Visualizações

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Estatuto - vai a votos dia 15 de Julho de 2020


COMISSÃO DE DEFESA NACIONAL

 10:00 Horas [presencialmente e por videoconferência] (para acompanhar a reunião, enviar o pedido através do endereço 3cdn@ar.parlamento.pt)

Estatuto do combatente


terça-feira, 23 de junho de 2020



A noite de 23 de Junho, Véspera de São João é a celebração que ocorre antes do dia de Nascimento de João Batista. O Evangelho de Lucas (Lucas 1:36, 56-57) afirma que João nasceu cerca de seis meses antes de Jesus; portanto, a festa de São João Batista foi fixada em 24 de junho, seis meses antes da Véspera de Natal. Este dia de festa é um dos poucos dias dedicados a santos que celebra o nascimento do homenageado, ao invés de sua morte.[1]
A Festa de São João coincide estreitamente com a comemoração do solstício de verão, referido como midsummer no hemisfério norte. Apesar do dia santo cristão ter sido fixado em 24 de Junho, na maioria dos países as festividades são realizadas na noite anterior. In "Wikipédia"


Foi nesta noite, em 1969 que parte do BCAC 2877 se deslocou pela noite, em marcha, até à Fonte da Telha onde ficou, para fazer a tal IAO Instrução de Adaptação Operacional.
Ali foram dadas no quartel da antiga Guarda Fiscal da Fonte da Telha, as habituais vacinas e a alimentação era confeccionada na antiga bateria de Artilharia ali existente

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Amizades - ficaram

Alguns furrieis da CC do BCAC2877


Em cima - Silva, Melancia, Amandio Antonio Amaral, João, Madruga e Pimenta (grande camarada já falecido)
Em baixo - Joao Marques, Braz e Adelino

LUFICO

LUFICO - o desterro no Norte de Angola
CCAC2542 - BCAC2877
24 meses de comissão nestas paragens
Foto "roubada " em LUFICO no Facebook na CCAC4742



quarta-feira, 17 de junho de 2020

Racal - TR 28

Para a recordação dos nossos camaradas das transmissões e que utilizaram esta rádio em substituição do ANGR C9




Artº do nosso leitor João Freitas, recebido por msg:

O artigo que vos trazemos é muito importante. Não o será devido à prosa, mas porque tomámos a liberdade de vos falar sobre um dos mais significativos aparelhos usados pelas nossas FA e em situação de combate real. Daqui a muitos anos, se pudermos voltar cá para lermos o que hipoteticamente se escrever sobre o conflito colonial de 61 a 74, verificaremos, certamente que haverá ainda referências ao avião “T-6”, à espingarda “G-3” e ao rádio “TR-28”. Talvez nessa altura, devido ao espaçamento do tempo, se possa fazer de forma desapaixonada a história do que se passou nas picadas e nos salões. Agora achamos que ainda é cedo.

Como já referimos em outras ocasiões, as dificuldades enfrentadas na obtenção de material de guerra durante o conflito colonial da década de sessenta e setenta, levou Portugal a demandar mercados que se distanciavam dos seus usuais fornecedores. Assim, procurámos apoio em países fora do âmbito da NATO. Alguns, como a África do Sul, reconheceram no esforço português a possibilidade de juntarem um bom negócio à protecção dos seus próprios interesses geopolíticos e estratégicos do momento.

Durante esses anos a fábrica Racal em Inglaterra e as suas empresas agregadas, das quais se destaca a “Racal SMD” (1) na República da África do Sul, estão intimamente ligadas ao fornecimento de aparelhos de comunicações, seus diversos acessórios, assim como aparelhagem de teste para as Forças Armadas portuguesas. Destes fornecimentos sobressaem os aparelhos que hoje vos trazemos – os TR-28.

Ainda sobre as relações entre a “Racal” sede e a sua filial sul-africana, a seu tempo o governo inglês pressionará a primeira a largar esta filial, por causa do problema racial então vigente naquele país africano. Muitos engenheiros regressarão então a Inglaterra, em nada afectando a produção e a criação de novos modelos, pois o material humano sul-africano era de primeiríssima qualidade. Já com nova denominação e provando o que foi dito, emerge como grande fabricante de aparelhagem electrónica para diversos fins, incluindo o militar (para a aeronáutica).

Com o TR-28 deixamos de andar com as válvulas às costas, por muito pequenas que fossem. Com a sua originalidade e tecnologia entramos decididamente numa nova era. Portugal começa a receber estes receptores/transmissores para os três ramos das forças armadas em finais da década de sessenta. Permanecerão em serviço cerca de vinte cinco anos.

TR-28 do 1º modelo no leste de Angola



Os TR-28 (Transmitter-Receiver 28) são uma evolução dos conturbados RT-14B (da SMD) sendo este um dos primeiros aparelhos militares a utilizarem bandas laterais. Este tipo de modulação já era nessa altura (1965/66) um sucesso junto dos civis, mas era vista como uma curiosidade pela sociedade castrense, sendo a “Racal SMD” uma das responsáveis pelo seu desenvolvimento e aplicação táctica graças a um conjunto de engenheiros notáveis. Podemos dizer que o TR-28 é de facto idealizado numa noite, em Março de 1966 (2), sobre a mesa da casa de jantar de Ken Clayton – um dos responsáveis pelo seu desenvolvimento eletrónico- tendo por base os elementos do referido RT-14. Dessa noite até ao aparecimento do protótipo decorrerá uma semana! Nesse ano são feitos testes (de fábrica) em Angola no vale do Zambese e em redor da cidade de Salazar. Os primeiros modelos serão entregues a tropas da Rodésia em 1967 (3).

TR-28 do 2º modelo no norte de Moçambique

Sendo o TR-28 um rádio excepcional, é no entanto um aparelho desconhecido internacionalmente. A explicação para esta realidade reside, em nossa opinião, em diversos factos dos quais podemos realçar a já citada desconfiança com que então eram sentidas as bandas laterais aplicadas a aparelhos militares, e a pouca penetração no mercado internacional de aparelhos oriundos da África do Sul, quer fossem da Racal ou não! A utilização intensiva dada a este aparelho em Portugal (praticamente o seu único grande utilizador) não o ajuda a criar um lugar de destaque na história das comunicações militares, pois… a descolonização portuguesa era a última, e a novidade das independências já tinha perdido impacto, relegando para o esquecimento as armas os barões assinalados e os rádios.

Esta série de rádios de utilização ao dorso, veicular e fixa, opera em AM e bandas laterais (sup. /inf.), em voz ou grafia, dos 2 aos 8 Mc/s e com uma potência de 25/30W. A “família” TR-28 compreende cinco modelos principais (ver o quadro abaixo), todos eles com frequências fixadas a cristais. As diferenças, como veremos, não se ficam pelo número de canais e alterações a nível electrónico mas também pela forma exterior e cores com que originalmente vinham pintados.

1º Modelo do TR-28

1º Modelo (pormenor)

1º Modelo (detalhe da caixa de baterias)



Como vemos pelas fotografias, a primeira, segunda e terceira versão do primeiro modelo são todas elas, exteriormente, para além de iguais entre si, ligeiramente mais pequenas e uniformes do que o segundo modelo. Verifica-se então que o primeiro modelo não tem o painel de controlo a sobressair da sua largura geral (junto às pegas). Estas três primeiras versões do modelo inicial usam também uma caixa de bateria diferente (4). Internamente e comparando os diversos modelos, são relativamente pequenas as alterações a nível electrónico, sendo apenas de realçar as modificações realizadas na fonte de alimentação (5) e na adição sucessiva de encaixes para o sempre crescente número de cristais, o que vai obrigando a novas disposições internas.

2º Modelo do TR-28

2º Modelo (pormenor)

2º Modelo (detalhe da caixa de baterias)



Digno de nota e passando despercebido num primeiro olhar, é a curiosa e válida técnica utilizada na fabricação das caixas exteriores de todos eles, incluindo a caixa das baterias do segundo modelo. Se repararmos bem (e sem contarmos com os fechos e painel de comandos) notamos que são basicamente três peças (duas peças para as caixas do 1º modelo, e três + uma aparafusada para a sua caixa das baterias do 2º modelo) em liga leve coladas e prensadas umas às outras! A mesma técnica é empregue na fixação das duas pegas em todos eles. Apesar de parecer uma solução de fraca durabilidade em termos de uso militar, o tempo veio a confirmar amplamente o contrário.

Muitos TR-28 serão montados em Portugal na Standard Electrica/Centrel (sob controle da Direcção da Arma de Transmissões) com inclusão de componentes vindos da África do Sul via Lourenço Marques, tendo Portugal participado no desenvolvimento das versões de 36 canais. Praticamente todos os TR-28 traziam estampado no painel frontal de forma bem notória a indicação “EXÉRCITO PORTUGUÊS”. Assinalamos este facto pois é caso raro. Não podemos confundir esta indicação com as habituais letragens encontradas em pequenos autocolantes ou placas de alumínio, identificativas de outros aparelhos (ex. AVP-1). Esta indicação figurava em todos os aparelhos, independentemente da arma onde estivessem distribuídos. Até à data não vimos, nem tivemos conhecimento por qualquer forma, de nenhum outro rádio com tal menção.

Antena de fita

No que respeita a periféricos, saltam à vista dois sistemas de antena singulares. O primeiro compreendia um rolo de fio metálico, sustentado por um fino cabo sintético, enrolado num pequeno carretel de alumínio. Com a ajuda de um peso, lançava-se o fio de antena sobre uma árvore, sendo a outra extremidade (a do carretel) enfiada no alvéolo destinado à antena. Verdadeiramente original era uma antena baseada numa real fita de medida metálica (em polegadas e da marca “Starett”), rebitada a um suporte especial. Encaixada no alvéolo da antena do rádio, a sua distensão precisa, e posterior suporte num ponto alto, cortava-a de imediato para a frequência pretendida. O seu enrolamento era efectuado com a ajuda de uma pequena manivela exterior, como em qualquer boa fita de pedreiro! Apesar de prática não teve sucesso e foi poucas vezes utilizada, estando hoje em dia quase esquecida.

Conjunto das antenas mais usuais



Ainda sobre os acessórios, além das referidas antenas de fio, podíamos encontrar um dipolo, uma antena vertical de elementos de encaixar, um pescoço de pato, dois tipos de microtelefone/auscultadores, uma chave de Morse, um suporte veicular/fixo e diversos tipos de carregadores de baterias. Quanto a estes packs de baterias recarregáveis (Ni/Cad), eram compostos por 10 baterias de 1,2V, sendo possível o seu carregamento sem serem removidos do rc/tr, e com este em funcionamento. Não nos vamos esquecer de mencionar os excepcionais manuais de fábrica (em português), com esquemas diversos em papel vegetal para se poderem sobrepor a outros, de modo a determinar-se a posição dos inúmeros componentes eletrónicos. Ainda sobre os acessórios conhecemos cinco tipos de sacos de transporte, os primeiros em lona castanha (tipicamente inglesa) de fabricação sul-africana e de fraca qualidade, três de fabricação nacional em diversos tons de verde oliva e em lonas de padrões diferentes e um também nacional em “nylon” verde oliva. De todos eles fazia parte indissociável o alvéolo para guardar as varetas da antena.

Estes aparelhos vinham equipados com dois modelos de “placas capacitivas” – uma fazendo parte integrante das “costas” da mochila de transporte e outra destacada podendo ser guardada num bolso ou deixada por terra. Sem esta placa bem ligada à massa do rádio (servindo de plano de terra), prejudicava-se nitidamente os alcances esperados. Ainda sobre a sua potência relativa e apenas como mera curiosidade, e uma vez que a distância de quarenta anos os torna eternamente impunes de uma reprimenda, foi-nos dito por antigos operadores de rádio, que era possível acender um cigarrito na antena, quando em emissão.

Modelo sul-africano (diferentes botões, fichas e micro-telefone)

Sobre as cores com que eram pintados originalmente realça-se, nos modelos iniciais (Sul-Africanos), um verde-escuro brilhante (bronze green) característico das forças armadas britânicas. Na produção nacional e posteriores repinturas foram utilizados variados “verdes militares”, que vão de um “olive drab” escuro e brilhante a cores próximas do “RAL-6018”, sendo utilizadas em grande parte dos modelos nacionais tintas texturadas de qualidade. Como curiosidade já deparámos com exemplares repintados (?) de cinzento claro “Marinha” e azul “Força Aérea”.

Com um exterior completamente diferente, mas com componentes internos similares à versão militar “TR-28”, a Racal fez uma versão civil com a designação “TR-38D”. Chegámos a ela, a partir do seu manual técnico e de textos em folhetos oriundos do seu antigo representante em Moçambique (6), e por indicação de um técnico português que trabalhou na referida fábrica. Esta versão tinha frequências do espectro atribuído a civis, tendo sido utilizada por fazendeiros do interior das antigas províncias ultramarinas.



Na linha do natural desenvolvimento do TR-28 estaria em vias de concretização uma versão sintetizada (7), ideia germinada em Portugal por engenheiros da Standart Electrica/Centrel, mas que terá sido abandonada por causa de Abril de 1974 e o consequente fim das hostilidades em África.

Caminhando para o fim deste artigo, não vamos deixar de mencionar uma informação que nos foi dada há alguns anos, até porque um dos nossos leitores poderá ser a chave para a solução do mistério: de que a Força Aérea (Corpo de Tropas Pára-quedistas) teria tido uma versão específica do TR-28B2 (ver quadro abaixo), com uma caixa de bateria mais pequena, para tornar o rádio mais leve! Até ver, esta interessante indicação – apesar da veemência incontornável com que nos foi dada – nunca obteve confirmação por parte de fontes seguras pertencentes às Tropas Aerotransportadas e com responsabilidade nos seus antigos sistemas de transmissões, nem em militares ou civis ligados à linha de montagem portuguesa.

Os rádios que hoje utilizamos não são de geração espontânea. Tiveram toda uma evolução e essa evolução marcos de referência, como o aparelho de que tratámos hoje. Basta reparar, apesar da distância no tempo, na origem e na técnica, nas semelhanças físicas existentes entre o TR-28 e o “nosso” recente P/PRC-425 que o vem, em parte, substituir, para verificarmos que quem concebeu esteticamente este último deveria ter tido como referência sobre o estirador um velho TR-28!

Lista dos modelos Racal TR-28

(Esta listagem é de nossa responsabilidade, não tendo nós conhecimento de que alguma vez tal tivesse sido feita, apenas foi encontrada informação fidedigna que a advogasse em parte. A conclusão a que chegámos, e que vos apresentamos em 1ª mão, resulta da observação de muitas dezenas de aparelhos e seus acessórios, de vasta literatura técnica e promocional de origem nacional e estrangeira lida nas linhas e entrelinhas, e de indicações amavelmente cedidas por antigos militares de diversa hierarquia ligados à sua montagem, reparação e utilização táctica no continente e no antigo ultramar, assim como de civis relacionados directamente com a produção nacional.)

1º Modelo/1ª versão: RACAL TR-28A, 12 frequências (c/ 12 cristais CR18U), 25W de saída, indicações de comandos em inglês ou português, com ou sem a indicação “Exército Português” no painel.

1º Modelo/2ª versão: RACAL TR-28A2, 12 frequências (c/ 12 cristais CR69U), 25W de saída, indicações de comandos em português, com ou sem a indicação “Exército Português” no painel.

1º Modelo/3ª versão: RACAL TR-28B, 24 frequências (c/ 24 cristais CR69U), 25W de saída, indicações de comandos em português e menção “Exército Português” no painel. Esta legenda aparece também no 2º modelo.

2º Modelo/1ª versão: RACAL TR-28B2, 24 frequências (c/ 24 cristais CR69U), 30W de saída, nova apresentação exterior e modificações a nível electrónico

2º Modelo/2ª versão: RACAL TR-28B2, apesar da mesma nomenclatura, tem 36 frequências (c/36 cristais CR69U), redisposição interior por causa do aumento do nº de cristais, em tudo o mais é idêntico ao 3º modelo. Nestes aparelhos era acrescentado ao painel de comando um pequeno autocolante com a indicação “36 canais”



3º Modelo: RACAL TR-28C (?), possível versão sintetizada, que nunca terá passado da fase conceptual.

Notas:

(1) A firma sul-africana sediada em Durban “Radio Electro-Equipement Co.“, dá lugar em 1937 à firma “S. M. D. Manufacture Co.” (SMD são as iniciais dos nomes dos seus três fundadores: Steel, Madison e Dainty). Em 1963 dá-se a fusão desta casa com a britânica “Racal Electronics”, passando-se a denominar “RACAL SMD”. A esta fusão segue-se a mudança da sede, de Durban para Pretória. Em 1969 muda outra vez de nome, passando a chamar-se “Racal Electronics South Africa Ltd.” ou apenas “R.E.S.A.”. Actualmente estas firmas já não existem, estando a “Racal Electronics” inglesa englobada na “Thales Group”, e a “Racal Electronics South Africa Ltd.” no grupo “Grintek”. Quando em 1963 se deu a fusão da “SMD” com a “Racal”, uma pequena parte da “SMD” constitui uma nova empresa, ligada ao grupo industrial Barlows, dedicando-se ao desenvolvimento e fabricação de aparelhagem para comunicações aeronáuticas e rádios civis de grande qualidade (Barlows Wedley)

(2) “The SSB manpack and his pioneers in South Africa” 2ª parte, em Radio Bygones nº 94

(3) Por tropas denominadas “Rhodesian African Rifles” em “Bush telegraph” de Gordon Munro e Henton Jaaback, de 2002

(4) O segundo e último pack de baterias, apesar de ser feito de três peças coladas (ver texto), era incomparavelmente muito mais robusto do que o primeiro modelo (feito de uma única peça). Devido à sua posição, o pack de baterias é o primeiro a sofrer os impactes no solo, de todo o conjunto.

(5) Talvez a principal fonte de problemas neste aparelho, a par de um relais de fácil substituição e a fusão de cablagens em climas muito quentes, chegando a ser feitas cablagens de recurso em plena zona de operações (Apontamento referido por alguns radio montadores)

(6) Representantes da “Racal Electronics South Africa Ltd.” em 1970:

Portugal continental: Ondex Representações Electrónicas Ldª. (Lisboa)
Angola: Racal Electronica Ldª. (Luanda)
Moçambique: Construtora Rádio Eléctrica Ldª. (Lourenço Marques)

(7) Não sabemos se seria a versão “TR-28C”, referida em boletins da Academia Militar.

João Freitas

(Texto tirado e adaptado de um artigo nosso que saiu na revista “QSP

terça-feira, 16 de junho de 2020

Aires - conta



Quando fiz anos em Agosto/1970 roubei duas alfaces na horta onde o nosso comandante Damas Vicente passava o tempo a tratar,  coadjuvado pelo nosso amigo Américo. 
No outro dia o nosso comandante deu por falta das alfaces e começou a apertar com o Américo para este lhe dizer quem foi.
Coitado do Américo dizia que não sabia e de vez em quando olhava para a nossa messe. 
Quando o Américo foi ao meu quarto bem soube dizer vê se logo que foi o nosso furriel e comandita. A minha resposta foi deixa lá,  bebe uma cerveja e não se fala mais nisso.
 Ainda me rio desta história. 
Nessa altura como era em Agosto ficavam por lá meia dúzia de gatos pingados. 
Julgo que estavas de férias no "puto" (O Braz Gonçalves). 
Abraço.

2020 - confraternização anual




segunda-feira, 15 de junho de 2020

IAO - Instrução de Adaptação Operacional

Efeméride-IAO-Instrução de Adapatação Operacional

Para que conste em memória, em especial para os que sendo mais novos, têm hoje a felicidade de irem "para a guerra", só se forem profissionais e voluntários.
Não foi o nosso caso.
 Eramos "amadores" e "obrigados" a ir para a guerra.
Assim, muitos do que como eu, foram obrigados, não só a ir para a guerra, mas mais ainda.
Por uma questão de "adaptação", fomos colocados próximo de casa.
Por exemplo para quem morava em Paço de Arcos, foi para Tavira, 6 meses. De Tavira a Lisboa, pela Serra do Caldeirão ( alguém já experimentou ir para o Algarve por aí, nos dias de hoje ?) era uma saída por volta da uma da tarde e chegada a Lisboa ao Campo das Cebolas pela 7 horas ou ainda mais tarde. O regresso era da meia noite de Domingo às 7 horas da manhã, de Segunda-feira.
Depois da passagem por Tavira, Caldas da Rainha. Das Caldas da Raínha ao Porto, ao RI 6 - Senhora da Hora, mais uns 300 klms de distancia. Finalmente, guia de marcha para Angola, destino desconhecido. Passagem pelo RI 1 - Amadora, que como não tinha instalações, houve necessidade de utilizar as instalações duma antiga Bateria de Artilharia Anti-Aérea, no Porto Brandão.
É aí que chega a véspera de São João, com a nossa estadia no Porto Brandão, o padroeiro da cidade do Porto, também o é da Cidade de Almada.
Festas e romarias, ao tempo, com as tradicionais fogueiras junto dos arraiais populares. Bom e acalorado tempo.
Assim, fizemos todos nós a viagem a pé, em marcha, até ao Pinhal do Rei na Fonte da Telha, para aí passarmos uma semana de campo na IAO, a tal Instrução de Adaptação Operacional para a guerra em Angola.
Recordamos hoje essa data, que se celebra já no próximo , 23 de Junho

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Racismo nos ex-combatentes


O racismo dos Combatentes de Guerra de África

Por muitas razões que houvesse, e serão muitas, não devemos esquecer que gueras, são guerras e os combatentes não lutam, sobrevivem e matam por razões pessoais.
A guerra proporciona momentos e vivencias que não são fáceis de explicar para que nelas não tomou parte.
Nas guerras, dum modo geral não existe racismo e quando existe, não será nunca a primeira razão da guerra.
Temos nos dias de hoje, como sempre, guerras que só existiram por essas razões. Há mexemplos de sobra para contendas entre etnias ou paises que se refugiam nessas motivações, motivos ou razões.
Em Angola,  Guinê ou Moçambiquce,  a guerra não foi feita por razões raciais.
Para alem dos exageros que resultaram da relação entre colonizador e colonizado, e que foram muitos e graves, dos quais não nos devemos esquecer ou relevar,  sempre existiu um boa relação entre os nativos e os colonizadores.
A guerrilha foi fomentada exageradamente por razões e motivações substancialmente politicas e alicerçadas em razão duma lógica política que renascia nos tempos de então.
Esses ventos de emencipação dos territórios germinaram e deram os seus frutos com o inicio das guerras de guerrilha libertadora dos povos colonizados de África,
Muitos foram os povos e nações que se librertaram dos colonizadores antes  dos territórios da colonias portuguessas.
Os politicos portugueses não souberam e acima de tudo, não quiseram aproveitar essa onda de des colonização feita, sem guerras e  os morticinios que sempre os envolvem.
Bem, mas acabada a guerra de África, que deixou muitas e profundas mazelas, em especial, naqueles que vieram a ser obrigados a deixar os territórios que ficaram "libertados" do jugo colonialista, os combatentes, na sua grande maioria, ficou com um sentimento e uma nostalgia cxo que passaram e da vivência da experiência passada por lá.
As máguas da guerra, dos os portuguesa camaradas mortos ou feridos, dos inglórios anos que lá passaram, das doenças, dos traumas  sofridos e da sua continuação por muitos anos, após o regresso, mesmo assim, não deixam esmorecer um sentimento de amizade, compreensão e mesmo respeito por aqueles povos.
Do mesmo modo que ainda hoje, tantos anos após o final da guerra de Áfria, se sente que os portugueses, antigos colonizadores, são sempre bem recebidos  naquelas paragens.
Não fora alguma chama que os politicos de alguns desses países, ainda acendem contra os portugueses, as nossas trelações seriam bem melhores.
A guerra quando acabou, parte, grande parte dos ódios entre as partes beligerantes acabaram.
Desde sempre que aquilo que hoje se chama de racismo, não passou a ser palavra e prática en tre a maioria dos combatentes - o que se passou, passou.