"O tempo e o lugar das coisas
Estar durante dois longos anos na frente de combate de uma guerra, já é uma situação limite. Mas estar numa guerra injusta, sem sentido nem saída à vista, é demolidor. Muitas centenas de milhares de jovens portugueses, ao longo de treze anos, passaram por esta estúpida teimosia de Salazar e dos militares ultramontanos das brigadas do reumático.
integrado no Batalhão de Caçadores 2877 como alferes miliciano médico, embarquei para Angola em meados de Julho de 1969. A guerra colonial já durava há oito anos e as situações em Angola, Moçambique e sobretudo na Guiné, não demonstravam sinais de qualquer progresso, antes pelo contrário.
Antes da guerra, em 1958, 1960 e 1963, eu já tinha estado em prolongadas estadias em Angola, que fiquei a conhecer bem, de norte a sul e do interior ao litoral. Em 1958, nas eleições presidenciais,o General Humberto Delgado teve mais votos que Américo Tomás. E existia organizado um movimento pró-indepêndencia branca, influenciado pela Rodésia de Ian Smith. Eram os primeiros avisos No verão de 1960, havia já a percepção de que qualquer coisa estava estava para acontecer, sentia-se no ar um cheiro a pólvora. Mas o olfacto de Salazar não o sentiu. Ou não o quis sentir. De Angola e do seu povo, nada conhecia, só de ouvir falar. Tal como Bush em relação ao Iraque. " - continua
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