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sexta-feira, 4 de maio de 2018

Ex-combatentes angolanos abandonados

Muitos ex-soldados angolanos que combateram contra o colonialismo português e na guerra civil que terminou em 2002 enfrentam hoje sérias dificuldades. Os baixos subsídios que recebem não chegam para as despesas diárias.


O feriado é assinalado todos os anos em Angola. O dia 4 de fevereiro de 1961 é considerado um marco importante no combate ao colonialismo português em África. Mas a data não reúne consenso entre o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente de Libertação Nacional de Angola (FNLA), dois dos três movimentos que lutaram pela libertação de Angola. O MPLA defende que foi a 4 de fevereiro que começou a luta armada. A Frente de Libertação Nacional de Angola diz que foi a 15 de março.
Polémicas à parte, em comum todos têm uma questão: a valorização dos ex-militares. Cinquenta e seis anos depois do início da luta armada, muitos antigos combatentes vivem praticamente na miséria.
Antigos combatentes angolanos vivem na miséria
Luís José Vatas, de 67 anos, foi guerrilheiro do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), o antigo braço armado da FNLA.
Reclama uma maior dignificação dos veteranos da luta armada e considera irrisórios os vinte mil kwanzas (cerca 111 euros) que recebe do Estado.
Diz que não chegam sequer para suprir metade das suas necessidades. "O próprio Presidente disse que os soldados do ELNA não têm direito a estar inscritos na caixa social. Só devem receber vinte mil kwanzas, que não chegam", lamenta o antigo combatente, que dá graças por ter aprendido ainda muito jovem o ofício de sapateiro. Hoje, é isso que o ajuda a sustentar a família.

Abandonados

Luís António combateu pelas FAPLA, Forças Populares de Libertação de Angola, afetas ao MPLA. Hoje diz estar votado ao abandono e sobrevive com a ajuda da família. A esposa deixou-o por causa das dificuldades financeiras. "Ela foi para a casa da mãe dela e levou os dois filhos", conta.
Luís António, ex-soldado das FAPLA

O antigo combatente faz biscates no bairro onde mora. Mas apesar dos esforços que faz para contribuir para as despesas de casa, é a tia, vendedora de carvão com quase 80 anos, que se sacrifica para alimentar a família. "Se ela não vender carvão ou petróleo, não fazemos nada, não podemos fazer refeições", diz.

Domingos Maurício fez parte do braço militar da UNITA, as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), movimento militar criado por Jonas Savimbi. Diz que não se justificam as dificuldades por que têm passado os antigos combatentes dos três movimentos de libertação.

Acusa ainda o Governo de estar a marginalizá-los. "Os antigos combatentes já não têm valor, só estão a valorizar os que estão a entrar agora. Se o Governo soubesse que antes destes estão os que começaram a guerra, deveria resolver a situação dos antigos combatentes"m sublinha Domingos Maurício.

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