

Em 26Fev70 o BCaç foi rendido pelo BCaç 2859.
Despedida
Vou deixar-te.
Sou obrigado a partir.
É a sorte de um soldado
Que já não pode fugir
Do seu destino, traçado
Por um país decadente
Que está aser governado
Por alguem que, infelizmente, è cego e surdo e culpado
Do que está a acontecer.
A partir sou obrigado.
Não vou deixar-te por querer.
É a sorte dde um soldado.
É a sorte de um soldado
Num país que está a morrer.
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Dedicado à cidade da Guarda e a sua Gente, em vésperas de partir para Angola, como milkitar
Guarda, Novembro de 1965
O Blog do BCAC2877 tem-nos trazido a alegria de contactos tão inesperados quanto felizes.
De quando em quando, aparece um antigo companheiro da guerra de África que, ao passear pela Net nos encontra e comungando das mesmas razões e motivos da sua passagem por África, no nosso caso, por Angola, nos escreve.
Sérgio Sá, foi um desses antigos companheiros que por lá andou, antes de nós, mas próximo dos locais onde estivémos. Foi essa umas das razões por nos termos mantido em contacto.
Ontem teve a amabilidade de nos remeter dois livros de poemas da sua autoria, " versos na guerra versos na paz" e "onde apanhei estes versos" – "Poemas" no Alentejo - Colecção Verso Livre, o que muito agradecemos.
Deixamos hoje no Blog as capas dos livros, com um pequeno poema.
Oportunamente, faremos a publicação de mais alguns dos seus poemas que constem do livro.
Entretanto, já temos, 2 conjuntos de garrafas de óptimo vinho, embalados em caixa de madeira, com uma oferta, do nosso antigo companheiro, e artista plástico, com obra já feita, Mario Albano Gonçalves, acompanhada de uma sua composição artistica.
Agradecemos a lembrança e o gesto simpático e altruista da sua actitude.
As caixas serão sorteadas para o próximo evento em função das entradas no nosso almoço.
(Lamentávelmente, este ano, 3 companheiros, "esqueceram-se" de pagar o almoço)
Como todos os anos, a falta de alguns "refractários", este ano foram compensadas por uns "maçaricos" que se apresentaram pela primeira vez à formatura para o "rancho".
A ementa primou pela qualidade dos produtos utilizados na confecção e o cozinheiro de dia, bem merecia ter sido louvado pois, para além da quantidade, a qualidade da confecção seria digna de registo na "Caderneta Gastronómica".
Jose Niza, o médico do Batalhão, compareceu, tendo oferecido e autografado exemplares do seu livro "Poemas da Guerra"
Houve as fotos da praxe, e as animadas conversa costumeiras sobre as masi variadas peripécias que fomos obrigados a passar na Guerra.
O bolo com o emblema do Batalhão, (foi alvo de emboscada sob o comando o então comandante da CCS) e o espumante, foram o sinal de que a "parada da confraternização" estava a acabar.
Uns abraços de despedida e um até para o ano, com muita saúde.
Um trabalho do nosso antigo companheiro Ganganeli, complementado por uma típica receita Angolana.
A COMUNIDADE PORTUGUESA
Para existir uma comunidade é preciso que haja laços de ligação, baseados sobretudo na língua e na memória colectiva, passada de geração à geração, do bem e do mal, e interesses económicos, políticos e sociais. Assim, actualmente, a comunidade da língua portuguesa é formada de 8 países, www.cplp.pt., os quais se identificam com as bandeiras a seguir indicadas:
. Seria interessante saber o significado da bandeira de cada país. A bandeira portuguesa, a mais antiga, entre todas, teve início na década de 1128:
D. Afonso Henriques usou primeiro uma bandeira branca, quadrangular, com uma cruz azul centrada, e depois da batalha de Ourique em 1139, contra os mouros, substituiu a cruz original por uma cruz feita por 5 escudetes, também azuis, em forma de V, cada um simbolizando um rei mouro vencido, e dentro de cada escudete colocou cinco bezantes ou dinheiros, pontos brancos, lembrando-os as cinco chagas de Cristo, os quais somando no sentido horizontal e no sentido vertical, isto é 2 X 15, dão 30 moedas, em lembrança do acto de Judas da venda do Cristo.
D. Afonso III, finda a conquista aos mouros em 1248, acrescentou uma bordadura vermelha à bandeira anterior, nela representando 8 castelos em ouro, simbolizando as conquistas feitas aos mouros.
Ao longo dos tempos a bandeira foi sofrendo alterações, sendo de realçar as seguintes:
1 - D. Manuel I, 1495-1521, transformou a bandeira, bem como os escudetes, em forma de U e nela introduziu uma coroa simbolizando o absolutismo real, e todo este conjunto foi reduzido e centrado numa bandeira branca, quadrangular, quando, desde o reinado de D. João II, igualmente se encontravam, já, reduzidos para 7 castelos em ouro em vez de 8 anteriores, constantes da bordadura introduzida por D. Afonso III.
2 – D. João VI, 1816-1826, introduziu a esfera armilar, representando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, incluindo os restantes territórios ultramarinos, já antes utilizada por D. Manuel I nas obras da sua iniciativa em homenagem aos navegadores portugueses pelo mundo, como sua marca, assinatura ou selo, e fixou nela o conjunto simbólico anterior.
3 – República passou a usar uma bandeira bicolor com duas faixas, dividida verticalmente, sendo uma verde, menor, representando a cor do mar alto sulcado pela primeira vez pelos navegadores portugueses, com a esperança de descoberta das novas terras para o engrandecimento da Pátria, e a outra faixa, maior, rubra, representando a energia, esforço e sacrifício para a construção de Portugal europeu e ultramarino, através da expansão tanto na Península Ibérica como nas terras ultramarinas, Ásia, América e África, feita com a actividade militar e também com o proselitismo dos missionários franciscanos, dominicanos, jesuítas, etc.
O símbolo de cruz, significando a união dos 4 pontos cardinais, norte, sul, este e oeste, é o centro da bandeira portuguesa, desde os tempos iniciais de estabelecimento da nacionalidade portuguesa, e que com a expansão portuguesa se espalhou pelo globo, representado como uma esfera armilar, onde podemos encontrar os 8 países de expressão portuguesa, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, bem como os restantes falantes da língua portuguesa espalhados pelo mundo.
D. Afonso Henriques ao afirmar-se como cavalheiro do apostolo Pedro deu início a cristianização do mundo, o que depois foi reforçado com a assinatura com a Espanha dos Tratados de Toledo e de Tordesilhas, através do Papado.
A constituição de 1822 passou a referir os territórios ultramarinos como províncias e definiu a Nação Portuguesa como a união dos povos de Portugal, Ilhas Adjacentes, Brasil, possessões africanas e asiáticas, principio que foi reforçado sucessivamente na carta constitucional de 1826 e nas constituições de 1838, 1911 e 1933.
A revolução industrial inglesa, as revoluções americana e francesa, e a doutrina cristã, defenderam a igualdade para todos os povos e consequentemente se fez a guerra anti-esclavagista e o liberalismo em Portugal expandiu a cidadania portuguesa aos indígenas dos territórios ultramarinos e sucessivos governos difundiram naqueles territórios a língua portuguesa, como língua oficial, a religião e a moral católica, os costumes e as tradições, enquanto as línguas e culturas locais continuaram como meio de comunicação local e complementar;
Os códigos administrativo, civil e penal e outra legislação, aprovada em Lisboa, foi aplicada, após a adaptação aos costumes e tradições locais, em cada província ultramarina.
Esta ideia de comunidade, depois da 2ª Grande Guerra Mundial, foi continuada pelos pensadores da corrente luso-tropicalista, Gilberto Freire, Agostinho Silva e Norton de Matos, projecto que também foi defendido na década de 1950 pelos governos português e brasileiro, mas depois o Brasil, com o Presidente Jánio Quadros, esquerdista e simpatizante da União Soviética e de Fidel Castro, aproveitando a recusa das autoridades portuguesas em aprovar a proposta dos produtores de café brasileiro, em crise, de se aliarem aos produtores do café angolano, distanciou-se deste projecto de formação de uma comunidade única..
Mas em 1962 o governo português tentou recuperar a aproximação do Brasil através da argumentação de que a comunidade luso-brasileira favoreceria ambas as partes, com vantagens económicas e políticas, ideia que não avançou porque o Brasil invocou a necessidade de um referendo aos territórios ultramarinos para confirmar se os povos dos territórios ultramarinos se queriam manter-se portugueses, posição que contrariava a doutrina do governo português de que o ultramar era parte integrante da nação portuguesa e como tal não referendável.
Marcelo Caetano em 1971 procurou nova aproximação em termos empresariais, económicos e financeiros, abrindo Lisboa, Luanda e Lourenço Marques aos bancos brasileiros com facilidades de comércio e com a ampliação das linhas de navegação entre Brasil e Portugal e em 1972 afirmou que a "comunidade luso-brasileira pode ser um agente activo da história do mundo se quisermos que a seja, digo agente da história e para isso importa não acreditar na fatalidade que condena os povos a destinos inexoráveis, nem deixar-se arrastar por correntes dominantes, onde, sob o pretexto de ideais, preponderam os interesses, mas procurar resolutamente um propósito e segui-lo com inabalável firmeza de vontade."
Em 1974 General António de Spínola no seu livro "Portugal e Futuro" defendeu um "Estado pluricontinental" com desconcentração e descentralização de poderes em toda a "Comunidade Lusíada".
Também em 1974 Joaquim Barradas de Carvalho disse:"..assim, perante a encruzilhada, a Europa ou o Atlântico, pronunciamo-nos pelo Atlântico, como única condição para que Portugal reencontre a sua individualidade, a sua especificidade..ora esta apreciação passa..pela formação de uma autêntica comunidade luso-afro-brasileira, se um dia os legítimos representantes dos povos de Angola, Guiné e Moçambique, assim o entenderem, assim o decidirem…Nela todas as partes se reencontrariam na mais genuína individualidade linguística e civilizacional. É esta a condição para que Portugal volte a ser ele próprio."
Com a sua adesão a CEE em 1986 Portugal recuperou-se economicamente e reatou relações com os antigos territórios ultramarinos e com o Brasil e tornou-se uma plataforma privilegiada para os países lusófonos para entrada no mercado europeu e para a cooperação cultural, política e económica, e em reforço dessas posições, entretanto, tomaram algumas medidas:
- Desde 1985 a Fundação Gulbenkian dedicou-se a difusão da língua portuguesa;
- Foi criada em 1988 a Fundação Oriente para reforço de ligação histórica e cultural entre Portugal e Extremo Oriente, Macau, países do Índico e do Pacífico, abrangendo as rotas marítimas portuguesas;
- Em 1989 realizou-se em Lisboa o 1º Congresso dos Escritores da Língua Portuguesa;
- Foram criados em 1991 o Instituto de Camões para a promoção da língua portuguesa e o Fundo para a Cooperação Económica;
- Em 1992 foi criada a RTPI para ligar os falantes da mesma língua e coordenar as estações televisivas de Portugal, Brasil, PALOP e Timor, EUA, África do Sul, Macau e Galiza;
- Foi criada em 1994 a Fundação Portugal-Brasil ou Fundação Luso-Brasileira para promoção da língua portuguesa.
Para incluir na ementa do almoço, dia 6 do próximo mês, aqui vai a receita do prato típico angolano:
MUAMBA DE GALINHA
Ingredientes:
. 1 galinha caseira
. 600 grs de dendéns
. 300 grs de quiabos tenros
. gindungo q.b.
. sal q.b.
. 1 dl de azeite
. 2 dentes de alho
. 2 cebolas médias
. 350 grs de abóbora carneira
Confecção:
Depois da galinha arranjada e lavada, corta-se aos bocados e tempera-se com sal, alho e gindungos pisados. Faz-se o estrugido com a cebola e azeite e põe-se nele o preparado. Entretanto cozem-se os dendéns, escorre-se a água e extraem-se os caroços, depois de os pisarem, e adiciona-se cerca de 1 litro de água e, após espremer, côa-se a massa e junta-se esta à galinha e deixa-se cozer, juntando a abóbora cortada aos cubos e os quiabos. Finda a cozedura, serve-se a muamba acompanhada com funge e bebendo um bom vinho tinto ou água.
Bom apetite.