quinta-feira, 7 de agosto de 2014

BCAC2877- uma, muitas histórias

Vamos fazer uma compilação, sempre que possivel, por ordem cronológica da historial do BCAC2877, das suas companhias, desde a sua formação, partida, estadia e regresso a Lisboa.

Aproveitamos a experiência do Dr. Niza, que passada a livro e referenciada com datas e acontecimentos, irá proporcionar a todos os que se interessarem na sua leitura, uma visão do que por lá se passou, essencialmente, no Norte de Angola, onde o BCAC esteve durante os dois anos de comissão.

 

Sobre o livro escrito por José Niza, deixamos  aqui uma notícia, publicada em tempo no jornal  escalabitano “O Mirante”

 

Sempre o temos feito, mas voltamos a pedir a quem tem fotos, histórias contadas ou por contar que nos façam chegar esses testemunhos, pois gostosamente faremos a sua  publicação

 

José Niza conta em "Golden Gate" memórias da guerra colonial 

 

A obra “Golden Gate – Um quase diário de guerra”, de José Niza, é “um livro de memórias” de uma guerra colonial que “aconteceu durante 13 anos”, escreve no prefácio o compositor residente em Santarém falecido em 23 de Setembro de 2011.O livro agora editado resulta da correspondência diária que manteve com a mulher durante o período em que esteve “naquele mato de Angola, húmido e quente”, no aquartelamento de Zau Évua, entre 1969 e 1971.

José Niza fora destacado para o contexto da guerra no Norte de Angola como médico. “Uma guerra onde o médico e o capelão eram os terapeutas do espírito mais ou menos primário e sempre psicologicamente descompensado, daqueles mancebos que, por exclusivas razões de idade, foram incumbidos de defender a Pátria contra o fluir da História”. Segundo afirma, “na consulta havia sempre mais gente que na missa”, a única excepção era a missa de Natal.

 

Das cartas enviadas à mulher, foram retirados extractos que são apresentados nesta obra como páginas de um suposto diário. A 17 de Julho de 1969 Niza escreveu: “Chegou cá a notícia de que o Salazar está muito mal, que está mesmo a morrer. Aliás, ele já morreu há dois anos. A certidão de óbito é que está atrasada”.

 

Noutro passo, com data de 10 de Dezembro de 1970, dá conta dos presentes de Natal que os militares ali destacados receberam, enviados pelo Movimento Nacional Feminino (MNF): “Um pacote de amêndoas, o que dará uma por cada soldado; meia dúzia de lâminas de barbear; o que dará uma lâmina por cada caserna; e ainda meia dúzia de pastas de dentes, o que só dará para os desdentados”.

 

“Apeteceu-me escrever à Cilinha [Cecília Supico Pinto, líder do MNF] a agradecer a amêndoa que me coube. E, como deixei crescer a barba, vou oferecer a minha parte da lâmina a quem necessitar”.

 

Há também excertos mais íntimos, e até confessionais, como a que escreveu a 6 Julho de 1970, dirigindo-se à mulher: “Gostar de ti é uma vocação, um modo de vida, uma ocupação permanente, uma invenção de sonhos, uma antecipação do tempo que há-de vir. Estás presente. Amo-te em full time”.

 

José Niza, autor de temas como “E depois do adeus”, foi médico psiquiatra, compositor e deputado e autarca do Partido Socialista em Santarém, onde durante dois mandatos presidiu à assembleia municipal. Residia em Perofilho, nos arredores de Santarém.

Como músico trabalhou com Janita Salomé, Tonicha, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, entre muitos outros, tendo, como autor, vencido quatro festivais RTP da Canção.

 

 

 

 

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