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domingo, 12 de junho de 2022

Madrinhas de Guerra 4 -

«Eu sou um militar longe, muito longe da minha terra natal [...] e com a sua ajuda o tempo passava um bocadinho melhor.»
A chegada do correio era o momento mais aguardado pelos militares que combatiam na Guerra Colonial. Em Angola, na Guiné e em Moçambique, milhares de rapazes portugueses viveram o inferno na terra, e as cartas que recebiam da metrópole eram o conforto que precisavam para se sentirem mais perto de casa.
Muitas destas cartas eram escritas por mulheres que eles não conheciam mas que aceitaram o repto do Movimento Nacional Feminino para se corresponderem com os militares e lhes oferecerem um ombro amigo durante a comissão em África: palavras de alento que deram, em muitos casos, lugar a declarações apaixonadas que chegaram ao altar.
Madrinhas de Guerra conta o papel quase esquecido destas mulheres pela voz das próprias, mas também as lutas dos homens a quem escreviam, protagonistas de uma guerra que deixou atrás de si um rasto de sangue e destruição. Por entre histórias de encontros e desencontros – entrelaçados com a História de Portugal dos anos 60 e 70 do século passado –, há lugar aqui para o que de melhor ficou desse tempo tão duro para quem o viveu: o amor.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Recordando "Os 10 de Junho do antes e depois..."

 

























sábado, 9 de junho de 2018

10 de Junho - ex-combatentes

Centenas de ex-combatentes do Ultramar juntam-se em Lisboa, na tradicional cerimónia do 10 de Junho


Todos os anos será assim no 10 de Junho

10 de Junho - antes e depois

10 de Junho

10 de Junho de 2018 - Açores



Estes tempos já passaram



Hoje nos Açores

Após cerca de 15 minutos de banho, o chefe de Estado tirou dezenas de fotografias com outros banhistas e elogiou a temperatura da água, “nos 21, 22 graus”, acima dos 14 com que tomou “nas últimas vezes” no continente.
As comemorações do 10 de Junho, que se prolongam até segunda-feira entre os Açores e os Estados Unidos da América, começaram hoje em Ponta Delgada, com o Presidente da República e o primeiro-ministro juntos desde o final da tarde.
O Presidente da República está desde cerca das 17:30 locais no Palácio de Sant’Ana para a apresentação de cumprimentos pelo corpo diplomático acreditado em Portugal, seguindo-se uma receção comemorativa do 10 de Junho, oferecida pelo presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, e onde já estará presente o primeiro-ministro, António Costa.

Juntos, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa assistirão, já à noite, a um concerto na igreja paroquial de São José e a um espetáculo de fogo de artifício, os dois últimos pontos da agenda de hoje das comemorações oficiais do 10 de Junho, que só vão terminar na segunda-feira, nos Estados Unidos, com passagens por Boston e Providence.
Em 2016, ano em que tomou posse como chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito de comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, acertado com o primeiro-ministro, em que as celebrações começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes portuguesas.
Nesse ano, o Dia de Portugal foi celebrado em Lisboa e Paris e, em 2017, no Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo.
Este ano, cabe aos Açores, mais concretamente a Ponta Delgada, receber a primeira parte das comemorações, viajando depois o Presidente da República e o chefe do executivo para os Estados Unidos, país onde vivem cerca de 1,4 milhões de portugueses e luso descendentes, estimando-se que 70% sejam de origem açoriana.
Contudo, será ainda em Ponta Delgada, no domingo, que se fará a tradicional Cerimónia Militar Comemorativa do Dia de Portugal, que contará com a participação de mais de mil militares dos três ramos das Forças Armadas.




Imagens da Internet do 10 de Junho de 1969

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta sexta-feira que as comemorações de 2018 do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesa vão ser nos Estados Unidos da América.
"Para o ano vamos ter uma grande festa, porque o 10 de Junho vai ser nos Estados Unidos da América", afirmou o chefe de Estado, adiantando que "vai "passar por vários sítios onde há comunidades açorianas que nunca mais acabam".
Marcelo Rebelo de Sousa deu conta das comemorações do 10 de Junho do próximo ano nos Estados Unidos depois de ter tirado uma fotografia com um casal de emigrantes açorianos radicados em Boston, naquele país, no decorrer do almoço que reuniu mais de mil idosos na Praia da Vitória, na Terceira, ilha onde hoje cumpre o segundo dia de deslocação aos Açores.
Questionado pela Lusa sobre quando visitará a diáspora açoriana, o chefe de Estado adiantou que será já no próximo ano, no Dia de Portugal, que, num modelo inédito, comemorou com as comunidades portuguesas em Paris, em 2016, e este ano comemorará no Brasil.
Segundo a Direção Regional das Comunidades, que cita dados dos últimos censos norte-americanos, a comunidade portuguesa nos Estados Unidos é de cerca de 1,4 milhões de pessoas, estimando-se que 70% seja de origem açoriana.
Não obstante estar representada em todos os estados daquele país, a comunidade açoriana é mais expressiva na Califórnia, Massachusetts e Rhode Island.
Entre 1960 e 2014, saíram da região com destino aos Estados Unidos 96.292 emigrantes, informou a Direção Regional das Comunidades.

https://bcac2877.blogspot.com/2018/06/10-de-junho-ex-combatentes.html

domingo, 5 de junho de 2022

Madrinhas de Guerra - 3 - O amor é mais forte que a guerra



Amores e desamores

Com este livro, Marta deu também voz às mulheres que são a parte quase sempre ignorada desta história - as que aceitavam o repto e "apadrinhavam" um soldado. Calcula-se que, no total, tenham existido cerca de 300 mil madrinhas, todas com mais de 21 anos (quando, à época, se atingia a maioridade), mas com uma grande diversidade de origens sociais, desde as raparigas que serviam, como criadas, em casas alheias às estudantes do ensino superior.
Entre as jovens de cá e os jovens que estavam lá há troca de confidências, de fotografias, pequenos presentes. "Às vezes são apenas lufadas de ar fresco num dia-a-dia terrível, mas também surgiram grandes amizades e muitos namoros", diz a autora. Vários dos homens com quem falou evocaram o momento da chegada do correio, a sensação experimentada ao ouvirem o seu nome, a intimidade da leitura. "Amor, tão longe tu estás", como na canção Saudade, dos Heróis do Mar.
Muitos desses namoros epistolares não passaram do papel, perdidos no "redemoinho da cidade civil" (na frase de António Lobo Antunes, em Os Cus de Judas, um dos livros que o escritor dedicou ao tema da Guerra Colonial): uns por desencontros vários, outros porque, como afirma Marta Martins Silva, havia em "muitos destes soldados o medo de sofrerem um ferimento que levasse à amputação, tornando-os, numa expressão muito comum entre eles, menos homens. Em muitos deles, esse medo adquiria tanta força que os levava a desistir de qualquer compromisso a médio prazo e interrompiam a correspondência".
Este é, pois, o livro que regista a transformação destes homens num outro, diverso do que partia. Como escreve Carlos Matos Gomes no prefácio ao livro: "[...] Todo o português feito soldado sentiu que quebrava uma ligação ao que lhe era matricial à sua terra, à sua família, à sua comunidade, aos seus projetos de vida. Morria, porque o arrancavam do seu meio e o transplantavam para outro, desconhecido. Quem permanecia na metrópole, em certa medida, também o assumia como morto. Ele nunca regressará como o conheceram. Será outro."
Para Matos Gomes, estas cartas, às vezes de uma grande candura proporcionada pela inexperiência de muitos daqueles jovens, revela ainda o seu desalento, fatal para os objetivos do regime: "A correspondência trocada entre os militares portugueses e as suas madrinhas de guerra revela que aquela não era uma guerra que pudesse ser ganha por aqueles soldados. As primeiras cartas falam de um cumprimento de um dever, de um tributo a pagar, mas logo de seguida do regresso, do vazio da missão que cumprem. Não se vislumbra nenhum sentimento de orgulho por estarem os militares mobilizados a contribuir para uma vitória ou uma grande causa."
Na sua deambulação, Marta encontrou também histórias com final feliz: as dos soldados que voltaram sãos e salvos e se casaram com as autoras das cartas que lhes tinham suavizado a provação. Muitos deles assim continuam e partilharam com a autora a história dos seus amores: "Muitos dos casais vasculharam as casas em busca de recordações trocadas naquele tempo - e deixaram-se tomar pela emoção ao reencontrá-las -, outros sabiam exatamente onde as encontrar porque nunca as quiseram perder de vista. Houve também quem tivesse ficado sem nada em mudanças sucessivas, memórias perdidas em baús poeirentos que foram ficando para trás, ou a dada altura perdido a vontade de reviver o Ultramar [...]."
Meio século passado, o que permanece intacto na memória de todos é o sobressalto causado pela chegada do correio. E aquelas palavras que, num instante, venciam o medo, a distância, a proximidade do inimigo. Amor, tão longe tu estás.

Jose Monge faz anos