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quarta-feira, 30 de agosto de 2006

O Calendário

calendário do Lat. calendariu
s. m.,
quadro, livro, folhinha que indica a divisão do ano em estações, meses, semanas e dias, dando também a maior parte das vezes a ordem das festas religiosas, feriados nacionais e anunciando certos fenómenos astronómicos, como lunações, marés, eclipses, etc. ;
almanaque;
programa;
plano da ocupação do tempo.
Porque os ultimos dias não tem sido propicios a grandes tiradas de "prosador", quer por falta de tempo, quer por falta de veia para o efeito.
Hoje falamos de algo que nos tempos passados na guerra, era assim como que uma caixa de fósforos em que se gasta um fósforo de cada vez e se espera que surge o ultimo para dar por terminada a nossa tarefa.
O calendário que cada um de nós guardava, servia como que uma motivição, um apoio moral para o momento seguinte, para o dia seguinte, para o mes seguinte, para o ano seguinte.
Os rabiscos que nele se faziam, tinham sempre um significado, uma esperança, uma recordação.
Por cada dia, semana, mês, que passava, a esperança do encurtar o dia do regresso, motivava as agruras do dia a dia.
Quando foi riscado o ultimo dia, melhor, nesse dia, já não havia calendário, ou se havia, já não terá havido tempo para fazer o ultimo risco.
O regresso lançou o calendário para o esquecimento.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

O ataque ao Lufico - Crónica de João Rego

O ATAQUE AO LUFICO
Ou
A GUERRA DOS PADEIROS

Crónica de um observador mal colocado

Decorria ainda o período de sobreposição, durante o qual o que provavelmente mais nos doía era a inevitável comparação da coloração viva e bem marcada das nossas fardas de maçaricos com a dos velhinhos, já quase sem cor. (Quando é que a nossa iria ficar amarelecida como aquela ?) Era curioso este mecanismo de percepção do tempo que faltava. (Não sei se um painel electrónico dos de agora – Faltam 730 dias para o fim da comissão – teria o mesmo impacte ...)
Já era noite e encontrava-me na companhia dos oficiais, velhos e recém chegados, quando se ouviu uns 2 ou 3 disparos, e, segundos depois, uma salva completa de tiros de espingarda, durante alguns momentos. Nós, os leigos na matéria, de imediato olhámos os nossos “anfitriões” em busca de uma qualquer reacção. E ela veio da boca de um dos “velhinhos” que exclamou: Eh, pá, isto é a sério.
O instinto levou-nos rapidamente a procurar armas e munições e a deslocar-nos para a parada onde se nos deparou uma cena um pouco caricata: todo o pessoal empunhava a sua arma, canos ao alto, (felizmente a instrução revelava-se ter sido útil), todo o pessoal tinha mandado uns tiritos, todo o pessoal andava de um lado para o outro, mas todo o pessoal NÃO sabia o que se tinha passado. Estaríamos, então, perante um caso de alucinação colectiva?
Não faltavam circunstâncias para justificar a reacção: éramos tropa maçarica, de entre a qual apenas o capitão e os sargentos podiam ter já tido experiência de fogo real em cenário real de guerra. Durante a viagem desde Luanda até ao quartel do Lufico fomos escutando uns comentários pouco tranquilizadores sobre o futuro bélico que nos esperava. E acabava-se, efectivamente, ouvido uns primeiros disparos.
Depois de algumas perguntas e trocados alguns comentários, apurou-se que um dos nossos soldados, tendo-se aproximado da cerca de arame farpado, provavelmente para verter águas, lá para os lados do edifício da padaria, vislumbrou duas pernas... e não esteve para meias medidas: prontamente foi buscar a arma. Disparou para as duas pernas que rapidamente se transformaram em quatro, sendo duas dianteiras e duas traseiras. Não terá havido calma para confirmar se havia rabo e cornos ...
E assim começara a guerra dos padeiros que, felizmente, não teve más consequências. Não houve baixas da nossa parte, nem o animal morreu. E o capitão deve ter ficado contente com o grau de pronta reacção da sua tropa ainda que perante um inimigo irracional.
Este episódio tem certamente muitos sub episódios anedóticos que dariam um relato muito mais interessante, decorridos que são tantos anos. Deixo o desafio para quem tomou nele parte desde outras perspectivas e conheceu outras reacções.

João Rego (Lufico)

Postal Ilustrado


Postal Ilustrado, curiosamente, produzido em Itália
Datado de 1970

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

A chapinha milagrosa


Esta chapinha, picotada a meio, com o numero mecanográfico e o apelido, tinha uma função macabra, quando dividida a meio.
Só porque fomos e voltamos, foi guardada como recordação.
Ao lada a argola duma cavilha de granada, onde a mesma esteve ligada.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Vera Cruz - Postal da CNN


Postal do Vera Cruz
Emissão da Companhia Nacional de Navegação

Cervejolas

A “cerveja” sempre nos acompanhou durante toda a comissão.

Cada um de nós, sempre aprecia a sua cerveja, a sua marca de cerveja, a temperatura em que gosta de a beber, assim como o tipo de copo em que a mesma deve ser bebida.
A “ Imperial “, termo bem português, mantém-se ainda hoje no nosso dia a dia, para a cerveja a copo.
Pelas terras de África, no mato, a “Imperial” ainda não tinha hipótese por aqueles tempos.
A facilidade de refrigeração, também não era muita e acima de tudo pouco eficaz – frigoríficos a petróleo, em que a chama da unidade de queima tinha que estar o mais azul e com a chama o mais certa possível, sem que produzisse fumo ou fuligem.
A capacidade de armazenagem de cada frigorifico era diminuta, tendo em atenção, por exemplo, o numero de bebedores em simultâneo, quando os grupos de combate regressavam das suas operações, sedentos de “ matar a sede “.
Aí, não havia reserva possível de “cervejolas” para a concentração do consumo em tão reduzido espaço de tempo.
Mas afinal, o que terá toda esta lenga-lenga a ver com a Cuca, com a Nocal, e tempos mais tarde, com a Sagres ?
Nada de especial para além da notícia que tem corrido pelos jornais em que dá conta e relata circunstanciadamente que faz bem ou previne muitas doenças.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Efemeride - 22/08

Até 22 de Agosto de 1422, Portugal utilizava o calendário da chamada era de César, que contava os anos tendo em conta o calendário Juliano cujo ano zero é 38 a.C. Este calendário foi substituído, naquela data, pelo da era de Cristo, através de Carta Régia de D. João I.