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quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Guerra - testamento

Todos quisemos acreditar quando da ida para a Guerra de África, que de lá, o regresso seria são e salvo.
Nada disso aconteceu.
A guerra não é complacente com as ideias e os desejas de cada combatente. A guerra traça um caminho e destroi tudo o que faz frente ou se atravessa no caminho.
Uns por lá ficaram, arrastados nas turbolencias dos águas bravias dos rios ou lagos, que não gostaram dos intrusos que os queriam consporcar com as suas armas,
Outros, a doença não os deixou que regressem de saúde igual á que de cá levaram. Outros nem regressaram, males desconhecidos ou incuráveis devastaram as suas vidas e num momento foram apanhados na teia larga da morte.
Aqueles que fruto de acidente, estúpido, como são todos os acidentes, também deixaram plantada na imensa terra africana a cruz com o seu nome e a data da sua morte.
E, tantos outros, que por uma razão ou outra ficaram com maleitas físicas para o resto da sua exist~encia.
Não podemos esquecer, os que tombaram, pela razão directa da guerra, apanhados em emboscada, por mina ou morteiro. Morreram uns, deixando ficar, bem longe dos seus queridos familiares e amigos aquela imensa saudade, tristeza e frustração da morte.
Mas muitos, outros, milhares e milhares que regressaram sem que se notasse nos primeiros tempos, nos primeiros anos, alguns, a cicatriz psicológica que a guerra deixa nas almas de quem lá andou. Hoje, sofrem, cada um á sua maneira, suportando um sofrimento frio e persistente que não se mede, não causa febre ou dor aparente, mas que existe.
Os anos passaram e as recordações dessa passagem pela guerra existe, surge em muitos momentos e pelas mais diversas razões.
O cheiro da terra quente quando uma chuvada forte cai, o azul dos céus em noites de calmaria, onde apenas os sons esquezitos da própria noite relembram as nomadizações de dias e dias e as dormidas no mato, as paisagens agrestes , os penhascos, as matas espessas ou as planícies extensas a perder de vista, fazem lembrar as estepes africanas, os sons característicos dos aviões monomotores que transportavam o correio ou os víveres para a confecção do rancho.
São lembranças, recordações que ainda não se apagaram, estão coladas ao espírito de cada um.



domingo, 14 de julho de 2013

Zau Évua - vista por um companheiro do nBCAC3849

Um BCAC que esteve na nossa zona a seguir à nossa vinda para o Puto
 
"Caros companheiros de jornada: Zau-Évua onde se localizava uma Compª Oper., que dependia Oper. do BCaç 3849, vivia o seu dia-a-dia num cenário de isolamento. A par do Lufico, também sem populações na área, os dias em Zau-Évua no enfiamento dos trilhos de infiltração IN, não seriam animadores. O IPR, secundário, que ia do Tomboco, passando pelo Lufico e seguindo até Mpala, normalmente com condições de circulação nem sempre em bom estado, eram os vértices de um triângulo, em que os militares nele englobados, sentiam o isolamento. Em Zau-Évua, só a passagem do MVL, quebraria quinzenalmente esse isolamento." Castilho

sexta-feira, 12 de julho de 2013

12 de Julho de 1969


Aqui,  Zau Évua, no Tomboco, Lufico, Quiximba e Quiende, passamos ,deixamos parte da nossa vida, da nossa melhor juventude.
Hoje, parte de nós, velhos, doentes e reformados. uma cambada de miúdos que nada fizeram na vida, sabendo gerir mal o nosso país, querem, tirar-nos parte das nossas reformas.  Dinheiro que é nosso.


domingo, 23 de junho de 2013

Porto Brandão no caminho para Zau Évua

Véspera de S. João, Porto Brandão início da caminhada para Zau Évua.


Aí vai em bicha de pirilau, ladeando a berma da estrada entre Porto Brandão e a Mata do Pinhal do Rei na Fonte da Telha.

Calor pela noite dentro, passando pelas terras que ficavam no caminho, onde se gozava à moda antiga as festas dos Santos Populares e com as enormes e pagãs fogueiras tradicionais que velhos e novos saltavam sem medo.

Esta foi a noite de véspera de S. João daqueles que mais tarde, a 12 de Julho, embarcaram no Vera Cruz, rumo o desconhecido, rumo a Angola, ao Norte de Angola, ao Tomboco, ao Quiximba, a Zau Évua e ao Lufico.

Zau Évua, seria a capital do Batalhão 2877 e ao Lufico, isolamento total, com arame farpado e instalações contruidas de madeira e telhados de zinco, apropriados para o tipo de clima que lá fomos encontrar.

Mesmo que não queira, que faça por esquecer, não consigo. Há datas que estão gravadas na nossa memória e só a morte as fará desaparecer.

Estas linhas, não servem para lembrar a todos os antigos camaradas esta data, servem sim, como apenas uma pequena lembrança para os mais novos, não se esquecerem que houve gerações de portugueses que foram muito sacrificados e que muito deram e até a sua vida ao seu país.

Hoje, grande parte dessas gerações estão a ser sacrificadas de maneira diferente, mas talvez tão cruel como o foram naqueles tempos.

sábado, 2 de março de 2013

Regimento de Infantaria 1 - Tavira 1


Para um regimento de Infantaria e para quem conheceu o antigo Quartel do CISMI, estranha-se a sua transferencia para aquelas instalações, não esquecendo que por lá existe um centro de férias para praças do Exercito e que aquelas instalações são talvez, muito limitadas na area ocupada. Não será que o Regimento foi colocado no Algarve, porque por lá não existia no presente nenhuma unidade militar, apenas "messes e alojamentos" para as férias dos militares.
Assim, muitos militares do QP já podem esperar a passagem à reserva ou à reforma próximos das suas terras. Será assim?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013