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terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Comunidade Portuguesa

Um trabalho do nosso antigo companheiro Ganganeli, complementado por uma típica receita Angolana.

A COMUNIDADE PORTUGUESA

Para existir uma comunidade é preciso que haja laços de ligação, baseados sobretudo na língua e na memória colectiva, passada de geração à geração, do bem e do mal, e interesses económicos, políticos e sociais. Assim, actualmente, a comunidade da língua portuguesa é formada de 8 países, www.cplp.pt., os quais se identificam com as bandeiras a seguir indicadas:

. Seria interessante saber o significado da bandeira de cada país. A bandeira portuguesa, a mais antiga, entre todas, teve início na década de 1128:

D. Afonso Henriques usou primeiro uma bandeira branca, quadrangular, com uma cruz azul centrada, e depois da batalha de Ourique em 1139, contra os mouros, substituiu a cruz original por uma cruz feita por 5 escudetes, também azuis, em forma de V, cada um simbolizando um rei mouro vencido, e dentro de cada escudete colocou cinco bezantes ou dinheiros, pontos brancos, lembrando-os as cinco chagas de Cristo, os quais somando no sentido horizontal e no sentido vertical, isto é 2 X 15, dão 30 moedas, em lembrança do acto de Judas da venda do Cristo.

D. Afonso III, finda a conquista aos mouros em 1248, acrescentou uma bordadura vermelha à bandeira anterior, nela representando 8 castelos em ouro, simbolizando as conquistas feitas aos mouros.

Ao longo dos tempos a bandeira foi sofrendo alterações, sendo de realçar as seguintes:

1 - D. Manuel I, 1495-1521, transformou a bandeira, bem como os escudetes, em forma de U e nela introduziu uma coroa simbolizando o absolutismo real, e todo este conjunto foi reduzido e centrado numa bandeira branca, quadrangular, quando, desde o reinado de D. João II, igualmente se encontravam, já, reduzidos para 7 castelos em ouro em vez de 8 anteriores, constantes da bordadura introduzida por D. Afonso III.

2 – D. João VI, 1816-1826, introduziu a esfera armilar, representando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, incluindo os restantes territórios ultramarinos, já antes utilizada por D. Manuel I nas obras da sua iniciativa em homenagem aos navegadores portugueses pelo mundo, como sua marca, assinatura ou selo, e fixou nela o conjunto simbólico anterior.

3 – República passou a usar uma bandeira bicolor com duas faixas, dividida verticalmente, sendo uma verde, menor, representando a cor do mar alto sulcado pela primeira vez pelos navegadores portugueses, com a esperança de descoberta das novas terras para o engrandecimento da Pátria, e a outra faixa, maior, rubra, representando a energia, esforço e sacrifício para a construção de Portugal europeu e ultramarino, através da expansão tanto na Península Ibérica como nas terras ultramarinas, Ásia, América e África, feita com a actividade militar e também com o proselitismo dos missionários franciscanos, dominicanos, jesuítas, etc.

O símbolo de cruz, significando a união dos 4 pontos cardinais, norte, sul, este e oeste, é o centro da bandeira portuguesa, desde os tempos iniciais de estabelecimento da nacionalidade portuguesa, e que com a expansão portuguesa se espalhou pelo globo, representado como uma esfera armilar, onde podemos encontrar os 8 países de expressão portuguesa, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, bem como os restantes falantes da língua portuguesa espalhados pelo mundo.

D. Afonso Henriques ao afirmar-se como cavalheiro do apostolo Pedro deu início a cristianização do mundo, o que depois foi reforçado com a assinatura com a Espanha dos Tratados de Toledo e de Tordesilhas, através do Papado.

A constituição de 1822 passou a referir os territórios ultramarinos como províncias e definiu a Nação Portuguesa como a união dos povos de Portugal, Ilhas Adjacentes, Brasil, possessões africanas e asiáticas, principio que foi reforçado sucessivamente na carta constitucional de 1826 e nas constituições de 1838, 1911 e 1933.

A revolução industrial inglesa, as revoluções americana e francesa, e a doutrina cristã, defenderam a igualdade para todos os povos e consequentemente se fez a guerra anti-esclavagista e o liberalismo em Portugal expandiu a cidadania portuguesa aos indígenas dos territórios ultramarinos e sucessivos governos difundiram naqueles territórios a língua portuguesa, como língua oficial, a religião e a moral católica, os costumes e as tradições, enquanto as línguas e culturas locais continuaram como meio de comunicação local e complementar;

Os códigos administrativo, civil e penal e outra legislação, aprovada em Lisboa, foi aplicada, após a adaptação aos costumes e tradições locais, em cada província ultramarina.

Esta ideia de comunidade, depois da 2ª Grande Guerra Mundial, foi continuada pelos pensadores da corrente luso-tropicalista, Gilberto Freire, Agostinho Silva e Norton de Matos, projecto que também foi defendido na década de 1950 pelos governos português e brasileiro, mas depois o Brasil, com o Presidente Jánio Quadros, esquerdista e simpatizante da União Soviética e de Fidel Castro, aproveitando a recusa das autoridades portuguesas em aprovar a proposta dos produtores de café brasileiro, em crise, de se aliarem aos produtores do café angolano, distanciou-se deste projecto de formação de uma comunidade única..

Mas em 1962 o governo português tentou recuperar a aproximação do Brasil através da argumentação de que a comunidade luso-brasileira favoreceria ambas as partes, com vantagens económicas e políticas, ideia que não avançou porque o Brasil invocou a necessidade de um referendo aos territórios ultramarinos para confirmar se os povos dos territórios ultramarinos se queriam manter-se portugueses, posição que contrariava a doutrina do governo português de que o ultramar era parte integrante da nação portuguesa e como tal não referendável.

Marcelo Caetano em 1971 procurou nova aproximação em termos empresariais, económicos e financeiros, abrindo Lisboa, Luanda e Lourenço Marques aos bancos brasileiros com facilidades de comércio e com a ampliação das linhas de navegação entre Brasil e Portugal e em 1972 afirmou que a "comunidade luso-brasileira pode ser um agente activo da história do mundo se quisermos que a seja, digo agente da história e para isso importa não acreditar na fatalidade que condena os povos a destinos inexoráveis, nem deixar-se arrastar por correntes dominantes, onde, sob o pretexto de ideais, preponderam os interesses, mas procurar resolutamente um propósito e segui-lo com inabalável firmeza de vontade."

Em 1974 General António de Spínola no seu livro "Portugal e Futuro" defendeu um "Estado pluricontinental" com desconcentração e descentralização de poderes em toda a "Comunidade Lusíada".

Também em 1974 Joaquim Barradas de Carvalho disse:"..assim, perante a encruzilhada, a Europa ou o Atlântico, pronunciamo-nos pelo Atlântico, como única condição para que Portugal reencontre a sua individualidade, a sua especificidade..ora esta apreciação passa..pela formação de uma autêntica comunidade luso-afro-brasileira, se um dia os legítimos representantes dos povos de Angola, Guiné e Moçambique, assim o entenderem, assim o decidirem…Nela todas as partes se reencontrariam na mais genuína individualidade linguística e civilizacional. É esta a condição para que Portugal volte a ser ele próprio."

Com a sua adesão a CEE em 1986 Portugal recuperou-se economicamente e reatou relações com os antigos territórios ultramarinos e com o Brasil e tornou-se uma plataforma privilegiada para os países lusófonos para entrada no mercado europeu e para a cooperação cultural, política e económica, e em reforço dessas posições, entretanto, tomaram algumas medidas:

- Desde 1985 a Fundação Gulbenkian dedicou-se a difusão da língua portuguesa;

- Foi criada em 1988 a Fundação Oriente para reforço de ligação histórica e cultural entre Portugal e Extremo Oriente, Macau, países do Índico e do Pacífico, abrangendo as rotas marítimas portuguesas;

- Em 1989 realizou-se em Lisboa o 1º Congresso dos Escritores da Língua Portuguesa;

- Foram criados em 1991 o Instituto de Camões para a promoção da língua portuguesa e o Fundo para a Cooperação Económica;

- Em 1992 foi criada a RTPI para ligar os falantes da mesma língua e coordenar as estações televisivas de Portugal, Brasil, PALOP e Timor, EUA, África do Sul, Macau e Galiza;

- Foi criada em 1994 a Fundação Portugal-Brasil ou Fundação Luso-Brasileira para promoção da língua portuguesa.

Para incluir na ementa do almoço, dia 6 do próximo mês, aqui vai a receita do prato típico angolano:

MUAMBA DE GALINHA

Ingredientes:

. 1 galinha caseira

. 600 grs de dendéns

. 300 grs de quiabos tenros

. gindungo q.b.

. sal q.b.

. 1 dl de azeite

. 2 dentes de alho

. 2 cebolas médias

. 350 grs de abóbora carneira

Confecção:

Depois da galinha arranjada e lavada, corta-se aos bocados e tempera-se com sal, alho e gindungos pisados. Faz-se o estrugido com a cebola e azeite e põe-se nele o preparado. Entretanto cozem-se os dendéns, escorre-se a água e extraem-se os caroços, depois de os pisarem, e adiciona-se cerca de 1 litro de água e, após espremer, côa-se a massa e junta-se esta à galinha e deixa-se cozer, juntando a abóbora cortada aos cubos e os quiabos. Finda a cozedura, serve-se a muamba acompanhada com funge e bebendo um bom vinho tinto ou água.

Bom apetite.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Regresso de Angola - Agosto de 1971

Terá sido a 21 de Agosto que regressámos ?
(Deixamos o desafio a quem melhor se recordar desse memorável momento que a foto demonstra)
Foi por um destes,
o dia ao certo, não posso recordar
se foi Sábado ou
Terça-feira
o interesse era voltar
muitos chegámos
alguns,
infelizmente,
por infame glória
indigna de enredo e de
historia,
por lá lhes foi ceifada a vida, que
lutámos,
na força da sua,
da nossa juventude
... os Deuses sempre ajudam uns . .
.
Aqui o testemunho visual do momento em que o Vera Cruz acostava à Rocha Conde de Óbidos, passados cerca de 25 meses após ter acontecido exactamente o inverso.
Eram lágrimas que muitos tinham a escorrer pelo rosto, estas do regresso eram lágrimas de mel, as outras, as do momento do embarque, foram lágrimas de fel

domingo, 17 de agosto de 2008

T 6 - Na guerra em Angola

Museu do Combatente -Belêm
Modelo de T 6 - à escala

Original americano
Um dos modelos

Imagem de um dos aviões utilizados ainda durante a nossa permanência em Angola – T6

Embalado para seguir para Africa

Um avião propulsionado a helice, muito antigo de fabrico americano, utilizado em Angola como bombardeiro.

Em voo

Ao tempo havia uma esquadrilha de 2 aviões deste tipo que quando necessário, vindos do Toto, operavam na nossa area de acção, fazendo tambem base em São Salvador.



A presença era notada pelo roncar caracteristico do seu motor



O T-6 foi um dos mais famosos aviões monomotores de hélice, conhecido por nomes como "Texan", "Harvard", "Yale", "Wirraway", "Mosquito", "Boomerang" e "Tomcat", conforme o país que o usava.

Nas OGMA - Alverca com todo o armamanento

Foi adoptado na força aérea de 55 países, desde avião de treino de pilotos, a bombardeiro.



Criado em 1935 pela North American, começou a ser utilizado em força em 1940, sendo introduzido em Portugal em 1946

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Moradas actualizadas


Actualizamos hoje a lista de nomes e moradas ( dos que nos são conhecidos) de todos os nossos companheiros, no Blog
(Sugerimos que nos façam correcções, emendas ou pedidos de inclusão de nºs de Telefone, Telemóvel ou endereços de Email)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

De S Salvador ao Lufico



Para a historia da guerra aqui fica o testemunho dos muitos que por lá andaram, na zona onde nós estivemos.



Estes, antes de nós



De S. Salvador a Lufico




Fonseca aproximou-se da sentinela com a mesma facilidade com que um felino fila a presa que pretende caçar. Oprimiu a respiração, estava a dois passos do sacana. Num salto certeiro, a arma agarrada com as duas mãos, deu com o topo da coronha na nuca do bandido, que caiu como um tordo! Com o punhal, deu o golpe final àquele desgraçado. Os homens da secção seguiram atentamente os seus últimos gestos e avançaram no envolvimento das duas palhotas da entrada do acampamento inimigo. A surpresa foi fatal para os restantes quatro bandidos que tentaram fugir em tronco nu. Não deram sinal de rendição e os homens das secções posicionadas no enfiamento do trilho de acesso, dispararam as balas mortíferas que varreram tudo, com a rapidez de um relâmpago, perfuraram os corpos que foram caindo junto às palhotas.


A densa vegetação que ladeia as palhotas prejudicava a vigilância, e os bandidos das palhotas do fundo fugiram para a mata. A experiência de outras situações semelhantes não aconselhava a perseguição no "escuro". E os pára-quedistas tomaram precauções... mas o capitão ordenou à secção do sargento Assis:

- Manda três homens vigiar a mata por detrás das palhotas, que nós vamos dar duas rajadas de aviso aos que fugiram, só para saberem que contamos com eles para a festa da noite...

À ordem do comandante, as rajadas cortaram as folhas e assustaram os homens do pelotão do alferes Oliveira que estavam nas palhotas do fundo. O capitão conferenciou com os outros oficiais e comentou:

- Os que fugiram não nos devem inquietar mais; mas vamos andar com redobrada atenção.
Era admirável a paciência daquele pessoal. Setenta homens de mochila às costas, com a fome a roer o estômago, e ninguém aproveitou para tirar uma ração e comer!
Esta é uma guerra donde até os animais fogem... só ficaram as hienas e alguns mabecos para limparem o terreno de carne podre!

Nos locais de perigo eminente, as probabilidades de ataques não deixam espaço para distracções e ninguém adormece; mesmo quando comem as suas rações, continuam vigilantes.

- Os presos só dão chatices. – diz o Serôdio, enquanto abria a lata de atum.
Ainda não esqueceu o dia em que teve à sua guarda um prisioneiro que tentou fugir e o fez andar ligeiro da perna... dando-lhe com o capacete nos olhos para o acalmar!
Se não era o sol escaldante a tolher a vida à malta do capim, eram as trovoadas com chuva de afogar os animais de perna curta. Mesmo assim, a fila de pirilau avançava no lamaçal e as botas afundavam-se nos sulcos escondidos na água lodosa que as enxurradas descarregavam para a picada. E quando os raios de sol começavam a secar os camuflados, saíam névoas de fumaça como se os corpos fossem tochas sem chama. Dois sons estridentes de um apito, saídos do meio da mata, puseram todo pessoal em sobressalto! Logo tomaram posições defensivas e vigiaram as árvores e os pontos mais sensíveis às emboscadas. Os minutos alongaram-se sem que se vislumbrasse qualquer movimento. Esta nova forma de comandar... espantou os homens do capim; perceberam que os bandidos andariam à ordem do apito do chefe, uma novidade. Mas o som infiltrado na mata não abrandou a continuação da missão bem no meio da guerra, nem esmoreceu a vontade de vencer os obstáculos até ao regresso a Luanda.

O grupo rompeu mata dentro, atravessando as linhas de água, simples ribeiras ou riachos. Umas a vau, deixando as botas a espichar, outras por cima dos troncos de árvores arrastados e atravessados nos riachos. Depressa apareceu o capim a ladear a vegetação rasteira e, algumas vezes, com clareiras alongadas. Foi curto o tempo para apreciar essas clareiras... as balas pareciam saraiva a bater nas árvores marginais à picada. Não fora a rapidez com que os homens da frente se abrigaram e o desastre seria bem maior do que na picada de Quicabo para as sete curvas.

De repente, um gemido... e o Carmo contorcia-se com dores – fora atingido por duas balas. Duas secções fizeram o envolvimento pelo flanco mais arborizado, para recuperarem a acção de fogo da malta que ficou à mercê das balas inimigas. Os homens da secção do Abrantes rastejaram até à posição frontal para bater os terroristas. Mas o Vilela ficou ferido com uma bala no braço esquerdo, arrastou-se para um sulco do terreno e continuou a fazer fogo. O Carmo, com as calças ensopadas em sangue, virou-se de costas, ficando mais protegido, e o enfermeiro atendeu aos gemidos. Coisa grave, uma bala arrombou o escroto e os tomates ficaram desfeitos! Já em fase de acalmia, o capitão aproximou-se e, desagradado pelo poder de fogo do inimigo, murmurou:

- Há nove ou dez meses atrás, estes sacanas atiravam-se contra as balas e morriam às centenas; não encontrámos nem uma automática nos despojos dos mortos! Nos ataques que fizeram, durante dias a fio, contra a Damba, Quitexe, 31 de de Janeiro, Bungo e outras povoações, foram recebidos a fogo duro e morreram aos magotes. Agora é isto... estão bem abastecidos! Virou os olhos para o tenente Aleixo, que entendeu a mensagem.

- Vamos acabar com eles... e é para já. – exclamou o tenente, de semblante tenso.

Fez um sinal bem pronunciado ao sargento Ferraz para mandar contornar a pequena elevação de terreno e tentar apanhar os terroristas por trás... Enquanto a secção do Saldanha tomava uma boa posição de fogo e corria com os bandidos que restavam; e os gajos perderam a força e a graça das novas armas, dando uns tiros espaçados e à distância.

Mais de sessenta homens habituados a bater trilhos e picadas no meio das densas matas dos Dembos, Sacandica, Quimbele, serra de Mucaba e Inga, ficaram admirados com as novidades que os terroristas da UPA apresentaram. Ao contrário do que pretendem insinuar os chefes dos gabinetes do ar condicionado, que vão perdendo o aprumo, a guerra existia e com melhores meios para o inimigo! Sinal de que estava para durar...

O pelotão do tenente Aleixo ficou a proteger o pessoal na prestação de socorros aos feridos. O caso mais complicado era o do Carmo; mas o enfermeiro conseguiu estancar a hemorragia, injectando coagulantes. Foi bem atado com ligaduras a contornar a gaita... que ficou com um volume descomunal! O facto serviu para alguns comentários irónicos, uns mais pessimistas e outros menos. A malta sempre foi propensa a levar as coisas pela positiva, onde se destacavam os reguilas das bandas do Tejo a analisar a situação.

- Eh pá, como é que o Carmo se vai safar com a gaja que deixou lá na terra? – indagou o Cacela, com toda a seriedade.

- Lá terá de se mandar fora, ou arrisca-se ao tormento da cornadura sem conta e medida. – sentenciou o Baleia.

O Sousa não gostou do que acabava de ouvir, recordando as palavras do enfermeiro Pena, que enrolou as ligaduras à volta dos tomates do rapaz, deu o seu palpite:

- Se o Pena deixou a pichota do Carmo fora das ligaduras é porque a coisa ainda funciona; o que é bom para a saúde mental do moço. A malta deve animá-lo; se é grande a dor do ferimento, quanto mais não será o desgosto de saber que lhe romperam o saco dos colhões – um autêntico desastre!

O pelotão do alferes Oliveira contornou o morro, à procura de indícios dos terroristas. A mais de duzentos metros da encosta, descobriram um esconderijo com água e alimentos guardados. Fizeram de conta... seguindo morro acima, até à segunda surpresa do dia: uma gruta com pouco mais de um metro de altura na entrada... donde saiam sons sibilantes de palavras. O sargento Pereira fez sinal de silêncio e recuou. Dispôs o pessoal de um só lado da gruta, prontos a disparar contra qualquer bandido. Os homens das outras secções afastaram-se do campo de tiro e tomaram a posição deitados. O alferes puxou a cavilha à granada que atirou para dentro da gruta... seguiu-se uma explosão abafada e uma nuvem de fumo espalhou-se morro acima. Poucos minutos após, cinco negros vestidos de caqui saíram disparados como um vendaval. As balas de raiva soltaram-se das armas e dizimaram os bandidos que tombaram morro abaixo. Com os olhos vidrados, a lacrimejar, ali ficaram estendidos à mercê das hienas...



As tentativas para entrar na gruta saíram frustradas, porque o fumo não permitia ver os contornos do esconderijo. Antes de ser armadilhada a entrada da gruta, o sargento Ferraz atirou mais uma granada bem para o fundo, na tentativa de destruir quaisquer armas que os bandidos tivessem deixado!

As tentativas para entrar na gruta saíram frustradas, porque o fumo não permitia ver os contornos do esconderijo. Antes de ser armadilhada a entrada da gruta, o sargento Ferraz atirou mais uma granada bem para o fundo, na tentativa de destruir quaisquer armas que os bandidos tivessem deixado

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pelas terras por onde andámos . . .

Pelas terras por onde nós andámos . . ., nos dias de hoje, tudo está como se relata, nesta viagem destes dois motociclistas sul-africanos

We're back on the beach! We crossed into Angola at sunset, so we decided to spend the night at the tiny border town of Noqui, and camped on a sandy beach on the banks of the Congo River. Apart from the fact that the local kids clearly use the one rocky end as a toilet (and they have left every stone unturned…), it was an idyllic spot, with lights of the town twinkling and music from a local bar reaching us across the bay.

Some of us bravely took a dip and a wash in the river in the morning, then did our laundry alongside the locals doing theirs. (Bio-degradable soap is a must.) Day 50 had us heading for Nzeto, along a narrow track with thick vegetation on either side – this northern part of Angola is surprisingly green. Sometimes the forested canopy of trees closes overhead and there are plenty of baobabs. The road was red dirt, but it was good – until we reached Tomboco. Once, a very long time ago, this section was tarred. Now it's a nightmare of monster potholes linked by skinny ridges of tar.

We're also seeing plenty of evidence of the war here – rusted, mangled military vehicles on the roadside, blown-up bridges and a couple of de-mining camps, with cleared areas marked by red and white wooden stakes – but you never can be too sure. We're taking care to stay on the road, even for toilet stops; definitely no wandering off into the bush. We had another great beach camp at Nzeto – fairly dilapidated and shot up, but we arrived in the dark again. Our maximum speed for the day was just 58km/h, with an average of 28km/h.

De Luanda ao Congo

As terras por onde andámos, estão como aqui se relata, no ano de 2008

Par quem conheceu o Ambrizete, Tomboco e Lufico e Luanda

Apr. 04, 2008. We left Luanda early in the morning, yet again after a huge downpour during the night. It took us almost two (2) hours to get out of the city, passing through some very bad and poor areas of town. The roads were total mud with waterholes the size of the motorcycle. Tin shacks cover the area on each side of the road. Living conditions are very sad. Each gas station we pass was either out of gasoline or there was a two (2) hour line up of vehicles. Approx. 30km outside of Caxito, we finally find a gasoline station that is only a 10 minute wait. We had heard that there was no gasoline available from Caxito to Matadi, 478km. In addition to our four (4) litre canister we filled (4) 1.5 litre water bottles with gasoline and strapped them to the motorcycles. Here we also met a truck of Brits and Norwegians on there way to Ambriz. They confirmed the gasoline shortage and road conditions. It started to rain heavy before Caxito and the road turned to slippery mud. At least we were moving ahead, through only at 20km/hr. It took us all day to N'zeto, approx. 300km. After the Ambriz turn-off there was a gated check-stop to confirm that we had a Democratic Republic of Congo Visa, otherwise we would not have been able to proceed. We also took the opportunity to purchase another eight (8) litres of gasoline from the black market at 100KZ/litre ($1.30CDN/litre), normally 40KZ/litre ($0.53CDN/litre). The town of N'zeto is a ghost town. Dilapidated Portuguese buildings line the main road. One can tell that it used to be a pretty town on the coast at one time. We actually find an English speaking person who tells us to set up camp at the police station, which we did. No toilets or running water. We make ourselves some supper and get some rest.
Apr. 05, 2008. The 80km to Tomboco only took us 2 1/2 hours, at this rate we should make it to the border by the end of the day. We stopped at the local "market" in Tomboco and I picked up some cookies, banana's and bread. Just outside of Tomboco the road splits and that is were the fun started. We spend seven (7) hours to cover 60km. The road turned into a mere trail leading through thick jungle with the occasional settlement of a few mud/brick houses. Besides muddy roads, every couple of hundred meters was a huge water hole. Each ascent and descent had massive washed out ruts. The battery on Mike's motorcycle was giving us trouble and we had to boost it every time it stalled. Then one waterhole was actually deeper than the air intake on the motorcycle and we sucked in water. At 99.9% humidity and 30+Deg Celsius in the blazing sun we took out the spark plugs and air filter to dry out. It took an hour to get the motorcycle going again. At this point we had stripped down to only riding pants, boots, helmets and gloves. We walked every water crossing to ensure the motorcycles would make it. In addition we did not shut off Mike's motorcycle in case it would not start again. At 5pm it started to rain heavy, we decided to continue riding but it was impossible. Instead we pitched the tent in a small settlement in the rain. Everything was soaked, but we required rest.
Apr. 06, 2008. The road did not improve, we passed through Lufico. Mike's motorcycle gave us trouble again and we boosted it. The previous day we had met a total of three (3) vehicles on this road. Luckily we had booster cables on us. Stopping yet again at a muddy waterhole the motorcycle stalls and will not start again, even with the booster cables. We switch batteries to ensure that it is a battery problem and not something else. It confirms that the battery is done. From the GPS location we are approx. 20km from Lufico and 28km form Mpala. As we had past through Lufico, we knew that there were no services that could assist us. Our only hope was Mpala. Mike takes my motorcycle to see if he can find another settlement close by, while I stay with the motorcycle in the jungle. The bush and trees were so thick on the side of the road that though I heard voices I could not see anyone. We did not want to leave the motorcycle behind without anyone watching it as we had seen what happened to other abandoned vehicles on the side of the road. Within a few hours there is only a frame left and everything else has been salvaged. Mike returns after an hour and tells me that there is a small settlement only 2km away, the road is bad and he had gotten stuck twice. We decided to ride one motorcycle with gear to the settlement, remove the battery, walk back the 2km and then ride the other motorcycle. At least we were with some type of civilization. While Mike walks back with my battery to his motorcycle I hang out with the local women. Sitting among them, I helped remove peanuts from their shells. It was very interesting, as they treated me as one of them. They started looking for lice and ticks in each others hair. I remember getting itchy watching them. Then they used an empty beer bottle and ground the Peanuts into Peanut butter. A few Peanuts were roasted for me and Mike. There was no power or other services available at this settlement. We were able to communicate our problem and someone led us to a generator. Mike negotiated to pay $20.00US to charge the battery for a couple of hours via the generator. The cost of gasoline on the black market this remote is 1500KZ/litre ($20.00CDN/litre). After a couple of hours they noticed that the charger on the generator was not working. But there is another guy with a smaller generator who also wants $20.00US. Another two (2) hours pass. We realize that we will have to spend the night and pitch our tent in the mud. The settlement is called Bemfica, of course not on any map. The battery was not holding the charge, our worst nightmare had came true. We had covered 23km, to add to our worries we were using a lot more gasoline then anticipated. Riding all day in first gear increased the fuel consumption. Our water supply was down to 1 1/2 litre. The water from the rivers was a murky brown color and we really did not want to start drinking that. There were no toilets or showers. A local woman took me into the bush to show me were everyone went to the bathroom. I was mainly concerned about the landmines and kept to the well cleared foot path. Three (3) full days had past since we left Luanda. We both were exhausted and tired, realizing that it was a dangerous situation to be in. We only had met one other vehicle all day going the other way.
Apr. 07, 2008. We decided to ride two up on my motorcycle to Mpala 26km from Bemfica to arrange for a truck. It took us over two (2) hours to reach the settlement. Every couple of hundred meters I would jump off the motorcycle, walk through the water crossing or check-out the best route to go through washed out road sections. From the distance we could see the settlement of Mpala and we both became worried that there were again no services. Mpala is made up of no more then 20 houses with no power. But we were in luck, two (2) large construction trucks were parked at the entrance to the settlement beside the police check point. Prior to leaving in the morning we had sketched up on a notepad what we required. A broken down motorcycle, a truck, the towns name where the motorcycle was and where we needed transportation to. We stop at the check-point and are instantly surrounded by people. We show them our sketch and it works. To our amazement the mechanic of the construction trucks speaks English. He had studied English at University in Luanda. We both thought "And what are you doing in this place?". It all made sense later. I negotiated with the boss of the construction outfit $500.00US to pick up the motorcycle in Bemfica (26km) and take it to Nogui (85km) at the Angolan/DRC border, as there was no other settlement large enough to have any type of services (ie. Battery). At first the boss said he was busy, but after talking money it was arranged. The construction company is actually from Luanda and hired on by the Government to build a school and other various buildings in Mpala. As there is no water close by, they truck it in and the truck which was supposed to move the bike was loaded with large water containers. It took another couple of hours to unload the truck and then six (6) guys jumped on the back, equipped with shovels in case we would get stuck. It took us 1 1/2 hours to drive the 26km to Bemfica. Arriving in the settlement we were happy to see everything in one piece. We took the tent down and loaded the motorcycle. The straps I had been carrying since Germany, finally came in handy, but it still took six (6) guys to hold it upright on the way back to Mpala. We had decided to load both motorcycles on a bigger truck for the road from Mpala to Noqui. It was late afternoon as we made it back to Mpala and there was no point to continue until the next day. Instead we set up camp in the police check point yard. The construction company provided us with fresh oven baked bread and juice. Day 4 had passed and we were starting to run out of water and we had not had a real meal since Day 1. All we could think about was to get the hell out of here. The original plan to load the motorcycles on the bigger truck was scratched as the only way to get them into the truck was via a crane (not available). Instead it was decided to use the smaller truck.