ao Molhe, na Foz do Porto.

No fim da cerimónia militar comemorativa desta manhã, Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou os ex-combatentes da guerra do Ultramar, que tinham participado no desfile das várias Forças em Parada, e rapidamente foi rodeado por antigos militares e civis, caminhando "abraçado" por populares até à viatura que o aguardava na Avenida Montevideu.

O chefe de Estado presidiu hoje à cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, que se realizou-se a partir das 09:00 na zona do Molhe, junto ao mar, no Porto, que há 11 anos já tinha sido palco destas celebrações oficiais e onde as celebrações arrancaram na sexta-feira.

    09/06/2018


    10 de Junho - ex-combatentes

    Centenas de ex-combatentes do Ultramar juntam-se em Lisboa, na tradicional cerimónia do 10 de Junho


    Todos os anos será assim no 10 de Junho

    10/06/2010


    10 de Junho


    O dia 10 de Junho de 2010 fica marcado por ser a primeira vez que os antigos combatentes desfilaram na cerimónia militar oficial do Dia de Portugal. “Está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre portugueses. Com efeito é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos”, (Publico)


    10 de Junho - Guerra de África

    Foi assim para muitos portugueses o 10 de Junho até ao 25 de Abril

    21/03/2014


    Guerra no Ultramar - ano de 1963


                                                                                                                                                         CRONOLOGIA DA GUERRA NO ULTRAMAR - DE 1961 A 1974
                                                                                                                                                                       A Guerra em Angola, Moçambique e Guiné.
                                                                                                                                                                      1963




    Amílcar Cabral com guerrilheiras do PAIGC






    Janeiro

    18
    Debate pelo Governo português de um projecto de Lei Orgânica do Ultramar.

    23
    Início da luta armada na Guiné, com um ataque ao quartel de Tite pelo PAIGC.

    Fevereiro
    Expulsão dos portugueses residentes na Serra Leoa e proibição de importação de mercadorias portuguesas, por causa da política colonial de Portugal
    Organização, pelo Comité Político da FLN da Argélia, do Dia de Angola, como apoio à independência

    4
    Início da 3.ª Conferência de Solidariedade Afro‑Asiática na Tanganica, presidida por Julius Nyerere, em que foi pedido o boicote económico e diplomático contra Portugal

    21
    Encontro de Salazar com dois enviados do presidente Youlou, do Congo-Brazzaville, que se propõe mediar uma solução para o problema angolano



    Março



    Captura, por guerrilheiros do PAIGC, dos navios Mirandela eArouca perto de Cacine, que mais tarde utilizou para transporte de pessoal e material na Guiné-Conacri

    Reuniões da Comissão de Descolonização da ONU, atribuindo prioridade aos territórios sob administração portuguesa

    Deserção do piloto militar português Jacinto Veloso, que aterrou com o seu avião na Tanzânia
    1
    Publicação de um conjunto de decretos com vista à formação de um mercado único português

    10
    Declaração de Amílcar Cabral em Paris sobre a disponibilidade de o PAIGC suspender a luta, se Portugal quisesse solucionar pacificamente o problema colonial


    13

    Contestação do Governo português à competência da Comissão de Descolonização da ONU para decidir sobre os territórios ultramarinos de Portugal

    15
    Comemoração, pela UPA, em Leopoldville, do segundo aniversário do início das hostilidades em Angola, com a presença do primeiro‑ministro congolês

    Aníbal São José Lopes assume a direcção da PIDE em Angola

    21
    Demissão de dez oficiais, em consequência dos acontecimentos da Índia

    Abril
    Atribuição, a vários militares, do Prémio Governador‑Geral, instituído pela TAP, pelas acções valorosas em defesa de Angola

    Tentativa, por parte do MPLA, de reactivar a acção da ATCAR, Associação dos Quiocos do Congo, Angola e Rodésia

    3
    Anúncio, por Franco Nogueira, da intenção de negociar um pacto de não‑agressão com os países limítrofes de Angola e outros países africanos

    9
    Comunicado oficial do Governo do Senegal sobre o bombardeamento efectuado por quatro aviões portugueses a uma aldeia fronteiriça, sendo o assunto comunicado ao Conselho de Segurança da ONU

    11
    Publicação da Encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII com referência explícita à independência de todos os povos


    20
    Reunião Internacional da Juventude em Argel, com a presença de representantes de Angola

    Maio

    Entrevista de Mário de Andrade, do MPLA, ao jornal Le Monde, em que afirma ser indispensável e decisivo o isolamento total de Portugal

    François Mendy, presidente da Frente de Luta pela Independência da Guiné (FLING), preconiza uma conferência para o reagrupamento de todos os movimentos nacionalistas das colónias portuguesas 1963.05 Comandante Vasco Rodrigues, governador?geral da Guiné

    Conferência entre Peterson, representante da UPA, e o presidente Kaunda em Elisabeteville sobre a possibilidade de a UFA utilizar o território da Rodésia do Norte (actual Zâmbia) como base

    Nomeação de João Eduardo como representante permanente do MPLA em Argel

    Tentativa de desmantelamento por parte das autoridades portuguesas de uma organização da Frelimo no Norte de Moçambique

    Reunião do Comité Executivo da União Internacional dos Estudantes (UIE) em Argel, em que é apresentado um relatório sobre a situação em Angola

    25
    Fundação da Organização de Unidade Africana (OUA) pelos chefes de 30 Estados independentes de África reunidos em Adis Abeba


    28
    Anúncio, pela NATO, da instalação em Portugal da base de comando da Zona Ibero­Atlântica


    29
    Recepção de Franco Nogueira por Kennedy e Dean Rusk

    Junho

    Corte de relações diplomáticas da República Árabe Unida com Portugal devido à política colonial portuguesa
    Assalto à sede do MPLA, em Leopoldville, pela polícia congolesa, que prende Agostinho Neto e Lúcio Lara

    7
    Declaração do secretário de Estado para os Assuntos Africanos dos Estados Unidos, segundo a qual os interesses estratégicos dos EUA exigem a continuação da cooperação com Portugal

    10
    Fundação, pelo MPLA, da Frente Democrática de Libertação de Angola (FDLA)

    Primeira cerimónia do Dia da Raça realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa, de homenagem às Forças Armadas

    30
    Passagem das acções do PAIGC para norte do rio Geba

    Julho
    Declarações do abade Youlou, presidente do Congo­Brazaville, em Paris, sobre conversações acerca da efectivação de eleições em Angola, solução contestada pela FNLA

    Criação em Leopoldville da Frente Democrática para a Libertação de Angola, sob a presidência de Agostinho Neto, constituída pelo MPLA e outros pequenos partidos 1963.07 Reconhecimento exclusivo do GRAE e da FNLA, chefiados por Holden Roberto, pelo Governo do Congo‑Leopoldville (República Democrática do Congo) com reacções negativas de alguns países africanos

    Decisão da Libéria de expulsar portugueses residentes no seu território, com excepção dos que solicitarem estatuto de refugiados

    Corte de relações diplomáticas do Senegal com Portugal, com proibição de circulação de pessoas e mercadorias na fronteira com a Guiné

    Notícia do Le Monde sobre um contacto de Benjamim Pinto Buli, secretário­geral da União dos Naturais da Guiné (UNGP) com as autoridades portuguesas para a criação de um regime de autonomia interna

    Utilização, pelo PAIGC, da primeira mina anticarro, na estrada Fulacunda-São João

    1
    Debate, em Brazzaville, entre os movimentos nacionalistas angolanos no sentido da formação de um Comité de Coordenação
    Início da Conferência Internacional de Instrução Pública, em Genebra, em que é aprovada uma moção que pede a exclusão de Portugal por causa da sua política colonial

    10
    Início dos trabalhos de uma comissão de boa vontade nomeada pelo Comité de Libertação Africano no sentido de tentar unir os esforços dos movimentos de libertação angolanos

    13
    Reconhecimento do GRAE pelo Comité de Libertação da OUA (Organização de Unidade Africana)


    Início da visita a Leopoldville de uma missão da OUA, que recomenda aos países africanos o reconhecimento do GRAE e o apoio à FNLA

    16
    Encontro de Salazar com Benjamim Pinto Buli, dirigente de uma das facções da FLING

    22
    Crítica de Mário de Andrade à formação da Frente Democrática de Libertação de Angola pelo MPLA

    24
    Encontro entre o presidente do Congo-Brazzaville, Youlou, e o embaixador português em Paris sobre um programa para a realização de eleições em Angola

    27
    Exclusão de Portugal da Comissão Económica para África (CEA), organismo da ONU

    31
    Oposição dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, no Conselho de Segurança da ONU, à aplicação de sanções contra Portugal
    Resolução do Conselho de Segurança da ONU que rejeita o conceito português de «províncias ultramarinas», decidindo que a situação perturbava seriamente a paz e a segurança em África, apelando a Portugal para reconhecer o direito de autodeterminação e independência

    Agosto

    Congresso dos partidos nacionalistas de Cabinda em Ponta Negra, com a presença do presidente Youlou, do Congo-Brazza, onde se formou a Frente de Libertação de Cabinda
    Carta de Salazar ao primeiro-ministro sul-africano pedindo cooperação e lembrando que «estamos quase sós em África», explicando que ou o bastião português resistia ou a guerra atingiria a África do Sul
    Reconhecimento do GRAE de Holden Roberto pela Tunísia, Argélia e Marrocos
    Convite de Portugal ao secretário-geral da ONU para visitar Lisboa, a fim de tratar das questões da política portuguesa em África
    Concessão, pelo Governo português, à Pan American International Oil Corporation, da prospecção de petróleo em Moçambique

    10
    Crítica do marechal Craveiro Lopes a alguns aspectos da política ultramarina

    12
    Discurso de Salazar sobre o problema do ultramar, que teve grandes repercussões internacionais e levou os nacionalistas a reafirmarem a continuação da luta

    23
    Interdição do espaço aéreo do Senegal a aviões procedentes ou destinados a Portugal e à África do Sul
    Cerimónia de apoio dos generais e oficiais superiores a Salazar e à política ultramarina

    27
    Manifestação nacional no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio à política ultramarina do Governo, que serviu de base à legitimidade da política de defesa ultramarina do Governo português

    29
    Início das conversações de George Ball, representante americano, com Franco Nogueira e Salazar, em Lisboa, em que se evidenciam as divergências relativamente aos conceitos de autodeterminação e do factor tempo no problema africano

    30
    Encontro de George Bali, subsecretário de Estado americano, com Salazar, sendo debatida a atitude americana face à política colonial e a presença dos EUA nos Açores

    Setembro

    Reconhecimento do GRAE de Holden Roberto pelo Senegal
    Conferência de imprensa, no Rio de Janeiro, de Jorge Goinola, representante do GRAE, acompanhado de Humberto Delgado
    Utilização pela FNLA, na região de Noqui, Norte de Angola, de minas AC MK7 e granadas de mão Societa Romana
    Conflito entre a FNLA e a FNLEC por causa de declarações sobre o enclave de Cabinda
    Condenação, pelo VIII Congresso Internacional Socialista, dos países que persistem em oprimir os povos coloniais, como Portugal 1963.09.16 Início de uma visita de Américo Tomás a Angola

    23
    Chegada do ministro da Defesa, general Gomes de Araújo, a Moçambique para uma visita ao território

    Outubro
    Utilização pelos nacionalistas de Angola do seguinte armamento: granadas de morteiro 60, LG anticarro AC-P27(checo), LG RPG2 (russo), canhão sem recuo 57 (chinês) e canhão sem recuo 75 (chinês)
    Realização da XVIII Assembleia Geral da ONU, em que os países afro-asiáticos atacam a política colonial portuguesa
    Realização de conversações entre representantes portugueses e africanos, promovidas por U'Thant, secretário-geral da ONU, que virá a apresentar um relatório ao Conselho de Segurança sobre estas conversações
    Anúncio, em Leopoldville, do recomeço da ofensiva no interior de Angola por parte do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), da FNLA

    3
    Posse, em Bissau, do novo secretário-geral da província da Guiné, James Pinto Buli

    4
    Conferência de imprensa do Quartel-General de Luanda para comunicação da situação militar em Angola

    16
    Início de conversações entre Portugal e alguns países africanos, sob a égide da ONU, que incidiram, sem acordo, no sentido e no alcance do conceito de autodeterminação

    17
    Decisão do Governo português de considerar os crimes previstos na legislação militar, como cometidos em tempo de guerra

    Novembro
    Reorganização do MPLA, com ligação ao Corpo Voluntário Angolano de Auxílio aos Refugiados (CVAAR) e da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA)

    2
    Encerramento da sede do MPLA em Leopoldville e proibição da actividade do movimento no Congo

    7
    Recepção de Franco Nogueira por Kennedy

    8
    Debate na Comissão de Curadorias da ONU, sendo pedido ao Conselho de Segurança que se ocupe com urgência da situação nos territórios portugueses

    22
    Assassínio do presidente Kennedy, nos Estados Unidos da América

    Dezembro
    Primeiras actividades operacionais na Zona Militar Leste, em Angola
    Intervenção de Henrique Galvão na ONU sobre a «questão ultramarina portuguesa»

    3
    Resolução da Assembleia Geral da ONU, a solicitar ao Conselho de Segurança a adopção das medidas necessárias à execução das suas resoluções relativas aos territórios sob administração portuguesa

    6
    Declaração pública dos Estados africanos participantes nas conversações com Portugal, em que se lamenta o facto de não ter modificado minimamente os princípios fundamentais da sua política, tornando impossível qualquer conversação séria

    9
    Convite do Governo português ao secretário-geral da ONU, U'Thant, para visitar Angola e Moçambique

    11
    Resolução do Conselho de Segurança da ONU, a confirmar o conceito de autodeterminação da Declaração Anticolonialista e a deplorar a inobservância da resolução de 31 de Julho de 1963

    11/06/2018


    Ex-Combatentes - Homenagem


    10 Junho de 2018



    A Liga dos Combatentes e a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) pediram hoje ao Governo mais apoios sociais e na área da saúde, alertando para o muito que há por fazer pela sua "dignidade e inclusão".

    "É uma pena que Portugal, e quem nos representa, não sinta que ainda há tanto a fazer pela dignidade, pela inclusão de todos os cidadãos que lutaram de uma forma abnegada, com espírito de sacrifício e no cumprimento do serviço militar obrigatório. Os nossos representantes continuam sem responder a muitas das necessidades que são sentidas por todos os quantos lutaram", afirmou aos jornalistas Carlos Fanado, da ADFA.

    Este responsável associativo, que falava após a cerimónia do 25.º Encontro Nacional dos Combatentes, que decorreu junto ao monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, Lisboa, reivindicou mais ajudas na área da saúde para quem lutou em nome do país.

    "A nossa média de idade está nos 70 anos, cada vez estamos mais doentes, com mais problemas, com mais necessidades de apoios em termos de ajudas técnicas. O Hospital das Forças Armadas não responde às nossas necessidades. Para marcarmos uma consulta estamos às vezes meses à espera. Há muita falta de cuidados de saúde ainda", denunciou.

    Carlos Fanado criticou também o Decreto-Lei 503 que, segundo o próprio, equipara os ex-militares feridos em teatros de guerra a funcionários públicos.

    "Têm reformas de funcionalismo público, reformas de 20, 30, 40, 50 euros. Pessoas com grandes deficiências. Desculpem a minha revolta, mas isto é uma vergonha de todos os portugueses e de Portugal", acusou o responsável da ADFA.

    Carlos Fanado lembrou ainda que há ex-militares, conhecidos como "milícias", que lutaram ao lado dos portugueses no Ultramar que "não tem nenhum apoio", recordando também que há processos relacionados com o stress pós-traumático a aguardar resposta "há 15 anos".

    Questionado se o Governo tem dado respostas a estas questões, o dirigente associativo lamentou as promessas não cumpridas ou adiadas.

    "Eles [Governo] prometem, mas a verdade é que as coisas não avançam. E o próprio senhor Presidente da República esteve há muito pouco tempo na nossa associação, no lançamento do livro sobre os nossos 40 anos, e ele próprio reconheceu que merecíamos maior respeito por parte da nação portuguesa", vincou Carlos Fanado da Associação dos Deficientes das Forças Armadas.

    O Presidente da República, que assinalou o 10 de Junho nos Açores, enviou uma mensagem escrita que foi lida pelo presidente da Comissão Executiva das comemorações do 25.º Encontro Nacional dos Combatentes, tenente-general Carlos Carvalho dos Reis.

    "Saibamos saudar e homenagear, através da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, aqueles que mais sofreram na guerra de África, os nossos deficientes das Forças Armadas, a quem é da maior justiça que a pátria saiba respeitar concedendo-lhes as ajudas mais do que merecidas", apelou Marcelo Rebelo de Sousa, na sua mensagem.

    O presidente da Liga dos Combatentes (LC) também pediu mais apoios sociais e na área da saúde, lembrando que essas "são necessidades dos combatentes" que têm apenas um estatuto: "morrer se necessário pela pátria".

    Em declarações aos jornalistas, o tenente-general Chito Rodrigues, apelou à Assembleia da República que altere "muito rapidamente" a lei 03/2009, relativa ao complemento de pensão dado a quem "esteve na guerra", que equivale a 76 euros por ano.

    "Era uma lei em que os combatentes recebiam algo de acordo com o sacrifício, aplicando uma determinada fórmula e, passados sete anos, alteraram para a lei 03/2009 e transformaram o complemento de pensão em algo que envergonha quem o estabeleceu ou calculou e envergonha quem o recebe", sublinhou o presidente da LC.

    Outra das reivindicações prende-se com as "reformas de pobreza" recebidas por ex-combatentes.

    "Um dos objetivos da Liga dos Combatentes é que realmente aos combatentes, que sacrificaram parte da sua vida ao serviço do país, que essa Assembleia da República reconheça e lhes dê, pelo menos, o vencimento mínimo", pediu o tenente-general Chito Rodrigues

    Quiximba

    Os políticos de hoje e a maioria dos nossos Coronéis e Generais também já não sabem o que foi a Guerra do Ultramar


    Zau Évua

    Deviam passar uns meses em locais como estes, sempre na expectativa de serem atacados