domingo, 24 de junho de 2018

Zau Évua I - actual

Por curiosidade temos vindo a procurar documentos actualizados sobre os locais onde o BCAC2877 esteve - no caso actual, mias uma descrição sobre Zau Évua

Documento escrito e fotográfico retirado de : https://vivevence.weebly.com/zau-evua.html

O BCAC2877  esteve sediado aqui entre Julho de 1969 e Julho de m1971
Foto tirada do lado das messes


                                                       Foto tirada do lado das messes





A cerca de meio caminho entre Quiximba e Quiende, Zau Évua era um quartel em parte nenhuma. Uma zona nem muito acidentada nem muito florestada, semeada de lagos e charcos, providenciava abundante caça, e essa era, verdadeiramente, a única actividade a que nos dedicávamos nos longos períodos entre as poucas saídas em operação.
Em tempos não muito remotos tinha sido sede de batalhão, conservando uma dimensão que, apesar da ocupação a dois grupos quase permitia quartos individuais para toda a gente.
A pouca distância, os montes Zau-Évua eram uma estranha formação elevando-se abruptamente do solo por algumas centenas de metros, quase como um gigantesco calhau perdido na savana. Mal nós sonhávamos que esse inexplorado macisso viria a tornar-se num dos mais importantes atractivos turísticos de Angola, a fazer fé no interessante site Welcome to Angola

Para nós a descrição de Zau Évua cinge-se à memória do desolado quartel, onde fez história o primeiro sargento da companhia do Quiende que, tal como todos os outros matava o tempo bebendo e lazendo, e que todas as noites, ao ser escoltado em estado já bastante gasoso pelo cabo escriturário que, pacientemente, o acompanhava e apoiava nos longos 200 metros através do quartel até à cama, lhe ia confidenciando, de 5 em 5 passos, os seus receios:
- Isto é um perigo, escritas... se eles atacam...
Nunca atacaram, e o único perigo real que o quartel enfrentou foi uma pacaça que uma noite entrou numa caserna, e que, quando alguém perguntou, no escuro, "Quem está aí?" fugiu a direito, levando com ela a porta e arredores, incluindo uma vasta secção de arame farpado. 



Carne de Pacaça e de Burro do Mato não faltava

Encontrámos o bicho dias depois, em mais uma bem sucedida caçada, mas acabámos por enterrar a vítima. Os estragos produzidos pelo arame farpado não deixaram dúvidas de que era o nosso visitante nocturno, mas o estado infectado das feridas não aconselhava o consumo.
Perigo não chegou a ser uma imensa cobra de água, muito mal disposta quando transferimos a água do buraco que dominava para a piscina.
Para quebrar a monotonia apenas o estranho caso dos dois soldados angolanos que, ao toque de ordem iam  para o mato a uma centena de metros e voltavam minutos depois perdidos de bêbados. Uma investigação discreta detectou o local onde tinham colocado um garrafão por baixo de uma palmeira cortada, e todos os dias bebiam a colheita e renovavam o corte sangradouro
Foi por descargo de consciência que parti em busca de vestígios actuais de Zau Évua. Era pouco crível que no lugar de um quartel português ermo e abandonado alguma coisa restasse ao fim de 40 anos e uma longa guerra civil, que a fazer fé na interessante foto de José Castilho, obrigou a refazer tudo de novo.
Foi uma surpresa!
O local mudou de grafia, cedendo à tradicional nasalação da consoante inicial, e hoje escreve-se Nzau Évua. A algumas centenas de metros do antigo quartel, essa nova povoação aproxima-se dos 2000 habitantes, mas, mais interessante ainda, notícias locais colocam em Zau Évua o Centro de Instrução da Polícia.
Seria interessante averiguar se eles terão aproveitado o imenso quartel que abandonámos em 1974.

Imagem

As picadas

1 comentário:

  1. Deixo a informacao que o nome zau-evua,hoje nzau-evua na lingua nativa quer dizer lugar dos nove elefantes.Nzau, (elefante)e Evua (nove)juntas Zau-Evua.A construcao deste aquartelamento foi iniciada pela C.C.S.do meu batalhao 514 em 1965.No itenerario zau-evua tomboco o grupo de sapadores que fazia parte na construcao do quartel sofreram uma emboscada e nela perderam a vida 14 colegas meus,isto em novembro de 1965 a um mes de sermos rendidos.

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