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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Os bananas

Por todas as “guerras”, temos sempre ouvido histórias engraçadas, dignas de registo nos melhores manuais de anedotas.
Na nossa guerra de África, muitas foram os casos que originaram situações caricatas.
No inicio da comissão, nos primeiros tempos, logo após a chegada ao “mato”, quando da nossa idas à caça, havia sempre a indicação de levarmos um rádio.
Rádio que serviria para o contacto com o quartel em caso de uma qualquer necessidade.
Ao tempo ainda existiam os ANGRC9 (salvo erro, este o seu nome), ainda do tempo da 2ª guerra mundial. Pesados e muito difíceis de transportar, em especial para situações de nomadização a pé, como era o caso das caçadas. Já existiam os “Racal”, rádios sul-africanos muito mais leves e maneirinhos, que serviriam para o efeito. Mas, também não havia muitos e alguns avariavam com facilidade.
A solução seria a de levar uns rádios mais pequenos, os “bananas”, assim chamados, quer pelo seu feitio curvo e pela própria cor, a da banana enquanto verde.
Mas, sendo leves, o que seria óptimo para o transporte, pois eram facilmente transportáveis, tinham um grande defeito. A uma muito curta distância do quartel, assim que um pequeno declive, “escondia” o aquartelamento, o pequeno e portátil rádio, apenas serviria de arma de arremesso, pois perdia a sua capacidade de emissão e recepção.
No fim, para as caçadas na periferia do quartel, sem qualquer rádio, foi a solução.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sintomas de stress pós-traumático podem surgir 30 anos depois!!!

Os sintomas de stress pós-traumático entre os antigos combatentes revelam-se, em alguns casos, apenas 30 anos depois dos conflitos armados, despoletados por cenas de guerra ou som de helicópteros ou metralhadoras - conclui um estudo.
O estudo da médica do Hospital Militar de Coimbra Luísa Sales, apresentado no âmbito do Congresso Nacional de Psiquiatria e Saúde Mental, mostra que, «em determinados indivíduos os sintomas revelaram-se no decorrer do cumprimento do serviço militar, mas registaram-se também manifestações 30 anos depois».
«Do grupo de factores que estão na origem do aparecimento tardio de sintomas destacam-se as cenas de guerra - como, por exemplo, aquando da primeira Guerra do Golfo - e ruídos diversos, como o som de helicópteros ou de metralhadoras», é referido num texto sobre o trabalho, que foi divulgado num painel subordinado ao tema «Stress Pós- traumático - Dados da Investigação Portuguesa».
As alterações do sono são os sintomas mais frequentes do stress pós-traumático, causado por factores como ferimentos, morte de camaradas, emboscadas, privação de necessidades básicas e vivência de uma situação de prisioneiro de guerra.
O estudo abrangeu um total de 206 ex-combatentes, com idades compreendidas entre os 55 e os 59 anos, e teve por base a análise das consultas de peritagem médico-legal entre Novembro de 2002 e Julho de 2005.
Um outro estudo, apresentado por João Monteiro Ferreira, analisou uma amostra de 91 veteranos de guerra e de 58 mulheres de alguns deles.
Deste grupo, com elementos pertencentes a tropas especiais que efectuaram serviço em África, 66% revelaram sintomas de stress pós-traumático, enquanto 78% das mulheres «são portadoras de condições de stress pós-traumático secundário». in http / palavras-ao-acaso.blogspot.pt
Muitos valdantanos ex-combatentes podem sofrer deste stress e é por isso que chamo a vossa atenção para este grave problema de saúde que o nosso governo teima em desprezar não dando qualquer tipo de apoio. Muitos dos militares ficam doentes e muitas vezes morrem sem saber o que realmente os afectou. Mais grave ainda, ficou demonstrado em estudos recentes que este distúrbio se pode reflectir nos familiares dos militares e prolongar-se por várias gerações.

in Vale da Anta - Blog

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

BCAC2877 - ao correr da pena

Hoje trago aqui ao blog uma situação que se passava no nosso tempo da guerra de África.
Tem a ver, não só com o período máximo de serviço militar obrigatório e a sua diferença entre aqueles que eram alistados ou recrutados nos antigos territórios africanos em comparação com os que eram recrutados na Metrópole, no Puto, como por lá de dizia do então Portugal.
Pois bem, que iniciava o serviço militar em Angola, tinha 2 anos, digo bem dois anos de serviço militar obrigatório.
Esses dois anos, comportavam as passagens pelos tempos de recruta e de especialidade, numa primeira fase, com cerca de um ano, mas não em zona operacional.
A segunda fase era passada no "mato", em zona operacional.
Ora aqui estava a grande diferença.
No caso, aos angolanos, passavam dois anos na tropa. Os metropolitanos, passavam, no minimo, 3 anos de serviço militar. Um ano no Puto, ou próximo disso, em casos especiais, em especial para as praças e os outros dois anos por aquelas terras.
Para os graduados, no minimo um ano por cá. Por lá, "até ao meu regresso", que nunca era antes dos 24 meses
Que diferença.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mais um comentário - Joao Rego - Lufico

Via Email, tomo a liberdade de publicar esta Msg do nosso antigo companheiro do Lufico.
Aqui fica, sem mais comentários.
" Olá Brás,
Acabo de ler o teu desabafo originado num comentário em que se reclama a abordagem de diversa temática.
Pois bem, acho que temos que aguardar que o nosso companheiro autor do comentário apresente um escrito (ou vários) sobre o que a sua inclinação indicar. Só teriámos que ganhar com isso. O blog só pode ser o que nós quisermos que ele seja, através das nossa contribuições.
Quero lembrar a quem visita o blog que era natural que nas vésperas da confraternização todas as notas deixadas por ti fossem directamente relacionadas com o evento. Rebobinando a "cassette", veremos que nos foi relatado uma que outra interessante nota sobre outros assuntos que não a "carne". (A visita ao Américo...por exemplo)
De qualquer maneira, um espírito bem alimentado terá melhor disposição para actuar. Não sei se o latim está correcto mas "primum vivere deinde philosofare". (O capelão Manuel que me corrija). E conheço algumas tertúlias literárias que produzem muito à volta de uma boa mesa.
Brás, não desanimes, vais ver que vão aparecer abordagens diversas. E tu... mantém-te ao leme.
Bem hajas e um abraço do
João Rego (Lufico) "
Sobre a minha colaboração com o Blog, para alem de "me ter enfiado neste poço sem fundo", mas com muito gosto.
Pela experiência pessoal e profissional, tenho a noção de que a grande maioria da "gente" do nosso escalão etário, não só não tem acesso à Internet, como tambèm, não tem "jeito e não o procuram ter", para estas coisas.
Não foi o meu caso. por razões várias, mas tambem por motivos profissionais e acima de tudo por "carolice".
Assim, aqui estou, com a disponibiliade possível, dando o meu modesto contributo nesta "coisa", que em segundos dá a volta ao mundo, passando tão rápidamente de um polo ao outro, como aos antípodas.
Temos vivido momentos gratos de contactos de muita gente, quer via Email, quer via telefone, procurande informações sobre isto ou aquilo. Alguns desses contactos, temos feito a sua publicação por achar-mos que o devemos fazer.
Aqui nas minhas palavras não fica nenhum ressentimento sobre este ou aquele comentário, antes pelo contrário, fica sim um espevitar de consciências no sentido de que, qualquer que seja o comentario, bem ou mal escrito, com lógica ou sem ela, será sempre publicado, desde que não seja uma afronta à dignidade e à consciência de quem quer que seja.
Já há uns tempos tinhamos lançado o mesmo desafio, para que de vez em quando alguem escreve-se uns pequenos artigos sobre aquelas situações ou peripécias que no nosso dia a dia em Africa, sempre foram acontecendo e que hoje, na distância de tantos anos passados, a sua recordação, alimenta a nossa memória.
Nos últimos tempos, a minha disponibilidade fisica e mental não tem sido a melhor, razão primeira porque não tenho dado um ar da minha graça nesta actividade "literária", á boa medida da literatura de cordel, comparável aquele estilo medieval.
Apesar de tudo, sempre vou produzindo estes "pedaços de literatura ao correr da pena".
Bem hajam afinal os que nos vão visitando e lendo.
Os que criticam e dão opiniões, demonstram que estão ao corrente do que se passa no Blog, mas, pena é, que a sua participação não seja activa.
O repto continua.
Escrevam, critiquem, mandem fotos, mantenham esta chama viva de estar e continuar a estar presente no dia a dia, revivendo, acima de tudo os "bons" momentos que por obrigação, nos propiciaram, por aquela guerra de África"

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Comentário aos comentaristas

Hoje vou fazer uma pequena crónica, uma critica, assim como que uma troca de apupos.
Sei que nos ultimos tempos, após a organização do almoço, fiquei assim como de papo para o ar, à sombra da bananeira, sem grandes preocupações ou profundos pensamentos.
A confraternização correu bem, o "petisco" não terá sido mau e a rapaziada da nossa idade, todos velhos companheiros e respectivos familiares, terão ficado satisfeitos.
Pois bem, eis que então, um ilustre companheiro nosso veio à luta com um comentário crítico sobre o essencial dos temas do Blog - comida para o corpo, pouca comida para o espírito.
Eu, na verdade não estando muito voltdo para os grandes dotes filosóficos, sempre vou aqui e ali, dando umas alfinetadas no marasmo dos comentários que são feitos, mas, especialmente, naqueles que não são.
Ora aqui estou eu, chegando ao fundo da questão.
Pois então, nem o nosso amigo, comentador crítico, nos manda uma peça, de poucas linhas que seja, para publicar, mesmo depois do répto que foi lançado, nem um qualquer outro companheiro toma essa inicitiva.
Até à próxima mensagem.
Bem hajam os que afinal sempre nos vão visitando e lendo

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Pensão dos Antigos Combatentes

No mes de Novembro, é altura de receber o Complemento Especial de Pensão ( Antigos Combatentes)
Tem como referência o valor da pensão social no ano de 2007 e é calculado para o pessoal do BCAC2877 com base em 2 anos e 1 mes de bonificação face ao tempo pestado pelos ex combatentes em condições especiais de dificuldades ou perigo (Zona Operacional a 100% no nosso caso)
Corresponde a 3.5% do valor da pensão social por cada ano de bonificação ou duodécimo.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

CAC2674 - Procura-se

Mnasagem com pedido que se publica


"Bom Dia
Ex 1° Cabo Pimentel da C. C. 2674 do B.I.I. 18 da Ilha da Terceira Acores
Procuro Camaradas que estiveram en Angola de 1969 a 1972
Regiao de Guiende Ambrizete etc
Desde ja Obrigado pela vossa Colaboracao
CONTACTO pimazores31@club-internet.fr"

Da palavra aos actos . . .

ganganeli
disse...

" Vou aventurar-me dizer que o nosso blog está apenas transmitir almoçaradas e recordações subjectivas de cada um de nós da 2ª metade do século passado. Feita a catarse dos traumas é preciso dizer alguma coisa mais profunda. por exemplo falar da história, da descolonização, da identidade nacional, da CPLP, etc Seria um meio útil da troca de opiniões e enriquecimento pessoal. É que estes temas estão ligados no fundo à questão básica dos nossos almoços.Caro amigo Brás o homem nao só vive da carne mas também do alimento para o espírito.
Um ABRAÇO.
Ganganeli "


Bras Gonçalves disse:

"Ganganeli
Claro que sim. Estou de acordo.
Aqui está uma óptima oportunidade de poderes começar a dar a tua contribuição ao blog, escrevendo aquilo e sobre o que te bem apetecer, e esses escritos serão publicados.
Aqui fica a réplica.
A bola está do teu lado
Um abraço
Brás "

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Na época das chuvas, ao redor do arame farpado, eram assim em Zau Évua


Vamos colocar mais uma foto no nosso blog.

Estamos a aguardar que nos remetam algumas fotos tiradas no nosso convívio, em especial, pelo fotografo profissional que por lá andou a fazer uns "bonecos".

Enquanto essas não chegam, o nosso bau de recordações ainda por lá tem material fotográfico para uns tempos.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O descanço

Algures na mata em Zau Évua
Foto remetida pelo Octávio Amaral
Foto-cine

Aqueles que habitualmente nos visitam, verificaram que neste mês de Outubro, o Blog tem estado parado, isto é, não tem havido publicações, quer de mensagens, quer de fotografias.

Estamos a passar por um peíodo de repouso fisico e mental.

Após a concretização da nossa confraternização a 29 de Setembro, entrámos num período de descontração.

A partir de agora, vamos continuar a nossa participação normal, com a colocação de fotos e alguns escritos no nosso blog.

domingo, 14 de outubro de 2007

Jose Niza - O médico do BCAC2977 - Compositor









Entrevista de hoj ao Público sobre uma compilação para CD da obra de Adriano Correia de Oliveira.


(Recordamos o Dr Jose Niza com a sua viola, no BCAC2877)

Sangalhos - Encontro de Furrieis da CCS

Já lá vão uns "bons 10 anos" que sob a iniciativa do Adelino Martins, a grande maioria dos furrieis da CCS se juntaram e almoçaram em Sangalhos.
Espumante e leitão, claro.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Jose Letras Martins - Procura-se


:
avelina joana
Enviado:
quinta-feira, 11 de Outubro de 2007 13:22:11
Para:

Assunto:
Procura de paradeiro





Aqui deixamos uma mensagem que nos chegou com este pedido

Procuro paradeiro do sr Jose Letras Martins de nacionalidade Portuguesa Transmontano antigo militar colonial em Angola nos 1962-1974
Jose Letras Martins foi Adjunto do chefe do posto Quelo isto trabalhando na Administracao em 1960-1962 em Santo Antonio do Zaire.
Fio transferido para Ambriz C/as mesmas funcoes meados de 1962, posteriormente transferido para Luanda onde esteve colocado no posto Belas t/bem c/as mesmas funcoes de Adjunto do chefe do Posto com a patente de spirate. Eu Avelina Joana nasci em Cabinda mas residente no Santo Antonio do Zaire no posto Quelo. Em 1973 posto em Luanda meus tios marcaram um encontro para nos conhecermos mais nao foi possivel. Agora resido em Luanda e gostaria de encontrar meu pai, meu contacto 222 354170 /912 919715 /222 392200.

Pesso ajuda ao progra Zauevua para o referido pedido.


Meus agradecimentos antecipados na certeza que meu pedido esta bem encaminhado

Saudacoes

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Rescaldo da Confraternização de 2007


Agora, passados já que foram uns dias após o convivio de 2007 do nosso BCAC2877, aqui vos deixo algumas reflexões sobre o passado recente e sobre o futuro que não tardará em nos bater, em surdina, à porta.
Da organização deste convivio, como dos últimos anos, será legitimo recordar o esforço que todos os que estiveram envolvidos na sua organização.
Esforço que algumas vezes não é compreendido por alguns dos nossos queridos companheiros.
Já em algumas vezes dissemos que a vida dos dias de hoje não se compadesse muito com "chinezisses" do tipo dos almoços convivios. Mas, não será verdade que alguns de nós, não podem dispor de um único dia por ano, para "gastar", como mais ou menos esforço, na companhia dum amigo, dum companheiro de longa data, com alguem com quem compartiu os bons e os maus momentos da guerra de África ?
Como dizia o poeta - vale sempre a pena se a alma não é pequena.
Pois bem, é assim mesmo que pensam os dinamizadores desta iniciativa.
Com uma alma enorme de sentimento, de amizade e porque não, de nostalgia, tem pugnado com esforço para manter a chama acesa da iniciativa da organização do convivio anual.
Não vou falar em nomes, todos sabem quem são.
Mas, há uma coisa que quero que fiquem a saber, simples, como muitas coisas da nossa terrena vida.
Estes convivios dão muito trabalho, arrelias, tristezas, mas também muita alegria.
Em especial, quando se chega ao fim, tudo correu da melhor maneira e, ninguem da organização teve que dispender dinheiro do seu bolso para liquidar despesas porque as verbas cobradas não foram suficientes.
Este ano, merce de uma organização um pouco mais perfeita, sobrou alguma verba, pequena, mas que ficará para o próximo convivio.
Aos que denodadamente organizaram e aos que estiveram presentes, um grande bem hajam.
Até para o ano

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Zau Évua - Visão poética pelo Ganganeli

Zau Évua, vista por Ganganeli




A expressão artistica duma paisagem mórbida, adentro dum deserto de gente, onde o tempo ainda não tinha chegado e onde jamais chegou.
Tem tudo.
O por do Sol.
As casernas.
O morro, onde se situava a capela.
Os outros pequenos apendices, a imaginaçãpo e cada um, que os coloque onde bem entender...
Zau Évua vista assim, faz recordar a quem a conheceu como um sonho.
O deambular pelas ondas da imaginação das ultimas noites, ultimos dias de quem por lá passou e que vivia esses momentos na esperança, na expectativa do regresso.
Do regresso, são e salvo.
O infurtunio e a desgraça de muitos, fez com que tal não tivesse acontecido munca.
Recordo os que faleceram e que merecem sempre ser recordados.
Zau Évua assim . . . assim ... que maravilha.
Que felizes os que regressaram.
Bem haja o Ganganeli que com a espiritualidade da raça que usa a cor da sua tez, transformou a poesia do seu sonho, na realidade deste lindo quadro.
(Nota: Fui ver a Colecção Berardo. Este quadro bem merecia lá figurar... e, por aqui me fico)