Forças Armadas:
Governo quer alargar acesso a cuidados médicos
10 mil deficientes com mais apoios
Os cuidados de saúde dos deficientes das Forças Armadas deverão passar a ser assegurados pela Assistência na Doença aos Militares (ADM). Com o novo regime, mais de dez mil deficientes militares passarão a beneficiar de uma rede de prestação de cuidados médicos mais alargada, actualmente restrita aos três hospitais militares.
Segundo um despacho a que o CM teve acesso, o ministro da Defesa, Severiano Teixeira, ordenou a criação de um grupo de trabalho com o objectivo de "propor um modelo que garanta aos deficientes militares (...) a possibilidade de recorrer às entidades prestadoras de cuidados de saúde com as quais o IASFA (entidade gestora da ADM) tenha estabelecido acordos".
Severiano Teixeira reconhece no despacho que a maioria "dos deficientes militares não está a usufruir dos seus direitos [na área da saúde], em virtude de os hospitais militares estarem sediados em Lisboa, Coimbra e Porto, o que acarreta grandes dificuldades de deslocação".
O Governo pretende, ainda, que todas as despesas de saúde, relacionadas ou não com a deficiência dos militares, passem a ser asseguradas pela ADM.
Questionado pelo CM, o Ministério da Defesa confirmou a criação do grupo de trabalho, mas recusou avançar mais pormenores sobre a proposta a apresentar no prazo de 30 dias, nomeadamente os encargos. Segundo apurou o CM, estes podem ultrapassar os três milhões de euros. Verba actualmente suportada pelos Ramos.
O presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), José Arruda, ressalva, no entanto: "Não há um euro que pague as pernas que um militar perdeu na guerra."
José Arruda mostrou-se satisfeito com a proposta do Governo e considerou que esta vem reconhecer os "direitos dos deficientes militares". Mas salientou: "Isto devia ter sido para ontem. O tempo urge e as doenças agravam-se."
O presidente da ADFA defende ainda a comparticipação total das despesas dos deficientes com todos os medicamentos.
PRESIDENTE DESTACA "DÍVIDA DE GRATIDÃO"
O Presidente da República, Cavaco Silva, alertou, por diversas vezes, o Governo para a necessidade de responder às reivindicações dos deficientes das Forças Armadas e deixou isso claro na última visita à ADFA, em Dezembro do ano passado. "A dívida de gratidão e o preito de homenagem para com aqueles que ficaram deficientes ao serviço da Nação impõem prioridade no tratamento que lhes deve ser dispensado", afirmou Cavaco Silva, garantindo que o secretário de Estado da Defesa, ali presente, iria ouvir as reivindicações.
NOTAS
REGIME DE SAÚDE
A Assistência na Doença aos Militares (ADM) resulta da fusão dos três subsistemas de saúde da Marinha, Exército e Força Aérea e conta com mais de 130 mil beneficiários.
DÍVIDAS
O ministro da Defesa, Severiano Teixeira, garantiu na semana passada que as dívidas do IASFA já estão regularizadas e que actualmente o prazo de pagamento das comparticipações é de 60 dias. O objectivo é passar a 45 dias.
2 comentários:
Por muito que possam fazer já lá vão 35 anos .muitos camaradas já morreram sem ser justiçados, há danos que nunca foram reparados, eu como antigo combatente não acredito que seja feita uma justiça séria sobre os antigos combatentes, é só truques politicos uma vergonha .
Henriques C.Caç.2544 BAT2878
Como se costuma dizer "só é cego quem não quer ver" e ao longo destes 35 anos falar dos ex-Combatentes, para os políticos é pior que falar do diabo. É uma parte da nossa história que se pretende ocultar mas a questão é que a história nunca será o que se escreve mas sim o que se vive. Isto meus caros não há borracha que apague.É melhor não pensar muito nisto porque já começo a fervilhar. Um grande abraço para todos os ex-Combatentes e aqueles que fazem das tripas coração para lutar pelos seus LEGÍTIMOS direitos.A. CASAL
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