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domingo, 23 de julho de 2017

Guerra de África - o trauma

Custa pensar assim.
Na vida há bons e maus momentos.
Há recordações passageiras e persistentes.
Cada ser humano tem o seu ego, a sua matriz, o seu ADN.
Podemos comparar um com outros. Todos serão diferentes, mas alguns com pontos comuns.
Mas, dar comigo a cada momento a relacionar situações, fotos, cheiros, barulhos e notícias com a Guerra de África, começa a ser doentio.
Sinto que estou um pouco assim conforme vou envelhecendo.
Não quero esquecer o que passei por lá. Eu e as centenas de milhares que por lá passaram, obrigados.
Mas...
Mas , serei eu, só o único?

sábado, 22 de julho de 2017

21 de Julho de 1969


21 de Julho de 1969 a chegada a Luanda

Na senda das recordações e, acima de tudo, com a esperança que possamos deixar para o futuro, alguns dados da nossa vivência como militares e combatentes na Guerra de Áfria, vamos , com a nossa modèstia, deixando alguns relatos, opiniões e fotos dessa triste passagem de 2 anos por Angola.
Com Luanda à vista, depois de uma noite em que pelos rádios se ia ouvindo o relato da chegada do primeiro homem ao satélite da nossa Terra, o Vera Cruz, ansiava pelo descanso de uns dias, enquanto não regressava, pelo caminho das mesmas ondas para o Puto. Para lá levava, milhares de militares que iriam cumprir uma parte da sua obrigação de escrever umas tristes páginas da História de Portugal, para cá, o regresso não era tão penoso - uma parte dessas páginas já estava escrita por esses militares que esperavam com ansiedade esses momentos de embarque para casa.
Lentamente o Vera Cruz, como que cansado da longa viagem, foi-se aproximando do cais do Porto de Luanda. 

A enorme e lindissima baia, aí esta, tambem ela na expectativa de que, muitos dos agora forasteiros a iriam desfrutar em passeios descontraidos à beira mar, lavando o espírito das poeiras das picadas, das emboscadas, das doenças e da infinita tristeza gerada pela distância de familiares e amigos.
Luanda esperou.nos, com aquele calor tropical que desconhecíamos.
Esperou-nos e não foi nada hospitaleira.
Um enorme comboio, velho, mal tratado e nauseabundo, acolheu os militares, um pouco melhor que gado destinado ao matadouro, para nos levar, para o maior aquartelamento de Angola.




Á saída de Luanda, o Grafanil, era assim como uma placa giratória que albergava todos, os que chegavam e os que partiam.
Luanda era uma cidade enorme, com um movimento desusado de militares e civis. Muito civis eram militares,


Em Luanda, não havia guerra, mas havia o seu cheiro por todo o lado.
Circulava-se sem problema, a pé ou de transportes. Na cidade não havia guerra. 
Cafés , bares, restaurantes e cinemas funcionavam.
Haviam locais específicos para a troca de Escudos por Angolares.



Havia os bairros e casas do ricos. 
Havia as casas dos pobres e os bairros, os musseques, com a sua vida e a sua própria filosofia de vida.




Havia uma enorme rede de cafés, bares restaurantes e locais nocturnos. Estes, frequentados na sua maioria por militares que aí, matavam a sede da bebida e da "carne branca" a troco de muitos e muitos angolares.

Luanda, tinha uma população que acarinhava os militares. 
Pudera. Havia bastas razões para o fazer.
Quem pode fazer uma viagem, durante a noite, pela marginal e pela ilha, tive o previligérios de desfrutar um ambiente fantástico de cor, que muitas fotos atestaram

Por aí, ficamos, 2 ou 3 dias, antes que a guia de marcha no fizesse obrigar a ser carregados em camiões civis, com enormes taipais, onde fomos misturados com a parca bagagem que nos acompanhava.

A partir do momento em que foi pisado o solo angolano, não creio que tivesse sido lembrado que nesse mesmo dia, nesses momentos, o homem andava lá pela Lua. Com um pouco de sorte, algum dos 3 astronautas até no poderia ter fotografado (?).

Não mais foram lembrados. A preocupação de quem chegou era única - saber qual seria o poiso, que foi guardado, bem guardado em segredo.

Sabíamos que iríamos para o Norte, mas era tão grande esse Norte de Angola que a dúvida ficou sempre até ao final da viagem.

Ambrizete, foi a primeira paragem, não ficamos por aí, era bom demais para uns maçaricos como nós.



Até ao Ambrizete, ainda apanhamos uma picada asfaltada, embora com valas e enormes buracos por todo o caminho.





A partir do Ambrizete, Tomboco, Quiximba, Zau Évua e Lufico, foi só, pó e picada, pó e picada.


Tomboco - quartel da Missão



quinta-feira, 20 de julho de 2017

[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre CCAC2542 – LUFICO - Angola.

Mensagem deixada no Blog

 

De: Antonio Geraldes [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:48

Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre CCAC2542 – LUFICO - Angola.

 

Antonio Geraldes deixou um novo comentário na sua mensagem "CCAC2542 – LUFICO - Angola":

Pertenci à 2542. Convém esclarecer algumas indicações menos correctas constantes do texto no blogue. A 2542 fez o seu IAO em Murfacém, no alto da Trafaria, num antigo aquartelamento de artilharia de costa do tempo da Segunda Guerra. Nos últimos 15 dias fomos passar "férias" para o pinhal da Fonte da Telha, como as outras companhias do batalhão.
O caminho que ia do Tomboco ao Lufico fazia parte da "estrada Luanda-Noqui e continuava até essa povoação.
O abastecimento de Nóqui era feito pelo rio Zaire, pelo que o MVL ia aé ao Lufico e regresava ao Tomboco.
Salvo melhor informação, a 2542 foi a primeira e única Ccaç a aguentar dois anos (25 meses) no Lufico. Como diria o outro, não fomos melhores nem piores mas somente diferentes.
Obrigado pela existência do blog
A Geraldes



Publicada por Antonio Geraldes em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 10/04/17, 14:14

[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Ambrizete - Fotos actuais.

Publicamos a mensagem deixada como comentário no blog dói BCAC2877

 

De: EMIDIO BARRA [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:48
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Ambrizete - Fotos actuais.

 

EMIDIO BARRA deixou um novo comentário na sua mensagem "Ambrizete - Fotos actuais":

Pertenci ao bat caçadores 1903.trabalhei na enfermaria de sector no Ambrizete.

 

Tive ali muitos amigos tanto militares como civis.Tenho imensas fotografias da zona de que guardo recordações imensas.

 

Um abraço grande a quantos por ali passaram



Publicada por EMIDIO BARRA em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 11/03/17, 17:35

[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Zau Évua - fotos.

Email recebido como comentário no blog do BCAC2877 e com muito gosto só agora o publicamos como mensagem no blog .

 

"De: M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:49
Para: braspg@gmail.com
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Zau Évua - fotos.

 

M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda

 

deixou um novo comentário na sua mensagem "Zau Évua - fotos":

Com os meus cumprimentos e um forte abraço ao bloguer deste trabalho,que vi e revejo de quando em vez, pois ao abrir, ver video, e ler todos os comentários nele publicados trazem á minha memória todas as boas e más recordações de todos os locais mencionados, pois a minha comissão de serviço foi nestes locais no Batalhão de Caçadores anterior nº2832 , de cª Caç. 2307 Alem das operações normais,colunas, e benefícios, sendo um deles a construção da capela existente.bons momentos de convívio e camaradagem sendo esta a marca de todos nós pela vida fora. Tambêm as emboscadas,feridos e outras memórias mas que todas fazem parte da nossa mocidade, só é pena sermos esquecidos depois de termos dado o nosso sacrifício á Pária a que fizermos juramento.
Bem Hája um abraço. Manuel Marques Baltasar, sol. n 81326/67



Publicada por M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 19/01/17, 10:24
"

segunda-feira, 17 de julho de 2017

16 de Julho de 2017 - confraternização anual


Actualizado em 18/07/2017 - 15:15

Não foi o encontro com o maior número de participantes, mas foi certamente um dos encontros mais agradáveis e de maior convivência dos últimos tempos.
Reconhecemos as dificuldades que muitos dos ex-camaradas tem para estar presentes, quando teriam gosto e vontade de o fazer.
Os ponteiros do relógio biológico não param, deixando na sua passagem pelas nossas vidas um lastro de problemas, em especial ao nível da saúde, causando não só aos próprios, bem assim, igualmente a familiares próximos.
Deixamos aqui um forte abraço aqueles que por óbvias razões não puderam estar presentes, com o voto de que o possam fazer em futuros encontros.

É bom termos recebido antes da data do almoço notícia  de alguns ex-camaradas informando  da sua impossibilidade em estar presentes.
Outros deram os parabéns pela maneira como decorreu o almoço, o ambiente e a qualidade e quantidade da comida.
Por outro lado, houve quem marcasse lugar no almoço, não tendo aparecido, nem tendo informado da sua desistência.
Igualmente alguns não marcaram antecipadamente presença e no dia do almoço apareceram
Enfim!!|

Bem hajam a todos




Os "bravos" em 2017