Então,
ainda mandava a tradição que se juntassem os mais jovens pelas aldeias e
lugares deste país e se juntasse lenha para queimar nessa noite. Magotes de
raparigas e rapazes juntavam-se para convencionarem com papel colorido, cola e
cordel, os enfeites para adornar os locais onde se comemoravam os Santos
Populares. As fogueiras nas ruas eram
então obrigatórias e a tradição de saltar sobre as enormes chamas para, bem na
tradição pagã de afastar os maus espíritos, não faltavam.
Era
véspera de S. João. No Porto Brandão e em Setúbal, a tropa ali aquartelada, já
com o destino marcado com a sua viagem de ida marcada para a Região Militar de
Angola, preparava-se para o seu primeiro contacto com a “mata”, desta vez, por enquanto,
ainda na Metrópole.
Ao começo
da noite, tropa em marcha. Em passo cadenciado, como convém, o Comando do
Batalhão, a CCS e as Companhias CCAC2541 e CCAC 2543 iniciaram o seu caminho para
“guerra”.
Esta guerra desenrola-se no Pinhal do Medos,
no Pinhal do Rei, ali por cima da então e actual Praia da Fonte da Telha. Foi dada a esta preparação para a guerra o
pomposo nome de “Instrução de Adaptação Operacional”, um pomposo nome que se
ficava, na sua simplicidade pela sigla - IAO. A
partir de então iriamos
verificar que a tropa gostava de simplificar muitos nomes e conceitos, transformando-os
em siglas.
Para
véspera de S. João e naquele tempo a tradição mantinha-se e pelos diversos
lugares por onde fomos passando as fogueiras estavam acesas e a tradição
cumpria-se com música e o arraial.
O percurso entre o Porto Brandão e a Mata do Pinhal do Rei
ainda é longo e o pessoal sentiu o peso da farda e do equipamento, sentiu ainda
mais o enorme peso da agonia, do medo, da incerteza no futuro, da falta de
conhecimento da “guerra” e das suas consequências. Esses sabores amargos
passaram todos e por todos os que fizerem essa primeira caminhada ao encontro
da guerra. Esta porém, ainda era a
brincar.
Com a CCAC2542 que se encontrava em Setúbal terá acontecido o mesmo.
Já era dia de S. João quando chegámos pela primeira vez e á
primeira guerra.
Estávamos em 1969.
1 comentário:
e verdade estou tão como se tenha passado hoje,que também tal como naquele dia,hoje é noite de s. João
lembro aqui um episódio nessa caminhada,fingindo sentir-se mal o BANDARRA,ficou logo sentado na rampa do PORTO BRANDÃO não tendo ido a pé mas no outro dia de viatura. lemranças dotros tempos,
um abraço.
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