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terça-feira, 27 de março de 2018

Quiximba

QUIXIMBA

Aqui este sediada  CCAC251/BCAC2877 entre 1969 e 1971


Depois de um ano no relativo conforto de Santa Isabel, onde os riscos de guerra eram iminentes mas as acomodações e abastecimentos bastante seguros e confortáveis, no segundo ano de comissão fomos transferidos para o Zaire, com características geográficas e demográficas completamente diferentes. De comum, apenas a hostilidade mais ou menos disfarçada da população local, distribuída de forma diferente. No Uíge, pese embora a dispersão das populações provocada pela guerra, encontrávamos pequenos povoados dispersos, alguns sem qualquer presença militar ou autoridade civil visível, para além das autoridades tribais. No Zaire isso não acontecia, e os pouco povoados que vimos colavam-se a unidades militares estrategicamente distribuídas.

​Ambrizete parecia um paraíso, onde o refrigério do mar beijava uma larga e livre praia, tornando duro o virar de costas e rumar ao mato, mais do que uma centena de quilómetros inóspitos, apenas interrompidos por um "acidente" chamado Tomboco, onde se instalou a segunda companhia. Começava-se com alcatrão mas rapidamente ele cedia lugar à picada, valha a verdade que cuidadosamente mantida pela JAEA, e permitindo durante todo o ano o trânsito de todo o género de viaturas.
Quarenta quilómetros depois do Tomboco, no topo de uma colina, a estrada entalava-se entre um quartel e uma pista de aviação, e estávamos chegados a Quiximba.
A povoação seguia-se ao quartel, alongando-se pelos 600 metros da pista em descida suave, e um pouco mais longe, subindo a pequena encosta seguinte.
Havia uma simples lógica urbana na povoação: encostados ao quartel o posto do administrador local e a cantina do comerciante branco. Depois descendo a ligeira inclinação algumas filas de cubatas paralelas à estrada, voltando a subir ligeiramente na escosta seguinte cujo topo era ocupado por uma capela regularmente fechada.


Numa terra onde o único acontecimento digno de relevo era o milagre da sobrevivência diária, a nossa chegada alvoroçou tudo, e fomos surpreendidos por uma legião de mulheres à porta de armas, que se agitavam em algazarra e corriam gesticulando por fora do arame, enquanto as viaturas entravam no perímetro que lhes estava vedado, estabelecendo à distância contacto visual com os militares que desciam das viaturas, e se dirigiam aos camaradas instalados, que se preparavam para sair.
Dos primeiros contactos entre militares nasceu a explicação da agitação civil: as mulheres eram as lavadeiras que, na rendição da tropa, procuravam novos patrões.
A organização sócio-económica daquela comunidade era um caso sui-generis resultante da combinação dos poderes arbitrários duma administração autoritária com a adaptabilidade imposta pelo instinto de sobrevivência.



Tal como nos foi contada, a história de Quiximba começou alguns anos antes no Quanza-Sul, quando uma violenta sublevação dos nativos levou as autoridades a tentar cortar o apoio de retaguarda aos revoltosos, limitando-lhes o acesso às famílias,
Mulheres e crianças foram carregadas em vários camiões, e transferidas para mais de 300 km de distância, para uma terra de ninguém, suficientemente isolada para ser fácil o seu controlo.
Assim nasceu Quiximba, que, quando lá chegámos, registava uma população de cerca de mil mulheres, outras tantas crianças, e cinco ou seis dezenas de homens, maioritariamente velhos.​
Estava naturalmente instalada uma economia de sobrevivência, onde as mulheres retiravam das lavras os géneros de que subsistiam.
Dinheiro só entrava de duas maneiras: o pagamento da lavagem de roupa pela tropa, e a venda de farinha de mandioca ao comerciante branco, que em troca lhes fornecia as outras poucas outras coisas de que dependiam. Cada quilo de farinha era vendido a um escudo e, para a maioria, era o resultado do dia de trabalho que restava depois das lavras e dos filhos

Cada militar pagava mensalmente umas dezenas de escudos pela lavagem da pouca roupa que mudava regularmente, e sendo um trabalho leve, principescamente pago pelos padrões locais, a disputa de clientes era feroz.​ Um milhar de mulheres disputava uma centena de homens...
​​Gerou-se e sedimentou-se uma ética do negócio, que obrigava cada lavadeira a trabalhar apenas para um cliente. Para valorizar a qualidade do serviço oferecido (e, talvez, compensar a falta de homens na povoação, cujos contactos com o exterior eram muito limitados), convencionou-se que a lavadeira seria também propriedade sexual do patrão, o que, na gíria local era definido como um serviço abrangente, eufemísticamente designado "lavar a roupa e o quico".
Por isso as mulheres, tão produzidas quanto a sua miséria lhes permitia, se mostravam aos recém-chegados, na esperança de que a perspectiva da lavagem do quico se sobrepuzesse à questão da roupa, e lhes garantisse serem escolhidas.
Claro que, as mais velhas nem tentaram misturar-se nessa competição perdida à nascença, ficando à distância a ver o combate, algumas meditando por detrás do seu cachimbo, talvez pensando nas consequências duma rotineira relação entre as mulheres locais e os passantes militares.


Foi um ano sereno, com ambas s partes (militares e nativos) a respeitar as regras do jogo, mas, quando abandonámos o local, já depois do 25 de Abril. e com a descolonização a dar os primeiros passos e a instalar as primeiras confusões entre angolanos, era para nós um dado adquirido que, passado o tempo da ocupação branca, a população desviada seria devolvida às origens, reconstituindo na medida do possível as famílias desfeitas, e retomando o curso da vida normal.
Quiximba deveria ser hoje uma memória varrida do mapa, um espaço devolvido à natureza pela população realojada.
Não é exactamente assim:
Qualquer pesquisa pelo nome de Quiximba remete-nos para evocações militares, parecendo confirmar o desaparecimento da povoação com o fim da intervenção portuguesa, mas a verdade é que a povoação está lá, embora escondida pela substituição de nomes e grafias levada a efeito pelas autoridades angolanas.
Surgem algumas menções a Kicimba, que parecem referir-se ao mesmo local, e, mais recentemente, a Kinximba, no município do Tomboco, que não pode deixar de ser a "nossa" Quiximba.
Notícias da Angop em 2007 descrevem Kinximba e Kinzau como zonas do Tomboco ainda fortemente minadas, provocando mortes na população, e isso ajuda a perceber porque é que, ao contrário de outros sítios (Santa Isabel, ao que parece) a intervenção dos portugueses na área não foi liminarmente apagada, apenas rebaptizada.
A saída dos portugueses não foi seguida por um período calmo, onde se pudesse pensar e rectificar os desequilíbrios gerados. Pelo contrário, o período subsequente foi convulsivo, descambando numa longa guerra civil que destroçou ainda mais as precárias vias de comunicação e agudizou as divisões internas. Movimentos maciços eram impensáveis, continuando as populações confinadas e ainda mais limitadas.
Tentando adivinhar, a pista aérea é hoje terreiro de cubatas, a pele do comerciante e do administrador mudou de cor, o quartel foi arrasado ou usado para instalar as novas autoridades ou escolas, mas Quiximba continua lá, respondendo hoje pelo nome de Kinximba, e porque foi há pouco festejado o alcatroamento de N'Zeto a Mbanza Kongo, isso significa que os turistas saudosos podem fazer os 217 quilómetros de Ambrizete a São Salvador do Zaire, atravessando Tomboco, Quiximba, Zau Évua e Quiende, sem receio das minas que ainda por lá dormem.
Pelo caminho, podem aproveitar o bónus turístico de saber o que são Quiza, Cana, Finda, Baca, Cumbi, Lemo ou Quindeso, nomes que aparecem no percurso, mas nada dizem à maioria de nós


domingo, 25 de março de 2018

ZAU ÉVUA






    ZAU ÉVUA

Chama-se Zau Évua
O sítio onde
Na ponta de um pau
Existe um pano
Verde e encarnado

Era daqui
O menino negro que mataram
E não cresceu na terra que era sua
Ninguém o chorou 

Porque ninguém ficou para chorar

Neste chão
Regado pelo sangue do menino
Um pau ficou espetado
Tendo na ponta um pano
Verde e encarnado

Poema de José Niza
10 de Agosto de 1969

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Ex-camaradas do BCAC2877 falecidos

Em actualização


Por acidente ou por doença temos conhecimento que faleceram os seguintes ex-camaradas do BCAC2877

Arnaldo Carvalho Paula Santos 
CMDT
*
José Gualberto Nascimento Matias 
 Of Operações
*
João Damas Vidente 
 2º CMDT e CMDT
*
José Salvado M Dias Silva 
 Furriel do PELREC
*
Júlio Viegas Correia 
2º Sarg Op e Inf
*



José Niza
Médico
*


Alvarim Colaço Pimenta
Sapador
Ao nosso amigo e companheiro de sempre: Alvarim Colaço Pimenta
O sentimento da perda da vida, trespassa, desde que nos passamos a conhecer, milhões de vezes pelo nosso pensamento.
Quem parte para a guerra, leva consigo a esperança e a certeza. A esperança de voltar, a certeza de que tem muitas hipóteses de tal não acontecer.
Como dizia José Niza, no seu livro, " Poemas da Guerra", na dedicatória ao BCAC2877, " naquela guerra . . .onde ficámos amigos para sempre".
Na guerra isso acontece.
Criam-se amizades para sempre, algumas delas com laços mais fortes que as familiares.
Quando se perde um desses amigos, perde-se um pedaço de nós próprios.
Uma parte da nossa vida, a nossa vida, talvez nuns instantes, numas horas, nuns anos, está nas nossas mãos.
Ninguem sabe qual é esse momento.
A vida ao que se saiba, não é eterna.
Algum dia essa chama que a vem alimentando, aquecendo e iluminando, apaga-se.
A maneira abrupta, persistente, perseguidora ou violenta do acabar da vida, causa-nos estranheza, consternação, raiva, dor.
O momento em que a vida deixou de estar nas nossas mãos, foi a morte !
*

Guilherme Conceição Gouveia
  Op Cripto
(O terceiro da esquerda para a direita)
No meio


Olhando para esta foto tenho que relembrar as muitas horas de "trabalho" e de convívio que tive com o Guilhermer Gouveia, já falecido, nesta foto, está no meio. Foram muitos dias, muitos meses a conviver lado a lado, porta com porta entre o Centro Cripto e a Sala das Operações e Informações. Sabemos bem que a vida não para, mas olhando para estas fotos, não podemos nunca deixar de pensar, quão jovenms nós eramos e todo o tempo inglório que das nossas vidas por lá deixamos disperso nas matas de Angola, apenas serviu para nos tornar a vida mais dificil, complicada e atrasando o nosso futro de então.  Gouveia, era meu conterrâneo da Cova da Piedade e faleceu ainda muito jovem. Cantava o fado e sempre teve este ar de muito jovem, tinha um andar e um modo de falar muito próprio, era simpático e gaguejava um pouco. Creio que foi por sua culpa que não mais pude cheirar sequer uma bebida horrorosa a que chamam Martini - no dia do seu aniversário, fizemos uma pequena festa acompanhada de 7UP e Martini e nesse dia, bebi mais Martini que 7UP. No dia seguinte, fiquei com a boca a "saber a papéis de música" e com a certeza de que não beberia mais aquele produto quimico. E assim foi até hoje. São recordações em manhã de Domingo, chuvoso, triste, como muitos daqueles que por lá tivemos que passar. 

Estou a aguardar que chegue o MVL a caminho de SSalvador, porque hoje  é  Domingo.  
Um abraço aos que nos visitarem
*

Manuel Bastos Rico
Oper Mensagens
*


Carlos Alberto Oliveira Camilo
Transmissões
*
Fernando Garcia  
Radio Montador
*
José Albano Coletra
*

José Costa
*

José Pereira Ribeiro
Escriturario
*

Manuel Pereira Gomes
Capelão
*


José Albano Coletra

*
Adelino Almeida Figueiredo

*

António Pimentel Fontes
Sacristão
*



João Luís Rosa Valadas
2018


Joaquim Raposeiro Azevedo - faleceu

Luto

Joaquim Raposeiro Azevedo faleceu vitima de doença prolongada


 Aqui o vemos entre a esposa, que faleceu igualmente com doença prolongada o seu  camarada da CCAC2543 - Fernandes.
Para quem o conheceu e com ele lidou,  na CCAC2543 e posteriormente, sabe da amizade que granjeou entre todos os que com ele comparticiparam momentos de vida em conjunto.
Um ex-camarada e um fiel e inveterado amigo nos deixou, com ele a saudade de muitos de nós



Antigos combatentes - guia prático


Para ler aqui:  Guia Prático

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Padre Manuel Pereira Gomes - que foi capelão do BCAC2877 faleceu





Fotos da confraternização de 2011

Morreu na  passada  terça feira 19 de Setembro de 2017,  o padre Manuel Pereira Gomes que foi o Capelão do BCAC2877 - Angola 1969-1971. O sacerdote da Companhia de Jesus estava há vários anos a residir na Póvoa de Varzim na Basílica do Sagrado Coração de Jesus. Recentemente completou 50 anos de sacerdócio na terra que o acolheu nos últimos tempos. Curiosamente, o jesuíta tinha partida prevista para outra localidade no próximo domingo, altura em que a paróquia da Matriz passará a liderar os destinos da Basílica. A morte acabou por chegar aos 79 anos, depois de uma vida dedicada à pedagogia e à educação. Era reconhecido pelos próximos como uma pessoa afectiva, entusiasta e acolhedora. O velório realizou-se a partir das 17h30 e o funeral foi no dia seguinte,  com missa de corpo presente na Basílica às 15h.

Notícia em "Jesuitas em Portugal"

"Faleceu no dia 19 de setembro o padre Manuel Pereira Gomes. O sacerdote jesuíta estava na comunidade da Póvoa do Varzim sofreu um problema cardíaco, tendo morrido de forma repentina e inesperada. Tinha 79 anos, 63 de Companhia e tinha celebrado este ano 50 anos de sacedócio.
 Manuel Pereira Gomes nasceu em 1938 na Mata do Fárrio, Freixianda, Ourém. Fez o curso da Escola Apostólica de Macieira de Cambra, entre 1949 e 1954.
Entrou na Companhia de Jesus a 7 de setembro de 1954, para o noviciado de Soutelo, em Braga. Dois anos depois fez o juniorado também em Soutelo, durante três anos, iniciando posteriormente os estudos em Filosofia em Braga, entre 1959 e 1962. O período de magistério foi passado em Cernache.
 Os estudos de Teologia foram feitos em Espanha, em Granada, durante quatro anos, tendo terminado em 1968. Ainda antes de os finalizar, recebeu a ordenação sacerdotal em Fátima, no dia 15 de julho de 1967.
 A sua atividade apostólica pós-ordenação aconteceu em terras africanas, em Angola, onde foi capelão militar de 1968 até 1971. Aí retornou à Província e foi destinado ao Instituto Nun'Álvres, nas Caldas da Saúde, como professor e espiritual dos alunos do 3º ciclo. Durante este período foi também diretor do curso complementar. Em 1979, assumiu o cargo de diretor pedagógico do Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache
Em 1987 foi para a residência de São Francisco Xavier, em Lisboa, como delegado da Educação para os Colégios e foi também vice-presidente da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo.
 Em 1990 voltou para o Instituto Nun'Alvres, em Santo Tirso, onde assumiu o cargo de Diretor Pedagógico, mas continuando como delegado de educação para os colégios.
Quinze anos depois, voltou à Faculdade de Filosofia, em Braga, para exercer o cargo de professor. Até 1999 colaborou com o grupo de reflexão e análise dos colégios. A partir do ano seguinte, 2000, ficou somente como professor de diversas disciplinas na Faculdade de Filosofia.

 Em 2009 foi enviado para a comunidade da Póvoa do Varzim, onde colaborou nos ministérios apostólicos da comunidade e da Basílica do Sagrado Coração de Jesus. Aqui acabou por morrer, de forma repentina, no final do verão, numa altura em que a Companhia tinha decidido deixar esta missão da Póvoa, entregando a basílica à Arquidiocese de Braga. O Padre Manuel Pereira Gomes não chegou, por isso, a ser enviado para a Paróquia de São Pedro, na Covilhã, onde estava destinado."

domingo, 23 de julho de 2017

Guerra de África - o trauma

Custa pensar assim.
Na vida há bons e maus momentos.
Há recordações passageiras e persistentes.
Cada ser humano tem o seu ego, a sua matriz, o seu ADN.
Podemos comparar um com outros. Todos serão diferentes, mas alguns com pontos comuns.
Mas, dar comigo a cada momento a relacionar situações, fotos, cheiros, barulhos e notícias com a Guerra de África, começa a ser doentio.
Sinto que estou um pouco assim conforme vou envelhecendo.
Não quero esquecer o que passei por lá. Eu e as centenas de milhares que por lá passaram, obrigados.
Mas...
Mas , serei eu, só o único?

sábado, 22 de julho de 2017

21 de Julho de 1969


21 de Julho de 1969 a chegada a Luanda

Na senda das recordações e, acima de tudo, com a esperança que possamos deixar para o futuro, alguns dados da nossa vivência como militares e combatentes na Guerra de Áfria, vamos , com a nossa modèstia, deixando alguns relatos, opiniões e fotos dessa triste passagem de 2 anos por Angola.
Com Luanda à vista, depois de uma noite em que pelos rádios se ia ouvindo o relato da chegada do primeiro homem ao satélite da nossa Terra, o Vera Cruz, ansiava pelo descanso de uns dias, enquanto não regressava, pelo caminho das mesmas ondas para o Puto. Para lá levava, milhares de militares que iriam cumprir uma parte da sua obrigação de escrever umas tristes páginas da História de Portugal, para cá, o regresso não era tão penoso - uma parte dessas páginas já estava escrita por esses militares que esperavam com ansiedade esses momentos de embarque para casa.
Lentamente o Vera Cruz, como que cansado da longa viagem, foi-se aproximando do cais do Porto de Luanda. 

A enorme e lindissima baia, aí esta, tambem ela na expectativa de que, muitos dos agora forasteiros a iriam desfrutar em passeios descontraidos à beira mar, lavando o espírito das poeiras das picadas, das emboscadas, das doenças e da infinita tristeza gerada pela distância de familiares e amigos.
Luanda esperou.nos, com aquele calor tropical que desconhecíamos.
Esperou-nos e não foi nada hospitaleira.
Um enorme comboio, velho, mal tratado e nauseabundo, acolheu os militares, um pouco melhor que gado destinado ao matadouro, para nos levar, para o maior aquartelamento de Angola.




Á saída de Luanda, o Grafanil, era assim como uma placa giratória que albergava todos, os que chegavam e os que partiam.
Luanda era uma cidade enorme, com um movimento desusado de militares e civis. Muito civis eram militares,


Em Luanda, não havia guerra, mas havia o seu cheiro por todo o lado.
Circulava-se sem problema, a pé ou de transportes. Na cidade não havia guerra. 
Cafés , bares, restaurantes e cinemas funcionavam.
Haviam locais específicos para a troca de Escudos por Angolares.



Havia os bairros e casas do ricos. 
Havia as casas dos pobres e os bairros, os musseques, com a sua vida e a sua própria filosofia de vida.




Havia uma enorme rede de cafés, bares restaurantes e locais nocturnos. Estes, frequentados na sua maioria por militares que aí, matavam a sede da bebida e da "carne branca" a troco de muitos e muitos angolares.

Luanda, tinha uma população que acarinhava os militares. 
Pudera. Havia bastas razões para o fazer.
Quem pode fazer uma viagem, durante a noite, pela marginal e pela ilha, tive o previligérios de desfrutar um ambiente fantástico de cor, que muitas fotos atestaram

Por aí, ficamos, 2 ou 3 dias, antes que a guia de marcha no fizesse obrigar a ser carregados em camiões civis, com enormes taipais, onde fomos misturados com a parca bagagem que nos acompanhava.

A partir do momento em que foi pisado o solo angolano, não creio que tivesse sido lembrado que nesse mesmo dia, nesses momentos, o homem andava lá pela Lua. Com um pouco de sorte, algum dos 3 astronautas até no poderia ter fotografado (?).

Não mais foram lembrados. A preocupação de quem chegou era única - saber qual seria o poiso, que foi guardado, bem guardado em segredo.

Sabíamos que iríamos para o Norte, mas era tão grande esse Norte de Angola que a dúvida ficou sempre até ao final da viagem.

Ambrizete, foi a primeira paragem, não ficamos por aí, era bom demais para uns maçaricos como nós.



Até ao Ambrizete, ainda apanhamos uma picada asfaltada, embora com valas e enormes buracos por todo o caminho.





A partir do Ambrizete, Tomboco, Quiximba, Zau Évua e Lufico, foi só, pó e picada, pó e picada.


Tomboco - quartel da Missão



quinta-feira, 20 de julho de 2017

[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre CCAC2542 – LUFICO - Angola.

Mensagem deixada no Blog

 

De: Antonio Geraldes [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:48

Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre CCAC2542 – LUFICO - Angola.

 

Antonio Geraldes deixou um novo comentário na sua mensagem "CCAC2542 – LUFICO - Angola":

Pertenci à 2542. Convém esclarecer algumas indicações menos correctas constantes do texto no blogue. A 2542 fez o seu IAO em Murfacém, no alto da Trafaria, num antigo aquartelamento de artilharia de costa do tempo da Segunda Guerra. Nos últimos 15 dias fomos passar "férias" para o pinhal da Fonte da Telha, como as outras companhias do batalhão.
O caminho que ia do Tomboco ao Lufico fazia parte da "estrada Luanda-Noqui e continuava até essa povoação.
O abastecimento de Nóqui era feito pelo rio Zaire, pelo que o MVL ia aé ao Lufico e regresava ao Tomboco.
Salvo melhor informação, a 2542 foi a primeira e única Ccaç a aguentar dois anos (25 meses) no Lufico. Como diria o outro, não fomos melhores nem piores mas somente diferentes.
Obrigado pela existência do blog
A Geraldes



Publicada por Antonio Geraldes em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 10/04/17, 14:14

[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Ambrizete - Fotos actuais.

Publicamos a mensagem deixada como comentário no blog dói BCAC2877

 

De: EMIDIO BARRA [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:48
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Ambrizete - Fotos actuais.

 

EMIDIO BARRA deixou um novo comentário na sua mensagem "Ambrizete - Fotos actuais":

Pertenci ao bat caçadores 1903.trabalhei na enfermaria de sector no Ambrizete.

 

Tive ali muitos amigos tanto militares como civis.Tenho imensas fotografias da zona de que guardo recordações imensas.

 

Um abraço grande a quantos por ali passaram



Publicada por EMIDIO BARRA em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 11/03/17, 17:35

[BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Zau Évua - fotos.

Email recebido como comentário no blog do BCAC2877 e com muito gosto só agora o publicamos como mensagem no blog .

 

"De: M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda [mailto:noreply-comment@blogger.com]
Enviada: 20 de julho de 2017 06:49
Para: braspg@gmail.com
Assunto: [BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971] Novo comentário sobre Zau Évua - fotos.

 

M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda

 

deixou um novo comentário na sua mensagem "Zau Évua - fotos":

Com os meus cumprimentos e um forte abraço ao bloguer deste trabalho,que vi e revejo de quando em vez, pois ao abrir, ver video, e ler todos os comentários nele publicados trazem á minha memória todas as boas e más recordações de todos os locais mencionados, pois a minha comissão de serviço foi nestes locais no Batalhão de Caçadores anterior nº2832 , de cª Caç. 2307 Alem das operações normais,colunas, e benefícios, sendo um deles a construção da capela existente.bons momentos de convívio e camaradagem sendo esta a marca de todos nós pela vida fora. Tambêm as emboscadas,feridos e outras memórias mas que todas fazem parte da nossa mocidade, só é pena sermos esquecidos depois de termos dado o nosso sacrifício á Pária a que fizermos juramento.
Bem Hája um abraço. Manuel Marques Baltasar, sol. n 81326/67



Publicada por M.M.Baltazar Ar Condicionado,lda em BCAC 2877 - Angola 1969 - 1971 a 19/01/17, 10:24
"

segunda-feira, 17 de julho de 2017

16 de Julho de 2017 - confraternização anual


Actualizado em 18/07/2017 - 15:15

Não foi o encontro com o maior número de participantes, mas foi certamente um dos encontros mais agradáveis e de maior convivência dos últimos tempos.
Reconhecemos as dificuldades que muitos dos ex-camaradas tem para estar presentes, quando teriam gosto e vontade de o fazer.
Os ponteiros do relógio biológico não param, deixando na sua passagem pelas nossas vidas um lastro de problemas, em especial ao nível da saúde, causando não só aos próprios, bem assim, igualmente a familiares próximos.
Deixamos aqui um forte abraço aqueles que por óbvias razões não puderam estar presentes, com o voto de que o possam fazer em futuros encontros.

É bom termos recebido antes da data do almoço notícia  de alguns ex-camaradas informando  da sua impossibilidade em estar presentes.
Outros deram os parabéns pela maneira como decorreu o almoço, o ambiente e a qualidade e quantidade da comida.
Por outro lado, houve quem marcasse lugar no almoço, não tendo aparecido, nem tendo informado da sua desistência.
Igualmente alguns não marcaram antecipadamente presença e no dia do almoço apareceram
Enfim!!|

Bem hajam a todos




Os "bravos" em 2017