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sábado, 3 de maio de 2008

Jose Niza - Entrevista


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20 Abr 2008, 09:32h
José Niza fala dos seus Poemas de Guerra



O primeiro livro do médico, político e compositor, José Niza, foi apresentado publicamente, na passada segunda-feira, 21 de Abril, no Largo do Seminário em Santarém, `pelas seis e meia da tarde. “Poemas de Guerra (Angola 1969 – 1971)”, tem prefácio de Francisco Pinto Balsemão.
É editado por O MIRANTE e vai ter uma edição de trinta mil exemplares que foram oferecidos aos assinantes do jornal, com a edição desa semana em que se assinala mais um aniversário do 25 de Abril.
O autor explicou a O MIRANTE TV as circunstâncias em que os poemas foram escritos e revelou que tem na sua posse um diário de guerra com mais de oito mil páginas que poderá servir de base a um novo livro.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

5ª Feira da Espiga . Dia do Trabalhador





Tradições que infelizmente se vão perdendo!


Lembro-me bem de correr os campos com os meus pais e amigos.
O Dia da Espiga.
Era então feriado, hoje ainda o é em muitas terras.
Um farnel, umas mantas e lá iamos para um local não muito longe de nossas casas porque o percurso era todo feito a pé.
O dia todo no campo.
Que tradição, para conseguirmos o tão desejado raminho que, se a memória não me falha, incluia espigas de trigo, papoilas, pequenos ramos de oliveira, malmequeres brancos e amarelos.
Depois era pendurado atrás da porta até ao ano seguinte.
Para trazer a fartura aos nossos lares conforme rezava a tradição.
Bons tempos em que aos adultos e as crianças se divertiam e confraternizavam com estas tradições.


!!!! - Não me recordo de que alguma vez, na Guerra em África, se tenha falado nesta tradição ou comemorado este dia.
Longe da vista longe do coração, diz o ditado


1º de Maio
O dia do Trabalhador, não cabia de modo nenhum na Guerra de África.
O regresso ao "Puto" e o 25 de Abril, abriram as portas a quem o quiz e quer comemorar.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Quiende - Angola

Nas minhas pesquizas pema Net, encontri este pequenino pedaço de história que tomei a liberdade de publicar.
Acima de tudo, serve como um pequeno contributo, um pequeno relembrar da Guerra, do Quinde, de Angola.
Se houver por aí notícias sobre este livro que nos informem.
"Sábado, 1 de Dezembro de 2007
ANGOLA

http://kiende.blogs.sapo.pt/1228.html

AS BRUMAS DO MATO

Ninguem pode ficar indeferente a este livro, principalmente se esteve na Guerra do Ultramar ou se teve um familiar naquela maldita guerra.

Estava estes dias a ver a página "Moçambique" uma página onde muitos ex combatentes escrevem a sua dôr ou a sua raiva mesmo passados tantos anos depois de ter vivivo o pesadelo de uma guerra sem justificação.

Muitos passaram a livro as suas vivencias outros como eu apenas escrevem pequenos apontamentos de muitos meses de solidão, fome e principalmente medo.

Parei por instantes na página do agora meu amigo, Manuel Leal Fernandes que não conhecia mas que achei curioso na altura que lia o seu passado em Angola como Capelão a sua passagem por locais onde eu tambem passei uns anos depois dele.

O Manuel Fernandes, esteve no Norte de Angola entre 29 de Novembro de 1967 e 27 de Janeiro de 1970. Falava de Ambrizete, Tomboco, Lufico, S. Salvador, Luvo, Mamarrosa, Canga etc.
Todos locais onde eu tambem fiz principalmente apoio a viaturas civis quando se dirigiam a estes aquartelamentos a levar mantimentos.

Locais terriveis com um "curriculum" de meter medo só de ouvir na altura situações passadas com encontros com o "inimigo".
O inimigo a quem nós tambem chamavamos de "turras" era esse o dialeto que nos meteram na cabeça logo na recruta.

Ontem almocei com o Manuel Fernandes que me ofereceu o livro que eu desejava comprar.
Almoçamos no Restaurante Tainha nos Carvalhos onde o Manel exerce a sua vocação.
Aproveitamos para recordar muita coisa passada, boa e menos boa, mas deu para perceber que se trata de um Senhor.
Esteve no Norte de Angola com um Batalhão de militares, muitos deles ficaram para sempre na estrada da Morte para onde os enviaram, outros regressaram com marcas para o resto da vida.
Manuel Fernandes acabou de escrever este livro apenas em 1997.
Tratando-se de um oficial que estava fora das lides de guerra pelas suas funções, contou com a ajuda de muitos operacionais, esses sim tiveram contacto com o perigo no seu dia a dia e são comoventes muitos desses "retratos".
Um livro que recomendo.
Não se trata de uma leitura cor de rosa antes pelo contrario, mas serve para avaliar o que foi aquele "inferno".
Para quem o quiser adquirir aqui fica o numero para contacto - 967322579.

Obrigado Manel pela tua generosidade "

terça-feira, 29 de abril de 2008

Jose Niza - Poemas da Guerra

José Niza e O MIRANTE apresentaram “Poemas de Guerra” em Santarém

Palavras “de raiva” escritas depois do clarim impor o silêncio

O livro vai ser distribuído esta semana com as edições de O MIRANTE e do Expresso.
Era depois de se ouvir o toque de silêncio que começava a segunda vida de José Niza na guerra colonial, onde esteve de 1969 a 1971. Pela noite dentro, no norte de Angola, compunha músicas e escrevia. Escrevia muito. A actividade criativa “de raiva” era uma forma de compensar a angústia de se ver metido no meio de uma guerra sem sentido. Entre o muito que escreveu estavam poemas que só agora, quase 40 anos depois, foram resgatados da gaveta e tiveram apresentação pública.
O livro “Poemas de Guerra” é uma edição de O MIRANTE e vai ser distribuído com as edições do nosso jornal e também do semanário Expresso desta semana na área de abrangência de O MIRANTE. Ao todo serão cerca de 30 mil exemplares na rua, um número inusual em termos de edição de poesia que leva o autor a dizer que depois das costumeiras cheias “vem aí uma inundação de poesia”.
A apresentação de “Poemas de Guerra”, na tarde de segunda-feira no salão nobre da Câmara de Santarém, foi o pontapé de saída para um ciclo de espectáculos culturais que decorreram ao longo da semana com a vida e obra de José Niza como pano de fundo. Aliás, nessa tarde Paco Bandeira e Tonicha cantaram músicas do homenageado. O município escolheu este ano a figura do psiquiatra, político, compositor, músico, poeta, residente em Santarém há muitos anos, para homenagear durante as comemorações do 25 de Abril. Uma personalidade multifacetada que o presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD) classificou como “um interventor cívico” e “um construtor de sonhos” que “fez do afecto, do companheirismo e da fraternidade a mola da sua vida”.
Perante uma sala repleta onde se contavam alguns dos camaradas de armas que com José Niza andaram na guerra colonial, Joaquim Emídio, director geral de O MIRANTE, revelou que a ideia de editar os poemas feitos em tempo de guerra já vinha germinando há um par de anos. “Pequenos percalços” levaram ao adiamento da publicação, que acabou por ter a vantagem de possibilitar uma distribuição maior da obra. “Não fiz mais do que a minha obrigação enquanto pessoa com responsabilidades culturais”, afirmou.
Um dos pontos altos da sessão consistiu na declamação de vários poemas por José Manuel Mendes, poeta e presidente da Associação Portuguesa de Escritores, e também por Maria da Purificação. Mendes reforçou as palavras elogiosas dos antecessores dizendo que conhecia as qualidades e o talento de José Niza para múltiplas actividades, mas não imaginava que ali escondido havia um poeta. “Este livro é uma afirmação do poeta que urge continuar”, declarou.
Perante o caudal de elogios, José Niza defendeu-se com ironia e humildade quanto baste. Disse que acha “um pouco exagerado” o conteúdo do prefácio assinado por Francisco Pinto Balsemão, bem como os encómios que lhe foram dirigidos nessa sessão: “Leva-me a pensar quem será o tipo de quem andam a falar”.
Afirmou-se reconfortado com essas manifestações de apreço no ano em que completa 70 anos de vida e voltou ao humor com fundo histórico: “Cesário Verde só publicou um livro. E do meu vão fazer 30 mil exemplares que num livro de poesia deve ser inédito mesmo sendo distribuído com O MIRANTE e com o Expresso”.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A Guerra - Colonial-do Ultramar-de Libertação-de África

O Correio da Manhã, começou hoje a colocar na rua, conjuntamente com as próximas edições de segunda-feira, por um complemento no preço de capa do jornal, o DVD da autoria e realização de Joaquim Furtado, produzido para a RTP1 e que tem passado naquela estação de TV.
Reportamos aqui o facto, pela qualidade dos filmes, quer a nivel da realização, quer ao nível do contributo que dará para a análise histórica da grande maioria dos acontecimento da Guerra de África.
Que tem visto os filmes, certamente que não lhes fica indiferente.
Por muito individualista ou subjectivista que a mesma seja, o trazer à memória acontecimentos que muitos de nós não queríamos acreditar que podessem ter acontecido, são por si só um valioso contributo no sentido de dar conhecimento aos que estiveram ou ainda estão arredados do que se pasou por terras de África.
Em especial para os jovens, que tem passado ao lado de muitos dos problemas que o nosso país passou e vai continuando a passar, estes documentários podem ser, certamente, uma chamada à realidade daquilo que muitos dos seus pais, avós, familiares e amigos, passaram.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Zau Évua - Poema de Jose Niza

Zau Évua


Chama-se Zau Évua
o sítio onde
na ponta de um pau
existe um pano
verde e encarnado

era daqui
o menino negro que mataram
e não cresceu na terra que era sua


ninguem o chorou
porque ninguem ficou para chorar

neste chão
regado pelo sangue do menino
um pau ficou espetado
tendo na ponta um pano
verde e encarnado

10 de Agosto de 1969

terça-feira, 22 de abril de 2008

José Niza - Poemas da Guerra








Quando fazia a dedicatória que se publica abaixo



Um dos poemas
CARO LUIZ VAZ
Eu canto um ilustre peito lusitano
ainda assaz melhor que o da Mangano
e se a tanto me ajudar o engenho e a arte
ainda mando esta vil guerra àquela parte
e rumarei apressado àquele peito
que mais vocação tenho para o leito
do que para esta guerra injusta
e sem respeito

Estivemos em Santarém, numa memorável e inolvidável tarde.
Na apresentação pública do livro de poemas - Poemas da Guerra - do Dr José Niza.
Aquele que foi médico do Batalhão 2877 onde fomos camaradas, (onde todos nos conhecemos e ficamos amigos para sempre - palavras suas), nos dois anos mais tristes das nossas vidas.
Como Francisco Pinto Balsemão, diz no prefácio ao livro, por si subscrito, "Jose Niza é um médico praticante, um compositor e autor de letras consagrado e um músico amador competente . . .
"Dizemos nós, que com ele partilhámos muitos momentos bons e maus, que é um homem com um raro sentido de humor, um conversador nato, um companheiro e acima de tudo um notável, honesto e sincero utilizador da verticalidade na sua postura e no modo como tem praticado a vida. "




Aqui deixamos a sua mensagem a todos os antigos camaradas de armas
Bem haja








Daremos notícia mais pormenorizada da cerimónia oportunamente













sexta-feira, 18 de abril de 2008

25 de Abril



25 de Abril

Da janela do meu coração, continuo a ver o 25 de Abril de 1974 a passar.
Algumas vezes temos conversado.
Não passa agora tantas vezes e, quando passa, já o faz, com um passo curto, muito miudinho.
Ainda trás consigo uma áurea de esperança. Mesmo para os velhos, o futuro não se perde nunca de vista
Está a ficar velho, mas, como todos os velhos, está rico em experiência e em sabedoria acumulada.
Tenho notado que nalguns dias, passa como que se estivesse um pouco envergonhado.
Creio que não será com ele próprio.
Noto que, não sendo de muitas palavras e mais de actos, prefere que o tempo vá passando para que muitos dos que mal dele disseram e alguns ainda hoje dizem, se compenetrem da sua razão.
Os bons corações são generosos, compreensivos e humildes.
Ele foi.
Ele assim é
Houve tantos que precisaram dos seus favores, o que ele nunca regateou e muitos desses, hoje tanto mal dele dizem.
Houve tambem quem pretendesse aproveitar as ruinas do casarão que ele escancarou, para o transformar em outro quase igual, apenas pintando com outras cores a fachada e as paredes.
Noto-lhe no semblante a esperança de que sabe que um dia virá o reconhecimento das suas qualidades.
Nunca mo disse, mas eu já me apercebi, que tem perdoado a essas pequenas minorias, a sua maledicência e oportunismo.
Estando mais velho, já com as rugas a começarem a cobrir-lhe a face tisnada pelas intempéries da dura vida terrena, sabe que não foi perfeito em tudo o que até agora fez.
Também têm consciência de que, com a sua idade, agora, não pode fazer muito mais.
A sua sina, foi abrir para uma grande maioria, as portas do casarão, velho, com as paredes a derrocarem e o vigamento dos tectos cheios de teias de arenha, quando não, de ninhos de vespas e com o telhado a desmoronar-se, devido aos maus tratos de 50 anos de abandono e isolamento.
Depois das portas abertas, todos entraram.
Minto, alguns, fugiram, pois tiveram medo que algum pedaço do velho edifício lhe caísse em cima.
Outros que durante anos foram habitantes privilegiados do edificio, aproveitaram a camuflagem do pó da derrocada e passam por aí, despercebidos.
… A minha janela continua aberta.
Será bom continuar a vê-lo passar. Nem acredito que não possa assim ser.
Estamos os dois a ficar cada vez mais velhos.
Eu mais, quando ele nasceu, já tinha quase 30 anos. Com três de serviço militar obrigatório, dois deles passados nas matas de Angola. No regresso trouxe comigo o sedimento dessa dura passagem, muito dele, ainda me acompanha hoje no dia a dia.

Desejo que nos continuemos a ver, por longos, felizes e saudáveis anos.

Bem-haja






Braz Gonçalves/Abril de 2008