domingo, 24 de novembro de 2024
terça-feira, 19 de novembro de 2024
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Flor do Congo
Em Angola
Zau Évua
Aquilo a que os militares chamam “flor do congo” é uma doença de pele (micose) que ataca as virilhas e partes genitais, fruto do suor acumulado por longas caminhadas e dormidas no mato sem possibilidade de tomar banho.
flor
do congo gíria
flor do con.goseparador fonéticaflorduˈkõɡu
designação atribuída pelos militares portugueses envolvidos
na Guerra Colonial (1961-1974)
eczema de origem fúngica
À denominada “flor do congo”, uma flor verdadeira que dura
muito, contrapõe-se outra que porventura só os militares conhecem; é uma doença
de pele - micose - que ataca as virilhas e partes genitais, fruto do suor
acumulado por longas caminhadas e dormidas no mato sem possibilidade de tomar
banho. É mais uma das muitas sequelas que muitos carregam para o resto da vida.
Era deveras confrangedor assistir ao martírio daqueles
rapazes, a arrastarem-se penosamente durante as desgastantes operações no mato,
muitos deles com a zona inguinal em sangue.
Em Angola era conhecida por "flor do congo"; em
Moçambique a palavra generalizada era "micose". O antídoto - à falta
de melhor - era a tintura de iodo
Textos retirados da internet
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
domingo, 3 de novembro de 2024
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
Golden Gate – Um quase diário de guerra”, de José Niza,
Golden Gate: Um Quase Diário de Guerra
Brito-Semedo, 12 Nov 12
A obra “Golden Gate – Um quase diário de guerra”, de José Niza, é “um livro de memórias” de uma guerra colonial que “aconteceu durante 13 anos”, escreve no prefácio o compositor residente em Santarém falecido em 23 de Setembro de 2011.O livro agora editado resulta da correspondência diária que manteve com a mulher durante o período em que esteve “naquele mato de Angola, húmido e quente”, no aquartelamento de Zau Évua, entre 1969 e 1971.
José Niza fora destacado para o contexto da guerra no Norte de Angola como médico. “Uma guerra onde o médico e o capelão eram os terapeutas do espírito mais ou menos primário e sempre psicologicamente descompensado, daqueles mancebos que, por exclusivas razões de idade, foram incumbidos de defender a Pátria contra o fluir da História”. Segundo afirma, “na consulta havia sempre mais gente que na missa”, a única excepção era a missa de Natal.
Das cartas enviadas à mulher, foram retirados extractos que são apresentados nesta obra como páginas de um suposto diário. A 17 de Julho de 1969 Niza escreveu: “Chegou cá a notícia de que o Salazar está muito mal, que está mesmo a morrer. Aliás, ele já morreu há dois anos. A certidão de óbito é que está atrasada”.
Noutro passo, com data de 10 de Dezembro de 1970, dá conta dos presentes de Natal que os militares ali destacados receberam, enviados pelo Movimento Nacional Feminino (MNF): “Um pacote de amêndoas, o que dará uma por cada soldado; meia dúzia de lâminas de barbear; o que dará uma lâmina por cada caserna; e ainda meia dúzia de pastas de dentes, o que só dará para os desdentados”.
“Apeteceu-me escrever à Cilinha [Cecília Supico Pinto, líder do MNF] a agradecer a amêndoa que me coube. E, como deixei crescer a barba, vou oferecer a minha parte da lâmina a quem necessitar”.
Há também excertos mais íntimos, e até confessionais, como a que escreveu a 6 Julho de 1970, dirigindo-se à mulher: “Gostar de ti é uma vocação, um modo de vida, uma ocupação permanente, uma invenção de sonhos, uma antecipação do tempo que há-de vir. Estás presente. Amo-te em full time”.
José Niza, autor de temas como “E depois do adeus”, foi médico psiquiatra, compositor e deputado e autarca do Partido Socialista em Santarém, onde durante dois mandatos presidiu à assembleia municipal. Residia em Perofilho, nos arredores de Santarém.
Como músico trabalhou com Janita Salomé, Tonicha, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, entre muitos outros, tendo, como autor, vencido quatro festivais RTP da Canção. (Fonte)
Título: Golden Gate - um quase diário de guerra
Autor: José Nisa
Editor: Dom Quixote
terça-feira, 29 de outubro de 2024
domingo, 27 de outubro de 2024
sábado, 26 de outubro de 2024
Américo - recordamos o seu nome e a sua pessoa . toda a comissão conviveu connosco na messe
Não parece nada difícil escrever umas linhas sobre algo que nos diz
respeito, que nos diz muito. Mas, quando começamos, uma emaranhado de ideias,
de palavras, faz com que, afinal o que parecia fácil, se torna difícil.
Queremos mencionar o facto de quando em vez,
essa vontade de passar os pensamentos a palavras se evaporar ou entrar
num desvio, quando uma outra qualquer motivação mais material rodeia e cerca o
nosso pensamento, fazendo com que essa vontade fique em suspenso para uma outra
oportunidade, onde a obrigação se sobreponha as outras mais fúteis motivações
do momento
Na noite em que jogaram Benfica e o Porto, já tinha iniciado esta
conversa, mas, não consegui levar até ao final esta minha divagação de passar à
prosa, uma pequena aventura, que pelo seu significado, merece que seja levada
ao conhecimento dos mais habituais visitantes do Blog do BCAC2877.
Desde há já uns anos que alguns
furriéis da CCS tinham idealizado uma pequena confraternização, com o intuito
de passarmos um dia, um pouco mais perto uns dos outros, com mais tempo para o
reviver dos velhos tempos em África.
Tal aconteceu no passado Sábado 1
de Abril, em Coimbra e com almoço na
Curia. Não sem que antes, o Adelino, o Brás, o Aires, alguns, com as esposas e filhos e netos, para aproveitar
a oportunidade duma visita com aqueles ao Portugal dos Pequenitos, pese embora o facto das condições
meteorológicas não terem sido, durante apenas a parte da manhã, nada
favoráveis, pois a chuva fez-se representar na cidade do Mondego durante grande
parte da manhã.
Na altura do almoço, que durou
grande parte da tarde, juntaram-se também,
o Melancia, o Moreira e as respectivas esposas.
Desde há muito que o Adelinho
tinha tentado e conseguiu saber da morada do Américo.
Quem passou por Zau Évua,
certamente que se recorda do Américo.
Quem o não conhecia !
ois o Américo nunca apareceu aos
almoços de confraternização.
O Adelino foi investigando e lá
foi recolhendo informações, ficando a saber que o Américo tem uma vida muito
difícil, com vários “acidentes” no seu percurso por esta terrena e difícil caminhada até à velhice.
Acidentes que lhe roubaram alguma
mobilidade física, e devido à “pinguita” em
excesso, alguma “mobilidade”
mental também lhe foi roubada.
Na companhia do Aires e do
Adelino, com o primeiro como cicerone, lá fomos até ao Carregal do Sal, com a
indicação de um contacto com um antigo patrão, agente funerário , para quem
aquele trabalhara em tempos trabalhara.
Após diversos telefonemas, conseguimos chegar ao lugar de Póvoa das
Forcadas onde reside o nosso antigo companheiro.
Não foi difícil localizar a sua
morada, falar com a mulher, com uma cunhada, saber que tem seis filhos, duas
raparigas e quatro rapazes e alguns netos. O Américo vive duma pensão social
baixa e vai trabalhando no campo, à jorna, para conhecidos e amigos, para
aumentar um pouco mais o seu magro pecúlio.
Nesse sábado, estava a semear
umas batatas para um amigo ou conhecido.
Foi fácil saber que o Américo ia
almoçar num pequeno “restaurante” mesmo em frente da estação da CP do Carregal
do Sal, talvez como recompensa pelo trabalho que tinha prestado.
Pedimos para não ser avisado da
nossa presença e tal aconteceu, como
previsto, na troca de impressões que os três tínhamos feito pelo caminho.
- O Américo não nos reconheceu à primeira, mas
mesmo depois, ficámos com algumas dúvidas se de facto nos tinha referenciado.
Todavia, uma coisa foi certa, com o
aspecto físico muito degradado e o mental de igual modo, bastante corroído, lá
foi contando algumas peripécias que tinha passado em Zau Évua, essas conhecidas
por nós, o que nos leva a crer que mantém ainda
uma pequena chama acesa com a lembrança da sua passagem pela guerra de
África.
Sempre se recordou quando na
messe, por detrás do buraco da copa dizia – “ Furriel, não paga uma fresquinha
ao Américo ? “
Recordamos quando o Américo ia a
SSalvador, e ia sampre . . .. Era ele que apanhava as galinhas que mais tarde,
com uma enorme catana, degolava, por detrás da cozinha da messe de sargentos,
atirando-as ao ar. Mesmo sem cabeça, os galináceos ainda esvoaçavam.
Dentro do galinheiro do
comerciante, fazia-se acompanhar duma bazuca e dentro do tubo daquela,
trazia sempre uma ou duas galinhas, que
depois juntava às do Batalhão e dizia para o Vago Mestre, que todas as galinhas
podiam morrer, menos aquelas, as suas.
Não tivemos muito tempo, pois
chamaram o Américo para o repasto, era um cozido e estava a esfriar, para alem
disso, tínhamos que regressar a Coimbra, para seguir para a Cúria, ao encontro
dos nossos familiares e dos outros companheiros, para o almoço aprazado.
O mentor desta visita, o Adelino,
tinha deixado ficar em casa do Américo, uma pequena lembrança, um bolo, para
ele e a família saborearem ao lanche e, quando aquele lhe disse o Américo,
embora com aspecto abatido, muito envelhecido, esboçou um sorriso, um sorriso
menos aberto e expressivo do de então, mas era o mesmo, um sorriso “sincero” ,
“agradecido”, como sempre.
Tinha sido concretizada uma
aspiração de alguns anos – a visita ao Américo.
Aqui lhes deixamos, com estas
palavras a homenagem ao Américo, mas não só a ele, a todos os que, como ele,
foram nossos companheiros e que por as mais diversas razões, perderam o
contacto connosco, mas que não estão esquecidos por muitos de nós.
A nostalgia, afina o sentido da
antiga camaradagem.
O tempo passa, mas algumas
recordações não se esquecem nunca.
Muitos dos nossos companheiros de
então, sempre vão sendo lembrados.