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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Domingo à tarde

O QUE É QUE SE PODIA FAZER NO DOMINGO À TARDE?

Foi uma belíssima ideia aquela de pôr à disposição dos visitantes do 'blog' a possibilidade de ouvir música do 'nosso' tempo, ou seja, 'daquele' tempo durante o qual cumprimos o serviço militar obrigatório em condições tão especiais. As memórias que cada um de nós guarda daqueles tempos serão, obviamente, diversas de pessoa para pessoa, mas muitos dos estímulos que as avivam são partilhados pela maioria. E a música que se ouvia naquele tempo é um desses potentes estímulos na medida em que foi a grande e quase sempre disponível companhia para a amenizar a solidão e aquecer as saudades.
O que é que você vai fazer domingo à tarde? Que pergunta mais dura de se ouvir para quem estava confinado às condições da vida militar em cenário de guerra de contra guerrilha, longe do seu mais próximo ambiente socio-familiar? Mas, ao mesmo tempo, essa duríssima pergunta projectava-nos para aquele dia futuro em que nos reuniríamos, de novo, aos nossos longínquos familiares e amigos para retomar uma vida de normalidade.
Os mais de 24 meses da comissão de serviço cumprida em 'território' Zau Évuano foram muito duros particularmente para os que não puderam gozar os mesmo dias de descanso de que outros, mais afortunados, dispuseram. Mas a dor, o sacrifício, não se medem com fita métrica nem com balança. Cada sente as coisas à sua maneira.
E o que é que se podia fazer no domingo à tarde lá no Lufico? Há que referir que o quartel ali estava isolado de qualquer núcleo populacional onde se pudesse, pelo menos, ver outras caras que não fossem apenas as nossas. Os nossos companheiros que viveram em quartéis integrados em ambiente social, ainda que de estrutura, composição e cultura muito diversa daquela a que se estavam habituados, poderão imaginar como era apreciada a nossa possibilidade de, a cada quinze dias, irmos fazer a escolta do MVL, o que nos levava até Tomboco, a cerca de 80 quilómetros. De notar que essa deslocação representava a mais alta probabilidade de um encontro bélico, de resto confirmada pelo registo histórico de ocorrências naquele percurso, o que havia determinado a presença de apoio aéreo para aquele tipo de operação. Mas todo esse risco era esquecido ante a possibilidade de, ainda que fosse por pouquíssimo tempo, 'socializar' em termos mais parecidos com a normalidade.
No quartel, outras caras que não as nossas só podiam ser a do nosso capelão, as dos oficiais superiores que nos visitavam e as dos pilotos dos taxis aéreos que nos levavam os víveres frescos. A permanência do capelão constituía uma novidade muito valiosa, pelo menos para os que aproveitavam para recuperar a sua vivência religiosa. A maneira de ser e de actuar do padre jesuíta que nos tocou como capelão era apreciada por todos e, por certo, deixou boas recordações. Das visitas dos oficiais superiores nem vale a pena falar dado o seu carácter muito 'oficial', coisa que não permitia um convívio generalizado. Os pilotos demoravam-se pouco, é certo, mas eram muito admirados, provavelmente porque traziam uma 'mercadoria' muito cara: o correio. E sobre esta 'mercadoria' já tudo foi dito. Uns outros pilotos, no entanto, mereceram um especial acolhimento. Refiro-me aos representates da Cuca e da Nocal...
O tempo que mediava entre as operações militares e ou serviço ao quartel era passado na gestão de assuntos pessoais, como era o caso da lavagem de roupa, redacção de cartas, etc. e o tempo livre permitia a prática do desporto (futebol, como não?) e a audição de música. Também havia o artista informal que, tocando e ou cantando, algumas vezes nos fazia esquecer o lento correr do tempo. Por sorte, a experiência do comandante da companhia de anteriores comissões, permitiu que se abrandasse o rigor da disciplina e do aprumo própria de uma unidade militar, sem nunca atingir níveis perigosos. Recordo a respeito da “informalidade” do uniforme, (bastante reduzido) que, quando se ouvia o ruído do motor do avião com o correio e víveres frescos, o pessoal se recolhia às casernas, não fosse dar-se o caso de uma visita indesejada de algum oficial superior, o que obrigaria ao traje militar do regulamento. Imagino que lá junto do comando do batalhão não era possível esta versão “light” de vida de quartel. Porém, no caso do Lufico, foi o que permitiu chegar ao fim da comissão sem grandes casos de “cachimbismo” agudo.
Também foi possível instalar um “café” onde, além de se tomar a bica e jogar às cartas, se ouvia e se cantava música, sobretudo as canções que tinham ficado para trás na metrópole. No campo musical a nossa 'prata da casa' não atingia o nível de um Niza... mas lá nos divertíamos na mesma.
Enfim, tudo formas de sobreviver nas condições menos desejadas que alguma vez havíamos sonhado viver. Debaixo delas fizemos amizades e tivemos vivências que ainda povoam, felizmente, a nossa memória. E ao autor deste 'blog' devemos estar gratos por nos manter aberto todos os canais das nossas recordações.
Bem hajas

João Rego (Lufico)

terça-feira, 15 de abril de 2008

BCAC2877 - Angola 1969 a 1971


O nosso companheiro Silva, sempre nos vai remetendo, de vez em quando, umas fotos que consegue encontrar lá por casa.
Desta vez, quando foi apanhado pela objectiva na limpeza do seu "hotel".
Uma recordação, entre muitas que sempre vão aparecendo.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Encontros


Domingo visitei, por casualidade, o nosso antigo companheiro Fernando Madruga - furriel mecanico de armamento.
Uma passagem próximo da Benedita, onde vive, aproveitando um intervalo do que me levou para aquelas bandas, "desenfiei-me" e bati-lhe à porta.
A alegria do nosso encontro, demonstra bem os laços de grande amizade e companheirismo que foram sedimentados durante todos estes anos que tiveram o seu inicio com a guerra de Africa.
Aqui fica este pequeno apontamento, como prova de quanto é bom e salutar o nosso encontro com quem partilhou uma pequena, mas penosa parte da nossa vida.
Outra razão não houvesse, esta seria uma para que se realize o nosso momento de confraternização anual.

terça-feira, 8 de abril de 2008

DO - Acidentado




















Depois de uma missão de Revis ( Reconhecimento aéreo), este foi estado em que ficou uma avioneta Do (27) após ter-se despenhado nas imediações do aquartelamento de Zau Évua.


O piloto faleceu e dois outros militares sobreviventes ficaram muito mal tratados, tendo sido evacuados para Luanda por meios aéreos.





Motor:Lycoming GO-480-B1A6 de 270 hp
Dimensões:Envergadura.................. 12,00 m

Comprimento................. 9,54 m

Altura............................ 3,28 m

Area alar....................... 19,40 m2
Pesos:Peso vazio..................... 983 Kg

Peso equipado................ 1570 Kg
Performances:Velocidade máxima......... 250 km/h

Raio de acção................. 870 km

Tecto de serviço.............. 5500 m

Razão de Subida.............. 198 m/min
Resumo histórico
Os aviões Do 27, de que a Força Aérea teve 133 exemplares nas versões A3 e A4, começaram a ser recebidos em 1961. Estes aviões foram adquiridos para operação no Ultramar, em missões de transporte ligeiro, evacuação sanitária e reconhecimento armado - para o que era equipado com lança foguetes - e operaram, praticamente, de todas as unidades do Ultramar.

No fim das hostilidades alguns aviões foram cedidos aos novos países independentes e os restantes voltaram para a Metrópole

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Benfiquista de gema - conhecem-no ?







Aqui fica mais uma foto onde se reconhecem perfeitamente alguns antigos companheiros.
A curiosidade da publicação da foto, não está na própria foto, mas no facto de um destes dias, quando da inauguração da Casa do Benfica em, não foi em Alverca, mas por aí próximo, lá ter aparecido em plano bem visível o nosso antigo ajudante do capelão.
Reconhecem-no aqui nesta foto ?

sexta-feira, 28 de março de 2008

Poemas da Guerra - Angola 1969 a 1971 - BAC2877








Aqui fica uma referência ao Dr José Niza, médico do BCAC2877.
Para além de médico, tocador de viola poeta e conversador nato, era também, não fosse ele ribatejano de gema, caçador.
(documento recolhido, por casualidade, em Vila Franca de Xira)

O MIRANTE
oferece livro com Poemas de José Niza no 25 de Abril
“Um soldado perdeu uma bala /e que nem um tiro/o cabo disparou/a levar a notícia ao furriel”.
Estes são os versos que abrem o poema “Uma bala perdida”, um dos muitos incluídos no livro “Poemas de Guerra” de José Niza, que será distribuído com a edição de O MIRANTE que sai na semana em que se comemora mais um aniversário do 25 de Abril.
Trata-se de uma colectânea de poemas escritos pelo conhecido músico, médico, poeta e político escalabitano, em Angola, na altura em que ali cumpriu o serviço militar, entre 1969 e 1971. O lançamento do livro está previsto para a véspera do 25 de Abril.
A sessão será integrada na homenagem ao autor, que a câmara de Santarém está a preparar.
O livro Poemas de Guerra está polvilhado de um humor amargo que espelha o ambiente que se vivia entre a juventude portuguesa obrigada a lutar numa guerra sem sentido, como são todas as guerras.

terça-feira, 25 de março de 2008

Zau Evua - Angola - Bcac 2877 - O mato




Uma imagem recebida do nosso antigo companheiro Silva.
Com muito gosto, vamos sempre que tal nos é possível, mantendo um contacto via Net .
Aqui fica o seu contributo, com uma bela foto, demonstrativa do esforço que a NT desenvolviam nas acções apeadas nos densos terrenos repletos de altíssimo capim ou dentro das proprias matas
"O último sou eu JSilva.Andem lá companheiros façam um comentário, não custa nada Vejo blogues doutros batalhões toda gente participa, aqui está tudo esquecido um abraço para todos. "