sexta-feira, 21 de março de 2014

Guerra no Ultramar - ano de 1963


                                                                                                                                                     CRONOLOGIA DA GUERRA NO ULTRAMAR - DE 1961 A 1974
                                                                                                                                                                   A Guerra em Angola, Moçambique e Guiné.
                                                                                                                                                                  1963




Amílcar Cabral com guerrilheiras do PAIGC






Janeiro

18
Debate pelo Governo português de um projecto de Lei Orgânica do Ultramar.

23
Início da luta armada na Guiné, com um ataque ao quartel de Tite pelo PAIGC.

Fevereiro
Expulsão dos portugueses residentes na Serra Leoa e proibição de importação de mercadorias portuguesas, por causa da política colonial de Portugal
Organização, pelo Comité Político da FLN da Argélia, do Dia de Angola, como apoio à independência

4
Início da 3.ª Conferência de Solidariedade Afro‑Asiática na Tanganica, presidida por Julius Nyerere, em que foi pedido o boicote económico e diplomático contra Portugal

21
Encontro de Salazar com dois enviados do presidente Youlou, do Congo-Brazzaville, que se propõe mediar uma solução para o problema angolano



Março



Captura, por guerrilheiros do PAIGC, dos navios Mirandela eArouca perto de Cacine, que mais tarde utilizou para transporte de pessoal e material na Guiné-Conacri

Reuniões da Comissão de Descolonização da ONU, atribuindo prioridade aos territórios sob administração portuguesa

Deserção do piloto militar português Jacinto Veloso, que aterrou com o seu avião na Tanzânia
1
Publicação de um conjunto de decretos com vista à formação de um mercado único português

10
Declaração de Amílcar Cabral em Paris sobre a disponibilidade de o PAIGC suspender a luta, se Portugal quisesse solucionar pacificamente o problema colonial


13

Contestação do Governo português à competência da Comissão de Descolonização da ONU para decidir sobre os territórios ultramarinos de Portugal

15
Comemoração, pela UPA, em Leopoldville, do segundo aniversário do início das hostilidades em Angola, com a presença do primeiro‑ministro congolês

Aníbal São José Lopes assume a direcção da PIDE em Angola

21
Demissão de dez oficiais, em consequência dos acontecimentos da Índia

Abril
Atribuição, a vários militares, do Prémio Governador‑Geral, instituído pela TAP, pelas acções valorosas em defesa de Angola

Tentativa, por parte do MPLA, de reactivar a acção da ATCAR, Associação dos Quiocos do Congo, Angola e Rodésia

3
Anúncio, por Franco Nogueira, da intenção de negociar um pacto de não‑agressão com os países limítrofes de Angola e outros países africanos

9
Comunicado oficial do Governo do Senegal sobre o bombardeamento efectuado por quatro aviões portugueses a uma aldeia fronteiriça, sendo o assunto comunicado ao Conselho de Segurança da ONU

11
Publicação da Encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII com referência explícita à independência de todos os povos


20
Reunião Internacional da Juventude em Argel, com a presença de representantes de Angola

Maio

Entrevista de Mário de Andrade, do MPLA, ao jornal Le Monde, em que afirma ser indispensável e decisivo o isolamento total de Portugal

François Mendy, presidente da Frente de Luta pela Independência da Guiné (FLING), preconiza uma conferência para o reagrupamento de todos os movimentos nacionalistas das colónias portuguesas 1963.05 Comandante Vasco Rodrigues, governador?geral da Guiné

Conferência entre Peterson, representante da UPA, e o presidente Kaunda em Elisabeteville sobre a possibilidade de a UFA utilizar o território da Rodésia do Norte (actual Zâmbia) como base

Nomeação de João Eduardo como representante permanente do MPLA em Argel

Tentativa de desmantelamento por parte das autoridades portuguesas de uma organização da Frelimo no Norte de Moçambique

Reunião do Comité Executivo da União Internacional dos Estudantes (UIE) em Argel, em que é apresentado um relatório sobre a situação em Angola

25
Fundação da Organização de Unidade Africana (OUA) pelos chefes de 30 Estados independentes de África reunidos em Adis Abeba


28
Anúncio, pela NATO, da instalação em Portugal da base de comando da Zona Ibero­Atlântica


29
Recepção de Franco Nogueira por Kennedy e Dean Rusk

Junho

Corte de relações diplomáticas da República Árabe Unida com Portugal devido à política colonial portuguesa
Assalto à sede do MPLA, em Leopoldville, pela polícia congolesa, que prende Agostinho Neto e Lúcio Lara

7
Declaração do secretário de Estado para os Assuntos Africanos dos Estados Unidos, segundo a qual os interesses estratégicos dos EUA exigem a continuação da cooperação com Portugal

10
Fundação, pelo MPLA, da Frente Democrática de Libertação de Angola (FDLA)

Primeira cerimónia do Dia da Raça realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa, de homenagem às Forças Armadas

30
Passagem das acções do PAIGC para norte do rio Geba

Julho
Declarações do abade Youlou, presidente do Congo­Brazaville, em Paris, sobre conversações acerca da efectivação de eleições em Angola, solução contestada pela FNLA

Criação em Leopoldville da Frente Democrática para a Libertação de Angola, sob a presidência de Agostinho Neto, constituída pelo MPLA e outros pequenos partidos 1963.07 Reconhecimento exclusivo do GRAE e da FNLA, chefiados por Holden Roberto, pelo Governo do Congo‑Leopoldville (República Democrática do Congo) com reacções negativas de alguns países africanos

Decisão da Libéria de expulsar portugueses residentes no seu território, com excepção dos que solicitarem estatuto de refugiados

Corte de relações diplomáticas do Senegal com Portugal, com proibição de circulação de pessoas e mercadorias na fronteira com a Guiné

Notícia do Le Monde sobre um contacto de Benjamim Pinto Buli, secretário­geral da União dos Naturais da Guiné (UNGP) com as autoridades portuguesas para a criação de um regime de autonomia interna

Utilização, pelo PAIGC, da primeira mina anticarro, na estrada Fulacunda-São João

1
Debate, em Brazzaville, entre os movimentos nacionalistas angolanos no sentido da formação de um Comité de Coordenação
Início da Conferência Internacional de Instrução Pública, em Genebra, em que é aprovada uma moção que pede a exclusão de Portugal por causa da sua política colonial

10
Início dos trabalhos de uma comissão de boa vontade nomeada pelo Comité de Libertação Africano no sentido de tentar unir os esforços dos movimentos de libertação angolanos

13
Reconhecimento do GRAE pelo Comité de Libertação da OUA (Organização de Unidade Africana)


Início da visita a Leopoldville de uma missão da OUA, que recomenda aos países africanos o reconhecimento do GRAE e o apoio à FNLA

16
Encontro de Salazar com Benjamim Pinto Buli, dirigente de uma das facções da FLING

22
Crítica de Mário de Andrade à formação da Frente Democrática de Libertação de Angola pelo MPLA

24
Encontro entre o presidente do Congo-Brazzaville, Youlou, e o embaixador português em Paris sobre um programa para a realização de eleições em Angola

27
Exclusão de Portugal da Comissão Económica para África (CEA), organismo da ONU

31
Oposição dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, no Conselho de Segurança da ONU, à aplicação de sanções contra Portugal
Resolução do Conselho de Segurança da ONU que rejeita o conceito português de «províncias ultramarinas», decidindo que a situação perturbava seriamente a paz e a segurança em África, apelando a Portugal para reconhecer o direito de autodeterminação e independência

Agosto

Congresso dos partidos nacionalistas de Cabinda em Ponta Negra, com a presença do presidente Youlou, do Congo-Brazza, onde se formou a Frente de Libertação de Cabinda
Carta de Salazar ao primeiro-ministro sul-africano pedindo cooperação e lembrando que «estamos quase sós em África», explicando que ou o bastião português resistia ou a guerra atingiria a África do Sul
Reconhecimento do GRAE de Holden Roberto pela Tunísia, Argélia e Marrocos
Convite de Portugal ao secretário-geral da ONU para visitar Lisboa, a fim de tratar das questões da política portuguesa em África
Concessão, pelo Governo português, à Pan American International Oil Corporation, da prospecção de petróleo em Moçambique

10
Crítica do marechal Craveiro Lopes a alguns aspectos da política ultramarina

12
Discurso de Salazar sobre o problema do ultramar, que teve grandes repercussões internacionais e levou os nacionalistas a reafirmarem a continuação da luta

23
Interdição do espaço aéreo do Senegal a aviões procedentes ou destinados a Portugal e à África do Sul
Cerimónia de apoio dos generais e oficiais superiores a Salazar e à política ultramarina

27
Manifestação nacional no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio à política ultramarina do Governo, que serviu de base à legitimidade da política de defesa ultramarina do Governo português

29
Início das conversações de George Ball, representante americano, com Franco Nogueira e Salazar, em Lisboa, em que se evidenciam as divergências relativamente aos conceitos de autodeterminação e do factor tempo no problema africano

30
Encontro de George Bali, subsecretário de Estado americano, com Salazar, sendo debatida a atitude americana face à política colonial e a presença dos EUA nos Açores

Setembro

Reconhecimento do GRAE de Holden Roberto pelo Senegal
Conferência de imprensa, no Rio de Janeiro, de Jorge Goinola, representante do GRAE, acompanhado de Humberto Delgado
Utilização pela FNLA, na região de Noqui, Norte de Angola, de minas AC MK7 e granadas de mão Societa Romana
Conflito entre a FNLA e a FNLEC por causa de declarações sobre o enclave de Cabinda
Condenação, pelo VIII Congresso Internacional Socialista, dos países que persistem em oprimir os povos coloniais, como Portugal 1963.09.16 Início de uma visita de Américo Tomás a Angola

23
Chegada do ministro da Defesa, general Gomes de Araújo, a Moçambique para uma visita ao território

Outubro
Utilização pelos nacionalistas de Angola do seguinte armamento: granadas de morteiro 60, LG anticarro AC-P27(checo), LG RPG2 (russo), canhão sem recuo 57 (chinês) e canhão sem recuo 75 (chinês)
Realização da XVIII Assembleia Geral da ONU, em que os países afro-asiáticos atacam a política colonial portuguesa
Realização de conversações entre representantes portugueses e africanos, promovidas por U'Thant, secretário-geral da ONU, que virá a apresentar um relatório ao Conselho de Segurança sobre estas conversações
Anúncio, em Leopoldville, do recomeço da ofensiva no interior de Angola por parte do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), da FNLA

3
Posse, em Bissau, do novo secretário-geral da província da Guiné, James Pinto Buli

4
Conferência de imprensa do Quartel-General de Luanda para comunicação da situação militar em Angola

16
Início de conversações entre Portugal e alguns países africanos, sob a égide da ONU, que incidiram, sem acordo, no sentido e no alcance do conceito de autodeterminação

17
Decisão do Governo português de considerar os crimes previstos na legislação militar, como cometidos em tempo de guerra

Novembro
Reorganização do MPLA, com ligação ao Corpo Voluntário Angolano de Auxílio aos Refugiados (CVAAR) e da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA)

2
Encerramento da sede do MPLA em Leopoldville e proibição da actividade do movimento no Congo

7
Recepção de Franco Nogueira por Kennedy

8
Debate na Comissão de Curadorias da ONU, sendo pedido ao Conselho de Segurança que se ocupe com urgência da situação nos territórios portugueses

22
Assassínio do presidente Kennedy, nos Estados Unidos da América

Dezembro
Primeiras actividades operacionais na Zona Militar Leste, em Angola
Intervenção de Henrique Galvão na ONU sobre a «questão ultramarina portuguesa»

3
Resolução da Assembleia Geral da ONU, a solicitar ao Conselho de Segurança a adopção das medidas necessárias à execução das suas resoluções relativas aos territórios sob administração portuguesa

6
Declaração pública dos Estados africanos participantes nas conversações com Portugal, em que se lamenta o facto de não ter modificado minimamente os princípios fundamentais da sua política, tornando impossível qualquer conversação séria

9
Convite do Governo português ao secretário-geral da ONU, U'Thant, para visitar Angola e Moçambique

11
Resolução do Conselho de Segurança da ONU, a confirmar o conceito de autodeterminação da Declaração Anticolonialista e a deplorar a inobservância da resolução de 31 de Julho de 1963

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