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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Portugal e as Nações Unidas

Opinião

Portugal e as Nações Unidas

Por Manuel Loff

15/10/2016

 É por demais evidente a diferença entre Guterres na ONU e Durão na UE. E é muito curiosa esta (quase) unanimidade doméstica em torno da eleição de Guterres para a secretaria-geral das Nações Unidas. Curiosa porque este é o país onde, a despropósito, se gosta das tiradas sobre a "ineficácia" e a "hipocrisia" da ONU (retórica que já vem dos tempos de Franco Nogueira no Palácio das Necessidades), quer porque o seu sistema de tomada de decisão impede o Ocidente de fazer com a ONU o que faz com a NATO, quer porque a grande maioria dos Estados-membros representam populações que até há 40-70 anos não eram mais do que súbditos coloniais, pelo que, com todo o paternalismo e preconceito rançoso que por aí predomina, é uma maçada ter de discutir com eles...

No âmago da nossa política externa predomina quem sempre menosprezou (ou simplesmente detesta) a ONU: primeiro porque ela apoiou empenhadamente o fim da hegemonia colonial da Europa e do Ocidente sobre o planeta; depois porque ela, e em particular as suas agências, assumiu uma leitura crescentemente social do mundo, de que, em certa medida, o Guterres alto-comissário para os Refugiados foi um porta-voz que nunca agradou a esta gente; finalmente, porque a ONU está fundada na ilegitimidade essencial dos comportamentos expansionistas e imperiais dos gendarmes do mundo, enquanto quem se arrogou o exclusivo de pensar e gerir a posição de Portugal no mundo entende que o nosso futuro passa por se colar aos grandes "do nosso lado", sejam eles os norte-americanos desde 1945, possam eles ser hoje os alemães na UE.

A grande maioria da história da política externa portuguesa desde que entrámos na NATO (1949) e desde que pedimos para entrar na CEE (1977) foi gerida por governos que se empenhavam em colocar-se em bicos de pés para ver o que caía do prato dos mais poderosos do Ocidente. Neste sentido, se há Estado europeu tradicionalmente menos multilateralista, ele é Portugal. O discurso formal até pode ser outro, e é-o; a prática é que é a contrária. É muito revelador que nesse grupo restrito de diplomatas, de militares e de académicos (que colaboram com os segundos e pretendem um dia fazer parte dos primeiros) que pontificam sobre as nossas relações internacionais vigore, com alguma saudável excepção, uma ortodoxia realista que bloqueia um grau, mínimo que seja, de criatividade na procura de soluções para os nossos problemas internacionais (o da dívida, em primeiro lugar) e de aliados externos para as conseguir atingir.

Durante a ditadura, o Governo português afrontou a ONU e tudo quanto de sistema internacional de gestão da paz e prevenção da guerra ela significava. Teimosa e abertamente partidário da preservação da hegemonia ocidental e da "supremacia branca" sobre o sistema internacional, Salazar, uma vez conseguido o ingresso na ONU (1955), nunca assinou a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e não só se recusou a aplicar a Carta das Nações Unidas, negando possuir colónias e, portanto, a prestar informação sobre elas, como sabotou o bloqueio internacional ao regime de minoria branca imposto na Rodésia em 1965. Mais grave ainda, sabotou uma das primeiras, e maiores, operações de paz da ONU, no Congo (1960-64), apoiando com armas e logística a secessão armada do Katanga alimentada por antigos colonos belgas. O próprio secretário-geral Dag Hammarskjöld foi assassinado quando o seu avião foi abatido na Zâmbia (ainda sob domínio colonial britânico), segundo os últimos dados da investigação (2011 e 2014) por mercenários belgas com o conhecimento de norte-americanos e britânicos. Marcelo, o Caetano, abandonou a UNESCO em 1971. Que a África do Sul tenha permanecido quase o único aliado de Portugal contra todas as sanções aprovadas pela ONU nos anos da Guerra Colonial diz bem do canto do sistema internacional para onde o Estado português se atirara. E ajuda a perceber porque é que os nossos governos se opuseram às sanções internacionais contra o regime do apartheid sul-africano, quer nos tempos de Salazar, quer nos de Cavaco Silva (e que vergonha este, com semelhante passado, se tenha atrevido a fazer o elogio póstumo de Mandela!).

O desprezo vem de há muitos anos e ainda não cessou.

Historiador, escreve quinzenalmente ao sábado

 

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Alcora - Acordo secreto do colonialismo


Um documento histórico fundamental que desvenda a existência de um acordo estratégico entre Portugal, África do Sul e Rodésia realizado no final da Guerra colonial. "Alcora - O Acordo Secreto do Colonialismo" revela um acordo estratégico formalizado em Outubro de 1970 ao mais alto nível entre Portugal, a África do Sul e a Rodésia, envolvendo os domínios político, económico e militar, com o fito de preservar o poder nas mãos do regime colonial português e dos regimes racistas dos outros dois países, desde logo assegurando a derrota militar das guerrilhas de libertação nacional. O livro dá a conhecer como as chefias militares sul-africanas, paralelamente ao crescimento da sua ajuda financeira, operacional e logística à guerra, vão ganhando um concomitante poder de opinião e interferência na condução das operações em Angola e Moçambique, opinando até quanto aos aspectos mais imediatos da condução da guerra no terreno e quanto do mérito dos oficiais ou funcionários responsáveis, o que hoje surge, apesar de tudo, como surpreendente, pelo seu carácter inusitado e intrusivo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Confraternização de 2017

Tertúlia D'Eventos
Quinta da Insua, Azinhaga do Convento Velho, 3040-252 Coimbra
Tel: (+351) 911 060 200
GPS: N40º 12'3.212" O8º 25'51.516
Um contacto com este Restaurante no sentido de se considerar a  possibilidade de se fazer o nosso almoço de confraternização neste local.
De entre as diversas explicações que nos foram dadas ,a do preço do almoço é de considerar e o tipo de serviço igualmente.
Os organizadores dos almoços, todos os anos deparam com a situação de  informarem os restaurantes do número estimado de presenças. Acontece porém, o que não deixa de ser muito bom, há sempre quem não confirme a presença e depois surge para o almoço sem que haja a hipótese de alertar o restaurante para o facto.
Com o serviço de buffet, tal não vai acontecer.
Será mais fácil para todos.
Vamos aguardar notícias do restaurante – ementa, preços, etc. para então sabermos de mais novidades.
Entretanto fica à vossa consideração e á vossa opinião, para já o local – Coimbra.
Aqui, podem ter uma ideia do restaurante - http://www.tertuliadeventos.com/

Peço elevado e condições que não satisfazem

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Dia de Todos os Santos

Nesta data uma  modesta homenagem a todos os camaradas que já faleceram e a recordação dos nossos tempos de crianças neste dia do Pão por Deus

A  tradição da ida aos cemitérios e a celebração e a recordação da memória dos mortos

Celebração está ligada à tradição do «Pão por Deus»


As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os santos quer no contexto feliz do tempo pascal, quer na semana a seguir.
No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.
A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a solenizar em datas diferentes celebrações com conteúdo idêntico.
A data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).
Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.
Em contraste com esta festa católica está o ‘Halloween’, vindo dos Estados Unidos da América e agora muito celebrado também na Europa, no dia 31 de Outubro.
A comemoração veio dos antigos povos celtas que habitavam a Grã-Bretanha há mais de 2000 anos.
Já no dia 2 de novembro tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.
Este costume depressa se generalizou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.
Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).
 (texto em parte copiado da Internet)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

22 de Julho de 1969

Coloco aqui um pequeno texto da página do Facebook alusivo à chegada do BCAC2877 a Luanda.
Nunca deixaremos de recordar  para quem por aqui passar os momentos que foram passados quando da Guerra de África.
Nenhuma guerra pode passar despercebida ou esquecida.
O mal produzido a vencidos ou perdedores é tamanho que para que no futuro tal possa voltar a acontecer, deve ser reavivada a memória daqueles que não passando por essa experiência a queiram entender como uma solução para a realização de conflitos que podem ser derimidos por palavras e não por balas.