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sexta-feira, 27 de março de 2020

50 anos não se apagam


Sobre o post anterior, publicamos o seguinte, com a devida vénia para os autores e pode ser que aconteça que algum dos deputados que tem na gaveta o estato dos ex-combatentes lhe avive a memória e procure abreviar a sua aprovação.



 -Será que o ex-alferes Humberto Fernandes teve conhecimento da emboscada, que eu relato no meu blog? Esta emboscada ao MVL, teve lugar no dia 24 de Fevereiro de 1974, perto de Quiximba e causou às nossas tropas 6 mortos, vários feridos graves e 2 prisioneiros, como relato no blog. Passado tantos anos seria interessante outros testemunhos de camaradas, que tenham tido conhecimento desta trajedia.


Capítulo V- Mais um capitulo da minha odisseia

Agora já nos encontrávamos mais perto do final desta etapa e os turras ainda não se tinham metido connosco, não estava a correr mal esta viagem pelo sertão Angolano.

A coluna continuava a rodar normalmente na picada muito esburacada e, devido aos constantes saltos da viatura nós saltávamos juntamente com ela, mas sempre com a arma bem segura nas mãos e as cartucheiras na cinta, não podíamos descurar a segurança.
Repentinamente rebenta estrondoso e diabólico tiroteio de armas automáticas e metralhadoras pesadas, toda a coluna se imobiliza e nós saltamos rapidamente para debaixo da viatura protegendo-nos debaixo das suas rodas.
Sob este tiroteio terrível e infernal o Farsola grita-me.
- Os cabrões estão a atacar a cauda da coluna! Estão a dar porrada nos nossos amigos do Meposo.
E eu confirmo angustiado.
- Pois, é. Entre eles estão o transmissões Valinhas e o enfermeiro Marialva.
O Batalhão de Caçadores 4912 com sede em Noqui, tinha a 3º companhia destacada em Mepala e a 2º em Meposo- que estava agora a ser fortemente atacada e na qual estavam integrados o Valinhas e o Marialva- Esta companhia do Meposo, assim como o restante Batalhão 4912 eram constituidos por soldados atiradores Açoreanos. Apenas os graduados e os especialistas eram provenientes da Metrópole.
Efectivamente o inimigo tinha uma tremenda e bem montada emboscada á nossa espera. Deixara passar a quase totalidade das viaturas e atacava forte e feio as duas últimas, dois veículos hunimogues com seis soldados cada, que como já referi faziam parte da escolta protegendo-nos a retaguarda.
O inimigo tinha criteriosamente escolhido o local da emboscada, a picada muito estreita e sinuosa, o terreno bastante ravinado e a contornar um alto morro, não permitia que as viaturas da frente invertessem a marcha para virem em socorro dos que estavam a ser massacrados.
Parecia que os nossos estavam a reagir, mas muito timidamente, pois distinguiam-se alguns tiros de G3, mas muito poucos.
Entretanto passados minutos do começo deste inferno, passam por nós a correr alguns soldados das viaturas da frente, vinham curvados com as armas em riste, a gritarem, injuriando e chamando nomes e impropérios aos turras, ao mesmo tempo que se tentavam incentivar e encorajar mutuamente.
Algumas balas perdidas e estilhaços passam alto sobre nós e algumas assobiam batendo nos taipais metálicos das viaturas. Que será feito do nosso ancião que ficara sozinho em cima da camioneta?
Junto a nós a menina chorava desconsolada agarrada ao pescoço da mãe, enquanto o rapaz gritando descontroladamente se aninhara junto do Farsola.
Mais soldados correm e praguejam, subindo o morro tentando o envolvimento, o tiroteio de G3 e bazucas torna-se mais intenso, mas passado pouco tempo quase se faz silencio, apenas alguns rebentamentos de morteiros se fazem ouvir cada vês a rebentarem mais distante, sinal de que os turras retiram e os nossos os perseguem á morteirada.
Todo este inferno demoníaco se desenrola muito perto de nós, as viaturas emboscadas devem estar a uns 100 metros ou menos, mas nada conseguimos vislumbrar devido á curva que contorna o morro e á mata cerrada.
A coluna fica imobilizada durante longas horas e assistimos á chegada de um héli – canhão que nos sobrevoa fazendo um ruído ensurdecedor, de seguida aparecem dois helicópteros mais pequenos equipados com duas macas cada. Receamos que o pior possa ter acontecido aos nossos amigos e camaradas.
Entretanto ordenam-nos que subamos para os nossos postos em cima da camioneta,
o Farsola fica deitado com a arma apontada á mata cerrada, enquanto eu fico no lado oposto a controlar o alto capim que me bate na cara. O velhote que entretanto eu ajudara a descer, aninhara-se junto da mulher e das crianças debaixo da viatura e todos entoavam um enorme pranto
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MANUEL ALDEIAS
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quinta-feira, 26 de março de 2020

1973 - MVL - Ambrizete - Sao Salvador

Os nossos ex-camaradas que fizerem muitas e muitas vezes estas escoltas, no calor, na chuva e no pó das picadas, aqui vos deixo fotos e textos muitos pormenorizados.
Os tempos que se levavam a fazer os percursos eram tremenbdos como se podem comprova.
Entre várias curiosidades, referimos as datas e um pormenor sobre uns testes feitos às metrelhadoras Breda (claro que faltava lá o Madruga para por a funcionar aquelas velhotas da Segunda Guerra Mundial



Entre Ambrizete e Sao Salvador, bem conheciamos o percurso

quarta-feira, 25 de março de 2020

Estatuto dos Antigos Combatentes

Parlamento negoceia texto comum para estatuto dos antigos combatentes
Os partidos estiveram de acordo no Parlamento sobre um Estatuto do Antigo Combatente "o mais consensual possível".
 Os três projectos em debate baixaram sem votação à comissão, onde será negociado um texto comum.



O número de antigos combatentes abrangidos não foi oficialmente divulgado mas, segundo fontes militares , deverá ultrapassar os 200 mil.

segunda-feira, 23 de março de 2020

BCAC2877 - antes do regresso

Para os ex-camaradas que tem algumas vezes questionado sobre o dispositivo  do BCAC2877 antes do regresso a Luanda para o embarque.
O BCAC2877 durante um período de tempo curto como se pode constatar no documento abaixo, teve sobre o seu comando todas as unidades nele descritas.
Podem ver que entre a chegada do BART2900 que nos veio substituir à área de Ambrizete  e a nossa retirada para Luanda foram poucos dias ou seja entre 27 de Julho e 02 de Agosto de 1971




Estatuto do Combatente para quando?

O Estatuto do Combatente fica para as calendas

quarta-feira, 18 de março de 2020

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Bate estradas

Este bate estradas enviado para a minha mulher Armanda a 7 de Julho de 1971 - primeiro dia de estadia em Ambrizete.
Tomamos o comando  da zona operacional que tinha a sede em Ambrizete. Ali estive duas ou tres semanas antes de regressar a Luanda para o regresso ao Puto a bordo do Vera Cruz a 12 de Agosto de 1971

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Salvado - do Pelotão de Reconhecimento



Salvado, já falecido.
Um camarada e amigo, sempre e em todos os momentos
Um operacional a 100 por cento sempre pronta para sair para o mato
Ao lado direito o Fernando Madruga, felizmente ainda vivo - tinha a missão de recuperar e reparar o nosso armamento

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Armando Fernandes que será feito dele



Aqui vemos o Armando Fernandes com a filha e a esposa, num dos poucos almoços que esteve presente.
Desde há muito que não sabemos nada dele.
Substitui-o o sargento Viegas que se acidentou na queda do DO 27 e que acabava a comissão a 13 de Maio. Acidentou-se à saida da messe numa noite de trovoada e grande vendavel e assim regressou ao Puto com um dos joelhos em péssimo estado