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quinta-feira, 31 de agosto de 2006
quarta-feira, 30 de agosto de 2006
O Calendário
s. m.,
quadro, livro, folhinha que indica a divisão do ano em estações, meses, semanas e dias, dando também a maior parte das vezes a ordem das festas religiosas, feriados nacionais e anunciando certos fenómenos astronómicos, como lunações, marés, eclipses, etc. ;
almanaque;
programa;
plano da ocupação do tempo.
terça-feira, 29 de agosto de 2006
segunda-feira, 28 de agosto de 2006
O ataque ao Lufico - Crónica de João Rego
Ou
A GUERRA DOS PADEIROS
Crónica de um observador mal colocado
Decorria ainda o período de sobreposição, durante o qual o que provavelmente mais nos doía era a inevitável comparação da coloração viva e bem marcada das nossas fardas de maçaricos com a dos velhinhos, já quase sem cor. (Quando é que a nossa iria ficar amarelecida como aquela ?) Era curioso este mecanismo de percepção do tempo que faltava. (Não sei se um painel electrónico dos de agora – Faltam 730 dias para o fim da comissão – teria o mesmo impacte ...)
Já era noite e encontrava-me na companhia dos oficiais, velhos e recém chegados, quando se ouviu uns 2 ou 3 disparos, e, segundos depois, uma salva completa de tiros de espingarda, durante alguns momentos. Nós, os leigos na matéria, de imediato olhámos os nossos “anfitriões” em busca de uma qualquer reacção. E ela veio da boca de um dos “velhinhos” que exclamou: Eh, pá, isto é a sério.
O instinto levou-nos rapidamente a procurar armas e munições e a deslocar-nos para a parada onde se nos deparou uma cena um pouco caricata: todo o pessoal empunhava a sua arma, canos ao alto, (felizmente a instrução revelava-se ter sido útil), todo o pessoal tinha mandado uns tiritos, todo o pessoal andava de um lado para o outro, mas todo o pessoal NÃO sabia o que se tinha passado. Estaríamos, então, perante um caso de alucinação colectiva?
Não faltavam circunstâncias para justificar a reacção: éramos tropa maçarica, de entre a qual apenas o capitão e os sargentos podiam ter já tido experiência de fogo real em cenário real de guerra. Durante a viagem desde Luanda até ao quartel do Lufico fomos escutando uns comentários pouco tranquilizadores sobre o futuro bélico que nos esperava. E acabava-se, efectivamente, ouvido uns primeiros disparos.
Depois de algumas perguntas e trocados alguns comentários, apurou-se que um dos nossos soldados, tendo-se aproximado da cerca de arame farpado, provavelmente para verter águas, lá para os lados do edifício da padaria, vislumbrou duas pernas... e não esteve para meias medidas: prontamente foi buscar a arma. Disparou para as duas pernas que rapidamente se transformaram em quatro, sendo duas dianteiras e duas traseiras. Não terá havido calma para confirmar se havia rabo e cornos ...
E assim começara a guerra dos padeiros que, felizmente, não teve más consequências. Não houve baixas da nossa parte, nem o animal morreu. E o capitão deve ter ficado contente com o grau de pronta reacção da sua tropa ainda que perante um inimigo irracional.
Este episódio tem certamente muitos sub episódios anedóticos que dariam um relato muito mais interessante, decorridos que são tantos anos. Deixo o desafio para quem tomou nele parte desde outras perspectivas e conheceu outras reacções.
João Rego (Lufico)
sexta-feira, 25 de agosto de 2006
A chapinha milagrosa
quinta-feira, 24 de agosto de 2006
Cervejolas
Cada um de nós, sempre aprecia a sua cerveja, a sua marca de cerveja, a temperatura em que gosta de a beber, assim como o tipo de copo em que a mesma deve ser bebida.
A “ Imperial “, termo bem português, mantém-se ainda hoje no nosso dia a dia, para a cerveja a copo.
Pelas terras de África, no mato, a “Imperial” ainda não tinha hipótese por aqueles tempos.
A facilidade de refrigeração, também não era muita e acima de tudo pouco eficaz – frigoríficos a petróleo, em que a chama da unidade de queima tinha que estar o mais azul e com a chama o mais certa possível, sem que produzisse fumo ou fuligem.
A capacidade de armazenagem de cada frigorifico era diminuta, tendo em atenção, por exemplo, o numero de bebedores em simultâneo, quando os grupos de combate regressavam das suas operações, sedentos de “ matar a sede “.
Mas afinal, o que terá toda esta lenga-lenga a ver com a Cuca, com a Nocal, e tempos mais tarde, com a Sagres ?
quarta-feira, 23 de agosto de 2006
terça-feira, 22 de agosto de 2006
Efemeride - 22/08
Zau Evua - Capital do Império do BCAÇ2877
Porque estamos na véspera da data do regresso de Angola, recordamos o local onde muitos dos componentes do BCAÇ2877 passaram 24 meses da sua vida.
Hoje, agora mesmo, para os que não tiveram que passar por uma destas situações, podem compreender o desconforto de aqui viver, isolados de tudo, do contacto com o exterior, da civilização, afinal, em guerra.
As gerações actuais, os nossos filhos, os nossos netos, nos dias de hoje, ainda não conseguem entender os maus bocados que passámos.
Talvez, com algumas destas imagens, possam perceber o que foi a nossa vida naqueles tempos.
O regresso ao Puto, que se comemora amanhã, deixou gravada na nosso memória a recordação do voltar a casa, ao conforto e ao bem estar dos lares e famílias de cada um.
O pesadelo tinha ficado para trás.
Não vamos esquecer, aqueles que não regressaram connosco, assim como as suas familias, que agora recordam esses tempos de modo bem diferente de nós.
segunda-feira, 21 de agosto de 2006
12/07/1969 - DIA DO EMBARQUE ANGOLA
” Na manhã de 12JUL69 as subunidades do Bcaç 2877 deslocaram-se para o Cais da Rocha de Conde de Óbidos onde se efectuou a concentração do Batalhão. Após formatura, juntamente com o Bcaç 2878, à qual foi passada revista pelo Exmº Chefe do Estado Maior do Exercito que proferiu uma alocução de exortação às forças em parada, procedeu-se ao embarque no paquete “Vera Cruz” com destino à Região Militar de Angola.
Foi o seguinte, o pessoal embarcado sob o Comando do Comandante – Tem Cor de Infantaria – Arnaldo Carvalho Paula Santos: “
Segue a lista de todo o pessoal
sábado, 19 de agosto de 2006
O som . . .
Vamos recordar hoje, um som.
Um som que sempre teve um significado muito especial.
Quem passou por África, por esta ou aquela razão, tem sempre na mente, a medida exacta do significado de alguns sons.
Quem passou pela guerra, passou a ter um outro sentir pelo som.
Nas picadas, nas nomadizações, nas emboscadas, nos momentos de pausa no mato, para as refeições, para descanso ou para dormir, cada som parecia ter o seu significado próprio, que bulia, e, fazia crescer a adrenalina em cada um de nós, criando sempre a expectativa de um qualquer eminente acontecimento.
A ausência de som, também tinha o seu significado.
No entanto, havia um, que criava assim como que, uma efervescência, tipo Alka Seltzer, nos nossos sentimentos.
A expectativa criada era tamanha, que fazia deslocar os nossos pensamentos para um imaginário tão distante quanto a mente humana possa atingir.
Esse som fazia despertar a curiosidade, a expectativa, a comparação, o receio, o medo.
Com o seu aproximar, toda a efervescência interior se ia dissipando, passava-se daquela primeira expectativa para uma outra, em que a capacidade física se sobrepunha à mental.
A origem do som, poderia ser a mesma, mas, não ser aquela que de momento nos seria a mais conveniente. Se assim acontecesse, a tristeza abalava o nosso coração.
Quando a vista vislumbrava o avião que trazia o correio, então uma outra esperança estava criada.
A de ter correio.
sexta-feira, 18 de agosto de 2006
Do João Rego - Lufico
From: João Rego (Lufico)
To: zauevua@hotmail.com
Assunto [BCAC2877] 8/17/2006 07:15:04 PM Date: Thu, 17 Aug 2006 11:15:08 -0700 (PDT)
ola¡ amigos, Uma agradabilíssima surpresa! Um Blog dedicado à nossa memória. De muito interesse e utilidade. A nossa vida nada mais é que MEMÓRIA.
Bem hajam esses companheiros que organizam este espaço de recordações.
A par dos convívios anuais, o blog vai permitir prolongar esses reencontros programados numa base de maior frequência. Nunca se me apagou da memória o tempo e o modo da convivência humana proporcionada pela comissão de serviço militar em Angola, (Lufico) e o quanto fui aprendendo no contacto com todos. E tenho recordado, junto dos meus mais próximos e amigos, certas situações de onde saquei grandes ensinamentos. Se me permitem, uma sugestão: como sempre fui muito mau em reter nomes, ser-me-ia mais fácill situar-me se junto aos nomes que são referidos viesse indicado o local do quartel.
Este blog tem os dias contados (ou não) por força da sua natureza e da lei da vida. Se o batalhão embarcasse, de novo, agora, iria minguado, porque alguns de nós têm ido fazer a última comissão de serviço.
Uma forma de preservar a memória desses seria a manutenção de uma galeria de nomes e histórias associadas, para o que se teria de contar com os familiares. E desta maneira, passando a “missão†às novas gerações, o blog não acabaria.
Mais uma vez, um grande bem hajam
João Rego (Lufico)
A Guerra do Ultramar na NET
quinta-feira, 17 de agosto de 2006
O Lopes
Passados tantos anos, já não me recordava do seu nome. Conhecia bem a pessoa. A sua maneira de andar, calma e compassada, contraída e dando sempre a ideia que os seus pensamentos estavam a descobrir algo para além do infinito. Afinal de modo semelhante ao que se passava, quando em Zau Évua, todos os dias caminhava de igual modo para a rotina do dia a dia na secretaria do Batalhão
No primeiro momento, não me recordei do seu nome e, quando o interpelei, dizendo-lhe : Zau Évua diz-te alguma coisa ?
Bem, o Lopes ficou um pouco circunspecto e foi dizendo que passados tantos anos... ás vezes é dificil agente reconhecer alguns companheiros desse tempo.
É bem verdade.
Não creio que o Lopes alguma vez tenha comparecido num dos nossos almoços.
Terá evidentemente a sua razões.
Desta vez o convite para o almoço foi formal.
Falei-lhe que de vez em quando o via na baixa de Lisboa, ele sempre com aquele seu caminhar, mas que desde há muitos anos tal não tinha voltado a acontecer, talvez pelo facto de já há muito, por razões profissionais ter deixado de frequentar aquela zona da capital.
E foi assim que encontrei e convidei o Lopes para o nosso almoço de 16 de Setembro de 2006
quarta-feira, 16 de agosto de 2006
Atrazos
segunda-feira, 14 de agosto de 2006
Localozação Geográfica de Zau Évua
Sobre Zau-Evua - Angola
Fuso Horário - West Africa Time * UTC* - UTC+0100
Nacionalidade dos residentes - Angolanos
Moeda - Kwanza
Lingua utilizada - Português
Informação Geográfica
População - Não referenciada
Provincia - Zaire
Latitude -6.65000
Longitude 13.95000
Latitude (DMS) -6d -39m 0s
Longitude (DMS) 13d 57m 0s
Teste aos visitantes do Blog
Um pequeno comentário não custa muito.
Divagação
Não porque não existam motivos ou referencias no dia a dia, que nos recordem os "bons" ou os maus momentos que passámos em Angola.
Apenas porque a sonolência com que recordamos esses momentos nos projectam para um acordar com pouca pachorra, rabujento.
Um dia de trabalho entre 3 dias de descanço, é mais um motivo a agravar a situação.
Hoje estamos pachorentos, voltamos na quarta-feira.
sexta-feira, 11 de agosto de 2006
Vera Cruz
( Museu da Marinha - Lisboa )
O paquete «Vera Cruz»
A Companhia Colonial de Navegação foi fundada depois da I Grande Guerra Mundial, em Angola, a 3 de Julho de 1922.
Durante os anos sessenta a CCN, tal como todas as companhias de navegação portuguesas, assegurou, preferencialmente, os transportes marítimos entre Portugal e as colónias.
Já na década de setenta, com o sucesso dos transportes aéreos, os paquetes perdem importância como navios de carreira. A CCN passa, então, a utilizar alguns dos seus paquetes para cruzeiros e viagens turísticas. Até 1974, data da sua fusão com a Companhia Insulana de Navegação, dando origem à Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, possuiu um total de 14 navios de diferentes tonelagens e características.
O paquete «Vera Cruz», um dos mais emblemáticos navios da CCN, faz parte da história da emigração para o Brasil. Navio a vapor, de casco em aço, foi construído em 1951 pelos estaleiros Société Anonyme John Cockerill, na Bélgica. Foi destinado à carreira da América do Sul, para transporte de passageiros e de carga. Estava equipado com aparelhos de radar com alcance de 30 milhas, agulha giroscópica e piloto automático. Os passageiros, alojados em três classes, dispunham de salas de cinema, jardim de Inverno, piscina e hospital. Na viagem inaugural, iniciada a 20 de Março de 1952, com destino ao Rio de Janeiro, teve como passageiro de honra o almirante Gago Coutinho.
Já na década de sessenta, efectuou o transporte de tropas para as ex-colónias. Em 1973, foi vendido à Formosa, à semelhança de outros navios da mesma companhia.
Regresso de Luanda - 11-08-1971 - Navio VERA CRUZ
Aqueles que por aqui passarem, que lhes fique na lembrança que no dia 11 de Agosto de 1971, já lá vão nada mais nada menos que 35 anos, embarcamos em Luanda no paquete Vera Cruz, de regresso ao PUTO.
As recordações destas datas, talvez não sejam mais que " uma manifestação pós - traumática " resultante daqueles " Verdes Anos " que por aquela Angola fomos passando.
Se recordar é viver, recorda-se nesta data, aqueles que já não vão estar mais presentes no nosso convívio.
quinta-feira, 10 de agosto de 2006
Devolução de Correspondencia
1 - Manuel Marques Andrade - Cucujães - Falecido
2 - Manuel Gomes Gaspar - Leceia - Falecido
3 - Jose Julio Ribeiro - Vila Cha de Ourique - Cartaxo - Desconhecido no local
4 - Agnelo Gomes Melancia - Mudou de residencia
A quem conhecer algum familiar ou amigo, quer dos falecidos, quer dos outros companheiros, pedimos que nos remetam essa informação
Lembranças
Curiosamente, o nome de código dessa operação, já lá vão tantos anos, nada tinha a ver com os efeitos que produzia - Fénix Renascida .
Hoje e sempre, o fogo mata e deixa um rasto devastador por onde passa.